• Nenhum resultado encontrado

5 ESTRATÉGIA DE IMPLEMENTAÇÃO

No documento WASHINGTON FERNANDO DA SILVA (páginas 29-34)

Nesta seção encontram-se a estratégia de implementação que é sugerida para implantação a qual pretende ser uma trilha para inspirar os agentes públicos que desejam implantar a política pública, seguindo 9 passos, os quais são detalhados a seguir:

[1] Criar Estrutura Organizacional dedicada a política – A sinalização clara da vontade política e estratégica de implementar esta política é dada quando uma estrutura e uma equipe, mesmo que pequena, é designada para dedicar-se a criação e desenvolvimento desta política pública. Sem esta decisão, dificilmente uma política ganhará força institucional para superar os obstáculos, já estudados nesta pesquisa, inerentes ao setor público.

[2] Institucionalização da Política – A institucionalização através da edição de uma norma interna, além de respaldar a implantação quanto ao princípio da legalidade, traz legitimidade e expõe institucionalmente as diretrizes que serão perseguidas, ainda que em fases. Nesta institucionalização é importante abarcar edição de normas jurídicas que criem um ambiente minimamente viável para o início do desenvolvimento da atividade intraempreendedora e de inovação no ambiente administrativo público.

[3] Priorizar Cultura – Segundo nossa análise e discussões sobre os resultados da pesquisa bibliográfica e pesquisa-formação, o maior desafio para desenvolvimento do intraempreendedorismo e inovação no setor público é a cultura organizacional e atitude dos indivíduos refratários às mudanças. Esta força inercial causada pela rigidez da burocracia e pela cultura organizacional tornam a implantação da política um grande desafio. Portanto, é necessário “arar a terra antes de semeá-la”, o desenvolvimento de ações como capacitações, eventos, imersões, campanhas de comunicação, reconhecimento através de premiações podem diminuir a resistência e proporcionar oportunidades de implantação de projetos experimentais por adesão voluntária.

Com tempo, pode ser que haja um transbordamento do mindset intraempreendedor inovador a partir da rede de agentes formados espontaneamente através das ações de sensibilização e formação, dado que, segundo a pesquisa um agente com atitudes intraempreendedoras em seu ambiente de trabalho pode influenciar positivamente o

engajamento dos colegas não-empreendedores e o desempenho geral do seu setor (BIERWERTH et al., 2015; KRAUS et al., 2019).

[4] Crie ambiente jurídico favorável – A insegurança jurídica, aversão a risco, responsabilização administrativa, falta de respaldo jurídico para intraempreender e inovar são barreiras citadas pelos servidores públicos, entrevistados nesta pesquisa, que devem ser transpostas para fluidez da atividade intraempreendedora e de inovação. Nos contextos governamentais não é difícil desenvolver inovações sem bases normativas que garantam ao cumprimento do princípio constitucional da legalidade. Sendo assim, recomenda-se que Governo, por meio de sua equipe designada, envide esforços para criar e editar leis, decretos, resoluções e outros tipos de normas que possam lastrear a inovação corporativa de forma desenvolta, flexível e perpétua no setor público.

[5] Implementar projeto experimental – Em nossa análise, a tentação de tentar implantar esta política topdown de forma autocrática e coercitiva em toda administração pública deve ser vencida. Segundo resultados desta pesquisa, é salutar que esta política inicie como experimento em órgãos ou entidades que interajam diretamente com os cidadãos ou que produzam produtos e serviços (MARKOPOULOS; VANHARANTA, 2019). Isto justifica-se, pela propensão de obter impactos mais relevantes na ótica social e política, o que, em tese, daria maior impulso à escalar a política para outras dimensões intragovernamentais (MARKOPOULOS; VANHARANTA, 2019).

[6] Tornar a área central de intraempreendedorismo um laboratório – “Casa de ferreiro, espeto de pau” é um ditado popular que sinaliza o que não deveria acontecer. A referência e inspiração para atrair e motivar servidores públicos e instituições do governo para adesão à política pode ser a própria unidade organizacional criada para criar a política, para tanto, é importante imaginar que esta área é um laboratório experimental no qual os conceitos, cultura, princípios, métodos, tecnologias podem ser testados com devidas métricas de avaliação. O ambiente físico, tecnológico e cultural dessa unidade pode se tornar uma vitrine para disseminar a política para os demais órgãos e entidades do Governo. Dentro das possibilidades, vale a pena implantar uma infraestrutura física e tecnológica criativa e inovadora para servir como símbolo da quebra de paradigma organizacional e transformação do serviço público através do intraempreendedorismo e inovação.

[7] Comunicar os resultados de forma enfática e ampla – Em nossa análise, é importante que se invista em um plano de comunicação interna e externa para propagar os conceitos, casos, programas, ações e resultados desta área para que a política capitalize apoio social e político.

[8] Construa parcerias – A articulação de atores existentes no ecossistema de intraempreendedorismo e inovação é importante para consolidar um Sistema Estadual de Intraempreendedorismo e Inovação, desenvolver a inovação aberta, angariar recursos para inovação em práticas públicas e dar estabilidade para política pública com apoio institucional múltiplo e articulado.

[9] Padronizar para escalar – É sugerido que sejam criados procedimentos e ferramentas para gestão da inovação, gestão de propriedade intelectual e transferência de tecnologia, gestão de projetos e inovação aberta. Estes modelos devem ser desenhados em uma perspectiva de permitir replicabilidade com baixo custo, tornando o apoio da equipe central escalável para todo governo. Isto pode ser possível através da utilização de tecnologia e automação, geração e disponibilização de conteúdo digital, chatbots, mentorias coletivas e orientação virtual.

