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PARTE I – REVISÃO DA LITERATURA

3.2. Espaços de trabalho de Escritórios

Segundo Abrantes (2001), “nas últimas décadas, grandes transformações têm ocorrido nos ambientes de escritórios, porém, a mais importante foi a implementação dos chamados escritórios panorâmicos, paisagísticos ou abertos. Estes escritórios, em oposição às pequenas salas, transformaram-se em amplos ambientes, onde um número cada vez maior de pessoas exerce as mais diversas funções.”

Rheingantz (2002) faz uma crítica a essa configuração espacial de escritórios, que têm recebido a denominação de escritórios inteligentes, quando afirma que essa nova configuração no planejamento de espaços para escritórios não tem sido capaz de acompanhar as novas teorias organizacionais, seguindo a lógica da criação de espaços vazios e flexíveis, para “um alguém não específico”, tornando -se áreas sem nenhuma especificidade, não sendo adequadas para nenhum tipo de atividade. O autor enfatiza que “é necessário que esses espaços e as organizações formem um sistema total e integrado”.

Como conseqüência dessa falta de integração, os espaços atuais não possuem estrutura física adequada para proporcionar conforto aos seus funcionários, gerando problemas de desempenho. Segundo pesquisa apresentada na revista Management Review por Wah (1998), grande parte dos empregados não estão satisfeitos com os espaços de trabalho que ocupam, conforme pode ser observado na figura 3.1.

Figura 3.1 – Gráfico comparativo entre situação desejada e situação real (Revista Management Review, 1998).

A insatisfação com as condições ambientais internas tem sido difundida com maior veemência depois que estudos, realizados na América do Norte e na Europa, relacionando produtividade e local de trabalho provaram que os indivíduos nem sempre têm respondido positivamente em relação ao seu ambiente. No próprio meio empresarial, essas relações têm ficado cada vez mais evidente para muitos gerentes, que têm reconhecido que o aumento da satisfação ambiental está colaborando para uma melhor produtividade entre os trabalhadores (Lorsch & Abdou, 1994 apud Silva, 2001).

ONDE AS PESSOAS GOSTARIAM DE TRABALHAR

0% 10% 20% 30% 40% casa

escritorio de canto sala dividida com outros baia sala privativa

ONDE AS PESSOAS TRABALHAM

0% 10% 20% 30% 40% sala privativa

área semi-privativa sem porta área aberta espaço comum casa sala de hotel

Nenhum conceito de espaço de trabalho pode ser aplicado a todo tipo de escritório. Até na mesma empresa, os espaços devem mudar conforme os objetivos de negócio. O ideal é uma flexibilização do espaço, de forma que possa ser personalizado de acordo com as exigências organizacionais do momento (Wah, 1998).

Por outro lado, alguns parâmetros podem ser previamente estabelecidos de acordo com as normas regulamentadoras, proporcionando condições ambientais básicas para se obter conforto na realização de determinadas atividades.

É importante salientar que no Brasil, o Ministério do Trabalho e Previdência Social instituiu a Portaria n. 3.751 em 23/11/90 que estabelece a Norma Regulamentadora NR17, que trata da Ergonomia. Esta norma “visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente".

Para os escritórios, a norma recomenda as seguintes condições ambientais em termos de conforto:

• Os níveis de ruído devem estar de acordo com a Norma Brasileira NBR 10152. De 30 a 65

db(A). Níveis sonoros superiores aos estabelecidos são considerados desconfortáveis, sem necessariamente implicar em risco de dano à saúde, porém, não deverão ultrapassar 80 db(A);

• A temperatura efetiva deverá se situar entre 20º e 23º C. “A temperatura deverá ser a

efetiva, obtida com termômetros de bulbo seco, bulbo úmido e anemômetro (mede velocidade do ar). É recomendável, com temperatura de bulbo seco, para os meses de verão de 23º a 25º C e, nos meses de inverno, de 20º a 22º C” (Abrantes, 2001);

• A velocidade do ar não deve ser superior a 0,75 m/s;

• A umidade relativa do ar não deve ser inferior a 40%. De acordo com Abrantes (2001),

nos meses de verão ou nas regiões tropicais a umidade relativa do ar deve ficar entre 40% e 60% e, nos meses de inverno ou nas regiões temperadas, de 35% a 65%. A umidade relativa do ar depende da temperatura do ambiente, mas deverá situar-se acima de 50%, com o objetivo de evitar o aparecimento de eletricidade estática e proteger a pele e os olhos do ressecamento; deverá ser evitada umidade do ar acima de 65%, pois esta situação é tão desconfortável quanto a baixa umidade;

• A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa. Os níveis mínimos de

INMETRO. Esta Norma determina que a iluminação, para escritórios, deve se situar entre 500 e 1000 lux.

Não cabe aqui, discorrer sobre esses aspectos no sentido de apresentar o nível ideal de cada uma das condições ambientais dos espaços, pois esse varia de acordo com a atividade que vai ser desempenhada, além de outros fatores, conforme já citado. O importante aqui é levantar os principais componentes de um espaço de trabalho de escritórios para posterior verificação da relação desses com a produtividade.

3.2.1. Equipamentos

Segundo Abrantes (2001), “um dos grandes fatores de desconfo rto e queda na produtividade do elemento humano está relacionado com o mobiliário do posto de trabalho, principalmente a cadeira, a mesa e seus equipamentos”.

Portanto, produtividade, eficiência e falta de acidentes estão totalmente interligado com o tipo e a disposição dos equipamentos nos espaços de trabalho (Rezende, 2002).

Nos dias atuais, o processamento eletrônico de dados está cada vez mais comum nos escritórios, graças a difusão do uso de computadores. Nesses posto de trabalho, os usuários ficam com a atenção fixa na tela do monitor, as mãos sobre o teclado e o corpo estático durante quase todo o expediente de trabalho. Para esses postos, Iida (1990) apud Rezende (2002), propõe dimensões apropriadas, distribuídas em faixas de ajustes que são determinadas pelas variações das medidas antropométricas de cada usuário, além das características dos próprios equipamentos. Essas medidas estão apresentadas na tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Dimensões recomendadas para um posto de trabalho com terminais de computadores (Iida, 1990 apud Rezende, 2002).

MEDIDAS (cm) VARIÁVEL

MIN. MÁX. MÉDIA

Altura do teclado 64 84 72

Ângulo do teclado com a horizontal 14 º 25 º 17 º Altura da tela (ponto médio) 78 106 92 Distância da tela a partir da borda da mesa 44 96 65 Ângulo da tela em relação à vertical 0 º 21 º 10 º

Espaço para as pernas 45 80 65

Altura do assento 32 55 44

A norma NR – 17 fornece alguns requisitos que podem servir como ponto de partida para questões de conforto na utilização de equipamentos. No processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo, presentes na maioria dos escritórios, a norma prescreve os seguintes requisitos:

• Oferecer condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do

equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a de reflexos e proporcionando corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador;

• O teclado deve ter mobilidade e permitir ao trabalhador ajustá-lo de acordo com as tarefas

a serem executadas;

• A tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira que as

distâncias olho-tela, olho-teclado e olho-documento sejam aproximadamente iguais, evitando, assim, a fadiga visual.

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