• Nenhum resultado encontrado

3. A influência da qualidade da educação na renda do jovem

3.1. Especificação e Protocolo

A estimação do efeito da qualidade da educação na renda dos jovens partiu de um modelo em

2 estágios. O primeiro estágio consiste em estimar a probabilidade de um jovem ter estudado

na rede pública ou na rede privada quatro anos antes da data em que foi entrevistado. Essa

probabilidade é transformada numa distribuição binária: (0) estudou na rede pública e (1)

estudou na rede privada. Com base nessa informação imputou-se o valor da qualidade da

educação conforme a rede, a região e o grau de escolaridade do indivíduo quatro anos atrás

(2001). O segundo estágio consiste numa equação de determinação da renda que busca avaliar

se a qualidade da educação que este jovem teve afetou seu desempenho no mercado de

trabalho.

3.1.1. Primeiro estágio

Dado que a PNAD não informa se o jovem que trabalha estudou no ensino público ou privado

no passado, mas, apenas a rede de ensino para os jovens que estudavam na data de referência

da pesquisa, adotou-se uma variável como proxy dessa distribuição. A partir da PNAD de

2005, foram selecionados os jovens com idade entre 12 e 21 anos que estudavam na data de

referência. Para esse grupo da população, calculou-se a probabilidade de um jovem estudar

em escola da rede pública ou privada, dado o rendimento mensal familiar per capita, a raça, a

área de domicílio (urbana ou rural), o gênero, o curso que freqüenta, a idade, e a condição de

vida da mãe (viva ou morta), a condição de ocupação do jovem (ocupado ou não ocupado) e a

participação da renda do jovem na renda familiar. O procedimento de estimação pode ser

expresso pela equação a seguir:

j j

e

x

x

P

+

+

=

)

exp(

1

)

exp(

β

β

Dado o resultado de Pj, para cada indivíduo j, imputou-se a rede de ensino mais provável

deste indivíduo estudar. Se 0 < Pj ≤ 0,5, então se adotou o valor 0 (estudou na rede pública) e

3.1.2. Segundo estágio

O segundo estágio consiste no modelo de determinação da renda dos jovens que segue a

equação a seguir:

j

j

x

y

=

β+ε

ln

Cuja variável dependente é o logaritmo neperiano do rendimento por hora trabalhada do

indivíduo e x é o vetor de variáveis explicativas: anos de estudo, qualidade da educação, rede

de ensino onde provavelmente estudou, logaritmo neperiano da renda per capita familiar

(considerando apenas renda dos demais componentes do domicílio), tempo de experiência no

mercado de trabalho, tempo de experiência no emprego atual, raça, gênero, tipo de contrato de

trabalho, setor de atividade econômica e unidade da federação.

Para avaliar o comportamento do termo de erro, adotou-se três hipóteses alternativas:

(i) εn

~

N

(

0,σε2

)

;

(ii) εn

n

un,

(

)

2

n

~

N

0,σν

ν

e un

~

HN

(

µ,σu2

)

;

(iii) εn

n

un,

(

)

2

n

~

N

0,σν

ν

e un

~

TN

(

µ,σu2

)

;

(iv) εn

n

un,

(

)

2

n

~

N

0,σν

ν

e un

~

E

(

µ,σu2

)

.

A primeira premissa corresponde ao modelo tradicional OLS. As duas premissas seguintes

correspondem a modelos de fronteira estocástica de salários, sendo que no caso de (ii) supõe-

se que o componente de ineficiência un tem distribuição normal truncada e no caso de (iii),

uma distribuição half-normal. O último caso apresenta uma distribuição exponencial para a

componente de ineficiência.

3.2. Dados

O banco de dados utilizado nesse trabalho está baseado na Pesquisa Nacional por

Amostragem Domiciliar (PNAD), para o ano 2005 e no Censo Escolar do INEP, do

Ministério da Educação, para o ano 2001.

3.2.1. Primeiro estágio

Os dados utilizados o primeiro estágio foram tirados na PNAD 2005, correspondendo a

50.627 jovens entre 12 e 21 anos que estudavam. A estratificação garantiu que fossem

incluídos jovens de todas os estados brasileiros e estudantes de todos os níveis de ensino das

redes pública e privada. A Tabela 11 resume as estatísticas descritivas do primeiro estágio.

