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4. ANÁLISE DE DADOS

4.2. Estimação do modelo

Tal como referido anteriormente, a metodologia utilizada para testar o modelo proposto foi o PLS através do software SmartPLS 3.0. O PLS é uma abordagem baseada na minimização das variâncias dos resíduos, pelo que a razão que levou à escolha deste método foi o facto de este software permitir trabalhar com dados que não seguem uma distribuição normal e quando a dimensão da amostra é reduzida esta técnica é considerada robusta (Hulland, 1999).

Tal como sugerido por Henseler et al (2016), o modelo de investigação utilizado foi analisado em duas fases, primeiramente usando o modelo de medida que especifica as relações entre os constructos e os indicadores observados e em segundo lugar usando o modelo estrutural que especifica as relações entre os constructos.

4.2.1 Modelo de Medida

A avaliação do modelo de medida é realizado tendo por base a validade do conteúdo, fiabilidade individual dos indicadores, validade convergente, fiabilidade dos constructos e validade discriminante.

Relativamente à validade de conteúdo esta é obtida através da elaboração da revisão de literatura e do contributo das abordagens dos autores estudados que testaram anteriormente os indicadores. Deste modo é possível garantir que estes indicadores medem adequadamente as variáveis latentes usadas.

Quanto à fiabilidade individual dos indicadores é avaliada através dos pesos (loadings) dos indicadores em cada uma das respetivas variáveis latentes.Devem ser aceites os indicadores cujos pesos sejam superiores ou iguais a 0,7, o que implica que há mais variância partilhada entre o constructo e a sua medida do que a variância do erro (Carmines & Zeller, 1979). Os indicadores finais considerados para medir cada uma

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das variáveis latentes do modelo conceptual proposto são apresentados no anexo D. Como é possível verificar os valores dos loadings são todos superiores a 0,7, à exceção dos pesos dos indicadores CE1, ED4 e PRS4, cujos pesos foram excluídos deste modelo de análise. Relativamente ao item CE2 da variável latente “Compras Ecológicas”, este possui um valor de 0,694, no entanto decidiu-se manter este item no modelo. O valor de loading da variável CE2 encontra-se muito perto do valor mínimo de 0,7 e é considerado importante do ponto de vista teórico e os valores de AVE e CR cumprem os requisitos mínimos estipulados na literatura. Importa referir que todos os indicadores apresentam um p-value inferior a 0,001, sendo por isso significativos.

De forma a avaliar a validade convergente que testa a correlação existente entre cada medida com outras medidas do constructo, foi utilizada a variância média extraída (AVE) proposta por Fornell e Lacker (1981). A AVE mede a percentagem da variância total dos indicadores que é explicada pela variável latente, sendo que o valor de AVE deverá ser igual ou superior a 0,5, o que significa que pelo menos 50% da variância do indicador é explicada pela variável latente (Fornell & Larcker, 1981). Os valores obtidos neste estudo estão indicados no anexo D, importa referir que o valor mínimo obtido foi de 0,639 para a variável latente “Performance Económica” e o valor máximo foi de 0,731 para a variável latente “Performance Social”, indicando que existe validade convergente.

A fiabilidade de cada um dos constructos é medida através da composite

reliability (CR), de acordo com Fornell e Lacker (1981). O valor do CR deve ser sempre

igual ou superior a 0,7, tal como referido por Nunnally (1978), de forma a indicar a sua fiabilidade dos constructos. No anexo D é possível verificar a fiabilidade de todos os constructos, uma vez que a variável latente “Performance Económica” apresenta o valor mínimo de 0,898 e a “Performance Social” o valor máximo de 0,942.

Relativamente à validade discriminante, esta indica se cada variável de medida de uma dada variável latente está ou não correlacionada com outras variáveis de medida de outros constructos (Hulland, 1999). Um dos principais critérios para verificar a validade discriminante é comparar a raiz quadrada de AVE de um dado constructo com a correlação entre este e qualquer outro constructo, sendo que a raiz quadrada de AVE

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deverá ser superior (Henseler et al, 2016). A validade discriminante foi comprovada, como se pode verificar na tabela XII, uma vez que os valores da raiz quadrada de AVE (na diagonal a negrito) são superiores a todas as correlações entre as variáveis latentes que estão fora da diagonal, nas respetivas linhas e colunas.

