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2 GERAÇÃO EÓLICA OFFSHORE NO MUNDO

2.2 Estados Unidos

Um passo importante para o desenvolvimento eólico nos EUA foi a publicação do Wind Energy Resource Atlas of the United States, que estipula classes de ventos e seu conteúdo energético conforme Tabela 4.

Tabela 4. Classes de ventos e respectivas densidades de potência a 10 e 50m. Fonte: (VITERBO, 2008).

Classe 10 metros 50 metros Potência específica – Limite superior da classe (W/m²) Limite superior de velocidade (m/s) Potência específica – Limite superior da classe (W/m²) Limite superior de velocidade (m/s) 1 100 4,4 200 5,6 2 150 5,1 300 6,4 3 200 5,6 400 7,0 4 250 6,0 500 7,5 5 300 6,4 600 8,0 6 400 7,0 800 8,8 7 1000 9,4 2000 11,9

Com 11.575 MW ao final de 2006, os EUA não possuem a maior base geradora eólica, mas foi o país que apresentou crescimento mais expressivo na instalação de aerogeradores. Pelo segundo ano consecutivo, o recurso eólico foi a segunda maior fonte de energia elétrica em termos de nova capacidade instalada nos EUA. Dos 13.000 MW instalados, 2.454 MW foram de fonte eólica.

Os EUA provavelmente desenvolverão projetos eólicos offshore antes da escassez dos recursos exploráveis onshore. Isto se deve ao fato de que, para países de maior extensão territorial, pode ocorrer de os locais de produção energética não estarem necessariamente próximos dos centros consumidores de energia, tornando-se críticos os custos de construção de sistemas de integração elétrica de usinas remotas e o índice de perda da energia transportada por linhas de transmissão de longa extensão (VITERBO, 2008).

Também são fatores que promovem o interesse norte americano em energia eólica offshore, a condição de ventos mais uniformes e com maior conteúdo energético, bem como o sucesso dos países europeus. O desenvolvimento eólico offshore não será restritivo ao onshore, mas sim complementar, de forma a contribuir com a estratégia de diversificação da oferta de energia, além do que o relevo marítimo norte americano exigirá desenvolvimento tecnológico apropriado.

O maior obstáculo ao desenvolvimento da fonte eólica offshore é o fator político, aliado à resistência popular. Há também resistência no legislativo federal do país contra a aprovação de projetos eólicos offshore na costa do país (VITERBO, 2008).

Depois de nove anos de revisão regulatória, o Governo Federal norte-americano deu sinal verde para a construção do primeiro parque eólico offshore do país, o Cape Wind, Figura 19. Um projeto ao largo da costa de Cape Cod, nos arredores de Boston.

Figura 19. Ilustração do parque Cape Wind na costa dos Estados Unidos. Fonte: (CAPE WIND, 2011). A aprovação do parque eólico de 130 turbinas dá um impulso significativo ao novo setor offshore de vento nos Estados Unidos, que estava bem atrás da Europa e da China.

As turbinas ficariam em Nantucket Sound, cerca de 8 km da costa mais próxima, e cobririam 24 quilômetros quadrados — aproximadamente o tamanho de Manhattan. A ponta da maior lâmina de cada turbina atingiria 130 metros acima da água (OPINIÃO E NOTÍCIA, 2010).

2.3 China

A energia dos ventos já foi usada no Ocidente para moer grãos e bombear a água. Porém, hoje é a Ásia que lidera os esforços mundiais para transformar a energia eólica numa fonte alternativa e sustentável, reduzindo a dependência do petróleo. Prova disso é que a China lidera o ranking mundial de pedidos de patentes sobre esta matriz energética, com

746 solicitações no segundo semestre de 2008, bem à frente dos Estados Unidos, com 192 (INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL, 2008).

Embora a China tenha muita experiência no desenvolvimento de energia eólica, isso é limitado a onshore. A energia eólica offshore é um novo começo. Antes da exploração em grande escala, há grandes desafios para enfrentar, em termos do projeto básico da tecnologia, bem como a construção, fornecimento de equipamentos e operação (JUNFENG, PENGFEI e HU, 2010).

O primeiro parque eólico offshore da China, o Xangai Donghai Bridge, Figura 20, foi inaugurado em agosto de 2010 e teve as turbinas fornecidas pela própria Sinovel Wind Group (maior fabricante de aerogeradores da China): foram fabricados 34 aerogeradores de 3 MW para o empreendimento (JORNAL DA ENERGIA, 2011). Está localizado ao longo de uma linha de 1.000 metros de ambos os lados da ponte Donghai, que liga Lingang New City com o porto de águas profundas Yangshan. Sua extremidade mais ao norte é de aproximadamente 6 km da costa de Nanhuizui e o extremo sul é de 13 km da costa (JUNFENG, PENGFEI e HU, 2010). A profundidade da água está entre 8-10 m e no fundo do mar há uma camada de sedimentos de 30 m de espessura. A qualidade deste solo, comparada à de uma usina eólica em outros países (com cerca de 10 m da camada de areia fina), é bastante desfavorável. A fundação de 4m de diâmetro de raiz única pode ser adotada em outros lugares, enquanto que na China esta base é de 7 m de diâmetro. O parque eólico offshore conta com 102 MW e está localizado no delta do rio Yangtze, próximo a Xangai (ZHIXIN, CHUANWEN, et al., 2007).

Figura 20. Primeiro parque eólico offshore da China. Fonte: (JUNFENG, PENGFEI e HU, 2010). Ao mesmo tempo, o governo lançou um leilão público para a primeira rodada de projetos de concessão de energia eólica offshore em maio de 2010, e esta foi concluída em

novembro do mesmo ano, somando 1 GW de capacidade previstas em quatro projetos ao longo do litoral da província de Jiangsu. Estes projetos têm de estar concluídos dentro de três anos (GLOBAL WIND ENERGY COUNCIL, 2010).

2.4 Brasil

O Brasil tem uma vasta extensão costeira que se estende pelo Oceano Atlântico, cobrindo cerca de 7.400 km (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2000). De acordo com a Lei Nº 8.617, de 4 de Janeiro de 1993, a Zona Econômica Exclusiva brasileira (ZEE) ou Amazônia Azul, Figura 21, ―[...] compreende uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial [...]‖ onde só áreas pontuais, dos cerca de 3,6 milhões de km², está sendo explorada (em geral, petróleo).

Figura 21. Zona Econômica Exclusiva do Brasil (extensão em azul mais próxima à costa somada aos círculos adjacentes). Fonte: (MARINHA DO BRASIL, 2010).

Na ZEE ―[...] o Brasil, no exercício de sua jurisdição, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação científica marinha, a proteção e preservação do meio marítimo, bem como a construção, operação e uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas‖ (CONGRESSO NACIONAL, 1993).

Além disso, cerca de 73% da população brasileira (mais de 140 milhões de pessoas) vive na região costeira (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2011), ou seja, a necessidade de energia é maior nessas áreas. Isto implica que a energia eólica offshore é uma excelente opção para auxiliar as necessidades energéticas do litoral, tanto pela produção de energia quanto pela escassez do espaço terrestre já ocupado por habitações. Como no Brasil ainda não se tem parques eólicos offshore, então se pode tomar por base o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) como instituição que autoriza este tipo de empreendimento, seguindo o campo offshore petrolífero.

Para a instalação, podem-se seguir as Normas da Autoridade Marítima (NORMAM) que, no caso, é a NORMAM 11 intitulada ―Normas da Autoridade Marítima para obras, dragagens, pesquisa e lavra de minerais sob, sobre e às margens das águas jurisdicionais brasileiras‖.

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