• Nenhum resultado encontrado

Estágio Profissional (EP)

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 37-41)

“Se os inícios profissionais são vividos pelas professoras principiantes como amargos e difíceis, também similarmente, se regista uma vivência exploratória e mesmo gratificante daqueles”

(Alves. s/d) Equiparo o EP a um “choque da realidade”. A verdade é que, enquanto estudantes, a ideia do ensino é muito estereotipada para a realidade em questão. Enquanto aprendiz, o futuro professor é preparado em maior escala para uma normalidade que não existe na Escola de hoje, onde cada vez se depara mais conflitos. Nesta nota, torna-se importante o EP ser “entregue” às mãos do EE para que ele sinta, reveja e estipule estratégias, consoante o envolvimento, a turma ou até as suas maiores dificuldades, de forma a superar- se a cada dia que passa e assim perceber que a realidade não é tão linear como se escreve.

Desta forma, penso que esta etapa foi deveras importante para o meu desenvolvimento e para a minha formação como professora que sou e quero ser neste Futuro tão incerto. Não passa de uma formação inicial no sentido em

16

que foi o primeiro verdadeiro contato com a realidade “nua e crua”, no entanto, tal como expectei, foi das experiências mais enriquecedoras que eu alguma vez vivenciei em todo o meu percurso académico.

“A formação inicial constitui um contínuum com a formação permanente”

(CRUP) Um Professor que só sabe de Educação Física, nem Educação Física sabe, e por isso, compete-lhe a ele, ser portador de um sem fim de conhecimentos que o levem a ser um verdadeiro profissional. Ser professor é mais do que saber ensinar, é saber motivar, cativar, envolver… É saber educar. Educar, no contexto da escola, não é uma tarefa fácil pelas implicações inerentes ao aluno, professor, família e sociedade em geral. Esta dificuldade é ainda mais visível quando se tentam conciliar múltiplas atitudes dos intervenientes face à aprendizagem. Ou seja, o aluno é, ou pode ser, confrontado com realidades diferentes ou mesmo contraditórias. Os valores, os padrões familiares e culturais, assim como a cultura da escola e do professor podem criar alguma tensão no processo de ensino/aprendizagem. Por outro lado, alguns preconceitos podem ser impeditivos de uma educação holística no âmbito da realidade humana individual e social. Ninguém se pode esquecer que o homem é um ser de desejos porque tem em si uma fonte de energia que alimenta a sua vontade. O processo educativo não se limita a uma certa fase etária ou estádio de desenvolvimento. Pelo contrário, percorre toda a vida do sujeito e tende sem em para o futuro, ou seja, é intrínseco ao devir da pessoa humana. Neste processo de interação, que se pretende abrangente e globalizante, o equilíbrio é sempre uma meta a alcançar.

Shulman, na década de 80, identificou sete categorias do conhecimento: conhecimento pedagógico geral; conhecimento dos alunos e das suas características; conhecimento do contexto educativo; conhecimento dos fins, objetivos e valores educativos requeridos para cada nível de escolaridade. Diretamente relacionadas com o conteúdo disciplinar, aponta-nos o conhecimento da matéria, o qual nos remete para o conhecimento aprofundado (científico) dos conteúdos a ensinar, o conhecimento pedagógico da matéria, que nos reporta para a transformação do conteúdo a lecionar, de forma a tornar-se percetível a todos os alunos e, o conhecimento curricular do

17

conteúdo, o qual nos orienta de forma a adequarmos os conteúdos aos diferentes níveis de ensino, bem como a sua articulação, sequência e conexão. Com isto, quero reforçar a ideia de que, apesar de sermos desde já, considerados Professores na Escola onde lecionamos, muito nos falta para nos tornarmos profissionais na nossa área. Podemos saber tanto quanto eles, na teoria, mas eles acabam sempre por se distinguirem e nos superarem na prática, devido aos seus longos anos de experiências e vivências com uma e com outra turma, numa e noutra Escola.

É verdade que, por já ser treinadora há alguns anos, facilitou-me a perceção de que não existem receitas e que os alunos são realmente todos diferentes e devem ser respeitados como tal. No entanto ensinar numa Escola é completamente diferente do que ensinar num Clube e uma só modalidade, por isso acabou sempre por ser um grande desafio para mim mesma. “Valorizar a experiência prática, como forma de conhecimento útil, no confronto da relação teoria-prática em que a experiência é fonte de formação e de aquisição de competência” (Matos, 1989, p.75-76). Considero assim, o Estágio Profissional como um momento privilegiado na formação inicial de qualquer aspirante a docente, sendo a prática um espaço integrador de competências, em que a ação, a experimentação e a reflexão, são condições essenciais na aquisição de conhecimento sobre o como ensinar, na tomada de decisão e resolução de problemas, e se constituem como elementos autoformativos, geradores de autonomia e de descoberta. Ainda nesta nota, e um aspeto igualmente importante para a minha formação como professora, é o momento reflexivo após as aulas lecionadas. “O paradigma do professor reflexivo, isto é, do professor que reflete sobre a sua prática, que pensa, que elabora em cima dessa prática, é o paradigma hoje em dia dominante na área de formação de professores. Por vezes é um paradigma um bocadinho retórico (…) o que me importa mais é saber como é que os professores refletiam antes que os universitários tivessem decidido que eles deveriam ser professores reflexivos. Identificar essas práticas de reflexão – que sempre existiram na profissão docente, é impossível alguém imaginar uma profissão docente em que essas práticas reflexivas não existissem – tentar identificá-las e construir as condições para que elas se possam desenvolver” (Nóvoa, 1991). Posto isto, pretendo não fugir à regra e agora, pós EP, continuar a refletir sob os meus

18

atos, as minhas constantes tomadas de decisão em cada aula e em cada momento numa próxima oportunidade.

Em suma, o EP é das vivências mais complexas deste Curso, no sentido em que, além de toda a teoria já consolidada, senti que tive que saber aplicá-la aos diferentes acontecimentos, consoante as situações. Sinto que aprendi com os melhores e mais experientes, tornando-me assim uma profissional mais competente e autónoma, com sentido de pertença. Além disto, e como este processo de ensino-aprendizagem está em constante evolução, pretendo continuar a tentar ser sempre uma pessoa flexível, com alguma abertura à inovação, sem nunca esquecer os meus valores, a opinião que carrego e claro, as cicatrizes da vivência que já tive.

“As características do Professor “amplo” são: uma capacidade para o auto-desenvolvimento profissional autónomo mediante uma análise sistemática da própria prática, a reflexão sobre o trabalho de outros professores e a comprovação dos conhecimentos mediante procedimentos de investigação na sala de aula”

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 37-41)

Documentos relacionados