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ESPÉCIES NÃO CONVENCIONAIS

No documento CAIO CESAR FAEDO DE ALMEIDA (páginas 37-42)

FUTUROS 119 REFERÊNCIAS

2.3 ESPÉCIES NÃO CONVENCIONAIS

Para reduzir as dependências de madeiras de pinus e eucalipto, o setor de base florestal tem investido em pesquisas nas áreas de silvicultura e tecnologia da madeira em busca de espécies alternativas de rápido crescimento para a produção de madeira (IWAKIRI et al., 2012b). Da mesma forma, Trianoski

et al. (2013b) destacam a necessidade de estudos relacionados à utilização de espécies alternativas, a fim de aumentar a diversidade e volume de matéria prima ofertada ao mercado madeireiro.

Dentre as espécies de coníferas não usuais algumas como as espécies de pinus tropicais, tais como P. maximinoi, P.

oocarpa, P. tecunumannii (IWAKIRI et al., 2012a), a Cryptomeria japonica (TRIANOSKI et al., 2013a) e também o C. lusitanica (OKINO et al., 2008) apresentam características

adequadas ao fornecimento de matéria-prima alternativa à produção de produtos de madeira com comprovada viabilidade técnica frente as normas e requisitos internacionais (IWAKIRI et al., 2012b; TRIANOSKI et al., 2013b). Assim como as espécies de folhosas Grevillea robusta (IWAKIRI et al., 2004),

Toona ciliata (SÁ et al., 2012), Melia azedarach (IWAKIRI et

al., 2012c), Schizolobium parahyba (BORTOLETTO Jr. e BELINI, 2002), S. amazonicum, Cecropia hololeuca (IWAKIRI et al., 2012d) apresentam características adequadas ao fornecimento de matéria-prima alternativa à produção de painéis de madeira.

Contudo, a região do planalto catarinense apresenta características edafoclimáticas que inviabilizam a utilização de algumas espécies florestais de rápido crescimento. A principal restrição é devida ao clima, caracterizado segundo a classificação de Köppen, como temperado úmido com verões amenos, associado à invernos rigoroso com ocorrência de geadas severas (IBGE, 1992).

Estas características impedem a expansão dos plantios de culturas não resistentes. Entre as espécies de rápido crescimento largamente cultivadas no Brasil, apenas algumas espécies como os E. viminalis, E. dunnii e E. benthamii apresentam aptidão ao cultivo nestas regiões (ALVES et al., 2011), no entanto, estas espécies ainda apresentam entraves à utilização como moderado

incremento volumétrico e severa ocorrência de defeitos da madeira.

Entre as espécies não convencionais atualmente cultivadas no Brasil, a conífera Cupressus lusitanica (OKINO et al, 2008) se destaca por apresentam resistência às condições climáticas da região do planalto catarinense, além de possuir características adequadas ao fornecimento de matéria-prima alternativa à produção de produtos de madeira.

2.4 Cupressus lusitanica Mill.

Segundo Chaves e Fonseca (1991) o C. lusitanica, é uma espécie gimnosperma pertencente à família Cupressaceae, originária das regiões montanhosas do México, Guatemala, El Salvador e Honduras. Acredita-se que a espécie C. lusitanica é derivada de C. lindleyi ou de C. Benthamii (FOELKEL e ZVINAKEVICIUS, 1978). O equívoco terminológico deve-se a seu antigo cultivo na região de Bussaco (Portugal) realizado há cerca de mais de 300 anos (MARCHIORI, 2005).

A árvore pode atingir mais de 30 m de altura e 100 cm de diâmetro no DAP, tendo como características gerais a ampla copa piramidal, ramos horizontais que se curvam para baixo nas extremidades, folhagem verde-clara e casca marrom provida de fissuras longitudinais (Figura 1 A). As folhas escalariformes, ovaladas, medem 1 mm de comprimento e desprovidas de glândula dorsal conspícua (MARCHIORI, 2005).

Os cones femininos, globosos medem de 10 a 15 mm de diâmetro e reúnem de 6 a 8 escamas peltadas, providas de robusta apófise dorsal. Tem coloração cinza-azulada quando jovens, que desaparece com a maturação (MARCHIORI, 2005) como demonstra a Figura 1 B.

Figura 1 - Aspecto típico do Cupressus lusitanica e as estruturas vegetativas e reprodutivas da espécie.

Fonte: A: EARLE, C. J. 2005; B: PARADA, G. A., 2015.

Em sua zona de origem o C. lusitanica participa da composição de florestas pluviais em altitudes de 1000 a 2000 metros (MARCHIORI, 2005). Segundo Shimizu et al. (1995) a espécie é apropriada para plantações em elevadas altitudes, com precipitação média anual entre 1.000 mm e 1.600 mm e temperatura média anual de até 17 °C.

A espécie não conta com grandes áreas de plantios, em sua maioria são áreas para pesquisa ou com cunho experimental. Contudo, as árvores da espécie apresentam crescimento rápido com produtividade média de 30 m³/ha.ano, e pode ser cultivado mesmo em terrenos rasos, onde seu crescimento pode superar o de P. elliottii var. elliottii (PEREIRA; HIGA, 2003).

Shimizu et al. (1995) destacam o incremento em crescimento com o aumento da altitude, de 24,5 a 27 m³/ha.ano a 900 m de altitude no Estado de São Paulo, para 36 m³/ha.ano a 1.400m de altitude, no sul de Minas Gerais. Comportamento

provavelmente associado a aproximação das condições climáticas às ocorrentes nas regiões de ocorrência natural da espécie.

Conhecida popularmente como cipreste, o C. lusitanica no Brasil ainda é conhecido pela utilização ornamental, como cerca-viva e quebra-ventos, no entanto, pode ser manejada para a produção de madeira, inclusive nas pequenas propriedades rurais, visto que tolera vários tipos de solo (SHIMIZU et al., 2006).

A madeira da espécie apresenta características como grã reta, textura fina, média a baixa massa específica, baixa retratibilidade, secagem rápida ao ar e excelente estabilidade dimensional, fácil trabalhabilidade com boa impregnação de colas, vernizes e pinturas (PEREIRA; HIGA, 2003; MARCHIORI, 2005; OKINO et al., 2010; ROQUE et al., 2010). Por apresentar um grande porte e fuste reto, a madeira é adequada para múltiplos usos como movelaria, celulose e papel, caixotaria, painéis de madeira e construções rurais, com destaque ao uso interno e externo em contato com solo ou água devido à alta resistência às intempéries (PEREIRA; HIGA, 2003; MARCHIORI, 2005; OKINO et al., 2008; OKINO et al., 2010; XAVIER et al., 2012).

Roque et al. (2010), demonstram que o desdobro mecânico da madeira de C. lusitanica apresenta rendimento entre 30 a 60%, dependendo do diâmetro e comprimento da tora. O rendimento de toras de topo das árvores, e de primeiro desbaste é baixo (20 a 25%), mas o aumento dos diâmetros pode- se atingir rendimento de até 65%, e segundo Pereira e Higa (2003) a espécie apresenta estabilidade dimensional semelhante ao P. elliottii, o que torna a espécie mais interessante quando comparado com as espécies do gênero Eucalyptus mais adaptadas ao frio, principalmente, quando se visa o múltiplo uso da madeira.

No documento CAIO CESAR FAEDO DE ALMEIDA (páginas 37-42)