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A escolha tem algo de nós, somos especialistas de nós mesmos

5 TRAÇANDO LINHAS DE SUBJETIVAÇÃO: EDUCAÇÃO PERMANENTE

6.2 A escolha tem algo de nós, somos especialistas de nós mesmos

A partir do que foi exposto acima, busco analisar os modos de subjetivação produzidos pela Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, enquanto dispositivo que permite resistência e práticas de liberdade e o campo de pesquisa como um espaço de potência, onde os sujeitos podem agir criativamente, dobrando a força sobre si, fazendo emergir novas subjetividades e estéticas da existência.

O VER-SUS é um potente dispositivo para os estudantes criarem novas estéticas para sua existência. Para Ceccim e Bilibio (2004),

trata-se do período em que garotos e garotas estão significativamente abertos a novos valores, sedentos por objetivos justos e buscando uma estética para a própria existência. Essas tendências aliadas ao conhecimento das diferentes realidades, necessidades, oportunidades, demandas, urgências, potencialidades, dificuldades, possibilidades, desafios, enfim, alegrias e tristezas do sistema de saúde brasileiro podem representar um verdadeiro fluxo de força na direção de uma significativa qualificação profissional das pessoas que trabalham no SUS (CECCIM; BILIBIO, 2004, p. 21).

Na dinâmica de apresentação no primeiro dia de vivência, as facilitadoras propuseram que cada um desenhasse no corpo de outro colega uma marca, simbolizando a sua marca na vivência. Achei muito interessante a marca de um estudante, um chifre, que, conforme ele explicou, representava o desvio, o não segmento da norma e, ainda falou que o que o atrai na profissão (psicologia) é o contato com as pessoas que pensam e são diferentes e que, no SUS, as pessoas cuidam de si e do outro de uma maneira diferente. Fiquei pensado neste cuidar diferente no SUS, nos princípios das políticas públicas de saúde, em como o cuidado é agenciada dentro do sistema como política de potência (Diário de Campo, 29 de janeiro de 2012).

O recorte acima, já no primeiro dia de VER-SUS, me fez pensar em uma das questões norteadoras da pesquisa: como os atravessamentos da educação permanente em saúde possibilitam modos de relacionamento, cuidado e ética do trabalhador consigo mesmo e com aqueles que estão a sua volta no cotidiano do seu trabalho? Elaborei esta questão pensando na educação permanente em saúde como um dispositivo que permite uma existência ética dos sujeitos e esta ética, no caso do trabalhador da saúde, passa pelo cuidado de si e cuidado do outro.

Em suas últimas obras Foucault afirma estar fazendo “uma genealogia da ética. A genealogia do sujeito como um sujeito de ações éticas” (1995, p. 265).Foucault define a ética como o tipo de relação que se deve ter consigo mesmo “e que determina a maneira pela qual o indivíduo deve se constituir como o sujeito moral de suas próprias ações” (p. 307).

Através da forma da ética individual – decorrente de uma ação realizada pelo indivíduo sobre si mesmo, pela qual se constitui como sujeito – o que passa a estar em questão não é o ajustamento a uma norma à qual o sujeito se submete, mas a criação de uma forma de existência. Nesta perspectiva, dizendo respeito a uma forma que o indivíduo dá a si mesmo e à sua vida, a ética é entendida como uma

estética da existência. [...] Gerada num intenso desejo de liberdade, a forma da

existência passa a delinear-se através das práticas e das técnicas de condução da vida – as tecnologias do eu – que dão origem a comportamentos através dos quais se define um estilo de existência. Ao dar a si mesmo uma determinada forma, o eu atribui à sua existência um traçado artístico. Assim sendo, a ética, cujo espaço é o da formação e o da transformação do sujeito, não se afirma como uma hermenêutica, mas como um gesto de constituição do eu, como uma atitude através da qual o indivíduo faz da sua vida uma obra de arte. A liberdade afigura-se, então, como a condição ontológica da ética (VILELA, 2006, p. 122-123. Grifos do autor).

Ao empenhar-se nesta genealogia da ética, Foucault pesquisa a ética grega onde encontra a noção de cuidado de si, ou seja, o fato de os sujeitos ocuparem-se e preocuparem-se consigo mesmos. É importante destacar que a noção de cuidado preocuparem-se si não está relacionada somente a uma atitude de consciência ou forma de atenção sobre si mesmo, mas também

“uma ocupação regulada, um trabalho com prosseguimentos e objetivos” (FOUCAULT, 1997, p. 121). Conforme Foucault, “o cuidado de si é uma espécie de aguilhão que deve ser implantado na carne dos homens, cravado na sua existência, e constitui como um princípio de agitação, um princípio de movimento, um princípio de permanente inquietude no curso da existência” (2004c, p. 11).

