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Estratégias a utilizar perante Alunos com Necessidades Educativas

4. Realização da Prática Profissional

4.7. Desenvolvimento Profissional

4.7.2. Estudo – Necessidades Educativas Especiais na Aula de Educação

4.7.2.5. Estratégias a utilizar perante Alunos com Necessidades Educativas

A presença de alunos com NEE na aula de EF foi, como referi anteriormente, uma realidade com que me deparei. E, no sentido de uma apropriada e eficaz atuação junto destes estudantes verifiquei que seriam necessárias certas modificações e adaptações na aula.

Como afirmam Liberman e Houston-Wilson (2002), por vezes, é fundamental realizar alterações ao equipamento, às regras, ao ambiente, e à instrução para que os alunos com NEE possam participar de forma ativa em diferentes modalidades. Os mesmos autores indicam possíveis modificações a adotar nas diferentes áreas.

Relativamente ao equipamento, as razões que levam à sua adaptação podem ser a falta de visão ou audição, a mobilidade limitada, a força de preensão limitada ou a diminuição da função cognitiva. Assim, algumas modificações no material, nunca esquecendo que este deve estar adequado às idades dos alunos, são, por exemplo, o uso de raquetes mais longas, bolas mais suaves, luvas de velcro e fios-guia.

Quanto às regras, alguns exemplos de adaptações incluem a diminuição do ritmo de jogo, a eliminação de algumas das regras originais, o aumento ou a

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limitação da responsabilidade durante a tarefa, a confirmação de que todos os alunos estão envolvidos antes de uma equipa marcar. É também possível que o professor opte por modificar completamente a tarefa em vez de alterar as regras, adaptando-a à criança com NEE.

Em relação às modificações ambientais, por vezes, a sua necessidade não é evidente, mas aquando da sua aplicação o contributo para o sucesso das crianças é patente. Alguns exemplos são a diminuição das distrações, o aumento das indicações visuais, a diminuição do ruído, a alteração da iluminação e o aumento da acessibilidade ao espaço de jogo.

No que concerne à instrução, diversas são as indicações que o professor pode seguir para que todos os alunos o compreendam. O professor deve utilizar uma linguagem clara, específica e concisa e caso não seja compreendido deve procurar explicar com outras palavras e até utilizar a demonstração. A demonstração deve ser feita no campo de visão dos alunos e quando o professor sente que não é capaz de realizar corretamente o que pretende deve solicitar a ajuda de um aluno. O professor deve ser capaz de observar e corrigir o aluno, orientando-o para a realização correta da habilidade. Sempre que, durante a correção, for necessário tocar no estudante o professor deve informá-lo disso.

Todas estas indicações aliadas a uma variedade de estilos de ensino serão essenciais para uma instrução eficaz. O estilo de ensino utilizado pelo professor dependerá do objetivo da aula, do seu conteúdo e dos alunos. No estilo por comando o professor controla todas as decisões; no estilo por tarefa o professor desenvolve uma série de tarefas que levam à concretização de um objetivo; no estilo por descoberta guiada o professor utiliza perguntas ou afirmações para que os estudantes descubram as soluções e o estilo de resolução de problemas, tal como a descoberta guiada visa o desenvolvimento de soluções para um problema colocado.

De acordo com os mesmos autores, existem cinco princípios básicos para adaptar atividades, sendo eles: incluir, sempre que possível, a criança com deficiência nas decisões de adaptação; dar à criança diferentes opções de escolha, relativamente a equipamento, regras, ambiente e estilos de ensino;

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permitir uma participação parcial ou com assistência; fornecer as mesmas modalidades, jogos e atividades recreativas que são oferecidas aos restantes colegas; ensinar na comunidade as atividades baseadas na comunidade.

Posto isto, é possível concluir que as modificações e adaptações são cruciais para assegurar uma inclusão segura de alunos com NEE nas aulas de EF. Leitão (2000) afirma que incluir é apoiar o outro, no seu esforço de construir vínculos, aos colegas, aos professores, à escola, às matérias, ao mundo. Porém, isto só é possível quando as interações que se estabelecem são significativas e todos se sentem a fazer parte, independentemente da natureza da sua problemática.

Apesar de toda a complexidade que reveste esta temática e relativamente à qual devemos estar consciencializados, é necessário identificar dificuldades e perceber como as mesmas podem ser atenuadas ou, preferencialmente, ultrapassadas. Nesse sentido, é importante, em primeiro lugar, que os professores reflitam sobre a prática que desenvolvem, procurando perceber se as dificuldades que alguns alunos evidenciam são intrínsecas ou se decorrem da necessidade de ter de reformulá-la.

O desenvolvimento de hábitos de observação do grupo e dos alunos com dificuldades no contexto desse grupo, através do registo de incidentes significativos ou de grelhas específicas, por exemplo, ajuda a avaliar mais criteriosamente essa prática, o que permite reajustá-la, quando necessário, com mais segurança. É evidente que nem sempre as dificuldades dos alunos estão relacionadas, apenas, com a intervenção pedagógica do professor. Contudo, este processo de reflexão também contribui para clarificar essa situação, de modo a implementar para esses alunos e, à medida que se vão fazendo avaliações sistemáticas, estratégias mais adequadas às suas potencialidades.

Neste sentido, a aprendizagem cooperativa é uma estratégia que, contribuindo para o desenvolvimento de cidadãos mais solidários, facilita a aprendizagem dos alunos que têm mais dificuldades. Tal como afirma Leitão (2000), a aprendizagem cooperativa é uma estratégia de ensino centrada no aluno e no trabalho colaborativo em pequenos grupos, grupos que se

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organizam na base das diferenças dos seus membros e que recorre a uma diversidade de atividades, formas e contextos sociais de aprendizagem, para ajudar os alunos a, ativa e solidariamente, crítica e reflexivamente, construírem e aprofundarem a sua própria compreensão do mundo em que vivem.

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