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1. INTRODUÇÃO

4.4. Estatística e planejamento amostral

Foi realizado o planejamento amostral com base no cálculo estatístico para estudos experimentais, utilizando a estimativa da média populacional para a variável de interesse: pressão arterial. Para o cálculo foi utilizado n = (Zα/2 x Δdp / Ɛ)², onde: Zα/2 é o percentil da normal padrão para um nível de significância de 5%; Δdp é a soma dos desvios padrão antes e após a intervenção; Ɛ é a precisão, diferença clinicamente significativa após a intervenção. A partir de dados da literatura foi considerado a soma dos desvios padrão antes e após a intervenção igual a 30 mmHg (LYRA, MARCELLINI, PELÁ, 2008; BORGES, 2008) e clinicamente satisfatória a redução da pressão arterial sistólica entre 5-10 mmHg (AGUWA, UKWE, EKWUNIFE, 2008; LYRA, MARCELLINI, PELÁ, 2008). Logo, para o valor de Ɛ entre 5-10 mmHg foi calculado o n entre 33 e 138.

Para a análise dos indicadores clínicos os dados foram categorizados em satisfatório e insatisfatório quanto aos valores de referência de cada indicador. Para isso foram utilizados os valores de referência para pressão arterial de acordo com a diretriz norte-americana referente ao VIII Joint National Committee de 2014 - VIII JNC. O qual estabelece como valores satisfatórios a pressão arterial <150x90 mmHg para indivíduos hipertensos maiores de 60 anos, sem diabetes e sem doença renal crônica, e pressão arterial <140x90 mmHg para indivíduos maiores de 18 anos com hipertensão, associada ou não ao diabetes e à doença renal crônica. Para os níveis de referência do colesterol foi utilizado a diretriz de dislipidemia da

American Association of Clinical Endocrinologists de 2012 (AACE). De acordo com o

estadiamento clínico do risco coronariano calculado pelo escore de risco de Framingham, os pacientes foram classificados em alto, intermediário e baixo risco. Adicionalmente, para cada estadio de risco foi atribuído um valor de referência como satisfatório, conforme estabelecido pela diretriz. Sendo para o CT, <200 mg/dL para alto risco e entre 200-239 mg/dL para os dois últimos estádios de risco; para o LDL, <100 mg/dL, <130 mg/dL, <160 mg/dL respectivamente para os três estádios de risco; para o HDL, >40 mg/dL para homens e >50 mg/dL para mulheres; para o TG <150 mg/dL para alto risco e entre 150-199 mg/dL para os dois últimos estádios de risco.

Quanto à análise das variáveis assistenciais, ressalta-se que foi obtida pela base de dados Micromedex® a dose máxima de cada medicamento AH utilizado pelos pacientes deste estudo. A dose máxima foi mimetizada como a potência farmacoterapêutica de cada medicamento para o tratamento da HAS. Com isso foi possível, encontrar o mínimo múltiplo comum entre as doses máximas de todos os medicamentos AH para dividir pela dose máxima de cada medicamento, o que permitiu encontrar um valor fixo de cada medicamento (valor de ajuste). Esse valor foi multiplicado pelo consumo em miligrama (mg) do respectivo medicamento por cada paciente, o que tornou os diferentes medicamentos comparáveis para a análise neste trabalho (Quadro 1).

Quadro 1 – Exemplo do modelo de ajuste de doses desenvolvido neste estudo para a comparação e análise

terapêutica de medicamentos

Nota Quadro 1: Este método de ajuste de doses para a comparação e análise da utilização de medicamentos está em

processo de registro de propriedade intelectual. Neste processo também é incluído o ajuste realizado pelo máximo divisor comum. Assim, esse método não pode ser usado com propostas comerciais. Em adição, ele é autorizado para publicações acadêmicas desde que os autores deste método sejam citados, “therapeutic doses for comparison model (TDC model) por Cazarim & Pereira” (pela Agência USP de Inovação).

Para a análise estatística inferencial foi utilizado o software Statistical Analysis System (SAS) versão 9.2. Foi considerado o nível de significância de 5% para os testes de hipótese. É importante ressaltar que os dados foram divididos em três períodos para análise: período pré ATF (2006 - 2008), período ATF (2009) e período pós ATF (2010 – 2012).

A estatística inferencial fundamentou-se em medidas repetidas, sendo referentes aos mesmos indivíduos da amostra para análise em momentos temporais diferentes. Sendo assim, para as variáveis clínicas foi realizado o teste Q de Cochran, utilizado para comparar variáveis do tipo categóricas. A finalidade foi testar a hipótese que a ATF está associada ao controle desses indicadores. Para isso, foi considerada a distribuição chi-quadrado para 2 graus de liberdade, na qual teve o valor crítico para análise dos resultados de 5,99. Quanto as variáveis assistenciais, o consumo de medicamentos AH em mg, variável do tipo quantitativa contínua, a qual apresentou uma distribuição paramétrica para os dados, foi analisada por ANOVA one

Medicamento: Enalapril Anlodipino

Dose maxima: 40 mg 10 mg

Valor de ajuste: 36 / 40 = 0,9 36 / 10 = 3,6

Consumo do

paciente: 20 mg por dia 5 mg por dia

Ajuste: 20 mg x 0,9 = 18 mg 5mg x 3,6 = 18 mg 36 = MMC encontrado considerando todos medicamentos anti-hipertensivos

way para medidas repetidas com pós-teste Bonferroni para a comparação entre os grupos de

dados pré ATF, ATF e pós ATF. A finalidade foi testar a hipótese que a modificação na média do consumo de medicamentos AH está associada à ATF. Em relação ao número de consultas, por corresponder a variável do tipo quantitativa discreta com uma distribuição não paramétrica, foi realizada a análise de variância de Friedman com pós-teste de Dunns para a comparação entre os grupos de dados pré ATF, ATF e pós ATF. O objetivo desta análise foi testar a hipótese se há modificação no número de consultas associada à ATF. Na análise do risco cardiovascular também foi realizado ANOVA one way para medidas repetidas com pós- teste Bonferroni para testar a hipótese que a redução na média do risco cardiovascular em dez anos está associada à ATF.

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