Foucault ainda complementa que com a noção de cuidado de si

temos todo um corpus definindo uma maneira de ser, uma atitude, formas de reflexão, práticas que constituem uma espécie de fenômeno extremamente importante, não somente na história das representações, nem somente na história das noções ou das teorias, mas na própria história da subjetividade ou, se quisermos, na história das práticas da subjetividade (2004c, p. 15).

No decorrer do VER-SUS, o cuidado de si aparece com bastante força. Exemplo disso foram as discussões sobre saúde do trabalhador e sobre a necessidade do bom funcionamento do sistema de saúde para que os trabalhadores possam exercer o cuidado em saúde de maneira adequada, bem como cuidar da sua própria saúde no ambiente de trabalho. Nos serviços visitados, os estudantes repararam na qualidade da estrutura oferecida: “um lugar com boas condições desperta a vontade de trabalhar” (Estudante, Diário de Campo, 03 de fevereiro de 2012).

Ao final da primeira semana de VER-SUS, foi realizada uma avaliação parcial da vivência, sendo que, naquele momento, surgiram colocações interessantes para pensar sobre o cuidado de si: “os estudantes avaliaram que o grupo está bem integrado, que a convivência está sendo muito boa, porém, algumas vezes, precisam se afastar do grupo, precisam ficar um tempo sozinhos. Alguns moram sozinhos e sentem dificuldade em passar vinte e quatro horas com um monte de gente” (Diário de Campo, 05 de fevereiro de 2012). Como falou uma estudante: “às vezes tem que se recolher para ter energia para outro dia, isso também tem relação com o SUS. Às vezes tem que largar para saber se volta, isso se reproduz na relação com o paciente” (Estudante, Diário de Campo, 05 de fevereiro de 2012).

As falas acima demostram a importância de cada um olhar para si e para suas necessidades. Para Foucault (2004c), o cuidado de si implica em uma forma de atenção, de converter o olhar para si, uma certa maneira de estar atento ao que se pensa. Ainda,

ocupar-se consigo mesmo será ocupar-se consigo enquanto se é „sujeito de‟, em certas situações, tais como sujeito de ação instrumental, sujeito de relações com o outro, sujeito de comportamentos e de atitudes em geral, sujeito também da relação consigo mesmo. É sendo este sujeito que se serve, que tem esta atitude, este tipo de relações, que se deve estar atento a si mesmo (p. 71).

Outros recortes do Diário de Campo vão em direção a esta prática ética do cuidado de si: “o SUS fez sentido a partir desta vivência, a vivência é autoconhecimento. Consigo pensar nos meus desejos, na minha postura profissional. A vivência propicia ascender, fazer escolhas, entender de uma forma mais clara, ter autonomia e protagonismo, aprender a ceder, aceitar o que o outro fala”. Ao serem questionados sobre os motivos que os levaram a serem trabalhadores da saúde, uma das respostas foi: “a escolha tem algo de nós, somos especialistas de nós mesmos” (Estudantes, Diário de Campo, 08 de fevereiro de 2012).

No excerto acima, aparecem novamente questões relacionadas à liberdade, autonomia e protagonismo. Embora, no capítulo anterior, estas questões foram entendidas dentro de uma governamentalidade política neoliberal, a liberdade aparece, neste momento, relacionada ao exercício ético, ou seja, “o que é a ética senão a prática da liberdade, a prática refletida da liberdade?” (FOUCAULT, 2004a, p. 267). Se em um determinado momento, a liberdade, a autonomia e o protagonismo, foram vistos como capturados pela lógica capitalista que se apropria das subjetividades dos estudantes/trabalhadores, na medida em que eles são vistos como Homo economicus, num outro momento, (ou melhor, ao mesmo tempo, visto que são processos indissociáveis) os mesmos elementos aparecem como forma de resistência às capturas do mercado neoliberal. Não falamos agora de liberdades produzidas e capturadas no jogo liberal, o investimento no sujeito não aparece somente como investimento em capital humano para colocar o sujeito na concorrência acirrada do mercado, o empreendedor de si não é apenas o empreendedor para seu próprio enriquecimento.

Deparamo-nos com um sujeito que dobra a força sobre si, onde o investimento em si é também o investimento no outro, ou seja, a busca pela educação permanente ultrapassa as barreiras do investimento em qualificação profissional, ela passa a ser um exercício ético e político de trabalho e cuidado em saúde. A autonomia e o protagonismo passam a ser formas de resistência e “a resistência invoca o poder da vida” (PELBART, 2000, p. 13) e o poder da vida resiste à captura das subjetividades e cria novas estéticas da existência.

