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5. CONCLUSÃO

5.2 T ESTE DAS HIPÓTESES FISIOLÓGICAS

A hipótese fisiológica H3 afirma que os auditores apresentam padrão homogêneo de

processamento cerebral, enquanto os contadores evidenciam maior conflito (esforço cognitivo), durante a avaliação da continuidade operacional da companhia auditada. Nesse sentido, a hipótese operacional H3A atesta que os auditores apresentam maior correlação entre

os padrões de processamento cerebral, ao longo da avaliação das informações disponibilizadas, o que pôde ser mensurado a partir das evidências exploratórias obtidas com a freqência das intensidades de correlações (forte, média e fraca) entre os padrões de processamento cerebral apresentados entre os blocos de informações (DANCEY; REIDY, 2006).

Conforme observado na Tabela 19, a frequência dos Coeficientes de Pearson evidencia maior volume de correlações de forte intensidade, entre os padrões de processamento cerebral dos auditores (31,11%), encontrados por meio dos Mapas Fatoriais calculados durante a execução da tarefa. Reforçando essas evidências, a Tabela 20 apresenta maior frequência de correlações de forte intensidade entre os julgamentos (J1, J2 e J3) e a decisão (D) do grupo de auditores (38,89%), corroborando a hipótese operacional H3A e caracterizando a maior homogeneidade

dos padrões de processamento cerebral encontrados no grupo de auditores.

Com a finalidade de falsear a hipótese H3, a hipótese operacional H3B também foi testada.

Nesse caso, buscou-se evidências neurais acerca do conflito durante o processo decisório, ou maior esforço cognitivo, vivenciado pelo grupo de contadores. Para isso, durante a execução da tarefa, foi avaliada a frequencia com que os grupos apresentaram apenas dois padrões (P1 e P2) de processamento cerebral, evidenciando a incidencia apenas para o grupo de contadores, o que corrobora a hipótese operacional H3B desse estudo.

Adicionalmente, avaliou-se o o volume de ativação do eletrodo medial frontal (FZ), como proxy da ativação de neurônios do Córtex Cingulado Anterior (CCA). Considerando as atividades cerebrais captadas através do EEG, a ativação do córtex medial frontal forece fortes indícios de maior atividade no CCA, o que corrobora adicionalmente a hipótese operacional H3B.

Após conhecer o grau de associação existente entre os RCM de auditores e contadores, e os resultados da MANOVA, conclui-se que as hipóteses operacionais H4A e H4B devem ser

falseadas de acordo com cada premissa de igualdade entre os grupos. Essas hipóteses foram utilizadas para operacionalizar o teste da hipótese H4, onde a preocupação com o impacto

social do julgamento culmina com a avaliação de riscos e benefícios, acerca da continuidade operacional da companhia auditada, processada no espaço de decisão social (EDS), de acordo com Rocha e Rocha (2011) e Singer (2009).

Assim, a maximização dos julgamentos iniciais (J1), para o grupo de auditores, não apresentou indícios acerca da associação entre os percentuais apresentados e o EDS, evidenciando o vínculo desses percentuais à codificação da decisão (neurônios parietais) e ao planejamento das ações (neurônios frontais). Vale ressaltar que auditores e contadores apresentaram elevados valores médios de continuidade operacional (estatisticamente semelhantes). A associação da maximização com a atividade do eletrodo FZ, nos contadores, representa forte indício da ativação de neurônios do CCA, caracterizados pela ocorrência de conflitos, e classificados por Singer (2009) como parte das redes cerebrais envolvidas na compreensão de terceiros.

Com relação à minimização dos percentuais de julgamentos iniciais (J1), observada no Mapa Cognitivo de Regressão, os contadores minimizaram os julgamentos de acordo com a ativação de neurônios dos lobos temporais posteriores. Dessa forma, destaca-se que o Espaço de Decisão Social (EDS) associa a avaliação de riscos e benefícios sociais aos julgamentos de continuidade operacional, através da emissão de menores percentuais nas estimativas requeridas.

