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Mapa 2 Traçado urbano da cidade de Caicó no início da década de 1950

1.1 Por uma escrita da cidade

Nos últimos decênios, ao correr da pena dos escritores, a cidade vem se tornando objeto de estudo de diversos operários do saber e de distintos ramos do conhecimento científico, que despertados por suas curiosidades, mistérios, complexidades, medos, paradoxos e desejos, tecem, por meio de suas “agulhas teóricas”, reflexões, diálogos e discussões, a fim de desvendar, ou mesmo decifrar, um fragmento do emaranhado de questões, sinais e enigmas que perpassam o seu âmbito.

Diante deste aspecto, muito já se tem escrito sobre as urbes brasileiras e mundiais. Entre as inúmeras cidades que receberam certa atenção dos estudiosos, destacam-se as seguintes: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Campina Grande, Porto Alegre, Berlim, Nova York, Paris, Londres, Viena, Natal, dentre tantas outras. Não obstante, as pesquisas científicas que têm como objeto principal a cidade têm passado, no transcorrer do tempo, por constantes mutações, denunciando a diversidade de olhares, mais precisamente aqueles que são lançados para a urbe em busca da reconstituição dos processos de modernização, de progresso e de evolução.

Os estudos acerca da cidade começaram a ganhar relevância e proeminência no universo da produção acadêmica, mormente, de antropólogos, historiadores, geógrafos, urbanistas e sociólogos, a partir do momento em que a sociedade passou a ocupar preponderantemente os espaços, do que hoje se conhece por espaços urbanos. No âmbito da ciência geográfica, muitos têm sido os trabalhos sobre a cidade, contudo, sua grande parte ler o espaço citadino pela ótica da racionalidade da reprodução capitalista, destacando “[...] a dinâmica do ‘espaço material’ e se esquecendo do componente de subjetividade que permeia o espaço geográfico” (COSTA, 2005, p.109).

Nessa ciência, mais precisamente no âmbito da geografia urbana, a cidade foi, durante muito tempo, perquirida somente por meio de seus aspectos exógenos. De acordo com Carlos (1999, p. 67), muita “[...] tinta foi gasta descrevendo-se o sitio da cidade baseado em seu quadro topográfico onde o plano (ortogonal, radioconcêntrico ou desordenado) modelava a forma da cidade sobre a carta física”, não se atentando para o fato de que sobre esse plano de modelagem da forma citadina, pulsavam e pulsam vidas humanas.

Assim, geógrafos como Friedrich Ratzel, Max Sorre, Jean Brunhes, David Clark, Pierre George, dentre outros, deram certa atenção aos estudos da cidade, vinculando-a a diferentes aspectos e contribuindo na formação de um corpus teórico-conceitual. Para Carlos (1999), algumas dessas vinculações deram-se através do caráter funcional da cidade, outras a partir do aspecto econômico, político e social. Ainda de acordo com essa autora (1999, p. 68), em Pierre George, a cidade “[...] é analisada de forma mais abrangente, envolvendo uma perspectiva histórica: a cidade é, em cada época, o produto de uma organização das relações econômicas e sociais [...]”.

Ainda na ciência geográfica, especialmente sob os pressupostos da geografia urbana, as investigações atinentes a cidade, vem sendo, ultimamente, realizadas através de abordagens que privilegiam os processos de produção e reprodução do espaço, de políticas públicas e gestão urbana e de organização e reorganização do espaço citadino. Esse último tópico é desenvolvido por alguns operários do saber geográfico, contemplando o estudo do cotidiano da urbe no que tange a suas imagens e representações, destacando assim, as práticas culturais tecidas nos espaços fragmentados da cidade.

Conforme Silva (1997, p. 87), a evidência de que o espaço da cidade apresenta, no desabrochar de cada história, “[...] paisagens que contêm os signos do cotidiano urbano impõe novos enfoques metodológicos e nova postura científica, na medida em que emergem novos campos de investigação [...]”. Dentre esses novos campos de investigação que estão surgindo no âmago da ciência geográfica, destaca-se a epistemologia das cidades, reservada ao “[...] resgate crítico das bases da geografia urbana, privilegiando a análise de escolas, autores, periódicos, conceitos, etc.” (SILVA, 1997, p. 87).

