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CAPÍTULO 1: METODOLOGIA DE PESQUISA

1.4 Estratégia de Análise de Dados

Para a análise dos dados coletados, foi utilizado, nesta tese, o método de análise da narrativa. O conjunto do material coletado foi composto por registros da observação direta, documentos, entrevistas semiestruturadas, fotos e vídeos. O estudo empírico se fundamentou em quatro práticas educadoras (A, B, C, D), o que correspondeu a quatro semestres letivos e a quatro festivais culturais (FAE). No final de cada prática eram analisados primeiro os registros da observação direta realizados pela professora, depois os documentos (trabalhos de reflexão continuada e estruturada dos estudantes), as entrevistas semiestruturadas, em seguida os vídeos e as fotos.

A estratégia de seguir esta ordem de análise em cada prática, se deu pelo fato de que as observações eram registradas no final das aulas e no dia de realização do festival cultural. Esses registros descreviam as observações sobre o que influenciava os estudantes no processo de ensino-aprendizagem, seus relatos de aprendizagem, suas reflexões nas aulas, como os estudantes reagiam às metas de organização do festival e como eles se comportavam diante das dificuldades e tomadas de decisões. Assim, os registros foram sendo montados, o que constituiu, observações específicas de cada prática. Depois a professora analisava os documentos que eram entregues pelos estudantes nos prazos determinados por ela. Em seguida eram analisadas as entrevistas semiestruturadas, pois elas eram realizadas em aulas específicas depois da realização do festival cultural. Os vídeos e fotos eram entregues pelos estudantes no final de cada prática de educação empreendedora, junto com o diário de bordo empreendedor (trabalho de reflexão continuada).

A estratégia de análise da narrativa aconteceu de forma dinâmica, estruturada em seis ciclos. O primeiro ciclo se deu por meio da familiarização de todo o material coletado, que proporcionou uma visão do conjunto e a indicação das principais categorias que emergiram da pesquisa empírica. Todo o material foi analisado e interpretado a partir das dimensões conceituais propostas pela pesquisa. Seguiu-se a lógica de construção dos artigos e as questões que orientaram o processo de análise de como desenvolver, implementar e aperfeiçoar um projeto de educação para o empreendedorismo cultural, descrevendo a prática da criatividade e da emoção, através da experiência de empreender um festival cultural. Durante esse primeiro ciclo de análise, emergiram as categorias de criatividade e emoção como categorias significativas para aprofundar o conceito de experiência.

O segundo ciclo correspendeu à análise dos registros das observações diretas, entrevistas semiestrutudas com os estudantes e dos documentos produzidos por eles (diário de bordo empreendedor, trabalhos de reflexão continuada e estruturada). Neste ciclo, considerou- se uma segunda rodada de análise desses materiais, com foco nas dimensões da experiência. Assim, analisou-se todo o material empírico novamente, começando pelos registros da professora sobre as observações, depois partiu-se para os documentos, em que os estudantes relataram a experiência de organizar um festival cultural e como aprenderam com isso, depois analisou-se as entrevistas semiestruturadas. Toda essa sequência de análise foi realizada nas práticas A, B, C e D de educação empreendedora. O objetivo desta análise foi descrever com atenção como foi essa experiência de aprendizagem do empreendedorismo, a fim de explicar as principais dimensões dessa experiência e as influências identificadas que possibilitaram entender os registros dos estudantes durante o processo de educação empreendedora pela

experiência. Esta análise da experiência está contemplada no artigo B: “Educação Empreendedora, Experiência e John Dewey”.

O terceiro ciclo de análise foi voltado para a dimensão da criatividade, em que, além dos registros das observações diretas, dos documentos (trabalhos de reflexão continuada) e das entrevistas semiestruturadas, os estudantes narraram e registraram suas experiências de criatividade em vídeos. Este ciclo considerou-se como uma terceira rodada de análise desses materiais, com foco nas questões da criatividade. Assim, repetiu-se a análise desse material empírico, começando pelos registros das observações diretas, depois os documentos, as entrevistas semiestruturadas e por último a análise dos vídeos. Neles, os estudantes registraram os relatos audiovisuais em que demostravam seus momentos mais criativos, em que se sentiam realizados como empreendedores durante a experiência de organizar o festival cultural e como aprenderam com isso. Toda essa sequência de análise foi realizada nas práticas A, B, C e D de educação empreendedora. A principal dimensão destacada nesta relação entre a experiência e a criatividade foi a de considerar a criatividade como um processo relacional e de experiência significativos em educação empreendedora. A análise do processo de educação empreendedora pela experiência da criatividade está estruturada no artigo C: “Creativity in Entrepreneurial Education: learning through practicing cultural entrepreneurship”.