Tabela XII - Matriz de correlações

Variáveis Latentes GAI CE ED PRS PA PE PS

Gestão Ambiental Interna (GAI) 0.837 Compras Ecológicas (CE) 0.588 0.842

Design Ecológico (ED) 0.487 0.462 0.833 Produção Sustentável (PRS) 0.565 0.403 0.663 0.804 Performance Ambiental (PA) 0.561 0.405 0.501 0.727 0.804 Performance Económica (PE) 0.378 0.364 0.370 0.486 0.581 0.799 Performance Social (PS) 0.522 0.454 0.521 0.607 0.730 0.644 0.855

Fonte: Elaboração Própria

4.2.2 Modelo Estrutural

O modelo estrutural foi analisado para toda a amostra, tendo por base a variância explicada (R2) e a intensidade dos coeficientes () das relações das variáveis. A

variância explicada (R2) permite entender quanto é que cada variável endógena é

explicada pelo modelo, sendo que a variância explicada deve ser igual ou superior a 10% (Falk & Miller, 1992). No entanto segundo a interpretação exata o R2 depende da área

de investigação. Em geral, os valores de R2 de 25%, 50% e 75% são considerados fracos,

médios e substanciais, respetivamente (Hair et al, 2013).

Na tabela XIII são indicados os valores de R2 obtidos para cada uma das variáveis

endógenas, sendo que o maior valor é de 54,4% para a variável “Performance Ambiental”, ou seja, 54,4% da variância da variável é explicada pelas variações nas práticas internas sustentáveis, o que segundo Hair el al (2013) é uma variância explicada média e o menor valor de R2 é de 23,7% para a variável “Design Ecológico”, ou seja 23,7%

da variância da variável é explicada pelas variações na variável da Gestão Ambiental Interna, o que segundo Hair el al (2013) é uma variância explicada fraca. No entanto todos os valores de R2 são iguais ou superiores a 10% tal como referido por Falk e Miller

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Tabela XIII - Valores de R2 das variáveis endógenas do modelo conceptual

Fonte: Elaboração Própria

Henseler et al (2016) recomenda avaliar o fator de inflação da variância (VIF), uma vez que valores de VIF muito altos indicam a existência de multicolinearidade. Segundo Hair et al (2012) os valores de VIF devem ser inferiores a 5, pois dessa forma demonstram que as variáveis não estão muito correlacionadas, ou seja não existe multicolinearidade, o que acontece neste estudo uma vez que todos os valores são inferiores a 2, como verificado na tabela XIV.

Tabela XIV - Valores de VIF (fator de inflação da variância)

GAI CE ED PRS PA PE PS

Gestão Ambiental Interna (GAI) 1,000 1,000 1,000 Compras Ecológicas (CE) 1,299 1,299 1,299

Design Ecológico (ED) 1,942 1,942 1,942 Produção Sustentável (PRS) 1,824 1,824 1,824 Performance Ambiental (PA) Performance Económica (PE) Performance Social (PS)

Fonte: Elaboração Própria

As técnicas propostas por Stone (1974) e Geisser (1975) podem ser utilizadas para avaliar a predictive relevance do modelo por meio da medida da validade cruzada Stone-Geisser’s Q², através da abordagem Blindfolding usada para examinar se o modelo pode prever valores de indicadores refletivos (Hair et al, 2012). Tal como sugerido por Henseler et al (2009), valores de Q² superiores a zero evidência que os valores observados estão bem reconstruídos e que o modelo apresenta validade preditiva, ou seja, o modelo prevê corretamente as variáveis endógenas, o que acontece neste modelo, como se pode comprovar na tabela XV, pois todos os valores Stone- Geisser’s Q² são superiores a 0.

Compras Ecológicas (CE) 34,50%

Design Ecológico (ED) 23,70%

Produção Sustentável (PRS) 31,90%

Performance Ambiental (PA) 54,40%

Performance Económica (PE) 27,00%

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Tabela XV - Predictive Relevance

SSO SSE Stone-Geisser’s

Gestão Ambiental Interna (GAI) 888.000 888.000 Compras Ecológicas (CE) 1.332.000 1.043.194 0.217

Design Ecológico (ED) 1.110.000 940.408 0.153

Produção Sustentável (PRS) 1.332.000 1.081.113 0.188

Performance Ambiental (PA) 1.554.000 1.056.232 0.320

Performance Económica (PE) 1.110.000 936.507 0.156

Performance Social (PS) 1.332.000 947.551 0.289 Fonte: Elaboração Própria

De forma a avaliar o nível de significância estatística dos coeficientes estruturais () como dos pesos (loadings), foi usado o método não paramétrico de bootstrapping (amostragem com reposição), para estimar de novo os parâmetros. Foram usadas 5000 subamostras para “correr” o bootstraping, tal como sugerido por Hair et al (2012).

