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PASTILHAS DE GESSO

4.3 ESPECTROSCOPIA DE ALTO CAMPO 400MHz

Existe uma importante parcela das mol´eculas de ´agua que n˜ao podem ser observadas pela t´ecnica de relaxometria, mas que s˜ao de fundamental importˆancia para completar este estudo: as mol´eculas de ´agua associadas `a estrutura do gesso (CaS04 : 2H2O). Estas mol´eculas, que possuem uma dinˆamica muito restrita, apresentam o cl´assico espectro de RMN definido pelo dubleto de Pake70, abundantemente estudado e discutido na literatura, envolvendo a elevada e bem definida intera¸c˜ao dipolar homonuclear dos pr´otons destas mol´eculas.

Experimentos de espectroscopia por Ressonˆancia Magn´etica Nuclear s˜ao altamente sens´ıveis `

a diferen¸cas de mobilidade molecular. Isso acontece, basicamente, devido a presen¸ca das cha- madas intera¸c˜oes anisotr´opicas, que fazem com que as frequˆencias de RMN se tornem de- pendentes das orienta¸c˜oes moleculares com respeito ao campo magn´etico B0. Em amostras policristalinas ou amorfas s´olidas, a distribui¸c˜ao de orienta¸c˜oes moleculares acarreta em uma distribui¸c˜ao de frequˆencias de ressonˆancia, fazendo com que os espectros de RMN correspon- dentes a segmentos r´ıgidos ou com baixa mobilidade sejam muito alargados. No entanto, se os segmentos moleculares ganham mobilidade, essas intera¸c˜oes anisotr´opicas s˜ao promediadas, o que acarreta em uma diminui¸c˜ao dr´astica das larguras de linha correspondentes.

Em se tratando particularmente de espectros de RMN proveniente de n´ucleos de 1H lo- calizados em segmentos moleculares com baixa mobilidade e distribu´ıdos aleatoriamente, os padr˜oes espectrais caracter´ısticos tem larguras usuais da ordem de dezenas de kHz, sendo definidos sobretudo pela intera¸c˜ao magn´etica entre os momentos de dipolos nucleares (a de- nominada intera¸c˜ao dipolar magn´etica)71. Considerando o caso especial de dois spins nucleares idˆenticos em um campo magn´etico B0 e acoplados via intera¸c˜ao dipolar magn´etica ´e poss´ıvel prever pictoricamente o efeito da intera¸c˜ao dipolar na frequˆencia de RMN de cada spin. Para um dado spin nuclear (spin A) ´e igualmente prov´avel que o spin acoplado (spin B) esteja com a componente z do momento magn´etico orientado paralelamente ou antiparalelamente ao campo magn´etico B0.

No caso de estar orientado paralelamente, o campo magn´etico dipolar gerado pelo spin B na posi¸c˜ao do spin A estar´a no sentido contr´ario ao campo B0, logo produzindo uma diminui¸c˜ao na frequˆencia de RMN do spin A por uma quantidade que depende da magnitude do campo dipolar. No caso da orienta¸c˜ao da componente z do spin B ser antiparalela a B0 ent˜ao o campo dipolar tem mesmo sentido que B0 e h´a um aumento na frequˆencia do spin

A pela mesma quantidade. Como os n´ucleos s˜ao idˆenticos, o efeito global ´e que o sinal de ressonˆancia ´e divido em dois, com a separa¸c˜ao em frequˆencias sendo proporcional a magnitude do acoplamento dipolar entre os spins. Isso pode ser formalmente obtido calculando-se as auto energias do sistema, considerando a intera¸c˜ao dipolar como uma perturba¸c˜ao no Hamiltoniano Zeeman71. Efetuando esses c´alculos ´e poss´ıvel mostrar que as frequˆencias de RMN s˜ao dadas por: ω = ω0± µ0γ2 12πr3 1 − 3 cos 2 θ (4.5)

onde r ´e a separa¸c˜ao entre os dois n´ucleos e θ ´e a orienta¸c˜ao entre o vetor internuclear e o campo magn´etico B0.