Depois de repisadas leituras sobre o espaço citadino, tanto com base nos ditames da ciência geográfica, como nos de outros ramos científicos, tem-se a impressão da existência de fisionomias também heterogêneas, que tem marcado com mais força a historiografia brasileira e mundial nos últimos tempos, tais como: “[...] cidade do progresso e civilização para certos olhares, cidade de capital e dos conflitos sociais para uns, cidade do espetáculo para outros, e ainda cidade disciplinar [...]” (SOUSA, 2001, p. 1).

Em seu ritmo cotidiano, a cidade, com seus múltiplos espaços, ora seduz, ilude, encanta, e fascina alguns sujeitos, ora decepciona, desengana, desaponta e desagrada outros. É um eterno ato cíclico e rotativo de recusa e sedução, um jogo infinito de paixão e ódio. Ela se constitui em um emaranhado complexo de “[...] apropriações espaciais que permite a construção e permanência de identificações e práticas culturais de grupos ou agregados sociais diversos” (COSTA, 2005, p.109), se configurando em um espaço fragmentado e bricolado de elementos culturais heterogêneos, assim como, territorializado e microterritorializado por diversas práticas e ações.

Desde os tempos de outrora, principalmente dos princípios de seu nascimento até os dias atuais, a cidade passa por vicissitudes, se tornando, em consonância com a sociedade, em uma espécie de plêiade humana mimética, que a cada crepúsculo e alvorecer, modifica sua face, sua forma, sua epiderme, sua essência, sua cor, seu tamanho e sua camada morfológica. A cidade, seja nos primórdios, seja na atualidade, é considerada uma matriz de relações de poder4,

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Por relações de poder, Roberto Machado (2005, p.XII), na introdução da obra Microfísica do Poder, afirma que para o filósofo Michel Foucault, estas relações não foram e nem são, eminentemente, criadas pelo Estado, nem brotaram fora dele. Os poderes se exercem em “[...] níveis variados e em pontos diferentes da rede social e neste complexo os micro-poderes existem integrados ou não ao

implicada por práticas temporais e espaciais, e perpassada por microfísicas de ações, mobilidades e flexibilidades humanas, no qual, através de uma diversidade de atividades desenvolvidas em seus meandros, ergue-se uma rede ubíqua de sociabilidades, vivenciadas pelos homens ordinários5 no âmbito dos territórios edificados ao longo de seus espaços subjetivados ou objetivados.

A cidade, como um grande objeto de desejo e um fantástico cenário de lendas, de fábulas, de mitos, de imaginários, enfim, de realizações da vida cotidiana, onde milhares de homens tecem e criam suas territorialidades urbanas e suas apropriações espaciais, é “[...] cobiçada, almejada, ultrajada e rejeitada ao mesmo tempo” (SILVA, 1997, p. 85). A primeira vista, imagina-se que a cidade é formada por apenas um conteúdo morfológico, edificada somente por uma estrutura material, composta de “[...] pedra, tijolo, ferro, cimento, vidro, madeira, natureza [...], enfim [...], espaço construído” (PESAVENTO, 2002, p. 24).

Indubitavelmente, a cidade é materialidade polimórfica erigida pela labuta humana a partir de sua relação com a ambiência e de sua ação sobre a natureza. É sociabilidade, acoplando sujeitos e relações sociais, personagens, “[...] grupos, práticas de interação e de oposição. Marcas que registram uma ação social de domínio e transformação, no tempo, de um espaço natural” (PESAVENTO, 2002, p. 24).