As estimativas dos parâmetros e os valores da estatística T para cada coeficiente são apresentados na tabela XVI, sendo que é possível perceber que das 12 hipóteses apenas 9 foram suportadas.

Tabela XVI - Coeficientes estimados () e estatística T para as relações estruturais

Hipóteses Testadas T-Value Hipótese

Suportada?

H1a: Gestão Ambiental Interna -> Compras Ecológicas 0,588 15,048** Sim

H1b: Gestão Ambiental Interna -> Design Ecológico 0,487 8,827** Sim

H1c: Gestão Ambiental Interna -> Produção Sustentável 0,565 11,365** Sim

H2a: Compras Ecológicas -> Performance Ambiental 0,137 2,647* Sim

H2b: Compras Ecológicas -> Performance Económica 0,196 3,025* Sim

H2c: Compras Ecológicas -> Performance Social 0,219 3,963** Sim

H3a: Design Ecológico -> Performance Ambiental -0,014 0,206ns Não

H3b: Design Ecológico-> Performance Económica 0,018 0,211ns Não

H3c: Design Ecológico -> Performance Social 0,135 1,681ns Não

H4a: Produção Sustentável -> Performance Ambiental 0,681 10,858** Sim

H4b: Produção Sustentável -> Performance Económica 0,395 4,907** Sim

H4c: Produção Sustentável -> Performance Social 0,429 5,570** Sim

Fonte: Elaboração Própria

As hipóteses H1a, H1b e H1c, que propõem que a gestão ambiental interna influencia positivamente a adoção de práticas de compras ecológicas, design ecológico e produção sustentável, respetivamente, são fortemente suportadas com ( = 0,588; p<0,001) para as compras ecológicas, ( = 0,487; p<0,001) para o design ecológico e

Legenda:

* P<0,01; **P<0,001 ns - não suportada

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( = 0,565; p<0,001) para a produção sustentável. Estes resultados estão de acordo com os obtidos por Green et al (2012) de que o comprometimento ambiental por parte da gestão de topo leva à implementação de práticas sustentáveis.

As hipóteses H2a, H2b e H2c que defendem que as compras ecológicas influenciam positivamente a performance ambiental, económica e social, respetivamente, foram suportadas. No entanto a H2a e H2b são suportadas para p<0,01 com  =0,137 e  = 0,196, respetivamente e a H2c é suportada para p<0,001 com  = 0,219. Estes resultados apoiam a influência positiva obtida por Paulraj (2011) entre as compras ecológicas e a perfomance ambiental e por Zailini et al (2012) e Paulraj (2011) entre as compras ecológicas e a performance económica e social.

Em relação às hipóteses H3a, H3b e H3c, estas referem que a existência de práticas de design ecológico tem um impacto positivo na performance ambiental, económica e social, respetivamente. Os resultados apresentados demonstram que as hipoteses não foram suportadas com (=-0,014; n.s) para a performance ambiental, (=0,018; n.s) para a performance económica e (=0,135; n.s) para a performance social. Estes resultados apoiam o estudo de Green et al (2012) e Vijayvargy e Agarwal (2014) onde não foi comprovada a influência significativa relativamente à performance económica, no entanto contrariam o estudo de Zailani et al (2012), onde foi encontrada uma relação positiva significativa tanto para a performance ambiental como para a social.

As hipóteses H4a, H4b e H4c postulam a existência de um impacto positivo da adoção de práticas de produção sustentável na performance ambiental, económica e social, respetivamente. Constatou-se que todas as hipóteses foram fortemente suportadas ( = 0,681; p<0,001) para a performance ambiental, (=0,395; p<0,001) para a performance económica e (=0,429; p<0,001) para a performance social. Os resultados obtidos estão de acordo com as conclusões obtidas no estudo de Rao e Holt (2005) para a performance ambiental e económica e com o estudo de Abdul-Rashid et

al (2017) que encontrou um efeito positivo significativo entre as práticas de produção

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Na tabela XVII são apresentadas as estimativas dos parâmetros e os valores da estatística T, referentes às diferenças entre os coeficientes para empresas certificadas e não certificadas pela norma ISO 14001. Tal como se pode verificar na tabela XVII apenas foram encontradas diferenças significativas em empresas certificadas pela ISO 14001 na relação entre a gestão ambiental interna e as compras ecológicas.

