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Como destaca Milanesi (1983), as bibliotecas precisam se transformar em centros culturais. Seus espaços devem ser utilizados para apresentações artísticas,

debates ou outras atividades que tragam as pessoas para o contato com o livro, numa vivência dinâmica. Em busca de tornar convidativo e atraente seu espaço, a Biblioteca Parque de Niterói, criou o Café Paris. As bibliotecas públicas devem estimular espaço de convivência

O Café Paris, localizado no térreo, é um espaço de congestão de idéias, integração e interatividade. O público leitor dispõe dum local aberto, não somente ao espaço físico, mas também para as manifestações artísticas livres, tais como: Saraus, Debates, Apresentação musical e teatral e Contação de histórias, programações para todos os gostos e idade.

Figura 11 - Espaço Café Paris

Fonte: Divulgação no Facebook BPN

Concluindo esse capítulo, pode-se dizer que as atividades realizadas pela Biblioteca Pública de Niterói vão ao encontro do que destacaram os autores aqui mencionados: desenvolver uma ação cultural voltada para o processo de criação e transformação do indivíduo, oferecendo-lhe acesso à informação e o incentivo à leitura, à criação de novos conhecimentos, através do acesso a bens culturais ainda restritos à população em geral. Ou seja, desenvolve atividades culturais e de lazer sem deixar de lado os serviços tradicionais de uma biblioteca pública.

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Como vimos, a biblioteca oferece serviços variados, atende o interesse informacional de seu publico, além de oferecer momentos de lazer, cultua e entretenimento.

Conforme MIanesi (1983) uma biblioteca pública é um centro de informações atendendo de forma permanente as demandas da população, estimulando-a a descobrir conhecimentos, ao mesmo tempo que desconstrói aquilo que parecia conhecido. E acrescenta: a biblioteca por definição será um instrumento de desordem, sempre, “desde que não exista um filtro que censure a informação que contradiga a ordem”. Cabe à biblioteca, através de seus intelectuais, os bibliotecários, ser um lugar de “múltiplos discursos que se desdobram ao infinito; [um lugar] que não dá uma direção, mas propõe alguns caminhos, deixando ao indivíduo a tarefa de avaliar e decidir” (MILANESI, 1983, p. 25). Contudo, no que diz respeito ao conteúdo de suas ações culturais realizada na BPN, as observações em campo, apontaram que elas se aproximam mais da animação. Mas isso não significa que a dimensão critica e reflexiva não possa aflorar, pois, a cultura é sempre dinâmica.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante pesquisa realizada, podemos perceber a importância da ação cultural na biblioteca pública para o desenvolvimento humano em todo contexto, social, cultural, econômico, político e para transformação do homem em geral. A ação cultural dá ao indivíduo a oportunidade de ir ao encontro do novo através de suas próprias ações como o destacado por Teixeira Coelho (1988), que enfatiza, repetidas vezes, a capacidade de transformação que existe na prática de ação cultural propriamente dita.

A pesquisa nos deu a certeza de que a biblioteca pública e sua interatividade com a comunidade muito colabora para o desenvolvimento da sociedade. Minha experiência com estagiária na BPN e as observações realizadas durante o trabalho de campo, mostraram o um significativo aumento do número de usuários dada a força das atividades culturais realizada pela BPN. Meus registros foram ratificados pelos funcionários que atestaram um aumento das atividades de pesquisa, leituras e entretenimento.

As atividades culturais realizadas pela BPN vão ao encontro da ação cultural concreta, se distanciando da fabricação cultural pelo resultado final das atividades propostas e realizadas na biblioteca com seus usuários freqüentadores. Todos participam e interagem, não são meros espectadores. Pois, como afirma Coelho (1988, p.12), em uma atividade cultural “fabricada” o final já está previsto, enquanto que em ação cultural autêntica ele é imprevisível, pois está estreitamente relacionado com a leitura e interpretação do mundo feita por cada ser humano incluso na atividade. Seguindo o que afirma o autor em sua abro “O que é ação cultural”, na Biblioteca Parque de Niterói as atividades culturais desenvolvidas em seus variados espaços propiciam ao usuário/participante a oportunidade de criação do novo mediante ao incentivo e a mediação de novas leituras. Trata-se de um processo autônomo de codificação pessoal e interpretação do mundo à sua volta através do conhecimento obtido.

Certamente a presente pesquisa nos proporciona liberdade para afirmar que, em alguns momentos a ação cultural ali observada fica bem próxima da animação

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cultural, nesse momento a questão central é meramente o entretenimento, a ocupação do espaço com eventos.

Mas Silveira (2007) ressalta que com a leitura na ação cultural somos capazes de efetuar mesmo que inconscientes variadas práticas de leitura a partir do conhecimento propiciado pela animação. Sendo assim, a partir da animação cultural o indivíduo pode transformá-la na ação cultural recriando o que vivenciou,

Por se tratar de uma Biblioteca Parque a ação cultural está presente em quase todas as atividades desenvolvidas. O estudo aqui apresentado deixa evidente a presença constante da ação cultural, mesmo que envolta em atividades de animação, mas distantes da fabricação cultural. Digo isso, por que observei que há em algumas atividades uma leve aproximação com a animação cultural por causa das variações de eventos e do público a que se dirige. Esse ativismo cultural exacerbado pode vir a afastar a biblioteca pública de suas reais funções: ser um espaço de informação e leitura que dialogue com outras expressões culturais, mas que estas não o sobreponham.

Conclui-se que, a Biblioteca Parque de Niterói é uma biblioteca pública que cumpre com seu papel social, corresponde às necessidades informacionais de quase todos que procuram seus serviços, e oferece à comunidade um serviço a altura do desejo dos usuários de uma biblioteca pública, no caso os niteroienses e todos dos municípios fluminenses.

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