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no nordeste do Brasil (ARAÚJO FILHO, 1982).

Em ambientes secos, estudos vêm demonstrando que tanto as herbáceas podem afetar a sobrevivência e o estabelecimento de plântulas de lenhosas quanto lenhosas podem afetar o estabelecimento das ervas (BROOKER et al., 2008; SEIFAN et al., 2010). Como o componente herbáceo é abundante na caatinga, espera-se que a dinâmica das ervas possa interferir na dinâmica regenerativa das populações lenhosas. Segundo Vieira e Scariot (2006), em áreas abertas os tapetes formados por espécies herbáceas parecem amenizar o efeito da dessecação de sementes e plântulas de espécies lenhosas, por atuar na manutenção da temperatura e umidade do solo. Dessa forma, a germinação de sementes e o início do estabelecimento de plântulas de lenhosas podem ser favorecidos pelo componente herbáceo. Segundo alguns autores a deposição gradual de biomassa herbácea no solo sob a área de influência das árvores aumenta também a matéria orgânica do solo (Mahecha et al., (1999); Andrade et al., (2002)). A vegetação devolve nutrientes ao solo através da circulação de matéria representada pela deposição de serapilheira e morte de raízes, principalmente as finas (VOGT et al., 1986).

Além das vantagens supramencionadas, tem-se também que a cobertura vegetal herbácea é considerada fator importante na definição do padrão de movimento da água em uma bacia (Garcia-Ruiz et al., 2008); assim, a remoção parcial ou total altera o comportamento hidrológico influenciando na disponibilidade hídrica e no arraste de sedimentos sólidos. O surgimento da vegetação herbácea com o raleamento permitirá a conservação dos resíduos vegetais sobre o solo, redução do escoamento superficial, aumento da infiltração, contribuindo assim para manutenção da umidade no solo (Kang et al., 2001).

4.4 Estoque de carbono na fitomassa aérea

A vegetação verde retira o gás carbônico da atmosfera através do processo da fotossíntese, convertendo-o em compostos orgânicos utilizados no crescimento e metabolismo vegetal. A taxa de produção determina a energia total disponível no ecossistema, no entanto, a energia acumulada e disponível para os consumidores é denominada produção primária líquida, esta por sua vez, pode ser estimada pela quantidade de biomassa vegetal aérea produzida (RICKLEFS, 2003). Dessa forma, as plantas lenhosas armazenam carbono em madeira e outros tecidos até a morte e a decomposição, fase que o carbono na madeira poderá

ser desprendido na forma de gás carbônico, monóxido de carbono, ou metano, ou poderá ficar incorporado no solo como substância orgânica (COSTA et al., 1997).

Após a formalização dos requisitos metodológicos no mercado de créditos de carbono, um dos aspectos mais importantes do estudo de fixação de carbono em florestas é a estimativa da biomassa, a qual deve ser obtida de forma a ser a mais próxima da real possível, sem custos excessivos (BROWN, 1997; SANQUETTA, 2002). Torna-se importante destacar que nos países em desenvolvimento, aproximadamente 38% do consumo de energia primária é contabilizado pela biomassa florestal (SIMS, 2003), portanto, a avaliação dos estoques de biomassa é uma estratégia de gestão importante para a recuperação de tais florestas. Os métodos adotados para quantificação da biomassa podem variar de destrutivos a não destrutivos, no geral, o método destrutivo permite a quantificação direta da biomassa existente. Embora, a prática não destrutiva seja mais indicada para estudos de longo prazo que visem monitorar o crescimento ao longo do tempo (KUNTSCHIK, 2004; BURGER, 2005).

A heterogeneidade de habitat principalmente nas florestas tropicais dificulta a elaboração de modelos que generalizem a fitomassa dos ecossistemas, para tal feito, extensas áreas deveriam ser derrubadas para aquisição de dados representativos. Uma alternativa proposta por Brown et al. (1989) e Wani et al., (2015), foi a utilização dos dados coletados em inventários florestais para estimar a fitomassa de áreas florestais.

A biomassa aérea das florestas tropicais secas tem sido objeto de um número razoável de trabalhos (VARGAS et al., 2008; NÁVAR, 2009; ZHU; LIU, 2015 e JANG et al., 2015), embora permaneçam menos estudadas que as florestas tropicais úmidas. Uma das maneiras de se conhecer indiretamente o estoque de carbono das florestas de maneira não destrutiva são através da determinação da biomassa e do desenvolvimento de modelos matemáticos para sua estimativa, as denominadas equações alométricas.

As equações alométricas permitem estimar a biomassa arbórea acima do solo a partir de dimensões da árvore. Tais modelos são baseados em considerações teóricas e estudos empíricos genéricos. A teoria da escala alométrica postula a existência de uma correlação universal entre a biomassa das e o diâmetro das árvores com um expoente de escala fixa próximo de 8/3 (WEST et al., 1999; ENQUIST; NIKLAS, 2001). Os modelos matemáticos, neste caso, devem estimar a biomassa e o carbono das árvores utilizando variáveis de fácil obtenção como DAP (Diâmetro a altura do peito), DAB (Diâmetro a altura da base) e altura da planta, sem que haja a necessidade de se recorrer a métodos diretos como o corte e pesagem total das árvores (MIRANDA, 2008). Esses modelos têm particular relevância no

contexto do REDD+ porque são formalmente recomendados pelo IPCC para estimar os estoques de carbono em florestas tropicais (AALDE et al., 2003; IPCC, 2006).

Porém um dos erros mais comuns na estimativa da biomassa e do carbono ocorre durante a seleção das equações alométricas (FONSECA et al., 2012). Geralmente, a biomassa florestal é estimada por uma equação alométrica comum que é geralmente aplicado sobre grandes áreas florestais (HOUGHTON, 2003). Esta incerteza na estimativa de biomassa pode ser reduzida através da utilização de equações alométrica específicas para cada ecossistema (WANG et al., 1995), pois a variação da biomassa aérea é resultado da ampla variabilidade ambiental, como a disponibilidade de água e nutrientes no solo, mudanças no uso e manejo da terra e nos estádios sucessionais (VARGAS et al., 2008; HOUGHTON et al., 2005).

Baseando-se na teoria de escala alométrica, vários autores desenvolveram recentemente modelos alométricos de biomassa regionais assumindo uma relação entre a biomassa de árvores e diâmetro das mesmas. Equações alométricas foram determinados para muitas espécies de plantas em diferentes biomas, tanto de clima temperado (TER- MIKAELIAN; KORZUKHIN, 1997) quanto tropical (KELLER et al., 2001), mas biomas tropicais semiáridos têm recebido pouca atenção (OKELLO et al., 2001). Ainda mais escassas são as determinações de equações alométricas de espécies do semiárido do nordeste brasileiro. No tocante ao bioma caatinga, as principais espécies classificadas como de ampla distribuição geográfica já tiveram suas equações alométricas desenvolvidas por Sampaio; Silva (2005) e Silva e Sampaio (2008).