Tabela XVII - Coeficientes estimados () e estatística T para as hipóteses moderadoras testadas

Hipóteses Moderadoras Testadas c-nc p-Value Hipótese

Suportada?

H5a

Gestão Ambiental Interna -> Compras Ecológicas 0,142 0,042* Sim Gestão Ambiental Interna -> Design Ecológico 0,038 0,622 ns Não

Gestão Ambiental Interna -> Produção Sustentável 0,072 0,741 ns Não

H5b

Compras Ecológicas -> Performance Ambiental 0,144 0,868 ns Não

Compras Ecológicas -> Performance Económica 0,120 0,264 ns Não

Compras Ecológicas -> Performance Social 0,212 0,956 ns Não

Design Ecológico -> Performance Ambiental 0,028 0,432 ns Não

Design Ecológico -> Performance Económica 0,043 0,600 ns Não

Design Ecológico -> Performance Social 0,024 0,554 ns Não

Produção Sustentável -> Performance Ambiental 0,030 0,414 ns Não

Produção Sustentável -> Performance Económica 0,021 0,536 ns Não

Produção Sustentável -> Performance Social 0,052 0,357 ns Não

Fonte: Elaboração Própria

Nota: c-coeficientes para empresas certificadas pela ISO 14001 e nc -coeficientes

para empresas não certificadas pela ISO 14001.

Relativamente à hipótese H5a que propõe que a certificação ISO 14001 influencia a relação entre a gestão ambiental interna e as práticas internas de sustentabilidade, esta foi parcialmente suportada. Apenas se verificaram diferenças na relação entre a gestão ambiental interna e as compras ecológicas ( = 0,142; p<0,05). Esta descoberta vai de encontro com os estudos de Carter et al (2000) e Nguyen e Hens (2015) relativamente à relação da gestão ambiental interna e das práticas sustentáveis, nomeadamente as compras ecológicas, no entanto contraria o estudo para o design ecológico e para a produção sustentável.

Quanto à hipótese H5b que propõe que a certificação pela ISO 14001 influencia a relação entre as práticas internas de sustentabilidade e a performance sustentável, não é suportada, o que apoia o estudo de Boiral e Henry (2012) em que não foi

Legenda:

* P<0,05 ns - não suportada

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encontrada uma relação positiva entre as práticas sustentáveis e a performance ambiental para empresas certificadas. Existem casos em que a influência da certificação ISO 14001 na relação entre as práticas sustentáveis e a performance sustentável não gera melhorias em nenhuma das três performances (TBL), tal como refere o estudo de Esty e Winston (2006).

5. Conclusões

O objetivo do presente trabalho final de mestrado é estudar a relação entre as práticas internas de sustentabilidade (compras ecológicas, design ecológico e produção sustentável) e a performance sustentável (vertente ambiental, económica e social), de forma a entender se a certificação ISO 14001 tem um efeito moderador nestas relações. Para este propósito foram estudadas empresas certificadas e não certificadas pela norma ISO 14001. Neste modelo foi testada a relação entre a gestão ambiental interna e as práticas internas de sustentabilidade, sendo que esta relação se manifestou positiva e significativa para todas as práticas. Os resultados desta investigação demonstraram que as práticas internas de sustentabilidade, exceto o design ecológico, têm uma relação positiva e significativa com todas as dimensões da performance sustentável.

O modelo não suporta a relação entre o design ecológico e a performance sustentável, o que contraria os estudos de Zailani et al (2012), Rao e Holt, (2005) e Jackson et al (2016). De forma geral podemos concluir que a amostra em estudo de empresas de manufatura portuguesas ainda não se foca muito no design ecológico como prática sustentável de melhoria de performance, mas sim noutras práticas como as compras ecológicas e a produção sustentável. Este facto pode ser visto pelas empresas como uma oportunidade de melhoria, uma vez que estas podem vir a focar-se na prática do design ecológico como uma mais-valia para gerar uma melhor performance sustentável, tanto em termos ambientais e económicos como em termos sociais.

