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Foi neste colégio que, sem aquela liberdade da infância e, mesmo dedicando bastante tempo aos estudos, interessei-me - provavelmente pelo sentimento de liberdade que me faltava - pelo esporte, e o esporte que escolhi para praticar e treinar foi o Atletismo. No Atletismo em especial nas provas de velocidade e arremessos me destaquei. Competi por longos 16 anos nestas provas e vencendo muitas competições no estado e fora dele. E foi justamente por causa de minha vida atlética que me interessei no final do meu curso colegial, a fazer a faculdade de Educação Física, embora não imaginasse que a Educação Física fosse ser no futuro a minha profissão, nunca imaginei porque eu queria a Educação Física enquanto era atleta, depois queria fazer outro curso, inclusive meus professores do colégio não gostaram nada quando lhes comuniquei que o meu vestibular era para Educação Física, eles queriam que eu fizesse profissões mais nobres, medicina ou qualquer outra coisa, mas não Educação Física, foi uma decepção para os mesmos. Assim, fiz o vestibular para Educação Física na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em Porto Alegre uma vez que eu já andava treinando no Internacional até o clube fechar o departamento de Atletismo e aí iria ser transferido para a Sociedade de Ginastica de Porto Alegre (SOGIPA). Este clube, um dos maiores e melhores clubes esportivos do país, para o esporte amador como era na época, iria me acolher até para morar nas suas dependências. Assim, fiquei muito tranquilo pensando que minha vida estava quase resolvida, fazendo algo que gostava muito, o esporte – a SOGIPA certamente iria me proporcionar competições muito mais importantes nacional e internacionalmente – e estudando algo que certamente iria garantir o meu futuro profissional. Mas, mais uma vez a vida não queria que fizesse o já estava, de certo modo, determinado. Então, no período de férias esperando o inicio das aulas e dos treinos em Porto Alegre, o diretor da escola onde estudei e fui interno, veio me buscar no interior, na casa de meus pais. Ele chegou e me perguntou logo: “você quer mesmo fazer Educação Física?” E eu disse: “sim, estou pronto para ir a Porto Alegre”. Ele me fez uma oferta de não mais fazer o curso em Porto Alegre e sim em Cruz Alta onde abriu, naquele ano,

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1972, um curso de Educação Física. Com essa possibilidade de fazer o curso na região de Ijuí eu poderia continuar morando no internato do colégio com o compromisso de atender as turmas de Educação Física, ou seja, a coisa mais mal resolvida na minha vida com relação aos estudos começava a acontecer sem tempo para pensar: Ser Professor de Educação Física. O diretor do colégio que me buscou de volta sabia também das minhas dificuldades financeiras para me manter em Porto Alegre, pois o tempo todo que estudei e fui interno no colégio eu mesmo arcava com as despesas do colégio, estudos e o internato, com meu trabalho – as vezes rachando lenha para a cozinha – e depois pelo esporte que praticava, pois através dele fui contemplado com bolsa de estudos. Mesmo assim continuava trabalhando no colégio, especialmente para pagar as despesas do internato. Assim, além de auxiliar de cozinha, fui bibliotecário, assistente de professores. Com esse acontecimento senti um misto de sentimentos de alegria e frustração. A alegria era muito grande, pois o estranho, e principalmente a cidade grande me assustava muito, portanto o fato de precisar residir em Porto Alegre me era assustador e com isso também o retorno ao colégio que havia morado tanto tempo como aluno, era um grande sentimento de “voltar para casa”. A frustração veio pela perda de oportunidade de me destacar ainda mais no esporte que com certeza aconteceria se fosse morar em Porto Alegre e treinar na SOGIPA.(E.K.)

Sobre o motivo da escolha profissional o professor conta que se interessou muito pelo esporte, por causa sua liberdade de brincar, de se-movimentar na infância, mas não por um esporte coletivo, foi pelo esporte individual, em especial o Atletismo que carinhosamente abraçou.

Treinou Atletismo tornou-se um velocista e arremessador, foi campeão gaúcho várias vezes em 100, 200 e às vezes 400 metros também e arremesso de peso e dardo. Fazia muitas provas, era muito forte e veloz. Demostrava através da realização das provas o anseio pela liberdade que desejava conquistar. Por causa disso, optou pelo curso de Educação Física, mas não pensando como futuro profissional, apenas como um curso útil ao tempo que seria atleta.

O professor conta que a escolha da profissão – professor de Educação Física – para os professores do internato foi uma decepção. Como ele era um dos melhores alunos do colégio, eles queriam que investisse em profissões mais nobres como medicina. Os professores sabiam que ele tinha plenas condições de

passar no vestibular nos cursos mais concorridos, através das excelentes notas que tirava na escola.

Fez o vestibular para a Educação Física na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no ano de 1972, por causa da relação com o esporte, inclusive escolheu a universidade de Porto Alegre porque já tinha sido atleta do Internacional até fechar o departamento de atletismo. Estava tudo organizado para partir a capital gaúcha, sua carreira esportiva certamente iria alçar voos maiores. Pediu transferência para a Sogipa, um dos maiores clubes esportivos de esporte amador da época que o acolheria, iria morar na Sogipa, atenderia lá internamente a escolinha de Atletismo e iria estudar na UFRGS.

A escolha da prática de um esporte individual revela outra característica marcante na personalidade de nosso colaborador – a timidez – é muito mais fácil imprimir velocidade ao um corpo que se movimenta sozinho do que acelerar um time rumo ao gol. É mais prático imprimir força ao objeto que desloca sozinho no ar como o dardo, que depende única e exclusivamente do posicionamento e giro de um corpo, um objeto que tem apenas o ar como obstáculo para chegar ao ponto desejado e não necessita conversar com grupo sobre quem deve passar da zaga, quem deve chutar a gol. A timidez e a dificuldade de se comunicar acompanharam o professor por longos anos.

Internamente, talvez esse pode ser o sentimento que mais influenciou sua escolha por permanecer no internato, no qual sentia-se a em casa, vontade. O próprio colaborador conta que profissionalmente seria melhor mudar para a capital, Porto Alegre, para alavancar sua carreira como treinador. Em contrapartida, a timidez e o medo de mudar para “cidade grande” e sofrer novamente as adaptações fizeram o professor continuar no internato trabalhando ao mesmo tempo em que fazia o curso de formação inicial em Educação Física.

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Campeão de 400 metros rasos nos JIRGS de 1972 com direito á foto no Jornal da Tarde de Porto Alegre naquela época.

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Técnico da Seleção Gaúcha de Atletismo no JEBs, Jogos Estudantis Brasileiros em Porto Alegre, 1976, com atletas de Ijuí.