É interessante notar que surgiram discussões relacionadas à dificuldade de exercer o cuidado de si e também o cuidado de si como possibilidade de potência dos trabalhadores. O trabalho nos serviços públicos de saúde é de uma complexidade imensa e as dificuldades também são múltiplas, pois ainda não podemos dizer que temos um sistema público de saúde efetivamente implantado. Isto foi apontado pelos estudantes como um fator que gera adoecimento nos trabalhadores da saúde e eles também apontaram estratégias para driblar as dificuldades do sistema e o possível adoecimento. Conforme os próprios estudantes, “uma

saída para o adoecimento é fazer de qualquer jeito, pois o sistema é assim e não tem como mudar, é como um mecanismo de defesa do trabalhador. Existe um momento que a gente para de lutar contra a maré, não tem mais fôlego para buscar linhas de fuga” (Estudante, Diário de Campo, 01 de fevereiro de 2012).

Por outro lado, os estudantes também apontaram possibilidades de exercício ético do cuidado de si: “as coisas sempre tem solução, depois de ter desistido eu volto a pensar. Às vezes tem que desistir para poder ver outras possibilidades, tentar fazer movimentos, lembrar que existe uma equipe para a gente trabalhar e, se esta equipe é integrada, de algumas coisas ela consegue dar conta. Se o trabalho é transdisciplinar, a equipe pode dar apoio” (Estudante, Diário de Campo, 01 de fevereiro de 2012).

Aqui a possibilidade de cuidado de si apareceu através do trabalho em equipe transdisciplinar, ou seja, no encontro entre sujeitos que são diferentes e que na diferença criam outros modos de ser. Para Barros (2007),

o desafio a que se propõe a transdisciplinaridade é a construção de um outro objeto que, ao se construir, constrói outras formas de subjetivação. Isso passa pela reinvenção permanente de linhas que se atravessam, uma espécie de transversalidade entre ciência, arte, política, subjetividade, trabalho etc. (BARROS, 2007, p. 225).

Ao falar do cuidado de si, Foucault (2004a) também fala do cuidado com o outro. Para ele, a ética do cuidado de si implica relações complexas com o outro. No campo de pesquisa, a questão da relação com o outro apareceu inúmeras vezes e talvez tenha sido um dos assuntos que mais afetou os estudantes durante a vivência, ou melhor, antes mesmo de ela começar, ainda durante o Processo Educativo-Seletivo:

Chamou atenção durante o Processo Educativo-Seletivo a entrada em cena do outro, a preocupação com o cuidado com o paciente. Para ser trabalhador da saúde no SUS implica a disposição para o outro. Durante uma das dinâmicas, um estudante disse que a palavra que resumia o que ele estava pensando no momento sobre o VER-SUS era a palavra “atenção”, pois esta palavra significava o cuidado de enxergar o paciente como um ser humano, não apenas enquanto um doente (Diário de Campo, 14 de dezembro de 2011).

Durante a vivência, a questão da ética como relação consigo e com o outro apareceu em diversas conversas sobre cuidado em saúde: “além de pensar na prática, temos que pensar que saúde queremos, para quem estamos fazendo, é a dimensão ética do cuidado. Penso que deveríamos ter a ética como prática, refletir sobre o desejo da população, sobre o meu desejo

enquanto profissional da saúde e pessoa” (Estudante, Diário de Campo 09 de fevereiro de 2012).

Para Foucault (2004c), o outro é indispensável na prática de si, ele questiona qual é a ação do outro que é necessária para a constituição do sujeito por ele mesmo. Algumas falas registradas no Diário de Campo indicam algumas possibilidades para pensarmos como, no caso do VER-SUS, a ação do outro é constituinte dos sujeitos:

O VER-SUS é um exercício constante de aprender a ceder (aqui e no serviço), aceitar a opinião do outro, é autoconhecimento, processo de mudança, começo a perceber coisas que não via e que o outro me mostrou. Causa uma grande angústia ouvir o outro que é diferente de mim. A primeira tentativa é tentar mostrar para o outro que eu estou certa, é um fluxo diferente de forças, fluxo em muitos sentidos, que se encontram e se desencontram (Estudante, Diário de Campo, 08 de fevereiro de 2012).

Podemos ver esta experiência de educação permanente em saúde através da vivência no VER-SUS, como um exercício de criação de si para modificar nossas visões positivistas, tradicionais e moralistas de enxergar o outro e a diferença que se manifesta pela sua presença, tanto na formação profissional em saúde quanto no trabalho, aproximando-nos de uma postura ética enquanto sujeitos do cuidado em saúde. “A riqueza da educação permanente em saúde é colocar em um mesmo espaço de discussão pessoas com diferentes níveis de formação. Mas como cada um aprende e é afetado por este outro que é diferente de mim?” (Diário de Campo, 05 de fevereiro de 2012).

Estamos falando de afetos, de encontros que criam o novo, de encontros que são potência. Deleuze (2002), em uma leitura de Spinosa, coloca que um bom encontro acontece quando um corpo compõe diretamente a sua relação com o nosso e sua potência aumenta a nossa. Assim, cada indivíduo é um grau de potência que corresponde a certo poder de ser afetado que, por sua vez, apresenta-se como potência para agir.

