• Nenhum resultado encontrado

3 METODOLOGIA

3.2 Especificação do Problema

Esta pesquisa propõe o seguinte problema:

Como se dá a construção de sentidos (sensemaking) pelos atores nas atividades e práticas estratégicas, as quais se encontram imersas nos processos estratégicos dos cursos de graduação em Administração da UFPR e da FAE – duas instituições de ensino superior do estado do Paraná?

3.2.1 Perguntas de Pesquisa

1. Quais são as características dos processos estratégicos dos cursos estudados?

2. Quais são as práticas que constituem o processo estratégico?

3. Quais são as atividades do dia a dia que compõem as práticas estratégicas?

4. Como os atores envolvidos atuam nas atividades do dia a dia que compõem as práticas estratégicas?

5. Como se dá a construção de sentidos (sensemaking) em relação às atividades e às práticas que constituem o conteúdo e o processo estratégico?

PROCESSO ESTRATÉGICO PRÁTICAS

3.2.2 Apresentação das Categorias de Análise

As categorias de análise deste estudo são as atividades, as práticas e a construção de sentidos. Em termos de variáveis, tem-se a seguinte definição: variável independente – práticas, variável dependente – construção e reconstrução de sentidos e variável constante – processo estratégico, conforme a Figura 2.

CONSTRUÇÃO/

RECONSTRUÇÃO DE

SENTIDOS

VARIÁVEL CONSTANTE VARIÁVEL DEPENDENTE ATIVIDADES

VARIÁVEL INDEPENDENTE

Fonte: elaborada pela autora com base no referencial teórico (JARZABKOWSKI, 2005; WEICK, 1995)

Figura 2. Categorias de análise.

Na Figura 2, observa-se que o presente estudo propõe identificar e descrever as atividades e as práticas estratégicas e analisar como se dá a construção de sentidos (sensemaking) nessas práticas estratégicas, imersas em um processo estratégico. O foco do estudo é então construção de sentidos nas práticas. Essas práticas podem ser administrativas, discursivas e episódicas (JARZABKOWSKI, 2005). As flechas indo e voltando indicam a recursividade existente nesse processo.

3.2.3 Definição das Categorias de Análise

Atividades:

D.C.: Atividades são os afazeres cotidianos da administração. Elas são o que os gerentes fazem e o que eles administram. Também é aquilo em que os atores organizacionais se engajam de forma mais abrangente (JOHNSON et al, 2003, p.15 apud JARZABKOWSKI, 2005). As atividades sofrem influência das práticas sociais, culturalmente estabelecidas, e são modificadas no decorrer do tempo pelo confronto entre experiências individuais e coletivas (SANTOS 2000, p.28).

D.O.: No presente estudo, as atividades são relevantes, pois compõem as práticas estratégicas que são o foco de análise do estudo. Serão identificadas e descritas através de observações participantes e não-participantes, entrevistas em profundidade e análise de documentos e artefatos físicos.

Práticas:

D.C.: São as ferramentas e os artefatos que as pessoas utilizam ao se trabalhar com estratégia (JARZABKOWSKI, 2004a; WHITTINGTON, 2002, 2003 apud JARZABKOWSKI, 2005). São tipos rotinizados de comportamento que consistem em vários elementos interconectados uns aos outros: formas de atividades corporais, formas de atividades mentais, “coisas” e seus usos, um conhecimento do passado na forma de compreensão, know-how, estados emocionais e conhecimento motivacional (RECKWITZ, 2002, p.249 apud JARZABKOWSKI, BALOGUN e SEIDL, 2007).

Práticas administrativas:

D.C.: São aquelas que tem o propósito de organizar e coordenar a estratégia, tais como mecanismos de planejamento, orçamentos, previsões, sistemas de controle e indicadores de desempenho (JARZABKOWSKI, 2005).

