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6.1.2 – Espécies de cetáceos que ocorrem nos Açores

No documento Manual do Observador (páginas 33-55)

BALEIA-AZUL (Balaenoptera musculus) Código: BMU

Características diagnosticantes:

- Grande corpulência, pode atingir os 33 m de comprimento, com uma média 26 m; - O sopro é muito alto e estridente, pode variar de 6 a 12 m de altura;

- Barbatana dorsal minúscula, situada na parte posterior do corpo perto do pedúnculo caudal; - Apresenta uma cor cinzenta-azulada mosqueada a cinzento por toda a zona dorsal do corpo; - Cabeça larga em forma de U, quando vista de cima;

- Apresenta um espiráculo proeminente;

- Quando surge à superfície apresenta a parte de cima da cabeça e o espiráculo; - Por vezes pode exibir a caudal.

As baleias-azuis são normalmente solitárias ou quando muito ocorrem aos pares. Estas baleias nadam lentamente, mas podem acelerar e atingir velocidades de 16 nós quando perseguidas.

As baleias-azuis são os maiores animais que jamais existiram no planeta. O maior exemplar conhecido media 33 m e pesava 190 toneladas. Contudo, o tamanho médio situa-se entre os 24 e 26 m. O maxilar superior está munido de 270 a 400 pares de barbas negras (com franjas) que podem atingir 1 m de comprimento e 55 cm de largura. Apresentam 55 a 90 pregas ventrais na garganta, que chegam pelo menos ao nível do umbigo. A baleia-azul tem uma longevidade estimada em cerca de 60 anos. Alimenta-se essencialmente de crustáceos como o krill, e ingere diariamante 4 toneladas destes pequenos crustáceos.

BALEIA-COMUM ou Finbeque (Balaenoptera physalus) Código: BPH

Características diagnosticantes:

- As fêmeas podem atingir 24 m de comprimento e os machos 21 m; - O sopro é muito alto e estreito, pode chegar aos 4-6 m de altura;

- Antes do mergulho não mostram a barbatana caudal, mas é possível ver o pedúnculo caudal arqueado;

- Não é possível ver simultaneamente à superfície o espiráculo e a barbatana dorsal;

- Apresenta uma pigmentação assimétrica da parte de baixo da cabeça: a face esquerda é escura enquanto que a face direita é clara;

- A pigmentação do corpo é cinzenta escura no dorso e branca na face ventral; - Podem saltar;

- Normalmente nadam com rumos definidos;

Se a cabeça for vista de cima é pontiaguda e é possível ver uma crista que vem do espiráculo até quase à ponta do focinho embora termine antes deste. O maxilar superior tem 260-480 pares de barbas e apresenta 50 a 100 pregas ventrais na garganta, que se prolongam até ao umbigo. As baleias comuns podem saltar embora nunca saiam totalmente da água e caem num ângulo agudo semelhante ao das baleias-anãs. A longevidade do finbeque está estimada em cerca de 80 anos.

Os grupos desta espécie observados nos Açores tem 3 a 5 indivíduos, e embora seja mais raro podem ocorrer individualmente. É uma nadadora rápida que se desloca a uma média de 8 a 10 nós. O finebeque é, depois da baleia-azul, a segunda maior espécie de animal do mundo. Alimenta-se essencialmente de crustáceos planctónicos, mas não desdenha os peixes pequenos (caso dos chicharros) e os cefalópodes.

BALEIA-SARDINHEIRA ou Finbeque-boreal (Balaenoptera borealis) Código: BBO

Características diagnosticantes:

- O comprimento médio dos adultos é 15 m nos machos e nas fêmeas 17 m; - O sopro é globoso e vertical, podendo atingir os 3 m de altura;

- Quando mergulha não mostra a barbatana caudal nem arqueia o pedúnculo caudal;

- A barbatana dorsal é a mais alta das baleias de barbas e situa-se mais anteriormente que nos restantes rorquais;

- É possível ver o espiráculo e a dorsal simultaneamente à superfície;

- Apresenta uma coloração cinzento-azulada homogénea que cobre toda a zona dorsal do corpo e as barbatanas peitorais;

