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Capítulo 2 – Enquadramento terico

2.4. Especificações da Região

Neste ponto são abordadas as principais castas brancas utilizadas para a produção de Vinho Verde. As castas tintas não serão abordadas, visto que este projeto incide na produção de vinho branco.

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2.4.1. Principais castas brancas

As principais castas cultivadas nesta região destinadas à produção de Vinho Verde branco são o Alvarinho, o Arinto, o Avesso, o Azal, o Loureiro e a Trajadura.

2.4.1.1. Alvarinho

A casta Alvarinho é cultivada particularmente na sub-região de Monção e Melgaço, considerada a mais nobre das castas de uvas da Região Demarcada e gera uva branca, de cacho pequeno e bago miúdo. É uma casta de alta qualidade, mas que apresenta índices de produção baixos quando comparada com outras castas autóctones de utilização autorizada pela CVRVV. Esta casta dá origem a vinhos com aroma acentuado, harmoniosos e saborosos com elevada graduação. O vinho resultante desta casta distingue-se de todos os outros vinhos verdes pelo seu grau alcoólico superior e pelo seu aroma e sabor característicos. Apresenta ainda uma boa capacidade de envelhecimento evidenciando, assim, as notáveis qualidades desta casta. Existem várias formas de envelhecer o vinho monovarietal desta casta, no entanto, a mais utilizada é a deposição do mesmo em barricas de carvalho que lhe providenciam características organoléticas únicas.

2.4.1.2. Arinto

A casta Arinto é cultivada por toda a Região Demarcada dos Vinhos Verdes, embora a sua plantação não seja habitual e mesmo recomendada nas Sub-regiões de Monção e Melgaço. Conhecida como Arinto de Bucelas, a casta atinge o seu mais elevado nível de qualidade nas zonas interiores da região. É uma casta de abrolhamento e maturação tardios (segunda quinzena de setembro) mas pode obter um rendimento de produção elevado. É uma casta vigorosa, embora a videira produza poucos cachos muito grandes, o seu rendimento produtivo pode ser melhorado com o tipo de poda, nomeadamente poda longa. É uma uva de sabor e aroma maioritariamente citrino, sendo a sua cor verde-amarelada, de bago pequeno/médio e arredondado. Esta casta proporciona vinhos bastante ácidos, refrescantes e com forte tendência mineral. A acidez firme presente neste vinho é a sua principal característica garantindo-lhe assim adjetivação de casta “melhoradora” em muitas regiões portuguesas (CVRVV, 2016).

2.4.1.3. Avesso

A casta Avesso é cultivada particularmente na sub-região de Baião, mas dada a sua alta qualidade, tem sido cultivada em sub-regiões limítrofes como a de Amarante, Paiva e Sousa. Os cachos da casta Avesso são de tamanho médio e os seus bagos são grandes e de cor verde-amarelada. Esta casta origina vinhos aromáticos, bastante saborosos e harmoniosos. As qualidades da casta Avesso são verdadeiramente apreciadas quando as condições de maturação permitem elaborar vinhos com um título alcoolométrico volúmico adquirido, de pelo menos, 11 % (Infovini, 2016). Estas potencialidades de aroma e sabor revelam-se somente alguns meses após a vinificação.

2.4.1.4. Azal

A casta Azal é cultivada particularmente em zonas do interior onde amadurece facilmente e atinge o seu nível de qualidade quando plantada em terrenos secos e bem expostos das sub-regiões de Amarante, Basto, Baião e Sousa. No início do século XX, a casta Azal era a principal variedade para a produção do vinho branco da região. Os cachos são de tamanho médio e constituídos por bagos grandes de disposição compacta. É uma casta muito produtiva, de maturação tardia e os seus bagos apresentam uma cor esverdeada mesmo no final de maturação. Os vinhos que possuem a casta Azal na sua composição apresentam aromas frutados pouco intensos (Infovini, 2016).

2.4.1.5. Loureiro

A casta Loureiro é cultivada em quase toda a região e adapta-se com maior facilidade às zonas do litoral, não sendo recomendada nas sub-regiões mais interiores como Amarante, Basto e Baião. É uma casta muito produtiva e fértil, mas só recentemente foi considerada uma casta nobre. Os cachos são grandes e não muito compactos, enquanto os bagos são médios e de cor amarelada ou esverdeada. A casta Loureiro produz vinhos de elevada acidez e com aromas florais e frutados muito acentuados (Infovini, 2016).

2.4.1.6. Trajadura

A casta trajadura é cultivada por toda a região (não recomendada na sub-região de Baião). Esta casta apresenta uma boa produção e os seus cachos são muito compactos e de tamanho médio, compostos por bagos verde-amarelados de grandes dimensões. Os vinhos produzidos com a casta Trajadura apresentam aromas pouco intensos e normalmente são um pouco desequilibrados. É comum juntar a casta Trajadura com a casta Loureiro ou, por vezes, com a Alvarinho (castas da mesma região e mais aromáticas), para atribuir maior grau alcoólico e maior equilíbrio aos vinhos.

2.4.2.

Relevo, clima e qualidade dos solos

As condições naturais desta Região mostram-se praticamente ideais para a produção de excelentes vinhos brancos bem como outros produtos vinícolas. O teor de acidez de vinhos provenientes da Região, que tornam estes vinhos únicos, são resultado da união da qualidade das castas, condições climatéricas e geológicas.

O clima da região é fortemente condicionado pelas características orográficas e pela organização da rede fluvial. O aspeto mais marcante é o regime anual de chuvas, que se caracteriza por níveis anuais de precipitação bastante elevados (em média 1500 mm) e uma distribuição irregular ao longo do ano concentrada no Inverno e na Primavera. Por outro lado, a temperatura do ar evolui ao longo do ano em oposição com a precipitação. Isto é, as temperaturas mais altas coincidem, durante o ano, com as precipitações mais baixas (final da Primavera e Verão quentes e secos) e as temperaturas mais baixas com as precipitações mais altas (Invernos frios e chuvosos). Relativamente à temperatura média anual e às médias das máximas e médias das mínimas, estas não apresentam valores excessivos, não há picos na temperatura máxima e mínima, o que se traduz um regime de clima ameno (CVRVV, 2016).

A maior parte da região assenta em formações graníticas, sendo exceções duas estreitas faixas que a atravessam no sentido NW-SE, uma do silúrico, onde aparecem formações carboníferas e de lousa e outra de xistos do arcaico.

O solo tem origem na desagregação do granito, na maior parte da região. Caracteriza-se, regra geral, por apresentar pouca profundidade, texturas predominantemente arenosas a franco-arenosas (ligeiras), acidez naturalmente elevada e pobreza em fósforo. A influência do solo nas características das uvas e dos vinhos pode ser apreciada através da sua composição relativa

em açúcares, ácidos, elementos minerais e orgânicos, polifenóis, antocianas, da sua intensidade aromática e caráter mineral, bem como da componente enzimática das uvas. Também o desequilíbrio em termos de nutrientes e a acidez ou alcalinidade do solo, conduzem a problemas na nutrição da vinha, com efeitos nocivos na mesma, afetando consequentemente o vinho como produto final (Martins, 2015).

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