REFERÊNCIAS

BAKKER, A. B.; DEMEROUTI, E. Job Demands–Resources Theory. In: Wellbeing. [s.l.] American Cancer Society, 2014. p. 1–28.

BAKKER, A. B.; VAN VELDHOVEN, M.; XANTHOPOULOU, D. Beyond the Demand-Control Model. Journal of Personnel Psychology, v. 9, n. 1, p. 3–16, 1 jan. 2010.

BERMAN, E. M. et al. Executive Entrepreneurship in National Departments. Administration & Society, v. 51, n. 6, p. 855–884, 4 abr. 2017.

BIERWERTH, M. et al. Corporate entrepreneurship and performance: A meta-analysis. Small Business Economics, v. 45, n. 2, p. 255–278, 1 ago. 2015.

BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Sponsors: _:n653. 5 out. 1988.

BRASIL. 10973. LEI No 10.973, DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004. Sponsors: _:n1086. 2 dez. 2004. BRASIL. 5563. DECRETO No 5.563, DE 11 DE OUTUBRO DE 2005. . 11 out. 2005.

BRASIL. 085. EMENDA CONSTITUCIONAL No 85, DE 26 DE FEVEREIRO DE 2015. . 26 fev. 2015.

BRASIL. 13.243. LEI No 13.243, DE 11 DE JANEIRO DE 2016. Sponsors: _:n665. 11 jan. 2016. BRASIL. 9283. DECRETO No 9.283, DE 7 DE FEVEREIRO DE 2018. . 7 fev. 2018.

CAVALCANTE, P. et al. (EDS.). INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO: Teoria, Tendências e casos no Brasil. 2a ed. BRASÍLIA: ENAP, 2017.

EGGERS, W. D.; SCHATSKY, D.; VIECHNICKI, P. AI-augmented government Using cognitive technologies to redesign public sector work. AI-augmented government Using cognitive

technologies to redesign public sector work, 26 abr. 2017.

FOX, C. J. Reinventing government as postmodern symbolic politics. Public Administration Review, p. 256–262, 7 ago. 2001.

GALLI, B. J. Reflection of literature on using lean innovation models for Start-Up ventures. Journal of Modern Project Management, v. 7, n. 3, p. 6–18, 2019.

GAWKE, J. C.; GORGIEVSKI, M. J.; BAKKER, A. B. Employee intrapreneurship and work engagement: A latent change score approach. Journal of Vocational Behavior, v. 100, p. 88–100, jun. 2017a.

GAWKE, J. C.; GORGIEVSKI, M. J.; BAKKER, A. B. Personal costs and benefits of employee intrapreneurship: Disentangling the employee intrapreneurship, well-being, and job performance relationship. Journal of Occupational Health Psychology, v. 23, n. 4, p. 508, 28 dez. 2017b. HUGHES, M. et al. Innovative Behaviour, Trust and Perceived Workplace Performance. British Journal of Management, v. 29, n. 4, p. 750–768, 2018.

KRAUS, S. et al. Individual entrepreneurial orientation and intrapreneurship in the public sector. International Entrepreneurship and Management Journal, v. 15, n. 4, p. 1247–1268, 1 dez. 2019. LANGER, J.; FEENEY, M. K.; LEE, S. E. Employee Fit and Job Satisfaction in Bureaucratic and Entrepreneurial Work Environments. Review of Public Personnel Administration, v. 39, n. 1, p. 135–155, 1 fev. 2017.

LEWIS, J. M.; MCGANN, M.; BLOMKAMP, E. When design meets power: Design thinking, public sector innovation and the politics of policymaking. Policy and politics, v. 48, n. 1, 2020.

LIDDLE, J.; MCELWEE, G. Theoretical perspectives on public entrepreneurship. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, 2 set. 2019.

MARKOPOULOS, E.; VANHARANTA, H. Public Sector Transformation via Democratic

Governmental Entrepreneurship and Intrapreneurship. International Conference on Human Systems Engineering and Design: Future Trends and Applications, p. 867–877, 14 ago. 2019.

MARQUES, C. S.; VALENTE, S.; LAGES, M. The influence of personal and organisational factors on entrepreneurship intention: An application in the health care sector. Journal of Nursing

Management, v. 26, n. 6, p. 696–706, 1 set. 2018.

MARTUSCELLI, D. E. A ideologia do “presidencialismo de coalizão”. Lutas Sociais, v. 24, p. p.60-69, 2010.

MORRIS, M. H.; JONES, F. F. Entrepreneurship in Established Organizations: The Case of the Public Sector. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 24, n. 1, p. 71–91, 1 out. 1999.

PELLOSI, F. S. O gerenciamento de projetos aplicado em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação no âmbito agronômico. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, v. 03, n. 12, p. 53–90, 12 dez. 2019.

PERRY-SMITH, J.; MANNUCCI, P. V. From creativity to innovation: The social network drivers of the four phases of the idea journey. The Academy of Management Review, v. 42, p. 53–79, 1 jan. 2017.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. 10973. LEI No 10.973, DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004. . 2 dez. 2004.

SILVA, W. F. D. INTRAEMPREENDEDORISMO INOVADOR NO SETOR PÚBLICO: Pesquisa e Propostas Para Política Pública Institucional. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO— CUIBÁ: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO, 2021.

SINNI, G. Participatory Design for Public Services. Innovation in Public Administration. Design Journal, v. 20, n. sup1, p. S3368–S3379, 2017.

VASCONCELOS, L.; AMOEDO, A. The “mount your school” case and the contribution of design thinking in public education in brazil. Smart Innovation, Systems and Technologies, v. 198 SIST, p. 268–279, 2021.

ANEXO A – PORTARIA QUE INSTITUI GRUPO DE TRABALHO PARA

No documento WASHINGTON FERNANDO DA SILVA (páginas 29-34)

Documentos relacionados