Nota-se, portanto, que a separa¸c˜ao entre as frequˆencias das duas linhas (sinal ± na equa¸c˜ao acima) ´e inversamente proporcional a distˆancia entre os dois n´ucleos e depende da orienta¸c˜ao do vetor internuclear em rela¸c˜ao a B0. No entanto, em uma amostra policristalina (como ´e o caso do gesso), os vetores internucleares podem estar orientados aleatoriamente e com isso o espectro n˜ao ser´a constitu´ıdo por somente duas linhas, mas por um padr˜ao cont´ınuo de frequˆencias denominado padr˜ao de Pake. Para obter o padr˜ao de Pake, basta calcular a probabilidade de se encontrar o vetor internuclear orientado com certo ˆangulo θ na superf´ıcie de uma esfera, sendo que essa probabilidade representa a intensidade do padr˜ao para a frequˆencia correspondente aquele valor de θ. Como a maior probabilidade acontece quando o vetor orientado est´a no meridiano da esfera, decrescendo quando θ diminui at´e o m´ınimo quando θ = 0o, o padr˜ao possui m´aximos bem definidos correspondentes a situa¸c˜ao em que θ = 90o. As frequˆencias ω1 e ω2 correspondentes s˜ao dadas pelas equa¸c˜oes (4.6) e (4.7):

ω1 = ω0+ µ0γ2 12πr3 (4.6) ω2 = ω0 − µ0γ2 12πr3, (4.7)

e a separa¸c˜ao entre elas dada pela equa¸c˜ao (4.8)

Ω = µ0γ 2

6πr3. (4.8)

Logo, a separa¸c˜ao entre os m´aximos do padr˜ao de Pake depende inversamente da distˆancia entre os n´ucleos. Na figura 4.12(a) est´a ilustrado um padr˜ao de Pake t´ıpico de um conjunto de pares de spins em uma amostra policristalina.

100 50 0 50 100 kHz kHz kHz - - - - - - Espectro de moléculas estáticas a) b) Espectro de moléculas executando reorientação anisotrópica 100 50 0 50 100 O H 1 H 1 180O c) Espectro de moléculas executando rotações isotrópicas 100 50 0 50 100

Figura 4.12 - Espectro de 1H t´ıpicos para um sistema de mol´eculas com orienta¸c˜oes

aleat´orias (policristalino) com diferentes tipos de movimento molecular.

τc indica o tempo de correla¸c˜ao do referido movimento.

Um aspecto importante a se comentar, ´e que o padr˜ao de Pake s´o ser´a observado se a intera¸c˜ao dipolar for exclusivamente entre os dois spins do par, ou seja, o sistema puder efeti- vamente ser tratado como dois spins acoplados aleatoriamente orientados. Se considerarmos mais spins no sistema, a forma do padr˜ao espectral vai depender do grau de intera¸c˜ao entre os mesmos. Por exemplo, se o sistema for constitu´ıdo por pares de spins fortemente acoplados via intera¸c˜ao dipolar, mas com uma fraca intera¸c˜ao dipolar entre spins pertencentes a pares distindos, o padr˜ao de Pake ainda poder´a ser observado, mas ser´a alargado e a distˆancia entre os m´aximo tamb´em aumentar´a.