No Mapa Cognitivo de Regressão do segundo julgamento (J2), mais uma vez, indícios que vinculam a avaliação de riscos e benefícios dos contadores ao EDS são destacados. Após acessarem informações positivas, ou evidências que corroboram a hipótese de continuidade operacional, os contadores ativaram mais intensamente os neurônios do lobo temporal direito na redução dos percentuais apresentados.

Após acessarem informações negativas, ou evidências que refutam a hipótese de continuidade operacional, acerca da companhia auditada, os auditores maximizaram os percentuais de

continuidade operacional (J3) no lobo temporal direito e minimizaram estas estimativas nos lobos parietal e temporal, que poderiam estar registrando a atividade do córtex do sulco temporal superior, junção temporo-parietal e pólo temporal. Os contadores ainda maximizaram os julgamentos no lobo temporal esquerdo e no lobo medial frontal, caracterizando a avaliação de riscos e benefícios no espaço de decisão social (EDS).

Considerando a percepção dos indivíduos acerca do risco de descontinuidade operacional da companhia auditada até o final do próximo exercício, as únicas alternativas aceitáveis de relatórios do auditor independente seriam os sem modificação (sem risco de descontinuidade operacional) e sem modificação e com parágrafo de ênfase (com risco de descontinuidade operacional). Com isso, a minimização dos pareceres, em direção a um dos relatórios corretos, requereu a ativação do lobo temporal esquerdo dos contadores, evidenciando influência da avaliação de riscos e benefícios através do EDS. Entretanto, apesar da menor intensidade, neurônios do lobo temporal apareceram associados à maximização dos relatórios emitidos por auditores e contadores.

Nesse cenário, conforme apresentado no Quadro 20, a hipótese fisiológica H4 encontra-se

corroborada. Apesar dos contadores apresentarem maior frequência de maximização (minimização) da probabilidade de continuidade operacional, de acordo com a percepção de benefício (risco), na perspectiva do espaço de decisão social (EDS), a MANOVA não encontra diferenças significativas entre os grupos. Com isso, os contadores maximizaram os julgamentos 1 e 3, além de apresentarem maximização moderada do parecer e minimização dos julgamentos 1, 2 e decisão final (relatório do auditor independente). Os auditores também apresentaram indícos de raciocínio baseado na percepção de terceiros para o julgamento 3 (maximização e minimização) e decisão final (maximização).

Quadro 20 – Principais achados (Teste das hipóteses)

Hipóteses Resultado do teste Discussão

C omp or tam e n ta is H1: Os indivíduos apresentam

maior sensibilidade às evidências desfavoráveis, quando da revisão de suas estimativas iniciais.

Hipótese corroborada, de acordo com a teoria de atualização de crenças, quando os grupos apresentaram maior sensibilidade às informações negativas.

Em proporções

estatisticamente

semelhantes, os grupos apresentam julgamentos enviesados, conforme aponta Hogarth e Einhorn (1992).

H2: As evidências apresentadas

produzem julgamentos de

Hipótese corroborada, pois os grupos não apresentaram

continuidade operacional similares, por parte dos Auditores e Contadores.

diferenças significativas entre seus julgamentos. F is io lóg ic as

H3: Auditores apresentam padrão

homogêneo de processamento cerebral, enquanto os contadores evidenciam maior conflito (esforço cognitivo), durante a avaliação da continuidade operacional da companhia auditada.

Hipótese corroborada através da observação de raciocínio bem definido por parte dos auditores e maior conflito cerebral durante o processo decisório dos contadores.

Apesar de apresentarem julgamentos enviesados, o cérebro dos auditores e contadores processam as informações pelo uso de diferentes recursos neurais.

H4: A avaliação de riscos e

benefícios no julgamento acerca da continuidade operacional da companhia auditada é processada no espaço de decisão social

(EDS). Hipótese corroborada, em função

da inexistência de diferenças significativas entre os RCM dos grupos

Existiram indícios acerca da maximização (minimização) dos julgamentos em áreas cerebrais associadas à identificação das necessidades e motivações atreladas ao relacionamento do indivíduo com o seu grupo social. O que apresenta uma contribuição às hipóteses levantadas por Dickhaut (2009) e Dickhaut

et al. (2010).