Todavia, por trás dessa materialidade há essências, sensibilidades, sentimentos, emoções e subjetividades. Por isso, a cidade é edificação de um “[...] ethos, que implica na atribuição de valores ao que se convencionou chamar de urbano, é produção de imagens e discursos que se colocam no lugar da materialidade e do social e que os representam [...]” (PESAVENTO, 2002, p. 24). É ainda, “[...] percepção de emoções e sentimentos, é expressão de utopias, desejos e

dispositivos de domesticação que atravessa os sujeitos onde eles estejam, sendo conpreendido como um campo de relações de força, enfrentamentos e jogos de verdade. Diante disso, o poder “[...] produz realidades, produz campos de objetos e rituais de verdade” (FOUCAULT, 1996, p. 172), atravessando, constituindo, fabricando e construindo os sujeitos e os conhecimentos que deles se podem ter, bem como, os diversos territórios construídos ao longo dos espaços da cidade.

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Para Michel de Certeau (2003), os homens ordinários compreendem aqueles que estão, em um determinado momento, submetidos a certa ordem, a tal disciplina, a “dada” regra social. Não obstante, os homens ordinários não são apenas passivos a essa ordem imposta, mas, pelo contrário, estes criam, recriam, inventam e reinventam uma multiplicidade de mecanismos, de dispositivos e de artes de burlar essa ordem, deixando de ser, a partir do momento em que põem em prática suas táticas desviacionistas, ordinários para ser extraordinários. Ainda de acordo com Michel de Certeau (2003, p. 57), o homem ordinário é um “Herói comum. Personagem disseminado. Caminhante inumerável. (...) Este herói anônimo vem de muito longe. É o murmúrio das sociedades. De todo o tempo, anterior aos textos. Nem os espera. Zomba deles. Mas, nas representações escritas vai progredindo. Pouco a pouco ocupa o centro de nossas cenas científicas”.

medos, assim como é prática de conferir sentidos e significados ao espaço e ao tempo, que se realizam na e por causa da cidade” (PESAVENTO, 2002, p. 24).

A cidade, em conformidade com os ditames discursivos de Silva (1997, p. 86), se aporta enquanto uma permanência da humanidade, constituída por um “[...] emaranhado de fazer e desfazer: construções, demolições, remendos, reformas, templos, feiras, palácios, favelas, monumentos, caminhos, [...], letreiros, acrílico, néon, [...]. E a cidade resiste. Insiste”. A cidade abriga monumentos, símbolos, formas, enfim, uma conjunção de camadas arquitetônicas que, por conseguinte, se justapõem umas às outras.

De acordo com Yi-Fu Tuan, a própria cidade pode se tornar, em determinadas situações, um monumento. Como exemplo disso, este autor destaca o caso das urbes de Persépolis, Bagdá, Palitana e Pequim que são consideradas verdadeiros monumentos, no qual seus “[...] arranjos físicos, suas geometrias e a ordem hierárquica das formas, são meios arquitetônicos para expressar um ideal do cosmo e da sociedade” (1980, p. 228). Nestes termos, essas cidades monumentos, poderão, para os seus habitantes, “[...] transcender as incertezas da vida [...], [refletindo] a precisão, a ordem e a predição dos céus” (TUAN, 1980, p. 174).

Neste contexto teórico, imbuída por uma conjunção de elementos (des)harmônicos, a cidade, embora cada uma tenha suas devidas particularidades, se configura em uma multiplicidade de espaços marcados pela sobreposição “[...] de funções, caminhos, símbolos, morada dos deuses e demônios que garantem o controle de um território, ao mesmo tempo que possibilita a gestão coletiva” (DANTAS, 2005, p. 3).

A cidade, visibilizada em tempos recuados como um organismo vivo, abriga em seu “ventre”, sonhos, devaneios e perspectivas que ora são “fecundados” e “gestados”, ora são simplesmente “abortados” e extirpados. Por entre as inúmeras artérias que atravessam seus espaços, circulam sujeitos que tramam no espaço- tempo da urbe desde eventos a micro-eventos. Desta maneira, escrita diariamente em suas diversas laudas, a cidade é um palimpsesto, um mosaico de vidas, sentimentos, lembranças e esquecimentos.