Em muitos casos, as mol´eculas, mesmo sem apresentar movimentos translacionais, podem executar rota¸c˜oes locais em torno de seu eixo de simetria, o que reduz, mas n˜ao anula, o acoplamento dipolar entre os n´ucleos de 1H. Neste caso observa-se um estreitamento do espectro, sendo que a largura depende da magnitude do acoplamento dipolar promediado pelo movimento molecular. No entanto, se o movimento das mol´eculas ´e isotr´opico e r´apido (ocorre com taxas maiores que a magnitude em frequˆencia do acoplamento dipolar), os espectros obtidos s˜ao usualmente linhas com formato Gaussiano ou Lorentziano com larguras menores que 1 kHz. Isso torna poss´ıvel distinguir facilmente a presen¸ca de mol´eculas de ´agua r´ıgidas (padr˜oes espectrais com largura da ordem de centenas de kHz e com formato caracter´ıstico) de mol´eculas de ´agua com alta mobilidade isotr´opica (padr˜oes espectrais lorentzianos com larguras da ordem de 1 kHz) ou com mobilidade intermedi´aria e n˜ao isotr´opica (padr˜oes espectrais lorentzianos com larguras da ordem de alguns kHz).

Com base nesses conceitos ´e poss´ıvel monitorar a migra¸c˜ao de mol´eculas de ´agua no estado l´ıquido para compor a estrutura do cristal de di-hidrato, como descrito nas equa¸c˜oes (4.2) e (4.3). Para realizar este estudo foi feito um conjunto de medidas de espectroscopia de alto

campo do n´ucleo 1H, num magneto de 9, 4 T , para identificar as parcelas de ´agua l´ıquida e s´olida durante o processo de forma¸c˜ao dos wiskers. Assim, as mol´eculas de ´agua l´ıquida apresentam-se como um pico estreito no espectro, enquanto as mol´eculas em estado r´ıgido, um padr˜ao do dubleto Pake70, t´ıpico de cristais hidratados, caracterizado pelas intera¸c˜oes dipolares no s´olido. Note que a observa¸c˜ao do parˆametro de Pake mostra que o sistema de spins pode ser tratado como um conjunto de pares de spins (n´ucleos de 1H pertencentes a mesma mol´ecula de ´agua), onde quase n˜ao h´a intera¸c˜ao dipolar entre spins localizados em mol´eculas diferentes.

Como essa medida permite distinguir, com precis˜ao, apenas as por¸c˜oes de ´agua s´olida ou l´ıquida, somente uma das press˜oes aplicadas na produ¸c˜ao das pastilhas ´e mostrado nesse trabalho, pois apenas os tempos de relaxa¸c˜ao variam nesses resultados e se mostraram coe- rentes com os resultados obtidos na caracteriza¸c˜ao de relaxometria, assim como mostrado na figura 4.10.

Os espectros foram obtidos realizando apenas uma aquisi¸c˜ao por medida, repetindo 250 vezes o experimento em passos de 1 min para acompanhar a dinˆamica de migra¸c˜ao das mol´eculas de ´agua durante a rea¸c˜ao.

As medidas foram realizadas num espectrˆometro de alta resolu¸c˜ao VARIANTM, munido de um magneto de 9, 4 T . As amostras foram preparadas de acordo com o procedimento descrito na se¸c˜ao 4.1 e, como anteriormente, t˜ao logo a pastilha pronta foi iniciado o experimento. Uma sele¸c˜ao, dentre os 250 espectros obtidos ´e mostrada na figura 4.13.

Padrão de pake E spec tr o de líqu ido

Pressão

Figura 4.13 - Espectros da ´agua durante o processo de forma¸c˜ao dos cristais de gesso.

Ampliando as escalas de frequˆencia e amplitude para os intervalos definidos pelas janelas destacadas na figura 4.13, observa-se a diminui¸c˜ao da amplitude do espectro de l´ıquido em

contraste ao crescimento do espectro do padr˜ao de Pake, como mostrado na figura 4.14. dec res cen te cr es cen te a) b) 48 kHz 41 kHz

Figura 4.14 - Dinˆamica do espectro de RMN da ´agua durante o processo de forma¸c˜ao

dos cristais de di-hidrato a partir do hemi-hidrato. a) l´ıquida. b) s´olida.