Tabela 11. Estatísticas Descritivas – 1º estágio

Escala Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Probabilidade de estudar na rede de ensino privada binária 0.0000 1.0000 0.1544 0.3613

Ln da renda familiar per capita ln 0.1542 9.7220 5.3116 1.0234

Quadrado do Ln da renda per capita ln 0.0238 94.5166 29.2605 11.1921

Raça: (1) branco e (0) não branco binária 0.0000 1.0000 42.8% 49.5%

Urbano: (1) urbano e (0) rural binária 0.0000 1.0000 82.6% 37.9%

Ocupação: (1) trabalha e (0) não trabalha binária 0.0000 1.0000 23.4% 42.4%

Porcentagem da renda do indivíduo da renda familiar (%) 0% 100% 4.5% 12.6%

Número de observações válidas (listwise) 50,627

Fonte: elaboração própria

Além dessas variáveis utilizou-se como variável de controle o curso que freqüentava: ensino

Fundamental, Médio ou Superior.

3.2.2. Segundo estágio

Os dados utilizados no segundo estágio do modelo estão baseados na PNAD 2005,

correspondendo a 36.124 jovens entre 16 e 25 anos que trabalhavam. A variável dependente é

o logaritmo neperiano da renda por hora trabalhada na semana. O rendimento mensal dos

indivíduos da amostra variou de R$5,00 a R$25.000,00 mensais, com média de R$437,45. Já

as horas trabalhadas variaram entre 1 hora e 98 horas semanais, sendo que a média de jornada

de trabalho dos jovens entre 16 e 25 anos foi de 40 horas por semana. Os anos de estudo do

jovem, na amostra, variaram de um mínimo de 1, com a 1a série do ensino Fundamental, até

15 anos, que corresponde ao nível superior completo, sendo que a escolaridade média

amostral foi de 9,1 anos. A renda per capita familiar considera apenas a renda dos demais

componentes da família pelo número total de componentes da família.

Tabela 12. Estatísticas Descritivas – 2º estágio

Escala Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Rendimento do indivíduo R$ 5.00 25.000.00 437.4512 456.8705

Nº de horas trabalhadas horas 1 98 40.8200 12.6115

Ln da renda por hora trabalhada ln -2.4159 7.1954 2.1677 0.7403

Anos de estudo Anos 1 15 9.0594 3.0424

Estuda na rede privada Binário 0 1 44.5% 49.7%

IQE Escalar 0.1509 0.8855 0.6611 0.1366

Ln da renda per capita da família Ln -2.4849 9.5722 4.6524 2.1178

Tempo de experiência no mercado de trabalho Meses 0 240 74.1938 50.0158

Tempo de permanência no emprego atual Meses 0 240 24.1550 26.8791

Raça (1 branco , 0 demais) Binário 0 1 46.4% 49.9%

Gênero (1 feminino , 0 masculino) Binário 0 1 40.1% 49.0%

Número de observações válidas (listwise) 36,124

Fonte: elaboração própria

A experiência total de trabalho foi construída pela subtração da idade na qual o jovem

começou a trabalhar da idade do jovem na data de referência. A experiência na atividade onde

trabalhava na data de referência é outra informação fornecida na PNAD e medida em meses.

Os jovens da amostra trabalhavam, em média, a pouco mais de dois anos no trabalho atual. O

mínimo foi de zero mês (para os que foram contratados na data de referência) e o máximo foi

de 240 meses, ou 20 anos, provavelmente para o jovem que trabalhava com a família desde

muito pequeno.

A variável estuda na rede privada foi estimada com base nos resultados encontrados no

primeiro estágio do modelo. Na amostra, 44,5% dos jovens entre 16 e 25 anos, em 2005,

estudavam na rede privada. A qualidade da educação considerada no modelo foi o IQE

apresentado no capítulo 2 desta dissertação. Os valores foram imputados individualmente

conforme um algoritmo que identificava a provável rede de ensino em que estudava em 2001,

o estado em que residia em 2001 e o provável grau de escolaridade na época.

Documentos relacionados