Em As cidades invisíveis, Ítalo Calvino (1990) valendo-se da narrativa literária, ao discorrer sobre as imagens, símbolos, caminhos e memórias que o jovem embaixador veneziano Marco Pólo encontrou em suas missões e viagens diplomáticas realizadas pelo império chinês do grande Kublai Khan, inculca, a partir

de linhas textuais metafóricas e poéticas, que as cidades, como os sonhos, são edificadas por desejos e medos, “[...] ainda que o fio condutor de seu discurso seja secreto, que as suas regras sejam absurdas, as suas perspectivas enganosas, e que todas as coisas escondam uma outra coisa” (CALVINO, 1990, p. 44). Diante disto, apreender a cidade é estimular mecanismos e dispositivos “[...] capazes de viabilizar um convívio mais democrático, aberto e complexo da realidade, pois não adianta libertar a cidade do minotauro e deixá-la entregue à tirania da realidade” (DANTAS, 2005, p. 7).

Nos tecidos urbanos são “burilados” cotidianamente novos formatos que são sobrepostos a velhas urbanidades, (re)dinamizando os espaços citadinos e, consequentemente, metamorfoseando suas espacialidades. A cidade, enquanto construção histórico-cultural em constante processo de produção e reprodução, coaduna uma variedade de sistemas sociais complexos, num movimento cíclico perene de criação e recriação.

A cidade é, nessa concepção, um espaço fértil de realização humana, envolvida por uma confluência de elementos dinâmicos e efêmeros. Ela se reveste de uma multiplicidade discursiva, se constituindo em uma espécie de caleidoscópio de linguagens para seus biógrafos, autores e escritores, que são os mesmos que fazem parte da rede de sociabilidades entretecidas em suas artérias.

Mediante a isto, pode-se inferir que a cidade se realiza também por uma rede de sociabilidades tramadas pelos diversos andarilhos, sejam eles os responsáveis por suas invenções textuais ou não, que trilhando caminhos constroem as múltiplas formas do fazer e do acontecer na cidade.

As sociabilidades são tramadas no âmbito indissociável dos espaços públicos e privados da cidade, por meio das relações entre os indivíduos e suas capacidades de estabelecerem laços sociais com outros personagens, tramando concatenações harmoniosas e/ou conflituosas com seus semelhantes e convivendo com as demais pessoas.

Nessas sociabilidades, os praticantes e produtores da cidade, ao representarem os espaços, apropriam-se simultaneamente deles, imprimindo usos e significados. Ao se apropriarem dos espaços, os habitantes constroem seus territórios, que imbuídos de relações de poder, podem ser dimensionados em espaços vividos e subjetivados. Essa apropriação acontece de forma simbólica e

concreta, e pode ser individual ou coletiva, sendo configurada a partir de várias operações sociais.

Nestas operações, a forma e a abstração, a razão e a sensibilidade, a objetividade e a subjetividade compõem os substratos arquitetônicos da cidade que eivados de elementos simbólicos e culturais, representa para os atores envolvidos em sua montagem e (re)montagem, um espaço de práticas sociais, um lugar de memórias e um recôndito de tessituras humanas traçadas e entrelaçadas historicamente.

Neste sentido, a cidade pode ser compreendida a partir de uma perspectiva que percebe o seu espaço, como uma “[...] condição, meio e produto da reprodução da sociedade, o que nos leva necessariamente a discutir o papel do homem enquanto sujeito, percorrendo sua vida, valores, cultura, lutas, ansiedades e projetos [...]” (CARLOS, 1999, p. 70). Compreender o espaço, através desta natureza epistemológica, é entendê-lo do ponto de vista de uma dimensão humana, uma edificação sociohistórica, significando assim, pensar o homem enquanto “[...] ser individual e social no seu cotidiano, no seu modo de vida, de agir e de pensar” (CARLOS, 1999, p. 70).

