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ESTATUTO DA CAIXA ESCOLAR

No documento brunocorreafrancisco (páginas 44-46)

2 FINANCIAMENTO ESCOLAR DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE MG

2.3 ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DO GESTOR SOBRE A CAIXA

2.3.1 ESTATUTO DA CAIXA ESCOLAR

O estatuto da Caixa Escolar são as regras que o gestor deve seguir para utilização dos recursos financeiros da escola. Para a gestão financeira da escola, é importante saber como os recursos podem ser usados e quais os processos de compra são possíveis de serem utilizados, pois se bem geridos, eles podem promover economia financeira, reduzindo, assim, os impactos que a restrição financeira pode provocar na escola.

O Estatuto da Caixa Escolar é o conjunto das normas da unidade executora da escola. Este deve ser aprovado em assembleia, convocada pelo presidente da Caixa Escolar com, no mínimo, oito dias de antecedência a todos os membros, ter o aval de um advogado e ser registrado em cartório para que a UEx tenha valor jurídico. Tal trâmite gera ônus para a Caixa Escolar que não possui contador nem advogado. Todas essas despesas são custeadas com recursos da própria Caixa Escolar ou de voluntários. O registro em cartório costuma ser o mais oneroso.

O estatuto é elaborado junto com o regulamento próprio de licitação. Seguindo os moldes fornecidos pela SEE, é convocada uma assembleia geral da Caixa Escolar em que são apresentados o estatuto e o regulamento próprio de licitação dela.

Após a apresentação, é lavrada uma ata com a assinatura de todos os presentes. O estatuto é levado para um advogado, para que ele valide o documento com a sua assinatura e carimbo. A ata, o edital de convocação da assembleia, o estatuto validado pelo advogado e o

regulamento próprio de licitação são levados ao cartório para registro, o que custa, em média, na atualidade, R$ 700,00 reais (setecentos reais), dependendo do número de páginas dos documentos. No estatuto, estão determinados os objetivos da Caixa Escolar, que são: gerenciar os recursos financeiros destinados ao processo educativo, promover a melhoria qualitativa do ensino, colaborar na execução de uma política de concepção da escola essencialmente democrática e promover ações que garantam à escola, a sua autonomia pedagógica, administrativa e financeira.

Embora a assembleia geral da Caixa Escolar seja o órgão superior de deliberação, segundo o artigo 11, no artigo 15, inciso IV, é tolhida a sua autonomia, pois restringe a alteração do seu estatuto à autorização da SEE. Dessa forma, cabe à assembleia geral apenas aprovar o estatuto já pronto pela Secretaria, instituir a Caixa Escolar, definir as atribuições da diretoria, aprovar as prestações de contas, aprovar o regulamento próprio de licitação, que também já vem elaborado pela Secretaria, e indicar membros da comissão de licitação.

Assim, o objetivo maior da assembleia é fiscalizar, já que as decisões cabem à SEE que as elabora e envia apenas para serem aprovadas. Há ainda a dificuldade em conseguir membros para compor a assembleia, tendo em vista que as funções exercidas pela comissão não são renumeradas, demandam tempo e são de responsabilidade dos atores. Como dito por Sales:

[...] assim, que a atuação dos membros tanto da Caixa Escolar quanto da Comissão de Licitação, além de exigir grande responsabilidade, é considerada atividade de relevante interesse social, é realizada sem prejuízo do exercício de suas funções enquanto servidor público, e não é remunerada. Desta forma, compor estas instituições na escola se constitui em enorme desafio enfrentado pelo Diretor da escola (SALES, 2017, p. 51).

Tendo em vista esse contexto, os gestores têm dificuldade de convencer membros da Caixa Escolar a compor essas comissões. Muitos alegam falta de tempo, despreparo para a função, entre outras, o que torna a responsabilidade do gestor ainda maior.

No artigo 23 do Estatuto da Caixa Escolar, são indicadas as fontes de recursos para serem utilizadas: subvenções e auxílios repassados pela União, Estado, Município, por particulares e entidades públicas ou privadas, associações de classe e outras; receitas oriundas de eventos e promoções legalmente permitidas; e contribuições voluntárias dos alunos, pais, responsáveis ou da comunidade. Assim, os recursos arrecadados pela escola são oriundos de diversas fontes e o gestor tem a responsabilidade geri-los e prestar contas de todas essas

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fontes, muitas vezes, de forma isolada. No artigo 25, por exemplo, está disposto que os associados não respondem solidariamente pelas obrigações da Caixa Escolar, fator que também aumenta a responsabilidade dos gestores.

O atual Estatuto da Caixa Escolar Aleixo José (ALEIXO JOSÉ, 2018) é datado de 12 de março de 2018, sendo, portanto, recente. Acompanhado da alteração do estatuto, foi elaborado um novo modelo de regulamento próprio de licitação, para que também fosse aprovado com duas alterações importantes. Primeiramente, permitir que o licitante ganhador tivesse tempo para corrigir eventuais problemas em sua documentação e não fosse excluído do processo. A segunda alteração é o tempo disponibilizado para possíveis recursos por parte dos licitantes, que foi reduzido de três para dois dias úteis, acompanhando, assim, o que preconiza a legislação federal.

Apesar de o estatuto ser recente, alterações no PDDE forçaram as Caixas Escolares a alterar os seus estatutos no artigo 24º, passando a permitir movimentações financeiras de forma isolada e individual, não mais necessitando do tesoureiro para essas operações dos recursos financeiros do PDDE. Isso levou a mais custos, em julho de 2018, com novo registro de ata com a alteração do estatuto, pois o estatuto reformulado em dezembro de 2017 não permitia a utilização de recursos financeiros com a autorização apenas do presidente.

Esse processo é mais um elemento que aumenta a responsabilidade do diretor sobre os recursos recebidos, que passa a gerir sozinho o recurso do PDDE, reduzindo a participação de outros atores. Diante de tantas situações complexas para gerir a Caixa Escolar sem uma formação inicial, o gestor busca por apoio para as suas ações em diversos setores, como descrito nas seções a seguir.

No documento brunocorreafrancisco (páginas 44-46)