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5. MÉTODO

5.2 PARTICIPANTES E PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

5.2.1 Pré-testes e pós-testes

5.2.1.1 Escrita de palavras e números

Para conhecer o nível de hipótese de escrita da criança e de sua compreensão acerca dos registros de numerais foram dadas a cada uma das crianças uma folha de papel padronizada separada para cada atividade. Foram disponibilizados lápis de cera azul ou letras e números em material concreto (ver figuras 4 e 5).

O oferecimento destes materiais tinha como objetivo evitar que o desempenho das crianças fosse alterado em virtude do baixo repertório ou domínio gráfico das letras ou números. Sendo assim, era sempre oferecida a possibilidade de uso dos mesmos. Caso fosse percebido pelo pesquisador algum tipo de dificuldade por parte da criança em se expressar graficamente, fazendo uso do lápis e papel, o uso desses materiais era incentivado.

As palavras pé, mesa, sapato e brigadeiro deveriam ser escritas pelas crianças no pré-teste após o pedido da pesquisadora. No pós-teste foram utilizadas as palavras: rã, sofá, navio, iogurte. As palavras escolhidas para sondagem obedeceram ao critério de complexidade lexical, sendo uma monossílaba, uma dissílaba, uma trissílaba e uma polissílaba. Os critérios de avaliação para o material produzido pelas crianças foram embasados nos níveis de psicogênese da escrita sugeridos por Ferreiro (2011), sendo estes: (1) Escrita em nível pré- silábico sem diferenciações interfigurais; (2) Escrita em nível pré-silábico, com letras convencionais, mas sem diferenciações interfigurais; (3) Escrita com diferenciações interfigurais; (4) Escrita silábica quantitativa; (5) Escrita silábica qualitativa; (6) Escrita silábico-alfabética; (7) Escrita alfabética. Em alguns testes estatísticos foram utilizadas apenas as 4 hipóteses centrais postuladas por Emília Ferreiro.

Para exemplificar, segue abaixo figura referente aos três primeiros níveis, extraídos do protocolo de pesquisa desse estudo. Os outros níveis não serão exemplificados da mesma

Figura 5 - Números em plástico como suporte para representação

escrita numérica

forma por já serem amplamente reconhecidos através da popularidade dos trabalhos da psicogênese da escrita.

Figura 6 - Escrita em nível pré-silábico sem diferenciações interfigurais

Figura 8 – Escrita pré-silábica com diferenciações interfigurais

Os números escolhidos para o ditado no pré-teste foram: 1, 9, 48, 91 e 19; no pós-teste foram utilizados os números 5, 7, 36, 71 e 17. Tais algarismos facilitavam a investigação sobre como as crianças lidam em relação ao conhecimento do valor posicional dos números, a

Figura 7 - Escrita em nível pré-silábico, com letras convencionais, mas

transparência do número e o suporte da oralidade na notação numérica. Para a avaliação dos registros das crianças, todas as respostas foram minuciosamente avaliadas a fim de favorecer a construção de categorias que atendessem a especificidade dos dados coletados. Estas categorias estavam relacionadas às estratégias que as utilizavam quando se deparavam com a necessidade de realizar o registro escrito.

Para isso, fez-se uso de alguns conceitos conhecidos, como o de número coringa e transparência do número, embasados incialmente nas pesquisas de Brizuela (2006). A escolha por essa referência deve-se ao fato de que os estudos dessa pesquisadora se assemelhavam mais significativamente ao objetivo desta pesquisa, do que os estudos de outras referências na área.

Sendo assim, as categorias nominais após o levantamento de dados específicos desta pesquisa, tendo como base teórica Brizuela (2006), foram as seguintes:

(1) não diferencia letras e números, como exemplo mostrado na figura 9;

(2) realiza a notação de algarismos aleatórios ou uma sequência numérica; não faz uso de pistas orais/critérios de transparência, ou conhecimento sobre posicionalidade Observe essa característica na Figura a seguir.

Figura 9 - Escrita infantil sem diferenciação de letras e

(3) Representa apenas um algarismo, fazendo usos de pistas orais/critério de transparência. Na figura é possível ver que a criança representa o algarismo 9 na tentativa de escrever 19, o algarismo 8 para representar 48, e o algarismo 1, para representar o 41.

Figura 11 - Representação de algarismos a partir

da referência de pistas orais na representação de números com duas ordens

(4) Representa um algarismo de duas ordens com dois números coringas, sem fazer uso de um elemento de transparência ou pistas orais, assim como no exemplo da figura , no qual a criança registrou como 12 o número 19.

Figura 10 - Escrita aleatória de números quando pesquisadora

Figura 12 - Representação do número 48, de

forma não convencional, mas resguardando o número de ordens devidas

(5) Representa um dos algarismos de forma correta e representa o ouro através do número coringa, sem obedecer ao critério de valor posicional. Na figura , a criança representa 81 quando solicitado para escrever 48. Percebe-se que ela fez uso de uma pista oral e percebe que é necessário escrever mais um número, mas não sabe onde deve colocá-lo.

Figura 13 - Representação do número 48,

fazendo uso de pista oral e reconhecimento de ordem, sem a devida compreensão da posicionalidade,

(6) representa um dos algarismos de forma correta e representa o outro através de número coringa, obedecendo ao critério de valor posicional. Como visível na figura , a criança registra 98 na tentativa de registrar 48, revelando que começa a ter alguma noção de posicionalidade

Figura 14 - Representação do número 48,

fazendo uso de pista oral e reconhecimento de ordem, apresentando início da compreensão da posicionalidade

(7) Representa o algarismo de forma correta.

Figura 15 - Escrita numérica convencional

Outra perspectiva na análise dos dados, foi no estabelecimento de categorias ordinais relativas aos níveis de sofisticação de estratégia para a realização do registro escrito. Foi observado nessa perspectiva, quatro níveis de estratégias de escrita: (1) A criança realiza registros aleatórios; (2) A criança utiliza números coringas e pistas orais, sem demonstrar qualquer tipo de obediência ou compreensão sobre a existência do princípio de posicionalidade do sistema de numeração decimal; (3) A criança faz uso de pistas orais e números coringas, já demonstrando indícios da compreensão da importância da

posicionalidade no sistema de numeração decimal; (4) A criança representa algarismo de forma correta

Além das categorias e níveis avaliados acima, foram também contabilizadas as quantidades de números de erros e acertos nas atividades. Todos os protocolos foram avaliados por um segundo juiz e as divergências de respostas foram discutidas até que fosse encontrada uma categoria em concordância para ambos.

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