Al´em do crescimento da amplitude do dubleto de Pake, observa-se o alargamento progres- sivo do dubleto. Isso sugere que, `a medida que a rea¸c˜ao acontece mais mol´eculas de ´agua s˜ao incorporadas na estrutura, a intera¸c˜ao dipolar entre n´ucleos de hidrogˆenio pertencentes as mol´eculas aumenta. Isto est´a de acordo com a rea¸c˜ao de transforma¸c˜ao de hemi-hidrato para di-hidrato onde o n´umero de hidrogˆenios por c´elula unit´aria aumenta at´e quatro vezes. Assim como indicado na figura 4.14, em conjunto do alargamento os picos sofrem um afastamento espectral de 7 kHz devido a redu¸c˜ao das distˆancias m´edias dos n´ucleos de hidrogˆenio na fase r´ıgida da amostra. Para o ´atomo de hidrogˆenio numa estrutura policristalina a equa¸c˜ao (4.8) pode ser escrita da seguinte maneira71:

Ω = 2π 122(kHz) 1

r/1(˚A). (4.9)

Dessa forma, substituindo os valores das distˆancias espectrais no in´ıcio o no final da rea¸c˜ao na equa¸c˜ao (4.9), obt´em-se os valores 2, 7 ˚A e 2, 5 ˚A para as distˆancias m´edias dos n´ucleos 1H nestes dois instantes, respectivamente.

A diminui¸c˜ao da amplitude do espectro de ´agua l´ıquida, figura 4.14(a), mostra a migra¸c˜ao de mol´eculas de ´agua para compor a estrutura dos cristais de di-hidrado, aumentando a amplitude do padr˜ao de Pake, figura 4.14(b). Atrav´es de um ajuste gaussiano para cada um dos espectros obtidos, o espectro de l´ıquido foi separado do padr˜ao de Pake e calculadas as integrais de cada uma das contribui¸c˜oes dos espectros, que s˜ao mostradas na figura 4.15.

O comportamento do gr´afico ilustrado na figura 4.15 permite observar que, al´em da trans- forma¸c˜ao de ´agua no estado l´ıquido, h´a perda de ´agua no sistema, tal como tamb´em observado

Figura 4.15 - Migra¸c˜ao das mol´eculas de ´agua no estado l´ıquido para a estrutura dos cristais de gesso. Os valores dos tempos caracter´ısticos dos ajustes ex-

ponenciais s˜ao indicados no gr´afico.

nos experimentos de relaxometria. Al´em disso, os tempos caracter´ısticos dos decaimentos, ou crescimentos, das curvas da figura 4.15 e est˜ao em pleno acordo com os tempos caracter´ısticos comportamentos apresentados pelas por¸c˜oes de ´agua confinada e “livre” nos poros, determi- nados pelas distribui¸c˜oes de tempos de relaxa¸c˜ao transversais.

4.4 CONCLUS ˜OES

Com o crescimento dos cristais e a reacomoda¸c˜ao das mol´eculas de ´agua entre os wiskers, durante a rea¸c˜ao qu´ımica, observou-se a transi¸c˜ao de mol´eculas com maior mobilidade para estados de mais baixa mobilidade, na qual o processo se dividiu em dois: transforma¸c˜ao dessa por¸c˜ao m´ovel de ´agua em ´agua confinada e agrega¸c˜ao das mol´eculas de ´agua na estrutura dos cristais de gesso durante o processo de crescimento. Valendo-se do procedimento de ajuste log-gaussiano proposto, pˆode-se acompanhar as mudan¸cas nos valores m´edios dos tempo de relaxa¸c˜ao e a forma das distribui¸c˜oes de cada uma das por¸c˜oes de ´agua. Os resultados mostraram uma forte dependˆencia da press˜ao aplicada durante o processo de compacta¸c˜ao, indicando uma poss´ıvel mudan¸ca na estrutura de agrega¸c˜ao dos wiskers.

