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Os estudantes de LE, segundo um estudo de Meara, consideram que a “the

acquisition of vocabulary as their greatest single source of problems” (Meara,

1980: 221). Perante esta afirmação, a questão que se afigura como mais premente é “saber que estratégias de aprendizagem de léxico adotar em aulas de LE”, dada a variabilidade dos contextos e de públicos-alvo. As estratégias de aprendizagem desempenham um papel facilitador, tornando acessível o complexo e variável processo de aprendizagem de uma língua.

São inúmeros os estudos sobre os sistemas de classificação de estratégias de aprendizagem, pelo que, por uma questão de tempo, centrar-nos-emos nos mais referenciados. Rubin (1987, citado por Ainciburu, 2008: 83) classificou as estratégias de aprendizagem como cognitivas e metacognitivas. As estratégias cognitivas são aquelas cujas atividades recaem sobre determinado tipo de materiais e que induzem a processos de análise, transformação e síntese. Ao operarem diretamente sobre os dados e sobre o conhecimento, as estratégias cognitivas desenvolvem uma série de mecanismos que facilitam a interiorização de informação. As estratégias metacognitivas implicam uma reflexão sobre o modo de aprendizagem, levando ao envolvimento consciente do aluno no seu próprio processo de aprendizagem e ao enriquecimento da sua capacidade de aprender com êxito.

Oxford (1990, citado por Cervero & Pichardo, 2000: 111) apresenta duas classes de estratégias de aprendizagem: a direta e a indireta. O autor apelida de estratégias diretas aquelas que promovem a manipulação direta da língua e a ativação de processos mentais. As estratégias cognitivas, as compensatórias e as de memorização são consideradas estratégias diretas. As estratégias indiretas são aquelas que enquadram e servem de suporte didático à aprendizagem, onde Oxford (1990) inclui as estratégias metacognitivas, afetivas e sociais. Cada um destes grupos inclui estratégias específicas; por exemplo, para as estratégias mnemónicas referem-se as associações mentais e a interação; para as cognitivas, a análise e a aplicação de regras e de conhecimentos em situações

novas; e para as compensatórias, a solicitação de ajuda e a utilização de sinónimos ou de paráfrases. Oxford considera a avaliação da própria aprendizagem como uma estratégia metacognitiva, o controlo das emoções como uma estratégia afetiva e a interação com falantes nativos como uma estratégia social.

No que diz respeito às estratégias que se podem adotar para promover a aprendizagem de léxico, damos relevo à taxonomia de Schmitt (1997: 207-208), porque combina a classificação de Oxford (1990), que separa as estratégias cognitivas e de memorização, e a de Nation (1990), que, por sua vez, faz a distinção entre as estratégias para descobrir o significado de uma palavra e as estratégias para consolidar esse significado. Schmitt, para além das estratégias de reconhecimento e de consolidação, apresenta também exemplos de atividades didáticas a implementar, como reflete o quadro seguinte:

Estratégias Categorias Lista de atividades

R e c o n h e c im e n to Determinação

Análise de partes do discurso. Análise de prefixos e sufixos.

Comparação com os cognatos da LM. Análise de imagens ou de gestos. Inferências relacionadas com o contexto.

Consulta de dicionários bilingues e monolingues. Uso de listas de palavras e de imagens associadas.

Sociais

Recurso ao professor para obter: traduções, paráfrases ou sinónimos, frases que incluam o termo novo, o significado ou a definição.

Dedução de significados através de atividades de grupo.

C o n s o lid a ç ã o Sociais

Estudo e trabalho em grupo. Interação com nativos.

Memorização

Uso de representações gráficas. Organização de mapas mentais.

Conexão das palavras com a experiência pessoal. Associação com os correspondentes em LM. Agrupamento com sinónimos e antónimos. Paráfrases do significado.

Associação das palavras a sons e a ações.

Cognitivas

Repetição oral ou escrita.

Elaboração de listas de palavras. Uso de imagens.

Uso de um glossário.

Audição de gravações de listas de palavras.

Metacognitivas

Exposição à rádio, à televisão e a outros meios de comunicação nativos.

Realização de testes de vocabulário.

Utilização de práticas de vocabulário em autoaprendizagem. Quadro 2. Estratégias de aprendizagem de vocabulário (Schmitt, 1997: 207-208, adaptado).

As estratégias de reconhecimento evocam a descoberta do conhecimento através da determinação dos significados léxicos, por meio da elaboração das distintas atividades assinaladas no quadro 2 e da cooperação e interação entre os intervenientes no processo de aprendizagem. Schmitt subdivide as estratégias de consolidação em quatro categorias, já apontadas por Oxford, que seguem a linha metodológica do desenvolvimento do “aprender a aprender”, em que o aluno assume um papel ativo e consciente na gestão da sua aprendizagem.

A finalidade da aprendizagem de léxico, não se defende como um fim em si

mesmo, mas como estando subordinada ao desenvolvimento da competência comunicativa do aluno (Higueras, 2004: 6), tendo em conta que a“ interpretação

da significação de palavras a partir do contexto tem sido promovida nas últimas décadas porque se parece ajustar perfeitamente às Abordagens Comunicativas” (Bento & Andrade, 2004: 42). Uma das características basilares dos métodos

comunicativos assenta precisamente no facto de “basear todas as elaborações

teóricas e práticas no princípio do ensino centrado no aluno” (Andrade & Araújo,

1992: 47). Neste sentido, para Higueras (2004), o ensino de estratégias de aprendizagem está em consonância com os métodos comunicativos, nomeadamente a abordagem por tarefas, considerando que o aprendente se apresenta como protagonista e como responsável pela sua aprendizagem. Pretende-se permitir que o aluno continue a aprender fora da sala de aula,

através da criação de oportunidades de leitura e/ou audição de textos e que, assim, se produza uma aprendizagem implícita do léxico.

De realçar que, para Schmitt (1997: 207-208), algumas atividades, consideradas na sua taxonomia, implicam a referência à LM, aspeto que pode ser relevante quando um aluno estuda uma língua próxima daquela(s) que já domina.

1.5 Transferência lexical entre a língua portuguesa e a língua