Relativamente ao estudo da variável moderadora, ou seja, a influência da certificação ISO 14001 nestas relações, os resultados demostraram que a gestão ambiental interna tem uma relação positiva e significativa com as compras ecológicas sendo que esta é mais forte para as empresas certificadas pela norma ISO 14001. Ou seja, quando uma

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empresa se certifica pela ISO 14001 a sua gestão ambiental interna foca-se em melhorar as suas práticas ambientais em termos de compras ecológicas, o que vai de encontro com a preocupação por parte da gestão de topo e intermédia. Um dos fatores que pode fazer com que a gestão de topo decida implementar práticas de compras ecológicas é devido aos rápidos efeitos abordados por Zailini et al (2012) e Green et al (2012) que descreveram a possibilidade de um "efeito multiplicador verde" que resulta na alavancagem da função de compra, resultando na extensão das práticas de compras ecológicas gerando um efeito de cadeia que leva a mudanças rápidas e profundas nos elementos sociais e ambientais globais. Outra razão pela qual as empresas certificadas pela ISO 14001 optam pela implementação de compras ecológicas, é porque a responsabilidade da implementação recai sobre os seus fornecedores, uma vez que um dos novos requisitos no caderno de encargos da empresa certificada será que os seus fornecedores sejam ecologicamente viáveis e certificados pela ISO 14001.

As restantes variáveis do modelo conceptual relativamente à variável moderadora não apresentam uma relação significativa, essencialmente porque parece não haver diferenças entre as empresas certificadas e não certificadas ao nível da relação entre as práticas internas sustentáveis e a performance sustentável, tal como referido por Esty e Winston (2006). Isto pode ser explicado uma vez que a ISO 14001, tal como referido por Jackson (1997) apenas fornece diretrizes pelas quais as organizações implementam um sistema de gestão ambiental, ou seja, a forma como é aplicada a ISO pode variar de empresa para empresa e tal como foi identificado na tabela IX os principais motivos pelos quais as empresas se certificaram foi pela conformidade com a legislação ambiental, preocupação da gestão de topo e melhoria da imagem da empresa, ou seja, não há um foco principal na melhoria da performance sustentável.

Uma das limitações do inquérito é que estuda a performance sustentável baseando- se em perceções pessoais dos inquiridos e pode não ser totalmente consistente com os resultados da empresa. O facto de o estudo ser limitado a empresas de manufatura portuguesas limita a generalização de resultados às empresas de serviços. Outra limitação identificada por Malhotra e Birks (2007) reside no facto deste estudo não ser longitudinal mas sim transversal, pois é muito provável que o comportamento das empresas mude ao longo do tempo e qualquer estudo não longitudinal falha em captar

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estas mudanças. Apesar do critério de escolha da base de dados ter por objetivo testar o modelo em empresas certificadas pela ISO 14001 e não certificadas, o número reduzido de empresas certificadas que respondeu limitou esta análise, uma vez que existia um desequilíbrio entre a amostra de empresas certificadas e não certificadas antes de a amostra ser limitada a empresas com 50 ou mais colaboradores.

Outra limitação prende-se na não realização da sugestão de Comoglio e Botta (2012) em limitar a extensão da amostra a empresas com uma certificação da ISO 14001 de pelo menos três anos, ou seja, com um mínimo de uma renovação da auditoria de certificação concluída positivamente, de forma a garantir que a implementação do sistema foi consolidada e que presumivelmente alguns objetivos ambientais já foram alcançados. Desta forma, os resultados da investigação não irão sobrestimar as melhorias relacionadas apenas com a fase inicial de implementação do SGA.

Para estudos futuros seria interessante testar o efeito da certificação ISO 14001 na relação entre as práticas internas de sustentabilidade e a performance sustentável noutros setores de indústria ou serviços, onde os estudos são mais escassos. Seria também estimulante realizar um estudo semelhante em que a variável moderadora fosse outro todo o tipo de certificação ambiental sem ser a ISO 14001 de forma a garantir resultados mais generalistas. Realizar um estudo de caso também seria positivo, uma vez que conseguiríamos obter a componente longitudinal que nos faltou neste trabalho.

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