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O trabalho infantil é proibido, sendo vedado trabalhar antes dos dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, quando a idade mínima cai para quatorze anos (artigo 7º, XXXIII, CRFB. (BRASIL, 2014).

A Constituição Brasileira, em seus artigos 7º, XXXIII, e 227,§ 3º, I proíbe expressamente qualquer trabalho para os menores de quatorze anos, salvo na condição de aprendiz, que era permitido para aqueles com mais de doze anos. (BRASIL, 2014).

A UNICEF (Fundação das Nações Unidas para a Infância) define o trabalho infantil como sendo toda a forma de trabalho abaixo dos 12 anos de idade; proíbe o trabalho entre 12 e 14 anos, que seja prejudicial ao menor; a Convenção n. 182 prevê em seus artigos 2º e 3º. (FUNDAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA, 1999):

Art. 2º

Para efeitos da presente Convenção, o termo "criança" designa toda pessoa menor 18 anos.

Art. 3º

Para efeitos da presente Convenção, a expressão "as piores formas de trabalho infantil" abrange

a) todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, tais como a venda e tráfico de crianças, a servidão por dívida e a condição de servo, e o trabalho forçado ou obrigatório de crianças para serem utilizadas em conflitos armados: b) a utilização, o recrutamento ou a oferta de crianças para a prostituição, a produção de pornografia ou atuações pornográficas;

c) a utilização, recrutamento ou a oferta de crianças para a realização de atividades ilícitas, em particular a produção e o tráfico de entorpecentes, tais como definidos nos tratados internacionais pertinentes; e

d) o trabalho que, por sua natureza ou pelas condições em que é realizado, e suscetível de prejudicar a saúde, a segurança ou a moral das crianças.

Lotto (2008, p. 35) destaca:

Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei n. 8.069 de 1990, legislação infraconstitucional, que fixa uma série de condições especiais aos adolescentes que estão autorizados a trabalhar, dentre elas: proibição de trabalhar em local insalubre, perigoso ou penoso, de locais que prejudiquem o desenvolvimento físico, psíquico e social, e no horário noturno. Define como criança à pessoa de 0 a 12 anos incompletos; adolescentes a pessoa de 12 a 18 anos incompletos. (ECA, 1990). A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) trata do trabalho do menor nos artigos 402 a 441, considera-se menor, para efeitos da CLT, o trabalhador que tenha entre 14 e 18 anos de idade. Seguindo os passos da Constituição da República, a CLT proíbe o trabalho dos menores de 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. A CLT também aumentou a idade mínima de trabalho, dos 14 para os 16 anos de idade, por determinação da Lei 10.097 de 19 de dezembro de 2000. Até os 18 anos o menor depende de autorização de seu responsável legal para contratar trabalho. Aos 18 anos, ao menor é lícito contratar diretamente, adquirindo, portanto, plena capacidade trabalhista. (BRASIL, 2014).

O trabalho infantil é muito mais comum do que pode parecer e está presente, diariamente, diante de nossos olhos, em suas diversas formas, tanto em ambientes privados quanto públicos.

Lotto (2008, p. 37) complementa:

Em áreas urbanas é possível encontrar crianças e adolescentes em faróis, balcões de atendimento, fábricas e depósitos, misturados à paisagem urbana. Mais comum, porém, é o trabalho infantil doméstico, pelo qual, majoritariamente, as meninas têm a obrigação de ficar em casa cuidando da limpeza, da alimentação ou mesmo dos irmãos mais novos. São casos muito difíceis de serem percebidos justamente porque acontecem dentro da própria casa onde a criança mora, de modo a ser visto por poucas pessoas. Também comum é ver o aliciamento de crianças e adolescentes pelo tráfico ou para exploração sexual.

Em áreas rurais, os trabalhos mais comuns são em torno de atividades agrícolas, mineração e carvoarias, além do trabalho doméstico.

De acordo com a ONU, atualmente há mais de sete bilhões de pessoas no planeta Terra. Segundo o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), “Medir o progresso na luta contra o trabalho infantil”, em 2013 havia 168 milhões de crianças e adolescentes trabalhadoras no mundo, sendo que cinco milhões estão presas a trabalhos

forçados, inclusive em condições de exploração sexual e de servidão por dívidas. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2013).

No Brasil, na divulgação da última Pnad – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios em 2012, aproximadamente 3,5 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos estavam trabalhando no país. Se considerada a faixa etária entre 05 e 13 anos, a pesquisa aponta cerca de 550 mil meninos e meninas em atividades laborais. (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2012).

Sento-Sé (2001, p. 62) expõe que:

A exploração do trabalho infantil se faz presente desde os primeiros momentos da história brasileira. Está enraizada à realidade nacional e tem se perpetuado até os dias atuais.

Durante o período da escravidão, as crianças permaneceram sendo expostas, principalmente nas atividades rurais, juntamente com os seus pais. A partir daí é que se começou a perceber que elas integravam a mão de obra mais fácil de conduzir, mais barata e com maior aptidão para se adaptar ao trabalho.

Um dos motivos que mais determina a ocorrência do trabalho infantil no Brasil é a pobreza, a outra situação é a do trabalho em regime familiar, em que o rurícola, dono de uma pequena gleba de terra, coloca os seus filhos, desde bem jovens, para laborar na atividade agrícola de subsistência, com vistas a assegurar a sobrevivência de todos. É um hábito arraigado na cultura brasileira, que alia a ideia de que o trabalho engrandece o ser humana à triste realidade da ausência de um sistema educacional que motive a criança a se dedicar aos estudos.

Sendo assim o trabalho infantil, em certas circunstâncias, é consequência do trabalho escravo contemporâneo.

A OIT na convenção n. 138, em seu artigo 2º, § 3º, prolata que a idade mínima não deve ser inferior a 15 anos. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 1973). O Brasil em janeiro de 2000, ratificou a aludida Convenção.

Sento-Sé complementa:

A existência do trabalho infantil no Brasil, inclusive aquele provocado pela situação de escravidão a que são submetidos os seus pais, é um fenômeno de natureza eminentemente social. Está muito vinculado à extrema pobreza e miséria que atinge a grande maioria da população brasileira, particularmente a da zona rural do nosso País.

O fator cultural também contribui para justificar a utilização da mão de obra infantil. Ora, costuma prevalecer a ideia absoluta de valorização do trabalho, ainda que esta seja exercido de maneira precoce, mas com o condão de preencher o tempo ocioso das crianças e prevenir a delinquência infanto-juvenil. (SENTO-SE, 2001, p. 69). Assim, pode-se dizer resumidamente que, em primeiro lugar, crianças e adolescente devem ter garantidos os direitos de acesso à educação, lazer e esporte, e também a cuidados por parte de um responsável, porém, o trabalho pode ser um impeditivo para que

esses direitos sejam concretizados além de causar prejuízos à formação e ao desenvolvimento integral da criança e do adolescente.