Diante disto, por espaço, entende-se como um constructo humano, reflexo e condicionante social, uma instância erigida com uma argamassa cultural e sociodiscursiva. Na maioria das vezes pensa-se que o espaço compreende somente um cenário em que as histórias sociais se desenrolam, um mero palco onde os eventos acontecem, ou mesmo, apenas um ambiente no qual os elementos físicos ou naturais estão presentes.

No entanto, o espaço, atinado aqui, é aquele em que homens e mulheres, como parte e parcela dele, constroem, numa relação mútua e dialógica, suas múltiplas experiências sociais. Conforme Soja (1993, p. 101), “[...] o espaço socialmente produzido é uma estrutura criada, comparável a outras construções sociais resultantes da transformação de determinadas condições inerentes ao estar vivo [...]”. Ou seja, viver para o homem é produzir espaços.

Os espaços produzidos ao longo dos tempos por cada sistema cultural, são apropriados, usados e organizados pelos indivíduos de forma particular em suas relações socioculturais. A interpretação do espaço como uma produção social e como uma representação da existência da espécie humana, não permite, indubitavelmente, a ocultação do indivíduo, ou seja, torna-se impossível “[...]

distanciar espaço de sociedade, sujeito de objeto. [...], [da mesma forma que], [...] não há sociedade sem espaço, assim como não há espaço produzido sem sociedade” (BASTOS, 1998, p. 59-60).

Nessa concepção, o espaço, indissociável da sociedade, é pensado e apreendido como sendo o resultado de uma prática de produção e tendo o homem como sujeito principal desse processo. O espaço, no qual estão sobrepostos os registros humanos de variadas épocas e de diferentes culturas, ainda pode ser imaginário e simbólico, como também, concreto e material.

Vale destacar, e com isso reiterar, que o espaço não se configura numa matéria inerte, mas em parte constitutiva das relações sociais, incorporando significados que lhe são atribuídos por determinados tipos de representações e revestindo-se de simbologias, identidades e subjetividades. No mais, a “[...] noção de subjetividade implícita nesse conceito conduz à compreensão do espaço como marca e expressão das relações sociais” (ARRAIS, 2004, p.11). Por esta forma, o espaço se configura em uma pluralidade de formas e de conteúdos, e de continuidades e descontinuidades.

Nessas dimensões, também se concebe o espaço urbano como uma parcela da totalidade territorial, construído pelos praticantes da cidade no transcurso dos processos histórico-geográficos. O espaço urbano, composto de formas e essências, se constitui como algo multifacetado e profundamente complexo. Caracteriza-se como um lugar onde os vários grupos sociais, ao viverem e se reproduzirem, urdem seus valores, mitos e crenças. Deste modo, o espaço urbano é uma dimensão em que os grupos sociais erigem obras materiais e inscrevem uma ordem simbólica, construindo sobre a malha da cidade suas esculturas, suas representações e suas diversas formas de vida urbana.

Nesta perspectiva, o espaço urbano, em especial o de Caicó, objeto de estudo desta dissertação, como uma instância produzida e reproduzida no transcorrer da formação de seu processo histórico, se institui numa espécie de caleidoscópio fragmentado em partículas, onde cada uma delas representa e expressa uma totalidade urbana. Em meio à complexidade dessas partículas, torna- se difícil apreendê-las isoladamente, bem como, difícil, outrossim, interpretá-las em conjunto.

Diante destes propedêuticos ensaios teóricos, torna-se mister, ao lançar o olhar sobre a cidade de Caicó, juntar e montar, para entender e

compreender, os fragmentos e as camadas de suas geografias históricas, revisitando essa urbe a partir de suas múltiplas paisagens urbanas, descortinadas pelas lentes dos distintos operários do saber historiográfico. Nesse sentido, faz-se ainda necessário, auferindo fragmentos discursivos da/na historiografia regional e local, trilhar pelas sendas genealógicas da urbe caicoense, deixando emergir palavras, vozes e imagens resguardadas em seus inventários e demais atestados documentais, reconstituindo assim, uma geografia histórica da cidade.