Todo bom encontro aumenta nossa potência de agir. No VER-SUS podemos ver que o encontro com o outro aumenta a potência de cada um no sentido de querer criar para si outras possibilidades de formação, além da já estabelecida pelos currículos acadêmicos, outras possibilidades de trabalho em saúde, além das rotinas enrijecidas que não permitem que as práticas ultrapassem as barreiras da aplicação de técnicas. Conforme relatou um estudante, “com as discussões que ocorrem nos grupos (sala de aula, estágio, cursos), possibilito a meu olhar, como futura profissional da saúde, perceber não apenas a doença, mas as possibilidades de/em saúde que cada encontro com o(s) outro(s) proporciona” (Estudante,

Carta de Interesse26). E ainda: “me sinto muito mais humana, não se faz nada sozinho, tem que estar disposta a trabalhar com o outro” (Estudantes, Diário de Campo, 08 de fevereiro de 2012). Assim, o encontro com o outro proporciona a potência do agir em saúde, o outro aparece como possibilidade de ação ética dos estudantes, como exercício de alteridade.

Para Bernardes e Quinhones (2009, p. 157), “quando tomamos a alteridade como critério de análise, o Mesmo e o Outro não se confundem, o Outro não é submissível ao Mesmo, é aquilo que difere, e não o que se iguala”. No VER-SUS talvez tenha sido justamente o encontro com o outro, ou seja, com aquilo que difere, que mais mobilizou o grupo. O encontro com aquilo que difere de nós é a base para a educação permanente em saúde e para o VER-SUS, pois ambos têm como pressupostos o trabalho em equipe, ou seja, o trabalho entre pessoas com diferentes profissões e níveis de formação. Conforme registros no Diário de Campo: “com o tempo conseguimos cativar coisas muito internas do outro, isso vale para o trabalho em equipe” (Estudante, Diário de Campo, 08 de fevereiro de 2012).

A educação permanente e o VER-SUS estreitam as relações entre os trabalhadores da saúde e os usuário dos serviços de saúde, visto que uma das principais ferramentas de trabalho não são as técnicas e procedimentos, mas o vínculo. A partir do vínculo, é possível trabalhar com a diferença sem aniquilá-la. Bernardes e Quinhones (2009) apontam que uma possibilidade de reação diante da provocação do outro-diferente-de-mim, seria a “sensibilidadecomo abertura para receber impressões do outro, mas ao mesmo tempo como condição de possibilidade de estabelecer uma relação ética com o outro, responsabilizando-se por ele” (p. 158). No entanto, os autores salientam que a área da saúde, mesmo estando estreitamente vinculada com o tema do cuidado e da ética, tem sua prática ainda marcada por aspectos totalizadores do mundo ocidental que acabam por aniquilar o outro enquanto diferença. No VER-SUS, encontramos algumas linhas de fuga a estas práticas de aniquilamento das diferenças. Conforme registros no Diário de Campo: “o VER-SUS vai permitir que cada um se desloque do seu lugar e veja o outro como legítimo” (Estudante, Processo Educativo-Seletivo, Diário de Campo, 12 de dezembro de 2011). E ainda: “às vezes

aprendemos muito mais com eles27 do que conosco. Tu (sic) é profissional da tua área, mas

do resto, eles podem saber muito mais do que nós” (Diário de Campo, 08 de fevereiro de 2012).

Conforme Bernardes e Quinhones (2009),

26 A carta de interesse foi elaborada pelos estudantes de outras universidades para participarem da seleção do VER-SUS/Brasil CIES 13. Durante a vivência, foi solicitada a disponibilização dessas cartas para servirem de material de análise.

o trabalho na saúde é uma forma imaterial de produção, na medida em que o produto diz respeito ao serviço que se oferta ao usuário. Nesse caso, necessariamente, o trabalho na saúde implica a relação com o outro; para que o trabalho ocorra, é preciso o outro. Essa característica primordial do trabalho na saúde impulsiona para a discussão entre o Mesmo e o Outro (BERNARDES; QUINHONES, 2009, p. 158).

Sobre essa discussão entre o Mesmo e o Outro, Souza (2009, s.p.) coloca que “o Outro corrói minhas certezas, me extrai de mim mesmo”. Durante a vivência, surgiram alguns elementos para pensar sobre este efeito causado pela presença do outro: “quando tento compreender o outro, as minhas certezas entram em xeque” (Estudantes, Diário de Campo, 08 de fevereiro de 2012).

Assim, pode-se dizer que esta experiência de educação permanente em saúde, é também um exercício de alteridade que expressa a presença do outro que difere e, neste encontro, criam-se novas formas de existência, novos modos de subjetivação na formação e trabalho em saúde.