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1 INTRODUÇÃO 27 1.1 OBJETIVOS

1 Costs Stickness: “pegajosidade” na tradução literal, tem por significado a assimetria dos custos

1.1.2 Específicos

Para atender ao objetivo geral, apresentam-se os seguintes objetivos específicos, que representam um detalhamento do presente estudo.

a) Identificar a assimetria dos custos das empresas brasileiras objeto do estudo;

b) Analisar a influência de cada fator explicativo dos Sticky Costs; c) Relacionar, conjuntamente, os fatores que se apresentam

significativos na análise individual. 1.2 JUSTIFICATIVA

A principal justificativa para a realização deste trabalho se apresenta por meio do estudo de Malik (2012) que divide as pesquisas nesta teoria em três etapas: i) estudos que abordam as evidências de existência dos Sticky Costs; ii) estudos que apresentam algum fator explicativo/determinante dos Sticky Costs; e iii) trabalhos que abordam as consequências dos Sticky Costs para os stakeholders. Neste sentido,

constata-se que os estudos da primeira etapa, iniciados nos anos 2000, encontraram evidências comprobatórias da existência dos Sticky Costs. Assim, com a consolidação da primeira etapa, as pesquisas em nível internacional partem para a etapa de expansão desta teoria com a identificação de fatores explicativos. É neste contexto que se desenvolve o presente estudo, que pretende contribuir para o entendimento da realidade brasileira – na qual não se encontram estudos desta natureza – e para o avanço da teoria dos Sticky Costs que ainda possui etapas a serem exploradas.

Segundo Werbin (2011) e Yükçü e Özkaya (2011), há poucas pesquisas aplicadas ao tema de comportamento dos custos, em especial, em países com economias emergentes. Contudo, para os autores, esses países merecem investigação porque diferem dos países desenvolvidos em muitos aspectos – como a volatilidade das condições macroeconômicas, regulamentações e características do mercado de trabalho – que afetam o comportamento dos custos por meio de diferentes dinâmicas. Neste sentido, a realidade brasileira é um campo oportuno para ser estudado. Ademais, Werbin (2011) menciona que o tema de Sticky Costs é relativamente novo, e que devido à sua importância, em 2009, a American Accounting Association (AAA) criou uma seção específica para discussão no seu encontro anual, o que demonstra o interesse dos pesquisadores para com esse assunto.

Para Krishnan (2015) as pesquisas em comportamento dos custos ganharam espaço na literatura nos últimos anos. Para a editora, o tema comportamento dos custos, em especial a assimetria dos custos se apresenta como promissora para futuras pesquisas na área contábil.

Além das justificativas já apresentadas, para a realização desta pesquisa, sugerem-se duas contribuições ao tema de comportamento dos custos: uma teórica e outra prática. A principal contribuição teórica reside na consolidação dos fatores explicativos identificados na literatura, pois tais fatores derivam de diferentes artigos, realizados em diferentes países e em tempos distintos. Assim, por não se identificar na literatura pesquisas que testaram as diversas variáveis em conjunto, a presente tese permite um avanço científico para a teoria, com a identificação e a comprovação das variáveis que têm efeito individual e em conjunto na explicação da existência dos Sticky Costs. Posteriormente, o modelo teórico gerado nesta tese pode ser adaptado à realidade de diversos países, pois engloba variáveis originárias de economias com características específicas.

A contribuição prática do estudo está na possibilidade de previsão do comportamento dos custos, gerada com os resultados desta tese. Pode-

se considerar este resultado uma contribuição prática, pois os analistas e gestores têm dificuldade de prever com uma margem de segurança aceitável o comportamento dos custos para o período seguinte em função das características de assimetria discutidas nesta pesquisa. Assim, o estudo permite que os interessados efetuem previsões em função de variáveis disponíveis de forma pública aos usuários da informação contábil. Esta situação de erros de previsão do comportamento dos custos que interferem nas previsões pode ser comprovada, por exemplo pelo estudo de Kim e Prather-Kinsey (2010) que, ao considerar 3.220 analistas financeiros que fizeram previsões de vendas e lucros durante o período de 1996 a 2005, chegou à conclusão de que os analistas, mesmo ao acertar as previsões de vendas, de acordo com a margem de segurança definida, erram na previsão dos lucros, porque o comportamento dos custos não está relacionado linearmente com a receita. Ou seja, os custos, devido à sua parcela fixa, não variam proporcionalmente às receitas. Weiss (2010), Banker e Chen (2006), Chen (2013) e Shahnazari, Talebnia e Jamei (2013), em seus estudos, também chegaram à conclusão de que os Sticky Costs influenciam os analistas nas previsões de lucros.

De forma similar, Ciftci, Mashruwala e Weiss (2013), com base numa amostra de 107.577 observações a respeito de previsões de lucros para os anos de 1998 a 2011, afirmam que os analistas geralmente acertam as previsões de receita, mas erram as previsões de lucros em função de não considerarem o comportamento assimétrico dos custos.

Por fim, a presente pesquisa contribui com os estudos sobre comportamento dos custos desenvolvidos pelo Grupo de Gestão de Custos do Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina. As discussões sobre comportamento dos custos iniciaram com os trabalhos de Rabelo, Borgert e Medeiros (2010) e Crispim, Borgert e Almeida (2010) com enfoque para as informações internas das empresas, coletadas por meio de entrevistas. Em seguida o trabalho de Richartz et al. (2011) inclui, também, o conceito de Sticky Costs à metodologia de análise do comportamento dos custos. Desde então, as pesquisas realizadas pelo Grupo de Gestão de Custos acerca da temática comportamento dos custos levam em consideração a teoria sobre os Sticky Costs.

1.3 DELIMITAÇÃO

A delimitação deste estudo se apresenta em dois eixos principais: recorte espacial (das empresas e das variáveis) e temporal. Em relação ao recorte espacial para a realização do estudo, utilizam-se as empresas

listadas na BM&FBOVESPA em função da disponibilidade de dados, uma vez que, no Brasil, as empresas que não fazem parte da bolsa de valores não são obrigadas a divulgar seus relatórios financeiros, o que inviabiliza sua inclusão na pesquisa. Em relação às variáveis, testam-se somente os fatores discutidos anteriormente e que se apresentam com mais detalhes nas hipóteses da pesquisa. Contudo, tais fatores não exaurem as possíveis explicações para o tema, mas sim, trata-se de uma seleção identificada por meio das pesquisas realizadas.

Em relação à amplitude temporal do estudo, define-se como ponto de corte os anos de 1995 e 2014. A data inicial se justifica pelas altas taxas de inflação presenciadas anteriormente ao plano real, que entrou em vigor em meados de 1994, bem como pela moeda utilizada anteriormente ser diferente da atual moeda em vigência. Estas questões, principalmente as taxas de inflação, afetam as políticas empresariais, situação essa que pode afetar a comparabilidade dos resultados de períodos anteriores ao ponto de corte.