Al´em disso, a dinˆamica de crescimento dos cristais regida pela rea¸c˜ao qu´ımica (4.3), trans- formando mol´eculas de ´agua l´ıquida em mol´eculas que contribuem para o crescimento dos cris- tais de gesso, foi monitorada atrav´es da espectroscopia realizada em alto campo. O aumento

progressivo do padr˜ao de Pake observado ´e uma assinatura deste processo de transforma¸c˜ao de hemi-hidrato em di-hidrato, que, em conjunto dos dados obtidos por relaxometria, evidencia a participa¸c˜ao das por¸c˜oes de ´agua confinada na ades˜ao dos cristais de gesso, quando produzidos com raz˜ao m´ınima de ´agua e ativados sob press˜ao.

Essas pastilhas apresentam propriedades mecˆanico-estruturais de alt´ıssima resistˆencia e podem ser melhoradas com adi¸c˜ao controlada de ´acido c´ıtrico64na por¸c˜ao de ´agua de ativa¸c˜ao. A compreens˜ao dos processos f´ısico-qu´ımicos, que atribuem `a estes materiais tais propriedades, s˜ao de extrema importˆancia para melhorar ainda mais as caracter´ısticas mecˆanicas do gesso.

CAP´ITULO 5

RELAXAC¸ ˜AO TRANSVERSAL -

SIMULAC¸ ˜AO

5.1 O MODELO

A deriva¸c˜ao da dependˆencia temporal dada pelo decaimento exponencial da relaxa¸c˜ao transversal T2 pode ser obtida atrav´es de um modelo simples e propriedades adicionais da evolu¸c˜ao do sistema de spins podem ser tamb´em compreendidas a partir do mesmo modelo. Nesta simula¸c˜ao apenas considera¸c˜oes de um modelo semi-cl´assico∗ ser˜ao levadas em conta, por´em sob a ´otica do formalismo quˆantico esse modelo ´e bem consistente.

Considerando o modelo BPP discutido no cap´ıtulo 2.2, a relaxa¸c˜ao transversal intr´ınseca de um l´ıquido ´e dada pelas flutua¸c˜oes do campo magn´etico local devidas `a movimenta¸c˜ao das mol´eculas em sua vizinhan¸ca, resultando na varia¸c˜ao da intensidade das intera¸c˜oes locais. Por consequˆencia os spins, individualmente, incrementam ou decrementam sua fase72 com rela¸c˜ao ao referencial girante de maneira aleat´oria causando uma perda de coerˆencia da fase total do sistema de spins levando ao decaimento da magnetiza¸c˜ao total do sistema.

Como consequˆencia da natureza browniana do movimento das mol´eculas, a flutua¸c˜ao do campo local ´e um reflexo da varia¸c˜ao temporal do movimento das part´ıculas influenciando a evolu¸c˜ao no espa¸co de fases dos spins numa dinˆamica tamb´em browniana. Al´em disso ´e importante enfatizar que essas varia¸c˜oes ocorrem numa taxa muito mais r´apida do que a frequˆencia de Larmor, sendo assim, o modelo pode ser aplicado tanto no referencial girante quanto no referencial do laborat´orio.

Baseado numa an´alise estat´ıstica, o teorema do limite central73 pode ser aplicado para calcular a distribui¸c˜ao da fase acumulada em cada passo da simula¸c˜ao. Suponha que cada um dos N passos o ac´umulo da fase φi do i-´esimo momento magn´etico (representando aqui o spin) ´

e independente e aleat´orio para todos os n´ucleos, embora ditados pela mesma distribui¸c˜ao de probabilidade. Do teorema central, a fase ´e normalmente distribu´ıda em torno de um valor m´edio. Uma vez que o valor m´edio de cada passo ´e nulo para todos os n´ucleos, a probabilidade de encontrar momentos magn´eticos com fase φ ´e uma gaussiana centrada em zero.