- Normalmente desloca-se com um rumo definido e muito rápido, até 30 nós;

Esta espécie permanece à superfície mais tempo do que os restantes rorquais e é sem dúvida o rorqual mais rápido, podendo-se deslocar a 30 nós. O seu rumo é regular se não for perturbado. Tem cerca de 32 a 60 pregas ventrais na garganta que se prolongam até pouco depois das peitorais. Na maxila superior apresenta 300 a 400 pares de barbas cinzentas escuras. A baleia-sardinheira tem uma longevidade próxima de 70 anos. A sua alimentação principal é constituída essencialmente de pequenos crustáceos planctónicos (copépodes). Alimentam-se também de pequenos peixes como chicharros e sardinhas (daí a origem do nome Português de sardinheira).

Nos Açores as baleias-sardinheiras ocorrem isoladamente ou em pequenos grupos, raramente com mais de 3 animais. De longe é impossível diferenciar este rorqual dos restantes da sua família, a confusão é possível com o rorqual-comum e em menor grau com a baleia-anã, dado o menor tamanho da última.

BALEIA-ANÃ ou Finbeque-anão (Balaenoptera acutorostrata) Código: BAC

Características diagnosticantes:

- O adulto pode atingir os 10 m de comprimento. - O sopro é baixo e indistinto, não ultrapassa os 2-3 m;

- As barbatanas peitorais têm geralmente uma faixa branca que a identifica de imediato; - Nunca mostram a barbatana caudal durante o mergulho;

- Barbatana dorsal é alta comparativamente às restantes baleias de barbas; - O espiráculo e a barbatana dorsal podem ser vistas em simultâneo à superfície;

- Apresentam um comportamento bastante activo, com um rumo que varia frequentemente; - Apresenta uma coloração escura no dorso (cinzento escuro) e uma zona mais clara a meio do

corpo, sobretudo na zona ventral;

- O focinho é muito pontiagudo e por vezes sai da água deixando ver as barbas claras; - Podem saltar.

As baleias-anãs são as mais pequenas das baleias de barbas que ocorrem nos Açores. Se a cabeça for observada de cima é fácil identificar a espécie, dado que além de ser pontiaguda tem apenas uma crista proeminente que vai do espiráculo à ponta do focinho. O maxilar superior tem 230 a 360 pares de barbas de cor branco-crème e apresenta geralmente de 50 a 70 sulcos ventrais que se estendem quase até ao umbigo. As baleias-anãs podem ocorrer isoladamente ou em grupos com 2 a 3 indíviduos. É capaz de nadar até 13 ou 16 nós em curtos períodos, embora a velocidade normal seja de 2 a 4 nós. Podem saltar, mas nunca completamente fora de água, saindo com o corpo num ângulo de 45º relativamente à superfície e caindo de barriga. Raramente fazem mais de 2 a 3 saltos. Ao contrário dos outros Balaenopterídeos, alimenta-se principalmente de pequenos peixes, como o arenque e a sardinha, e não despreza o krill. A baleia-anã tem uma longevidade de 30 anos.

BALEIA DE BOSSAS ou Ampebeque (Megaptera novaeangliae) Código: MNO

Características diagnosticantes:

- Em média, os adultos medem 15 m de comprimento;

- A principal característica são as protuberâncias arredondadas, nódulos ou bossas na cabeça e nas barbatanas peitorais, que são visíveis quando o animal está à superfície;

- Apresenta uma cor preta-azulada uniforme à excepção das barbatanas peitorais que são brancas e muito compridas (1/3 do corpo);

- O sopro é visível, mas não ultrapassa os 3 m de altura e é muito globoso;

- Quando mergulha arqueia fortemente o dorso e mostra claramente a caudal fora de água; - Salta com muita frequência e cai normalmente de costas;

- Comportamento muito activo, o rumo é frequentemente aleatório e pode aparecer em várias posições, costas, de lado, etc

