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ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR)

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.4 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR)

Na análise de FTIR, cuja finalidade foi determinar os grupos funcionais constituintes da amostra, pode-se constatar uma mudança na composição química do material quando comparadas as diferentes condições de tratamentos térmicos dados à fibra de macambira. No gráfico 4, observou-se que a fibra in natura apresentou curva na região do comprimento de onda entre 3000 a 4000cm-¹. Para as fibras aquecida e carbonizada, respectivamente, notou-se um decréscimo desta curva, na qual a absorção nesta região está associada às vibrações de deformação axial nos átomos de hidrogênio ligados a oxigênio (-OH-). Verificou-se também um surgimento de picos acentuados na região do comprimento de onda entre 1500 a 2000cm-¹ à medida que a fibra foi sofrendo tratamentos térmicos. A absorção nesta região está associada às vibrações de deformação axial de duplas ligações entre carbono e oxigênio (C=O) (REOCITIES, 2012).

Gráfico 4: FTIR da fibra de macambira.

4000 3000 2000 1000 0 0 20 40 60 80 T ra n smi tâ n ci a (% ) Comprimento de Onda (cm-¹) Aquecida Carbonizada Natural

5. CONCLUSÕES

As folhas da macambira apresentaram comprimentos entre 1,84 e 3,45 metros. As fibras por sua vez, teriam um comprimento aproximado aos das folhas, quando submetidas à extração, mas por razões técnicas, as folhas foram divididas ao meio para facilitar seu processamento, evitando o emaranhamento dentro da máquina, o que poderia acarretar na perda de fibras e danos à desfibradeira.

O estudo sobre o percentual de perda de material dá-se como base para um cálculo mais preciso da quantidade de fibras, ou seja, é possível calcular a quantidade folhas necessárias para se obter uma determinada quantidade de fibras.

Para esta fibra, sua superfície rugosa e dotada de microfibrilas em sua composição demonstra grande possibilidade para seu uso como reforço em compósitos, uma vez que estas imperfeições proporcionam interação eficaz entre fibra-matriz, justamente por não apresentar superfície perfeitamente lisa, o que não é viável quando o objetivo principal dos materiais compósitos é aumentar a interação entre reforço e matriz.

Outro fator importante observado no estudo da fibra de macambira foi que sua seção transversal não é perfeitamente circular e ao longo de todo o seu comprimento, este diâmetro é variável. Tal característica afetou de forma direta a sua resistência à tração.

Na análise termogravimétrica detectou-se que a temperatura de degradação da fibra de macambira in natura foi 280 ºC.

Na análise de FTIR, verificou-se a possibilidade dos tratamentos térmicos ocasionarem mudanças nas características da fibra, tornando-a seca e áspera. Percebeu-se também que houve alterações quanto aos grupos funcionais, uma vez que a temperatura pode ter rompido as ligações intermoleculares da fibra.

Na análise química, a fibra de macambira apresentou resultados coerentes com a literatura, onde são referenciados valores equivalentes quanto aos teores dos principais constituintes das fibras vegetais.

Por fim, pode-se concluir que a fibra de macambira destaca-se como mais uma alternativa dentre os materiais de fontes renováveis, cabendo o seu uso de diversas maneiras e podendo atingir resultados satisfatórios dependendo da sua aplicabilidade e finalidade, além de proporcionar o desenvolvimento social e econômico de forma sustentável das regiões que possuem este tipo de planta.

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