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2. Principais espécies edíveis

2.1. Espécies da família Helicidae

2.1.1. Helix aspersa

A Helix aspersa (Müller,1774) representa caracóis de dimensões intermédias, com conchas entre os 30 e 45 milímetros de diâmetro, em vários tons de castanho, mais escuros ou mais dourados, com listras amareladas e acastanhadas (Figura 4) (7,21).

Figura 4 – Espécie de caracol Helix aspersa.

Embora nativa das margens mediterrânicas até às costas francesas e espanholas, esta espécie foi introduzida cedo noutras regiões, nomeadamente, na Grã Bretanha, na

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Europa ocidental, em algumas zonas junto ao Mediterrâneo e noutras regiões mais orientais dos Balcãs e em torno do mar Negro e do Golfo Pérsico. Atualmente, é possível encontrar esta espécie em locais ainda mais distantes como os Estados Unidos, Haiti, Canadá, África do Sul, México, Argentina ou Nova Zelândia (2,21,32).

Sendo a Helix aspersa facilmente adaptável a diferentes climas e condições ambientais, pode ser encontrada em bosques, jardins, terrenos arenosos ou em variados campos. A sua melhor adaptabilidade face a muitas outas espécies de caracóis, leva a que a Helix aspersa tenha esta grande área de distribuição a nível global (2).

“Helix aspersa” é muitas vezes utilizado como o termo comum atribuído às suas duas subespécies mais relevantes economicamente e mais consumidas em todo o mundo: Helix aspersa aspersa e Helix aspersa maxima.

Os exemplares da subespécie Helix aspersa aspersa são também denominados e vulgarmente servidos como petit-gris, escargot chagriné ou caracol de jardim castanho, enquanto a Helix aspersa maxima também se conhece por gros-gris ou simplesmente caracoleta, devido ao seu tamanho (2,5). No entanto, apesar de ainda se utilizarem estas denominações e de terem perdurado por longos períodos, a classificação taxonómica destas duas subespécies sofreu alterações recentes e o seu género foi alterado para Cornu, passando a Helix aspersa aspersa e a Helix aspersa maxima a classificarem-se como Cornu aspersum aspersum e Cornu aspersum maximum, respetivamente (30).

Em Portugal, a Helix aspersa também pode ser popularmente conhecida como caracoleta Moura, sendo usada gastronomicamente para a a confeção da típica caracoleta assada (7).

2.1.2. Helix pomatia

A Helix pomatia (Linnaeus, 1758), também vulgarmente designada por caracol Romano, é nativa de grande parte do continente europeu e a sua presença estende-se por quase todo o continente, de países nórdicos como a Suécia ou a Dinamarca até aos Balcãs, e do extremo oriental dos antigos países soviéticos à França e Espanha (21,32). Como quase todas as espécies, foi introduzida em zonas distantes e pode já ser encontrada por exemplo no Uruguai, nos Estados Unidos, no norte de África ou na Argentina (21). Os seus habitats incluem vales, jardins, montanhas arborizadas e vinhedos (2,21).

19 As conchas, cujo diâmetro oscila aproximadamente entre os 32 e 50 milímetros, apresentam uma coloração acastanhada a bege, usualmente complementada com bandas mais escuras, de intensidade variada, e que podem ser comparadas à coloração da canela (Figura 5) (2,20).

Figura 5 – Espécie de caracol Helix pomatia.

Amplamente utilizada como alimento, a Helix pomatia é popularmente reconhecida e servida como escargot de Bourgogne (Figura 6), a sua denominação legal de venda, representando uma receita muito valorizada e célebre na gastronomia francesa. Corresponde também ao termo Weinbergschnecke na Alemanha (2,5).

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2.1.3. Otala lactea

A Otala lactea (Müller,1774) é uma espécie nativa do sul da península Ibérica e norte de África, com grande incidência em Marrocos, sendo encontrada em estepes, charnecas rochosas, planícies costeiras e terrenos agrícolas (7). Hoje em dia, também é encontrada no norte de África e em países como a Argentina, os Estados Unidos ou a Austrália (32,33).

Também podendo ser designada de Helix lactea ou caracol espanhol, insere-se no grupo dos designados Milk snails. Em Portugal, é também conhecida como caracoleta riscada, caracol riscado ou caracol Mitra, sendo gastronomicamente muito apreciada no nosso país, assim como na Espanha, Itália, e França (7,21).

A sua concha branca/amarelada, que pode em alguns casos também adquirir tons acastanhados, possui tipicamente riscas em espirais pronunciadas, avermelhadas ou de um castanho carregado (7,21,33). O seu diâmetro e altura estão está compreendidos entre os 21 e 39 milímetros e entre os 16 a 25 milímetros, aproximadamente (Figura 5) (7,20).

Alguns dos aspetos mais discriminatórios desta espécie em relação às restantes, são a abertura mais alargada da sua casca (à boca-de-sino), o formato ligeiramente mais achatado da sua concha e o rebordo mais grosso e característico que se forma junto à referida abertura, no lábio externo (Figura 7) (33,34).

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2.1.4. Theba pisana

A espécie Theba pisana (Müller,1774), da família Helicidae, também conhecida como caracol de jardim branco, caracol branco ou caracol do mediterrâneo, é uma espécie nativa da região mediterrânica, concretamente da Sicília (2,21). Esta espécie representa a principal variedade de caracol consumida em Portugal (7,8).

A sua concha apresenta genericamente cerca de 18 milímetros de largura e 13 milímetros de altura, embora possa variar entre 10 e 30 milímetros de diâmetro entre diferentes indivíduos De tonalidade branca, amarelada ou castanho claro, a sua casca pode apresentar padrões uniformes ou traços castanhos ou acizentados sob a forma de diferentes espirais, riscas ou pontos (Figura 8) (7,20).

Figura 8 – Espécie de caracol Theba pisana.

Apesar do seu predomínio no continente europeu (Figura 9), encontra-se já distribuída pela Ásia, África, Oceania e América do Norte e Central, preferencialmente em climas quentes e zonas mais arenosas e costeiras (20,27,32,35).

A capacidade de agregação destes caracóis e a sua propensão para desfolhar e consumir árvores de pequeno porte, plantas ornamentais e de jardins e quase todo o tipo de gramíneas, incluindo cereais e culturas agrícolas, tornam-na numa espécie invasiva que pode representar grandes incovenientes ou perdas de colheitas, com prejuízos económicos acentuados (20).

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Figura 9 – Distribuição da Theba pisana por países europeus, adaptado de Fauna

Europaea (32).

No panorama europeu, encontram-se ainda muitas outras espécies das zonas mediterrânicas e adjacentes além das mencionadas, sobretudo consumidas em alguns países da Europa, como a Grécia, Itália, França ou Espanha, e que incluem a Eobania vermiculata, Otala punctata, Cepaea nemoralis, Cepaea hortensis, Helix lucorum, Helix aperta ou a Helix adanensis (2,5).

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