• Nenhum resultado encontrado

3 ENQUADRAMENTO DA AVALIAÇÃO DE IMPACTE AMBIENTAL

3.2 Legislação Internacional

3.2.1 Estados Unidos da América

Nos Estados Unidos da América a política de ambiente é definida pela Lei Federal denominada por "National Environmental Policy Act" de 1 de Janeiro de 1970. Esta lei tem por objectivo assegurar que a componente ambiental seja explicitamente considerada em todos os níveis de acção governamental e administrativa, incluindo o planeamento e a implementação de medidas, a execução de obras e a respectiva exploração. Para o efeito, a lei impõe a obrigatoriedade de execução de estudos de impacte ambiental para os vários níveis de acção referidos, com ampla divulgação pública. A Avaliação de Impacte Ambiental é parte do processo de decisão sobre a implementação da acção ou acções, designadamente na selecção de alternativas.

A lei referida é constituída por três partes: a primeira refere-se à definição da política nacional de ambiente, incluindo os objectivos do Governo Federal em matéria de ambiente; a segunda parte determina que as agências federais têm o dever de divulgar amplamente as decisões e acções a tomar, sempre que estas tenham implicações significativas no ambiente; a terceira parte refere-se a aspectos institucionais. O Conselho de Qualidade Ambiental ("Council of Environmental Quality", CEQ), na directa dependência do Presidente, é o organismo responsável pela aprovação dos estudos de impacte ambiental.

De acordo com a lei referida, todos os projectos e acções da competência da administração federal que tenham efeitos significativos sobre o ambiente carecem de autorização prévia, com base num estudo de impacte ambiental.

Contudo, na legislação não são expressamente definidos quais os projectos e acções que têm efeitos significativos sobre o ambiente, e em que condições devem ser realizados os estudos de Avaliação de Impacte Ambiental. A maior parte das agências federais definiu os tipos de projectos que requerem estudos de impacte ambiental e metodologias para a elaboração respectiva, como adiante se refere.

O relatório do estudo de impacte ambiental, designado por Declaração de Impacte Ambiental (DIA), deve incluir os seguintes aspectos:

• Impacte ambiental da acção proposta;

• Os efeitos ambientais adversos que não podem ser evitados se a acção for implementada;

• Alternativas à acção proposta;

• A relação entre as utilizações do ambiente e dos recursos naturais, a curto prazo, e a conservação do ambiente e melhoramento da produtividade dos sistemas naturais, a longo prazo;

• A afectação irreversível de recursos naturais pela acção proposta.

A DIA é normalmente elaborada após discussão pública e apreciação de um documento preliminar (a minuta de DIA), que contém os estudos específicos realizados e a avaliação dos impactes ambientais elaborada pela equipa técnica que elaborou os estudos.

A maioria das Agências Federais dos EUA elaborou directivas para a realização das DIA para as obras e outras acções da sua competência, que incluem os seguintes aspectos:

• Definição de acções que requerem um estudo de impacte ambiental;

• Designação dos responsáveis pela execução dos estudos de impacte ambiental;

• Especificação dos métodos para obtenção da informação necessária para a realização dos estudos de impacte ambiental;

• Definição do conteúdo da DIA;

• Definição dos prazos para obtenção da apreciação do estudo por parte das outras agências federais e dos outros organismos;

• Especificação dos critérios de consulta aos outros organismos e de inclusão dos pareceres obtidos na DIA;

• Definição de mecanismos processuais de divulgação pública da DIA.

O Conselho da Qualidade Ambiental tem competências para emitir directivas relativas à preparação das declarações de impacte ambiental, aprovar as declarações de impacte ambiental, e promover a realização de estudos comparativos do processo de Avaliação de Impacte Ambiental. Este Conselho emitiu, em 1971 e em 1973, directivas para a preparação de declarações de impacte ambiental.

A Agência de Protecção do Ambiente ("Environmental Protection Agency", EPA) tem por competências emitir normas e regulamentos que assegurem a protecção do ambiente. Concretamente, este organismo, através das direcções regionais, pronuncia-se quanto aos impactes provocados por uma dada acção e quanto à qualidade da minuta de DIA. Quanto aos impactes provocados, a Agência classifica a acção numa das seguintes categorias:

• Sem objecções (os impactes ambientais identificados não levantam objecções por parte da Agência que pode, no entanto, propor ligeiras alterações à acção proposta);

• Com reservas (os impactes ambientas da acção proposta levantam reservas, pelo que a Agência recomenda o estudo mais aprofundado

das alternativas propostas ou que sejam analisadas alterações substanciais da acção proposta);

• Não satisfatória do ponto de vista ambiental (a acção proposta tem efeitos ambientais nocivos que não podem ser adequadamente controlados por medidas correctivas complementares, pelo que a Agência propõe que não seja implementada a acção proposta, ou que seja seleccionada uma alternativa).

Quanto à qualidade do estudo de impacte ambiental, a EPA emite um dos seguintes pareceres:

• Documento adequado (se a minuta da DIA apresenta um estudo suficientemente preciso dos impactes ambientais da acção proposta e das respectivas alternativas);

• Documento com informação deficiente (no caso de o documento não conter a informação suficiente para avaliar, de forma completa, o impacte ambiental da acção proposta, sendo no entanto possível determinar, de forma preliminar e parcial, o impacte ambiental da acção proposta). Neste caso a EPA solicita ao proponente a apresentação de informação adicional.

• Documento inadequado (quando a Agência considera que avaliação do impacte ambiental apresentada é incorrecta, ou que o documento não analisa, de forma adequada, as alternativas à acção proposta).

Neste último caso a Agência não se pronuncia quanto aos impactes provocados pela acção proposta.

Nos casos em que é atribuída a classificação de inadequada a uma minuta de DIA, ou em que a implementação da acção é insatisfatória do ponto de vista ambiental, o processo é revisto a nível da administração central da EPA, e a classificação atribuída é confirmada ou modificada. Garante-se, desta forma, a homogeneidade das decisões da Agência sempre que estas forem desfavoráveis para o proponente da acção.

Os intervenientes no processo de Avaliação do Impacte Ambiental nos EUA, além do proponente da acção e do Conselho de Qualidade Ambiental, são as

agências federais (entre as quais a EPA), as administrações estaduais, as administrações locais e o público em geral.

No início do processo o promotor da acção, eventualmente após consulta ao Conselho de Qualidade Ambiental, decide se executa ou não o estudo de impacte ambiental, para obter a aprovação da acção proposta. No caso de não ser realizado o estudo de impacte ambiental, qualquer dos intervenientes no processo (incluindo um cidadão a titulo individual) pode exigir a realização do estudo, desde que devidamente fundamentado, recorrendo, se necessário, aos tribunais.

O Congresso ou o Presidente podem, eventualmente, fazer recomendações aos agentes de decisão sobre a implementação da acção. Após a aprovação da acção, qualquer dos intervenientes no processo pode ainda recorrer aos tribunais, e suspender a implementação da acção, se provar que determinados efeitos ambientais significativos não foram devidamente considerados no estudo do impacte ambiental.