É uma espécie que não se intimida com as embarcações e pode mostrar grande curiosidade. Apesar disso é uma nadadora lenta que se desloca com uma velocidade de 4 nós e pode alcançar máximos de 8 nós. Existem cerca de 270 a 400 pares de barbas cinzentas no maxilar superior. Têm 14 a 35 pregas ventrais na garganta, que se prolongam até ao umbigo. A longevidade estima-se em cerca de 50 anos. A alimentação da baleia-de-bossas é muito variável, à semelhança das técnicas de alimentação. Pode-se precipitar sobre um banco de krill ou de cardumes de pequenos peixes (ex:cavalas)

BALEIA ou Cachalote (Physeter macrocephalus) Código: PMA

Características diagnosticantes:

- O comprimento médio dos machos adultos é 15 m, das fêmeas é 11 m e das crias 3,5 a 4,5 m; - Inserção do espiráculo do lado esquerdo da cabeça;

- Sopro oblíquo, inclinado 45º para a frente e ligeiramente para a esquerda, pode chegar aos 5 m de altura;

- Grande corpulência, com coloração escura e uniforme (cinzento-castanho escuro); - Cabeça muito volumosa, abrupta, sem bico e em forma de quilha de proa de navio; - Barbatana dorsal practicamente ausente;

- A pele tem um aspecto enrugado a partir da zona do olho, com excepção da cabeça onde é lisa; - Barbatana caudal triangular e muito pouco falcada;

- Quando mergulha em profundidade eleva a barbatana caudal completamente fora de água; - Pode ocasionalmente projectar-se fora da água;

Os cachalotes são excelentes mergulhadores: os grandes machos podem atingir profundidades de 3000 m e permanecer 1,5 h em apneia, enquanto a apneia das fêmeas é de cerca de 45 min. O intervalo à superfície entre mergulhos profundos é de 5 a 15 min. Contudo, os animais podem permanecer várias horas à superfície em sociabilização. A velocidade de deslocação normal é lenta (3 a 5 nós). O cachalote é o mamífero com a mais baixa taxa de reprodução, com intervalo entre crias de 4 a 6 anos. A sua longevidade é estimada em 70 anos.

Os machos adultos são solitários e frequentam as águas dos Açores durante todo o ano. As fêmeas e crias são observados com maior frequência de Maio a Outubro. Raramente se confunde com outras baleias. Eventualmente antes do mergulho pode confundir-se a sua barbatana caudal triangular com a da baleia de bossas.

QUILHA ou Orca (Orcinus orca) Código: OOR

Características diagnosticantes:

- Os machos medem até 9 m, as fêmeas até 7 m e as crias 2,1 a 2,5 m;

- A barbatana dorsal é triangular e pode atingir 2 m nos machos, e nas fêmeas é falciforme e menos elevada (máx. 0,9 m);

- Apresenta cor preta no dorso que contrasta com uma mancha branca elíptica atrás do olho e em toda a zona ventral; podendo ter uma mancha cinzenta por trás e por baixo da dorsal, que se assemelha a uma sela;

- Corpo muito robusto;

- Formam grupos até duas dezenas de espécimes que raramente acompanham as embarcações.

As orcas formam grupos compostos por fêmeas e juvenis com ou sem machos adultos, ou por juvenis de ambos os sexos e, ocasionalmente, há machos adultos solitários. Deslocam-se rapidamente a 10-12 nós (por vezes a 25 nós), mudando bruscamente de direcção e permanecendo imersos de 5 a 15 min. Podem mergulhar aos 300 m e excepcionalmente os 1000 m. Ocupam incontestavelmente o topo da pirâmide alimentar dos ecossistemas marinhos, sendo predadores vorazes. O regime alimentar é variado, sendo que nenhum animal marinho está seguro de não ser sua presa: lulas, peixes, aves, focas, tartarugas, golfinhos e mesmo grandes cetáceos que são caçados por todo o grupo.

São pouco abundantes nos Açores, e geralmente inconfundíveis com outras espécies.

