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Especificidades sobre os serviços, assinaturas e formas de escuta: análise da seção 1 do

5. O PÚBLICO VIRTUAL DA MÚSICA CLÁSSICA: RESULTADOS DA PESQUISA ON-

5.2 Especificidades sobre os serviços, assinaturas e formas de escuta: análise da seção 1 do

Os serviços de streaming fazem parte da atividade de escuta desses jovens entrevistados. Para Araújo e Oliveira (2014), esses produtos podem contribuir de maneira fundamental no estabelecimento de padrões, hábitos e costumes. Nesse sentido, é fundamental entender a carga comunicativa que esses produtos culturais representam na contemporainedade. Não há como negar que a relação desses jovens músicos com a música de concerto é diferente

Piano 18% Violão 14% Regência 14% Violino 14% Flauta 12% Trompa 6% Contrabaixo 4% Violoncelo 4% Outros instrumentos 12% Piano Violão Regência Violino Flauta Trompa Contrabaixo Violoncelo Outros instrumentos

das gerações anteriores. Certa de que iria achar dados interessantes, a primeira pergunta desenvolvida para o questionário abordava os serviços conhecidos no mercado. Diante da questão “Qual serviço de streaming você considera que tem o melhor em conteúdo de música de concerto?” era possível optar entre Spotify, Deezer, Medici.Tv, iDagio, Digital Concert Hall,

ClassicalLive ou descrever outro serviço não mencionado. A grande maioria dos respondentes

optou pelo Spotify como o melhor serviço on-line, seguindo a tendência do mercado, já que esta é a maior empresa do ramo, com um grande número usuários cadastrados e de assinantes.

Com 54% de aprovação, o Spotify recebeu 27 votos, seguido pela Medici.Tv (6 votos) e pelo streaming oferecido pela Filarmônica de Berlim, o Digital Concert Hall (5 votos). No espaço para inserir uma outra opção, dois serviços do Google apareceram como sugestão:

GooglePlay Music e Youtube. A grande maioria dos usuários utilizou a opção “Outros” para

apontar o Youtube como uma alternativa. Por não se tratar de um serviço específico de transmissão de streaming, optei por não colocá-lo como uma opção de resposta. Contudo, é

importante observar que alguns usuários o consideram como o serviço que apresenta o melhor conteúdo para a escuta (e visualização) de música de concerto on-line.

Dos entrevistados, a maioria é (ou foi) assinante de um dos serviços citados acima. Ou seja, apesar do conteúdo ofertado gratuitamente ser suficiente para 42% dos pesquisados, a maioria (58%) prefere ser assinante de algum serviço on-line. Novamente o Spotify desponta como o serviço mais citado. Dos que responderam afirmativamente para o pagamento de alguma assinatura, o Spotify foi citado 19 vezes. O Deezer aparece em segundo lugar junto do

Digital Concert Hall. Cada um desses foi citado 5 vezes. É interessante ter o serviço da

Filarmônica de Berlim citado entre os mais assinados. Isso demonstra uma fidelidade do consumidor não só com a música que consome, mas também com uma instituição prestigiada.

Pode-se dizer que a fidelidade à programação da Filarmônica de Berlim aponta para um interesse desse público em seguir os velhos padrões de escolha e fruição dos repertórios. Como explanado anteriormente, a Filarmônica de Berlim apenas transmite os concertos da sua temporada. Não há nenhuma forma de interação com os usuários que indique outros vídeos, como em um sistema de recomendação. O formato de programação on-line da orquestra é apenas virtualizar o que acontece no ambiente da sala de concerto, ou seja, repetir na internet fielmente a programação da orquestra sinfônica mais importante do mundo.

0 5 10 15 20

Spotify Deezer Digital Concert Hall Apple Music GooglePlay Medici.Tv Tidal

Qual serviço streaming você é (ou foi) assinante?

O lugar da escuta desse repertório, fora do ambiente da sala de concerto, é importante para entendermos o contexto onde as pessoas se aproximam dessa prática musical. Por isso, inseri três perguntas que abordavam o tempo disponibilizado, o local e o dispositivo utilizado para a escuta do repertório clássico.

A audição em casa foi consideravelmente maior que em todas as outras opções. Como mostra Budd (1992), não há nada de fenomelógico ou psicológico que impeça que as obras sejam apreciadas por ouvintes trajando bermuda e chinelo. Em casa, o público pode agir da maneira que lhe convém, libertando-se das obrigações ritualísticas de uma sala de concertos. O segundo local mais citado, o transporte público, ficou apenas com 10% das respostas. Outra opção sugerida foi o local de trabalho, com 3 votos na opção “Outros”. Apesar das possibilidades de utilizar aparelhos diferentes para a escuta em casa (televisão, computador, tablet etc.), o dispositivo preferido pelos usuários é o celular, como pode ser conferido na Gráfico 9.

Estamos diante de novos tempos. Agora, os velhos hábitos se apresentam em diferentes configurações. O grande facilitador desse processo é a tela que nos acompanha diariamente, a dos smartphones. Para Paiva (et al., 2015), o jovem aceita com facilidade a tecnologia

streaming e é seu maior consumidor devido à disponibilidade em tempo integral em celulares. A forma de se relacionar com a música éconsequência dos aparatos tecnológicos disponíveis para a audição:

Novas possibilidades importantes sempre geram alguma reestruturação na sociedade, pois tanto a chegada do novo meio de comunicação quanto o término de antigos limites alteram o nosso tecido conjuntivo. Quanto maior for a diferença entre velhas e novas possibilidades, menor é a probabilidade de que antigos comportamentos permaneçam inalterados (Shirky, 2011, p. 183).

Pela sua praticidade e facilidade de utilização, os smartphones foram apontados por 28 entrevistados como o aparelho mais utilizado. Logo a seguir, com 36% dos votos, o computador aparece como segunda opção. É interessante perceber que o televisor (o smart tv), que seria a melhor opção para acompanhar transmissões de áudio e vídeo, é citado apenas por um participante da pesquisa. Esses dados podem indicar que este grupo estudado prefere a praticidade de apenas ouvir, como se estivesse utilizando um rádio, a assistir a uma transmissão de vídeo de uma performance.

Além disso, é preciso notar, conforme consta no Gráfico 10, que o tempo gasto pelos usuários com a escuta de streaming é consideravelmente alto, uma média de 5 horas semanais. Ouvir música é parte importante das atividades semanais dessas pessoas. Claro que o grupo participante da pesquisa tem a especificidade de já serem músicos, que vivem ou aspiram viver de música e encaram a atividade de ouvir música como parte importante do estudo e da vivência musical.

Esses dados levantados da primeira seção do questionário são apenas uma apresentação das característica de consumo do grupo pesquisado. A seguir, apresento a seção 2 das análises das respostas, voltada muito mais ao comportamento e consumo musical do nicho. Isto é, o consumidor manifestando o seu gosto musical e suas escolhas dentro dos serviços de streaming que utiliza para a escuta musical.