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Esquema viário geral com a mancha urbana da região metropolitana de Belém

Essa dinâmica historicamente presente na cidade, como é possível verificar por meio dos mapas de expansão urbana da cidade ao longo do tempo, levou à construção de certa autonomia e autossuficiência comercial, educacional e cultural dos bairros periféricos, e a algumas particularidades, como a presença de pequenos mercados, feiras, comércios e

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pontos de memória, quando comparados à região central da cidade, como podemos constatar ao conhecer a cidade e pelas considerações das entrevistas.

Pela renda média da população distribuída por bairro, tu consegues ver onde é que estão os bairros, a concentração é neste cinturão entorno do centro histórico, com algumas manchas para fora que começam a aparecer, mas a grande concentração é ainda entorno, neste cinturão94.

Desse modo, e segundo as considerações feitas pelo professor Saint-Clair, percebemos que, de modo geral, os habitantes da cidade não se utilizam com frequência do centro histórico da cidade, cuja ocupação do solo concentra-se em atividades de comércio e de alimentação. Tais atividades são relacionadas, principalmente, ao comércio popular e atacadista no entorno mais próximo à área de proteção de Ver-o-Peso, com grande concentração de instituições culturais mais ao sudoeste do polígono do Centro Histórico, e com maior concentração de alimentação e lazer a nordeste desse polígono.

Então, a classe média em Belém não quer morar no centro histórico, como na Europa, ele é um centro de visitas, de serviços, cultural, mas ela quer morar próximo ao Centro Histórico para que ela possa ir a Estação [das Docas], ela possa usar museu, os equipamentos culturais ali próximo, para o consumo, é uma cultura consumista que é colocada ali, eles não vão tanto ao teatro, eles vão mais aos restaurantes, mais aos bares, as casas que são mais voltadas para a questão do consumo de uma classe média. Então é uma política que reforça um processo de segregação da estrutura metropolitana95.

Também é possível verificar que, durante esse período, houve poucas modificações em relação à densidade populacional da região do Centro Histórico. Tais modificações referem-se a um pequeno aumento de densidade populacional na região próxima à travessa Frutuoso Guimarães, uma área de grande concentração da atividade comercial, e uma redução da densidade populacional no setor censitário próximo à Praça Frei Caetano Brandão, entre a rua Siqueira Mendes, a rua Dr. Assis e a Travessa Félix Roque, uma área

94TRINDADE JÚNIOR, 2016b. 95 Ibid.

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caracterizada pelo uso misto de atividades comerciais, institucionais e residenciais, em cuja proximidade se destaca a presença de grande número de museus.

Em relação à parte externa do entorno do Centro Histórico, no bairro do Reduto, próximo à orla de Guajará, houve uma redução da densidade populacional. Todavia, é importante ressaltar que a metodologia de categorias dos setores censitários adotada nos mapas, devido ao tamanho e forma de distribuição deles, não permite que se determine a causa ou o modo em que se deram as mudanças em relação ao indicador de densidade populacional.

Também se verifica, em direção àquela vertente da cidade, um aumento da densidade populacional no bairro Umarizal, ou uma redistribuição da concentração populacional, pois são verificados setores com densificação e outros com diminuição: Umarizal é um bairro com grande concentração de edifícios residenciais verticalizados. Ainda em relação a uma maior concentração populacional em bairros verticalizados, evidenciam-se no bairro Nazaré alguns adensamentos, e no bairro Batista Campos, algumas diminuições populacionais, segundo nossas análises dos mapas.

Imagem 12 – Verticalização residencial do bairro Umarizal ao fundo; e à frente a horizontalidade predominante da área do bem cultural Ver-o- Peso e sua área de entorno, Belém, 2016. Fonte: autoria própria.

Imagem 13 – Vista da baía do Guajará para o Complexo Ver-o-Rio e bairro Umarizal, com a sua verticalização residencial, Belém, 2016. Fonte: autoria própria.

Ainda próximo do entorno do Centro Histórico, na parte externa de sua delimitação, em direção sudoeste, no bairro do Jurunas, verifica-se a manutenção de altas densidades populacionais. Constatamos, em campo, a predominância de edificações de gabarito baixo, de poucos pavimentos, predominantemente um a dois pavimentos, o que nos leva a deduzir que há concentração de favelas, chamadas de “baixadas” na cidade de Belém.

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Imagem 14–Vista da baía do Guajará para o bairro Cidade Velha, do Porto do Sal, no Centro Histórico, de embarcações atracadas próximo a um trapiche com pouca infraestrutura, e a presença de baixadas e palafitas junto à orla, Belém. Fonte: autoria própria.

A área do Porto do Sal - repleta de estivas, palafitas, oficinas, estaleiros e inúmeras embarcações, com usos e formas de apropriação orientados por uma população ribeirinha, que historicamente reconhece a orla e o rio como espaços de produção e reprodução da vida - completamente diversa da ocupação recente (e criminosa) de Área de Preservação Permanente da orla do Paranoá.

A localização desse porto popular pode explicar a atenção especial para essa fração da orla de Belém. O Porto do Sal foi construído numa época em que o Ver-o-Peso era dominado por uma elite comercial da cidade, na divisa entre a orla urbanizada e repleta de monumentos históricos da Baía do Guajará e a orla do rio Guamá ocupada por usos industriais regionais, pequenos portos de palafitas, mais precisamente entre o complexo Feliz Lusitânia, o Mangal das Garças e o Portal da Amazônia.

(...)

O Porto do Sal é um espaço popular, com usos genuínos, mas de população não controlada (CARDOSO, 2016, p. 826-827).

Outra região da cidade em que foi possível verificar, por meio da análise dos mapas, uma redução da densidade populacional foi no bairro do Guamá e no bairro da Cremação, nas regiões leste e sudeste da cidade, respectivamente.

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Mapa 8 – Medianas de idades, em anos, nos setores censitários definidos pelo IBGE para o

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