NEGRO ou Falsa-orca (Pseudorca crassidens) Código: PCR

Características diagnosticantes:

- Os machos adultos medem 5 a 6 m, as fêmeas 4 a 5 m e as crias 1,5 a 1,8 m; - A cabeça é esguia sem bico nem melão proeminentes;

- O corpo é muito fusiforme e em forma de torpedo; - Apresenta uma coloração negra azulada e uniforme; - A forma geral do corpo é alongada;

- A barbatana dorsal é elevada e pontiaguda, a sua inserção é muito central no corpo; - Formam grupos de algumas dezenas a centenas e podem acompanhar as embarcações; - Quando mergulham, arqueiam fortemente o pedúnculo caudal;

- Comportamentos aéreos muito elegantes;

São maioritariamnente oceânicos. Formam grupos sexual e etariamente heterogéneos, de forte coesão social. São animais activos que nadam rapidamente (cerca de 15 nós), e manobram com agilidade. O sopro é frequentemente perceptível. São predadores activos e vorazes que capturam presas de grandes dimensões como atuns, dourados, espadins, cefalópodes, e também outros mamíferos marinhos, muitas vezes aparentando possuir eficazes técnicas de caça em grupo.

Pode ser confundido com o peixe boi, mas é com frequência mais escuro que a globicéfala, nada mais rápidamente e é mais activo que esta, distingue-se sobretudo pela sua barbatana dorsal mais alta, mais curta e menos arredondada.

PEIXE-BOI ou Baleia-piloto tropical (Globicephala macrorhynchus) Código: GMA

Características diagnosticantes:

- São mais corpulentos do que qualquer outra espécie de golfinho, com comprimento dos adultos de 4 a 5 m e crias de 1,4 m;

- A barbatana dorsal arredondada e pouco elevada com uma base de inserção muito larga é uma excelente característica identificativa;

- Sem bico proeminente;

- Cabeça arredondada com um melão proeminente que se desenvolve com a idade; - A coloração geral do corpo é cinzenta muito escura;

- Forma grupos de poucas a algumas dezenas que não acompanham as embarcações; - São muito pouco activos;

- Comportamentos aéreos raros;

São geralmente pouco agitados, deslocando-se cerca de 4 nós, mas em casos excepcionais podem chegar aos 20 nós. Grupos segregados em fêmeas com crias e machos adultos com juvenis, adultos de ambos os sexos, ou machos adultos. Estes últimos podem mergulhar aos 600 m. Alimentam-se principalmente de cefalópodes e de pequenos peixes (até 45 kg por dia).

Este grande delfinídeo parece preferir as águas dos Açores de Abril a Outubro. É frequentemente observado na companhia de toninhas bravas e de cachalotes. O peixe boi pode ser confundido com o moleiro e sobretudo com os negros, mas a forma da cabeça e da dorsal, bem como o comportamento pouco agitado permitem distingui-los.

MOLEIRO ou Grampo (Grampus griseus) Código: GGR

Características diagnosticantes:

- Os adultos medem em média 3 m e as crias 1,5 m;

- Caracteriza-se principalmente pela sua coloração predominantemente cinzenta, que aclara com a idade pela presença de cicatrizes brancas a cobrir quase todo o corpo;

- A barbatana dorsal elevada é falcada e ponteaguda, geralmente mais escurecida; - Sem bico proeminente;

- A cabeça é arredondada, embora não tenha um melão tão proeminente como o peixe-boi;

- Forma grupos de poucas dezenas a algumas centenas que raramente se aproximam das embarcações;

- Comportamentos aéreos raros, são normalmente pouco activos.

São animais mais corpulentos do que a maioria dos golfinhos. Os grupos podem segregar-se em fêmeas com crias e machos adultos com juvenis, machos de várias faixas etárias, ou machos adultos solitários. Estes grupos são pouco activos, pelo que a uma distância média são dificilmente avistados. Apesar de aparentemente lento, este grande delfinídeo é um nadador rápido e pode atingir os 14 nós. Podem observar-se batimentos das barbatanas peitorais na superfície da água. Com a idade vão ficando gradualmente mais brancos, podendo ter a cabeça quase branca. A sua longevidade é de cerca de 30 anos. Alimenta-se maioritariamente de cefalópodes, sendo a dentição muito reduzida.

É avistado com frequência no Verão dos Açores. A médio alcance pode confundir-se com a falsa orca e, eventualmente, com a toninha-roaz.