D.O.: Neste estudo essas práticas são importantes principalmente no que se refere a como que elas são elaboradas e organizadas. Serão verificadas através de observações não-participantes em reuniões ou conversas informais que envolvam discussões sobre e elaboração dessas práticas, bem como através da análise de registros, documentos e, principalmente, artefatos físicos – pautas de reunião, flip-charts, apresentações em PowerPoint e entrevistas.

Práticas discursivas:

D.C.: São práticas que geram recursos lingüísticos, cognitivos e simbólicos para a interação sobre estratégia (JARZABKOWSKI, 2005).

D.O: Para este estudo, os recursos de linguagem e os simbólicos são bastante relevantes, tendo em vista que se pretende compreender como se dá a construção de sentidos em relação às práticas estratégicas. Logo esses dois recursos são essenciais para essa compreensão, que acontecerá através de observações participantes e não-participantes, entrevistas em profundidade e análise do discurso ou da narrativa.

Práticas episódicas:

D.C.: As práticas que criam oportunidades para e organizam as interações entre os praticantes no fazer estratégia, tais como reuniões, workshops, etc. (JARZABKOWSKI, 2005).

D.O.: Na presente pesquisa, essas práticas também são muito importantes, pois em reuniões e workshops os atores envolvidos irão interagir uns com os outros e também com as atividades que compõem essas práticas, bem como tratando da estratégia em si. Através de observações não-participantes e entrevistas em profundidade (talvez pós-reunião), serão coletados os dados nessas práticas.

Construção de Sentidos:

D.C.: Ao se falar em sensemaking, fala-se sobre a realidade como uma realização contínua que toma forma quando as pessoas fazem sentido retrospectivamente das situações nas quais se encontram. Existe uma qualidade reflexiva bastante forte nesse processo. As pessoas fazem sentido das coisas ao verem um mundo no qual elas já impuseram aquilo em que elas acreditam (WEICK, 1995). Com base em Sackman (1991) apud Weick (1995),

existem mecanismos de sensemaking que os atores das organizações utilizam para atribuir significados a eventos. Esses mecanismos incluem os padrões e regras para perceber, interpretar, acreditar e agir que são tipicamente usados num contexto cultural.

D.O.: Neste estudo, adota-se a construção de sentidos como uma das abordagens teóricas; então, pretende-se captar o sensemaking através de seus mecanismos, o que poderá ser feito através de observações, entrevistas em profundidade e análise de artefatos físicos.

3.2.4 Definição de Outros Termos Relevantes

Estratégia:

D.C.: A estratégia é uma atividade dirigida e realizada socialmente. Mais especificamente, estratégia é um tipo particular de atividade que é conectado com práticas específicas, tais como planejamento estratégico, revisões anuais, workshops de estratégia e seus discursos associados. A atividade é considerada estratégica quando gera consequências para resultados estratégicos, ou seja, direções, sobrevivência e para a vantagem competitiva da organização, mesmo quando essas consequências não fazem parte de uma estratégia deliberada e formalmente articulada. Sendo assim, não é qualquer atividade da organização que pode ser considerada estratégica (JARZABKOWSKI, BALOGUN e SEIDL, 2007).

Estratégia enquanto prática:

D.C.: A estratégia enquanto prática é uma abordagem teórica que está essencialmente preocupada com a estratégia enquanto uma atividade nas organizações, tipicamente a interação entre as pessoas, em vez de estratégia enquanto uma propriedade das organizações (JOHNSON et al., 2007).

Conteúdo Estratégico:

D.C.: São as posições estratégicas da empresa que levam a um desempenho sob a variação de contextos ambientais (CHAKRAVARTHY e DOZ, 1992).

Processo Estratégico:

D.C.: Um processo estratégico pode atravessar múltiplos níveis, trazendo os processos cognitivos de tomadores de decisão individuais, os processos psicológicos, sociais e/ou políticos dentro de grupos de indivíduos, as regras e rotinas organizacionais que guiam e

dificultam as decisões e ações dos membros organizacionais e considerações ecológicas que afetam a sobrevivência e o sucesso das firmas (CHAKRAVARTHY e WHITE, 2002, p. 183).