P (φ) = e −φ2/(2hφ2 ii) p2πhφ2 ii (5.1)

Dessa maneira, a m´edia sob um ensemble de n´ucleos que geram a magnetiza¸c˜ao total representada por n´umeros complexos ´e dada por:

M+ = M0 p2πhφ2 ii Z ∞ −∞ dφeiφe−φ2/(2hφ2ii) (5.2)

A integral (5.2) pode ser feita completando-se os quadrados no expoente e notando que, por constru¸c˜ao, a normaliza¸c˜ao ´e escolhida de acordo com a equa¸c˜ao (5.1) de tal maneira que a integral sob P (φ) tem de ser unit´aria. Desse modo, o resultado ´e dado por.

M+ = M0e−hφ

2

ii/2 (5.3)

´

E importante notar que a m´edia aleat´oria do fator de fase imagin´ario levou a uma ex- ponencial real com um expoente negativo, de acordo com o comportamento do decaimento exponencial devido `a relaxa¸c˜ao transversal dos experimentos de RMN.

Desconsiderando a inomogeneidade do campo B0, os spins est˜ao perdendo a coerˆencia de fase apenas pela influˆencia da varia¸c˜ao do campo local, resultante da movimenta¸c˜ao das part´ıculas. Supondo que cada spin muda sua fase em passos discretos num dado tempo τ2, onde cada spin i interage com um campo local ~Bi, consequˆencia da movimenta¸c˜ao das part´ıculas, e sua frequˆencia de precess˜ao ao redor da dire¸c˜ao ˆz ´e dada por γBi,z. Dessa maneira, a fase acumulada ap´os N passos sob diferentes campos locais ~Bi,j ´e dada por:

φi(N τ2) = − N X

j=1

sendo que a componente intr´ınseca do campo na j-´esima posi¸c˜ao foi denotada como Bi,z,j e seu valor m´edio, em que o n´ucleo ´e influenciado quando sob um mesmo campo externo, ´e igual a zero, ou seja, hBi,z,ji = 0. Isso implica um valor nulo para a m´edia de φ, hφii = 0, e o anulamento do termo cruzado de φ2

i resultando na equa¸c˜ao (5.5): hφ2 i(N τ2)i = γ2τ22 N X j=1 hB2 i,z,ji (5.5)

Supondo um espa¸co isotr´opico, o valores quadr´aticos m´edios dos componentes de varia¸c˜ao do campo local tˆem de ser iguais em quaisquer dire¸c˜oes, de tal maneira que se torna igual a um ter¸co do quadrado de suas magnitudes, como indicado a seguir:

hB2 i,xi = hB 2 i,yi = hB 2 i,zi = 1 3hB 2i, (5.6)

em termos de um campo magn´etico nuclear generalizado B. Substituindo esse resultado em (5.5) o resultado obtido ´e dado por:

hφ2ii = 1 3γ

2

τ22N hB2i. (5.7)

Uma vez que N τ2 = t, ao substituir esse valor na equa¸c˜ao (5.3) obt´em-se a dependˆencia temporal do decaimento proveniente dessa varia¸c˜oes do campo local pr´oximo a vizinhan¸ca do i-´esimo n´ucleo do sistema, e que pode ser escrito como:

M+ = M0e−γ

2τ

2hB2it/6 (5.8)

Consequentemente, o tempo de relaxa¸c˜ao intr´ınseco desse sistema ´e dado pela seguinte express˜ao: T2 = 6 γ2τ 2hB2i (5.9)

Esse resultado mostra analiticamente como as varia¸c˜oes do campos locais nas proximidades de cada uma das part´ıculas levam a um decaimento exponencial da magnetiza¸c˜ao transversal do sistema, sendo este o princ´ıpio b´asico da simula¸c˜ao descrita a seguir.

5.2 SIMULAC¸ ˜AO DA RELAXAC¸ ˜AO TRANSVERSAL DE

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