TONINHA-BRAVA ou Roaz (Tursiops truncatus) Código: TTR

Características diagnosticantes:

- O tamanho médio dos adultos ronda os 3 m e das crias 0.9 a 1,2 m;

- Corpo muito robusto e padrão cinzento escuro azulado uniforme no dorso, aclarando em direcção ao ventre branco ou rosado. Há tendência para clarear com a idade;

- O bico proeminente é bastante curto e espesso, a mandíbula sobressai sob o maxilar superior; - A cabeça tem um melão frontal arredondado que apresenta um sulco profundo a separar o bico

da testa;

- Forma grupos de poucas a algumas dezenas, que raramente acompanham as embarcações; - Comportamentos aéreos moderadamente frequentes.

É uma espécie muito comum, podendo aparecer junto da costa ou ao largo em zonas oceânicas. Os grupos podem apresentar segregação sexual e de maturidade: adultos de ambos os sexos com crias, fêmeas com juvenis e crias, ou machos juvenis. Desloca-se a uma velocidade de cruzeiro lenta mas, quando em alimentação, pode atingir os 25 nós. São ‘surfistas’ exímios. O peso varia de 150 a 350 kg. A longevidade situa-se entre os 25 e 40 anos. Consomem peixes e lulas pelágicas.

A toninha brava nos Açores é frequentemente encontrada em companhia das baleias-piloto ou de cachalotes. Pode ser confundida com outras espécies, como os juvenis de pintadinha (embora esta seja mais pequena) e eventualmente, a média distância, com os grampos, pela sua corpulência.

TONINHA-PINTADA ou Golfinho-pintado (Stenella frontalis) Código: SFR

Características diagnosticantes:

- Os adultos podem atingir os 2,3 m de comprimento e as crias medem 0,8 a 0,9 m;

- Apresentam uma mancha mais clara no dorso, por baixo da barbatana dorsal (forma de pincelada);

- A parte dorsal do animal é cinzenta com pintas claras (brancas) e o ventre é mais claro com pintas cinzentas;

- Os adultos apresentam pequenas pintas, que aumentam em número com a idade;

- Os juvenis têm um tom geral acinzentado escuro no dorso, aclarando em direcção ao ventre branco ou rosado;

- Bico proeminente e alongado;

- Deslocam-se em grupos numerosos e acompanham com frequência as embarcações; - Efectuam comportamentos aéreos banstante acrobáticos.

Os machos são ligeiramente maiores do que as fêmeas, podendo o seu peso chegar aos 140 kg. Os grupos são formados por indivíduos de ambos e sexos e todas as idades. Nadam rapidamente a uma velocidade que pode chegar aos 18 nós. Esta espécie alimenta-se de pequenos peixes pelágicos e não desdenha os cefalópodes.

São mais frequentes nas águas dos Açores a partir de Junho e até ao Outono. Os juvenis desta espécie, por não terem pintas, podem ser confundidos com a toninha-brava (roaz), mas o seu bico é mais alongado e mais fino que os roazes e são também menos corpulentos. Em condições precárias de luz pode ser confundido também com as toninhas mansa e riscada.

TONINHA-RISCADA ou Golfinho riscado (Stenella coeruleoalba) Código: SCO

Características diagnosticantes:

- O comprimento médio dos adultos é de 2,5 m e das crias 1 m;

- Apresenta uma mancha negra envolvendo o olho de onde partem duas riscas; uma que se prolonga até à base da barbatana peitoral e outra mais longa e fina que vai do olho até à região ventral;

- O ventre é claro e o dorso é escuro com uma faixa mais clara (acinzentada) em forma de pincelada um pouco antes da barbatana dorsal. Esta é uma das características mais seguras para identificar a espécie no mar;

- É nitida uma grande heterogeneidade de cores, no dorso, flancos e ventre; - Bico proeminente esguio e de cor escura;

- Forma grupos numerosos, muito coesos, que quase nunca acompanham as embarcações; - Salta ágil e frequentemente fora de água.

