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1 INTRODUÇÃO

2.3 Métodos e técnicas estatístico-matemáticas

2.3.1 Especificidades

O uso das variáveis endógenas, em um modelo, favorece o aparecimento do fenômeno de causalidade reversa estrutural (conforme exemplos apresentados a seguir). Outro fenômeno relacionado à endogeneidade é chamado de correlação espúria a qual acontece quando uma variável não observável influencia, ao mesmo

tempo, as variáveis dependentes e independentes. Deve-se acrescentar que grande parte das variáveis que representam governança corporativa são endógenas (BÖRSH-SUPAN; KÖKE, 2000, SILVEIRA, 2010).

Exemplos para ilustrar a situação comentada anteriormente:

• Uma determinada estrutura do conselho de administração pode causar um pior desempenho corporativo, porém, um determinado desempenho corporativo também pode causar uma alteração na estrutura do conselho de administração;

• Uma estrutura de propriedade mais concentrada pode promover melhor desempenho corporativo, porém, um melhor desempenho corporativo também pode atrair investidores para a empresa, alterando a concentração da estrutura de propriedade da companhia;

• A adoção de boas práticas de governança corporativa pode causar um melhor desempenho corporativo, mas a empresa pode já ter adotado melhores práticas de governança (como mais transparência em suas informações) em função de um bom desempenho anterior (SILVEIRA, 2010, p.112-113).

Nessas situações pode-se recorrer ao método generalizado de momentos (generalized method of moments - GMM), para mitigar possíveis efeitos da endogeneidade dos regressores (ROODMAN, 2009, BARROS et al., 2010, SILVA; CHIEN, 2013, SONZA; KLOECKNER, 2014, OLIVEIRA, 2015). Esta pode ser percebida por meio da ocorrência de dados omissos em variáveis; pela influência de eventos passados da variável resposta nos cálculos atuais e futuros das variáveis independentes – efeito feedback; e causalidade reversa, quando as variáveis investigadas podem atuar como resposta ou independentes (WOOLDRIGE, 2002; BARROS et al., 2010; SOUZA et al., 2018.

No ensaio empírico 2, procedeu-se a estimação de dados em painel por meio do GMM, pois percebe-se a ocorrência de endogeneidade. Têm-se como exemplos: um relatório anterior com ressalva pode ser responsável pelo aumento do valor do honorário, do risco e do tamanho da firma de auditoria, já que, ao se deparar com um relatório anterior de auditoria modificado, o novo auditor pode cobrar mais pelos seus serviços (mais horas de trabalho) pelo aumento do risco de auditoria e de problemas com a sua reputação.

No sentido contrário, ao se deparar com uma companhia alavancada, o auditor tenderá a realizar o seu trabalho com maior qualidade, em termos de extensão e volume, o que pode implicar um aumento da probabilidade de emissão de uma opinião com ressalva. E, uma firma de auditoria que cobra mais pelos seus honorários, o que

pode representar a realização de uma auditoria mais minuciosa (volume), tende a aumentar a probabilidade de emissão de relatório modificado.

Sobre o ensaio empírico 4, compararam-se boas práticas de governança corporativa com o QTOBIN. Deve-se acrescentar que se trata de uma prática respaldada pela literatura, conforme relatado a seguir. Outros trabalhos que fizeram uso da variável QTOBIN representando o desempenho/valor relacionados à governança corporativa foram os Gompers, Ishii e Metrick (2003), Okimura (2003), Silveira (2004), Bohren e Odegaard (2004), Carvalhal da Silva e Leal (2005), Lameira, Ness Jr e Soares (2005), Silveira, Barros e Famá (2005), Gotardelo (2006), Alho (2006), Dami (2006), Mendes-da-Silva e Moraes (2006), Mello (2007), Velasquez (2008), Zolini (2008), Correia (2008), Menezes (2009), Ribeiro (2009), Rolim (2009), Rossoni (2009), Cremers e Ferrell (2010), Fernandes, Dias e Cunha (2010), Ferreira (2012), Peixoto (2012) e, Catapan e Colauto (2014).

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