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CAPÍTULO III – O MÉTODO

3.6 Estratégias para análise

No questionário aplicado aos egressos do curso de Licenciatura em Matemática, temos questões abertas e fechadas. Os resultados das questões fechadas são apresentados por meio de gráficos e/ou tabelas seguidas de uma descrição e análise.

Os dados das questões abertas foram organizados de modo que se procurou identificar, de acordo com Lüdke e André (1986), padrões e tendências relevantes na fala dos sujeitos. Essa organização foi feita da seguinte forma:

a) As respostas dos egressos à questão proposta são organizadas num quadro e, nesse são destacados, com cores diferentes e por temas, os termos ou expressões que, a partir de critérios do pesquisador, tenham o potencial de revelar aspectos essenciais para a pesquisa em questão considerando seus objetivos;

b) Em seguida esses resultados são apresentados por temas que representem padrões ou tendências observadas nas falas dos sujeitos;

c) A análise é feita após a apresentação de um gráfico, para que se possa perceber a frequência dos resultados, dado que a freqüência contribui numa análise qualitativa.

63 Outro ponto importante a ser destacado consiste em que “é preciso que a análise não se restrinja ao que está explícito no material, mas procure ir mais a fundo, desvelando mensagens implícitas, dimensões contraditórias e temas sistematicamente ‘silenciados’” (LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p. 48).

Para realizar a análise dos dados coletados nas entrevistas, vamos tomar como referência uma proposta metodológica que pretende apreender os sentidos. Nesta proposta, denominada Núcleos de Significação, Aguiar e Ozella (2006, p. 10) afirmam que:

A apreensão dos sentidos não significa apreendermos uma resposta única, coerente, absolutamente definida, completa, mas expressões do sujeito muitas vezes contraditórias, parciais, que nos apresentam indicadores das formas de ser do sujeito, de processos vividos por ele.

Após a transcrição do material gravado nas entrevistas, realiza-se a leitura flutuante que permite destacar e organizar o que Aguiar e Ozella (2006) chamam de pré-indicadores; palavras com significado que se destacam no momento empírico da pesquisa, na fala do sujeito. Ela é realizada diversas vezes para que possamos nos familiarizar com o material e aos poucos nos apropriar do mesmo.

A partir das leituras flutuantes, destacamos os temas ou pré-indicadores que são caracterizados pela: maior freqüência, importância atribuída pelos sujeitos, carga emocional percebida e pela relação com o objetivo da pesquisa. O número de pré-indicadores é, geralmente, muito grande, mas eles são importantes para a organização dos núcleos de significação, para não perdermos o ponto de partida, ou seja, o empírico.

Após nova leitura do material das entrevistas, agora organizados nos pré- indicadores, parte-se para um processo de aglutinação dos mesmos, o que gera os indicadores. O processo de aglutinação ocorre considerando a similaridade, a complementaridade e/ou a contradição principalmente, de modo que nos permita ter uma menor diversidade de temas e uma nova articulação que, com mais propriedade revele o sujeito. Lembrando um dos princípios do Materialismo Dialético que aponta que o corpo só se revela no movimento, destacamos que este processo de recortar e aglutinar tem como meta produzir sínteses cada vez mais completas e

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64 complexas, que cada vez mais se aproximem da totalidade, mesmo que provisória , do sujeito Também é importante considerar que “[...] os indicadores só adquirem algum significado se inseridos e articulados na totalidade dos conteúdos temáticos apresentados, ou seja, na totalidade das expressões do sujeito” (AGUIAR e OZELLA, 2006, p. 13).

Desse modo, afirmamos que tais indicadores, apesar de já expressarem um avanço interpretativo, devem ser negados enquanto tal para, numa nova articulação (por semelhança, complementaridade e/ou contradição), apresentarem uma síntese mais reveladora do sujeito. Uma síntese denominada por nós de Núcleo de Significação, que deve conter e explicitar as transformações e as contradições que ocorrem no processo de construção dos sentidos e significados dos sujeitos da pesquisa. A construção dos Núcleos possibilitará uma análise e interpretação mais consistente, que considere os aspectos específicos do sujeito, sempre articulados com a totalidade da sua fala e com a realidade histórica que o constitui, permitindo uma análise que vá além da aparência e considere tanto as condições subjetivas quanto as suas condições sócio-históricas. “Os núcleos resultantes devem expressar os pontos centrais e fundamentais que trazem implicações para o sujeito, que o envolvam emocionalmente, que revelem as determinações constitutivas do sujeito (AGUIAR e OZELLA, 2006, p. 13-14).

O movimento de interpretação dos núcleos de significação inicia-se por um processo intra-núcleo e avança para uma articulação inter-núcleos. Esse procedimento é marcadamente teórico, nesse movimento é possível, a partir de um ou poucos sujeitos, via o movimento de teorização, expandir nosso conhecimento e produzir zonas de inteligibilidade sobre o real, no caso os seus sentidos. É importante destacar que o processo de análise não deve ser restrito à fala do sujeito pesquisado, mas deve ser articulado com o seu contexto social, político e econômico. Por esse motivo, nesta pesquisa, devemos considerar as condições constitutivas do sujeito pesquisado como as diretrizes institucionais do curso de formação de professores, as políticas públicas para a formação de professores e para a educação básica, além das condições sociais mais amplas.

65 Deste modo, espera-se que a proposta de análise dos dados explicitada permita apreender os sentidos e significados atribuídos pelos egressos do Curso de Licenciatura em Matemática à sua formação inicial.

IV CAPÍTULO – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

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