Esta espécie é geralmente oceânica. Os grupos podem apresentar segregação sexual e de maturidade: fêmeas com crias, adultos de ambos os sexos, ou juvenis. Deslocam-se a velocidades de 20 nós (máximo de 28 nós). Saltam frequentemente, por vezes a 6 ou 7 m de altura, podendo deixar-se cair de lado. A longevidade é estimada na ordem dos 35 aos 50 anos. Alimentam-se de peixes de pequeno tamanho e numa pequena proporção de cefalópodes e de camarões.

Nos Açores, ocorrem com mais frequência no Verão. Os grupos de golfinhos-riscados associam-se frequentemente a grupos de golfinhos comuns, podendo confundir-se com as outras espécies de pequenos delfinídeos.

TONINHA-MANSA ou Golfinho-comum (Delphinus delphis) Código: DDE

Características diagnosticantes:

- Comprimento médio dos adultos varia entre 2,2 m e 2,6 m e das crias entre 0,8 a 0,9 m;

- O flanco apresenta um sinal alongado em forma de ampulheta “∞”, com a parte anterior de cor amarela/ocre e ventre branco, facilmente visíveis quando salta;

- Mancha preta por baixo da barbatana dorsal em forma de V; - Acompanha com frequência a proa e a popa das embarcações; - Comportamentos aéreos muito frequentes;

- Bico proeminente e esguio de cor negra;

- Espécie muito gregária, deslocando-se normalmente em grupos de muitas dezenas a centenas de exemplares.

Os machos desta espécie são ligeiramente maiores do que as fêmeas, e os grupos geralmente contêm indivíduos de ambos os sexos de todas as idades. Existem diversas variedades geográficas, em tamanho e pigmentação. O seu peso varia normalmente entre 75 e os 130 kg. A longevidade é estimada em 25 a 30 anos. Quando se alimenta desloca-se a 4 ou 5 nós (a velocidade de ponta pode ultrapassar 25-30 nós), podendo mergulhar até aos 300 m de profundidade. Alimentam-se de peixes pequenos, como o chicharro, e de lulas.

Nos Açores pode ser confundido com o golfinho riscado e com o golfinho pintado. Contudo, o seu evidente flanco amarelo não deixa qualquer dúvida assim como a mancha preta em forma de "barbatana invertida".

BOTO COMUM (Phocoena phocoena) Código: PPH

Características diagnosticantes:

- Comprimento médio dos adultos é de 1,5 m; - Sem bico proeminente;

- Corpo pequeno mas entroncado;

- Coloração escura (cinzento-acastanhado) no dorso, aclarando nos lados e em direcção ao ventre mais claro;

- Barbatana dorsal é curta, triangular e não ponteaguda, situada a meio do dorso; - Barbatanas peitorais escuras;

- Forma grupos de uma a poucas unidades que raramente se aproximam das embarcações; - Comportamentos aéreos muito raros.

O boto comum é uma espécie geralmente tímida. Efectuam mergulhos de poucos minutos quando em alimentação, intervalados por algumas ventilações consecutivas junto à superfície. Quando se deslocam acorrem à superfície cerca de 4 a 6 vezes por minuto. A sua longevidade é estimada em cerca de 15 anos. Alimentam-se de pequenos peixes e cefalópodes, com preferência por anchova, cavalas e sardinhas.

Nos Açores é muito rara, embora recentemente tenha ocorrido um arrojamento que assegura a sua existência. Não é provável que se confunda com as espécies que aqui ocorrem.

BICO DE GARRAFA ou Zífio (Ziphius cavirostris) Código: ZCA

Características diagnosticantes:

- Comprimento máximo é de 7,5 m para os machos e de 7 m para as fêmeas; - Corpo longo e robusto;

- Coloração variável de cinzento a acastanhados escuros (não é um indicador fiável); - Cabeça com uma ligeira concavidade que termina num bico curto;

- Bico proeminente;

- Presença de dois dentes na extremidade da mandíbula inferior, visíveis apenas nos machos; - Mandíbula inferior sobrepõe-se ligeiramente à maxila superior;

- Formam grupos de uma a algumas unidades, e não se aproximam das embarcações.

Os zífios podem ser encontrados em zonas oceânicas de ampla distribuição geográfica, desde os

No documento Manual do Observador (páginas 33-55)

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