O quarto ciclo de análise ocorreu por meio da dimensão da emoção que além dos registros das observações, documentos (trabalhos de reflexão continuada) e as entrevistas, os estudantes registraram em fotos. Assim, repetiu-se a análise desse material empírico, começando pelos registros das observações diretas, depois os documentos, as entrevistas semiestruturadas e por último a análise das fotos. Nelas, os estudantes fotografaram os momentos que consideraram de dificuldade durante o processo de ensino-aprendizagem pela experiência, descrevendo as emoções que mais afloraram nos momentos, em que se sentiam realizados como empreendedores, durante a experiência de organizar o festival cultural e como aprenderam com isso. Toda essa sequência de análise foi realizada nas práticas A, B, C e D de educação empreendedora. O artigo D: “A Experiência Emocional na Educação Empreendedora: a emoção como dinâmica de aprendizagem” descreve as narrativas dos estudantes e de como a professora também se emocionou nesse processo.

O quinto ciclo de análise da narrativa configurou na construção de um artigo pedagógio (artigo F). Neste ciclo foi analisado todo o material coletado, registros das observações, documentos (trabalhos de reflexão continuada) as entrevistas semiestruturada, vídeos e fotos. Assim, cumpriu-se um quinto cilco de rodada de análise desses materiais, com foco nas questões acerca: a) das concepções de empreendedor e ações de educação empreendedora

predominaram na pesquisa empírica; b) das principais práticas pedagógicas apresentadas na pesquisa e os seus sentidos e valores no decorrer do processo de ensino-aprendizagem; c) da importância do processo experiencial na melhoria da aprendizagem empreendedora proporcionada pelo caso empírico. Assim, repetiu-se a análise do conjunto do material, começando pelos registros das observações diretas, depois para os documentos, as entrevistas semiestruturadas e por último a análise dos vídeos e fotos. Foi buscando as informações sobre as questões e verificando elementos nas quatro práticas que foram importantes para construir o caso para ensino: “Educação Empreendedora pela Experiência: o caso do Festival de Artes Empreendedoras em Itabaiana”. Este caso para ensino descreve as experiências dos estudantes e da professora no contexto da sala de aula. Os nomes e informações não são reais, mas as ações, experiências e práticas foram extraídas das informações da pesquisa empírica.

O sexto ciclo corresponde ao artigo F: “Educação empreendedora na Europa: um panorama de experiências”, que descreve, sistematiza e discute as experiências universitárias da educação empreendedora na Europa. A pesquisadora, durante o doutorado sanduíche na

Copenhague Business School (Dinamarca), visitou as principais escolas europeias de

Administração com foco em empreendedorismo e entrevistou professores e pesquisadores da área. Na análise dessas entrevistas, este sexto ciclo se beneficiou dos ciclos anteriores, pois eles ajudaram a entender melhor e analisar as diferenças entre os estilos tradicionais e os modelos mais arrojados de educação empreendedora. Com a experiência analítica dos artigos anteriores, a pesquisadora pôde oferecer uma interpretação mais reflexiva sobre o tema da educação empreendedora e contribuir para a construção do artigo.

Em suma, a perspectiva da narrativa conferiu ao conjunto do material empírico maior atenção na relação entre as histórias individuais dos estudantes e o meio de investigar as qualidades emocionais e constitutivas da realidade (CZARNIAWSKA, 2004; RIESSMAN, 2008; GUBRIUM; HOLSTEIN, 2009; MAITLIS, 2012; KIM, 2016; GABRIEL, 2018). Esse método de análise ajudou a entender os significados que vão mais adiante das mensagens concretas que foram coletadas nessa pesquisa.

A análise da narrativa contribuiu também para compreender a explicação das histórias contadas pelos estudantes por meio de opiniões, ações individuais e grupais, apanhadas em um contexto de dados textuais (BOJE, 1991). Com o auxílio da análise da narrativa foi possível interpretar os fatos a partir das experiências vividas pelos estudantes durante o processo de educação empreendedora.

CAPÍTULO 2: EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA: AVANÇOS E DESAFIOS