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Estabelecer uma parceria de cuidar promotora da parentalidade

No documento Relatório de Estágio (páginas 38-41)

3. PERCURSO DE DESENVOLVIMENTO FORMATIVO: ANÁLISE DAS

3.2. Estabelecer uma parceria de cuidar promotora da parentalidade

A parentalidade traduz-se pela aquisição de competências cuidativas, contribuindo para o desenvolvimento harmonioso do RN, criança e jovem. Steele e Pollack (1968) citados por Marques e Sá (2004) enumeram dois tipos de competências parentais: cognitivo-afetivas que incluem a atenção, o afeto, a estimulação e a preocupação quanto às necessidades do sono e repouso; e as cognitivo-motoras que incluem as capacidades na área do Cuidar, isto é, alimentação, eliminação, higiene e conforto, temperatura, prevenção de acidentes e vigilância de saúde.

Para uma aquisição eficaz destas competências parentais, o processo de vinculação tem de estar estabelecido ou estar em desenvolvimento, sendo difícil dissociá-los. Martínez, Mara e Fonseca (2007) e Wernet e Ângelo (2007)revelam que os enfermeiros têm uma função fundamental ao nível dos ensinos (de onde se destaca a amamentação) e na promoção de cuidados em parceria e centrados na família.

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A OE (2013a) refere que é fundamental que o EEESCJ capacite os pais e disponibilize o suporte necessário para dotá-los de competências para a gestão proficiente nos cuidados ao filho, visando a sua autonomia e capacitação o mais precocemente possível.

A amamentação promove a proximidade, o apego e a vinculação, essenciais ao desenvolvimento das competências parentais. Desta forma procurei promove-la durante a prestação de cuidados na neonatologia, no IP e na prestação de cuidados no Centro Saúde (CS). Realizei várias intervenções no âmbito da promoção do aleitamento materno, através do ensino e treino da técnica para a pega correta, da chamada de atenção para as vantagens do aleitamento materno, da sua extração e conservação, desconfortos mamários, desmistificação de mitos e esclarecimento de dúvidas, e como estratégia não farmacológica durante os procedimentos invasivos. Complementei a informação oral com informação escrita disponível nos referidos serviços.

Contudo, manteve-se o respeito pelas mães cuja opção era não amamentar a criança, quer por motivos culturais ou outros. Segundo Leininger (2002) a cultura é definida como os estilos de vida de um indivíduo ou de um grupo em relação aos valores, às crenças, normas, padrões e práticas. Para a mesma autora a cultura é o legado que os membros de um grupo passam para outro entre as gerações. Como um profissional de saúde vê e compreende a cultura é de particular importância para o Cuidado à criança e família.

Na neonatalogia tive oportunidade de conhecer o Manual de Normas de Procedimentos da Unidade Funcional da Neonatologia (2011). Este manual tem como objetivos a melhoria contínua do exercício profissional dos enfermeiros, no cuidar com qualidade, e o desenvolvimento de processos de monitorização dos procedimentos da qualidade dos cuidados de enfermagem ao RN e sua família. Deste manual consta o Guia de Validação das Competências Parentais no que se refere à preparação para a alta, em que são validadas as competências adquiridas pelos pais durante a hospitalização do RN. A preparação para a alta iniciou-se desde o momento da admissão do RN, através - do acolhimento dos pais na

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unidade, explicando os procedimentos realizados e estimulando a sua participação nos cuidados, favorecendo assim a vinculação; o ensino, treino e instrução dos cuidados ao RN, supervisionando os cuidados prestados pelos pais; e no momento da alta, reforçando o ensinos realizados e o fornecimento das orientações relacionadas com a vigilância de saúde. O planeamento da alta diminui a ansiedade e aumenta a aquisição das competências parentais, tal como refere Marques e Sá (2004) e minimiza o risco de reinternamento. Durante a realização da educação para a saúde e prestação de cuidados foi gratificante ouvir dos pais frases como: “sentimo-nos mais seguros”, “é muito positivo o treinar antes da alta”, “a colaboração da enfermeira deixa-nos mais confiantes”, “aumentaram o nosso sentimento de sermos úteis, de podermos ajudar, o que é muito importante”. Também foi importante reconhecer os conhecimentos que os pais têm do filho e que partilharam com a equipa de saúde.

Na neonatologia e IP promovi a interação com os pais, aliando a expressão de sentimentos com o ensino, treino e instrução de competências parentais. Estes ensinos surgiam mediante a deteção de uma necessidade de informação, constituindo rapidamente focos de intervenção. Assim, em contexto de hospitalização e no sentido de potencializar as competências parentais, estabeleci inicialmente um plano de cuidados que me permitiu assumir o papel principal de enfermeiro cuidador e, seguidamente, através de participação guiada, supervisionar os cuidados prestados pelos pais no sentido da sua capacitação e aquisição de responsabilidades, como aconselha Algarvio et al (2008). Como por exemplo a administração da alimentação entérica ao RN prematuro.

No CS o EEESCJ desempenha um papel fundamental no que respeita ao auxílio prestado aos pais na fase de adaptação ao papel parental, indo de encontro às suas necessidades de aprendizagem/informação, dotando-os de competências para cuidar do seu filho. Neste local de estágio tive oportunidade de realizar duas consultas a uma mesma criança e família. Foi notória a diferença da primeira para a segunda consulta, pois nesta última os pais demonstravam mais autonomia nos cuidados e estavam mais recetivos aos ensinos sobre as etapas do desenvolvimento infantil - desenvolvimento psicomotor, amamentação, cólica abdominal, prevenção

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de acidentes e brincar. Procurei estabelecer uma relação terapêutica ciente de que esta é a base essencial para promover um cuidado de enfermagem de excelência, promovendo também a parceria com o cuidador, tendo como principio o respeito pela sua dignidade, autonomia e capacidades, competências essenciais ao EEESCJ. Este profissional deve promover a maximização da saúde da criança paralelamente à adequação da parentalidade à situação, mobilizando para tal, recursos de apoio à criança/jovem e família mediante as necessidades manifestadas (OE, 2010b).

3.3. Reconhecer situações de instabilidade e risco de morte, prestando

No documento Relatório de Estágio (páginas 38-41)