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Um dos elementos presentes na cidade, entremeados em sua estrutura e muitas vezes irregularmente distribuídos, os espaços livres são reconhecidamente importantes, a ponto de constar da legislação de parcelamento de solo como áreas públicas ou verdes.

Seu valor reside em suas funções podendo salientar a ecológica, pela preservação de elementos naturais e pela minimização do impacto do entorno; estética, calcada na integração de espaços construídos e em sua beleza cênica e social, ligada à oferta de lazer à população. Possuindo identidade própria na urbe, sendo muitas vezes referencia de localização com características próprias, normalmente é um espaço verde entre as edificações circundantes (LOBODA E DE ANGELIS, 2005).

LIMA ET AL (1994) conceitua os espaços livres em áreas urbanas como contraponto de espaço construído, qualificando-os como Áreas Verdes quando arborizadas, categorizando-as como Parques Urbanos e Praças. Estas últimas com função principal de lazer podem ser impermeabilizadas, possuindo ou não vegetação, quando então passam a ser chamadas de Jardins. Parques Urbanos são obrigatoriamente arborizados com função ecológica, estética e de lazer, com extensão maior que as denominadas Praças e Jardins Públicos.

Como recurso de manutenção de paisagem rural e da própria natureza; ou ainda recurso de planejamento urbano, os parques urbanos justificam um olhar técnico para atender a um ou outro como justificativa. Surgidos na Europa, a partir dos grandes espaços de guarda de animais caça da nobreza ou como espaço de recreação às grandes cidades, foram recriados e adaptados nas Américas por Frederick Law Olmested na concepção do icônico Central Park, no século XIX, capacitando-se a conciliar necessidades sociais, recreativas, lúdicas e ambientais.

56 MAGNOLI (2006) conceitua o espaço livre de parques urbanos como referencia de espaço e não apenas a solo e água não cobertos por edifícios públicos, ressaltando sua fragmentação na amplitude urbana e nas políticas públicas urbanas e culturais, relegados a papéis complementares a objetos arquitetônicos.

Não há entre os autores um consenso de que deve ser constituída uma área verde urbana, principalmente na determinação de uma área mínima e se devem ou não ser contígua ou somar a área de corpos d‟água. Entretanto, devem ser permeáveis e com cobertura vegetal, preferencialmente naturais, independente de seu porte. (CASTELNOU, 2009).

A crescente conscientização e preocupação ambiental tornaram os parques urbanos verdadeiros ícones em defesa do meio ambiente, tanto pela degradação urbana quanto ao espaço relegado a estas áreas públicas nas grandes cidades, fruto de um planejamento cuja preocupação ambiental é relegada ao segundo plano quando confrontadas com questões estratégicas, sociais e econômicas. Constituindo-se em elementos imprescindíveis na malha urbana pelo bem estar proporcionado à população, influencia diretamente sua saúde física e mental (LOBODA E DE ANGELIS, 2005).

Sendo o Passeio Público do Rio de Janeiro de 1783 considerado por alguns como o primeiro parque público brasileiro, foi o Parque do Anhangabaú na década de 10 do século XX o primeiro a ser planejado dentro do conceito do urbanismo espelhado nas intervenções europeias, ligando-se ao então futuro Parque do Carmo (atual Parque D. Pedro II), e ainda o Rio Tietê e Jardins Ipiranga, através de suas várzeas formando um grande parque linear a servir como cinturão à então cidade de São Paulo. como referencia e amplitude (OLIVEIRA, 2010).

Somente na década de 50 haveria destaque para nova intervenção urbana em áreas verdes, com a criação do Parque do Ibirapuera como forma de comemoração do quarto centenário da cidade de São Paulo. Atualmente foi considerado o melhor parque do mundo, segundo o jornal britânico The Guardian. (MIOZZO, 2015).

Na década de 70 ganhou destaque nacional a cidade de Curitiba, criando grandes parques na cidade que, embasado em estudos que identificavam primordialmente as áreas de risco de inundação, tinham como objetivo principal proteger as nascentes e ocupar áreas mais susceptíveis às inundações. Além desta função de proteção às áreas ambientalmente sensíveis e de preservar maior permeabilidade do terreno, foi introduzido na cidade o conceito de aproveitamento das áreas verdes como recreação e lazer, tornando-se indicadores de bem estar e qualidade de vida urbana. O projeto inicial de controlar inundações através de lagos e represas evoluiu para o conceito de parques urbanos com sua amplitude conceitual, que além

57 da adequação das áreas de proteção, ofereceriam lazer, esporte e educação (CASTELNOU, 2009).

A chamada qualidade de vida urbana está atrelada a vários fatores de infra estrutura urbana, desenvolvimento econômico-social e ambientais, representados pelas suas áreas verdes e espaços públicos, notadamente. Amplidão, distribuição, estrutura e conservação são fatores que determinam a qualidade destes espaços com claras funções de preservação ambiental de recursos naturais e de sociabilização na vida urbana (LOBODA E DE ANGELIS, 2005).

Para muitos, é a única oportunidade de reencontro com a Natureza e com o lúdico na urbe conturbada. Os esforços urbanísticos para adequar uma malha existente com a implantação de parques de fundo de vale visam dotar as cidades de estruturas negadas em seu planejamento e que façam o importante papel do contato com a Natureza e melhoria da qualidade de vida urbana, como comprovam Friedrich (2007); Anelli (2007); Meneghetti et al (2009); Castelnou (2009); Bovo e Conrado (2012); Travassos e Shult (2013) e Cardoso et al (2015), dentre outros. Parques urbanos sempre como uma releitura do existente, uma adaptação do possível em termos urbanos e não a partir de uma concepção de preservação da paisagem rural.

Ferrara (2013) apontou as soluções utilizadas no programa Bairro Ecológicas de São Bernardo do Campo, somadas ao espaço verde público, como o emprego de conceitos como o uso de asfalto drenante, calçada ecológicas, aproveitamento de lotes vazios, hortas comunitárias urbanas, coleta seletiva de resíduos, reflorestamento de nascentes e corpos d‟água, acompanhados com intensa educação ambiental e conscientização da população, na tentativa de minimizar impactos urbanos no meio ambiente.

A calçada ecológica ou calçada verde possibilita uma maior área de drenagem devido a sua construção com áreas ou faixas permeáveis, ainda que em empreendimento urbano tradicional, sendo possível a todo tipo de loteamento. Possibilita ampliação da infiltração e retenção de água, possibilitando uma arborização de ruas mais planejada, melhorando assim a percepção ambiental da área urbana (ALTAMIRANO ET AL, 2008). Complementar a ela, o uso de pisos drenantes auxilia na função de melhorar a capacidade de infiltração de águas pluviais em ambiente urbano.

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