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2.3. Estratégias de intervenção

2.3.2. Estratégias de avaliação da ação

Para poder avaliar o impacto da minha intervenção pedagógica utilizei diferentes métodos de recolha de dados. Os instrumentos utilizados foram um teste diagnóstico de tópicos de Estatística, questionários, gravações de todas as aulas lecionadas com enfâse no projeto, o portefólio de grupo e entrevistas.

Teste diagnóstico de Estatística. O teste diagnóstico de Estatística (anexo 3) foi um instrumento utilizado antes da intervenção pedagógica, com o intuito de compreender quais os conhecimentos prévios dos alunos sobre conceitos estatísticos que tinham sido aprendidos no ensino básico. O mesmo era formado por quatro questões, sendo abordadas diferentes

desenvolvido capacidades para ler, interpretar e avaliar informação contida em gráficos já estudados em anos anteriores. Por outro lado, o mesmo permitiu aos alunos terem noção dos seus conhecimentos, daquilo que estava esquecido e que era necessário relembrar.

Questionários. Neste estudo foram utilizados dois questionários como instrumentos de recolha de informação mas com públicos-alvo distintos, um direcionado aos alunos da turma e outro direcionado a todos os professores do departamento de Matemática da escola onde este projeto foi desenvolvido. O questionário dirigido aos professores de Matemática (anexo 4) foi realizado antes da intervenção pedagógica com o objetivo de compreender quais as perceções dos mesmos relativamente ao ensino da Estatística, com particular enfâse na importância que atribuem ao ensino deste tema, nas estratégias e materiais didáticos utilizados, nas dificuldades sentidas no ensino e na aprendizagem de tópicos estatísticos e, ainda, nas preocupações/cuidados dos professores quando contemplam as representações gráficas na abordagem de tópicos estatísticos. As questões deste questionário eram maioritariamente de resposta aberta para que os professores pudessem expressar a sua opinião, sem que a mesma fosse condicionada por um conjunto de opções.

O questionário dirigido aos alunos (anexo 5) foi realizado no final da intervenção pedagógica com a propósito de conhecer as perceções dos mesmos acerca da estratégia desenvolvida, sobretudo sobre a utilização das representações gráficas no ensino e na aprendizagem de Estatística no 10.º ano de escolaridade. Este questionário era formado por dois grupos, o primeiro grupo com questões de resposta fechada e o segundo grupo com cinco questões de resposta aberta. Em cada questão do primeiro grupo teriam de escolher cinco opções, seguindo a tipologia da escala de Likert: DT – Discordo totalmente, D – Discordo, C – Concordo e CT – Concordo Totalmente. Nas questões do segundo grupo, pedia-se aos alunos que justificassem as suas ideias, que comentassem e se posicionassem face a uma dada afirmação, para poder compreender se os mesmos desenvolveram capacidades para criticar informação e expressar a sua opinião face a um determinado assunto.

Este instrumento foi utilizado por ser passível de ser colocado a um número de pessoas considerável e, de forma anónima, poder obter as opiniões das mesmas. Mas, antes da sua implementação passou por uma fase de validação, sendo validado por alguns professores, que incidiram os seus comentários na alteração da ordem das questões e na extensão do questionário.

Gravações. As aulas referentes à concretização do meu projeto foram gravadas, sendo que, para tal, foi efetuado um pedido de autorização tanto ao Diretor da Escola (anexo 1) como aos Encarregados de Educação (anexo 2), elementos mais próximos dos intervenientes neste estudo. Segundo o NCTM (2007) estas as gravações de aulas fazem parte de uma técnica de avaliação que deve ser utilizada pelos professores uma vez que as conversas que ocorrem durante a aula poderão orientar possíveis mudanças e, além disso, permitem ao professor refletir sobre as decisões que foram tomadas no decorrer da aula. Estas gravações permitiram- me transcrever diálogos gerados nas discussões com a turma e, ainda, utilizar algumas imagens do quadro para ilustrar certos momentos das aulas.

Para a gravação das aulas recorreu-se a uma câmara de filmar, que foi colocada no fundo da sala e direcionada para o quadro com o intuito de não influenciar o comportamento e o trabalho dos alunos. No entanto, nas primeiras aulas gravadas os alunos mostraram alguma timidez em participar e, por vezes, receio em ir ao quadro quando solicitados para explicar as suas resoluções para a turma. Posteriormente, foram-se esquecendo da mesma, passando a demonstrarem um comportamento muito semelhante ao das restantes aulas do ano letivo.

Entrevista. Após a análise do questionário colocado à turma tornou-se pertinente realizar uma entrevista semiestruturada (anexo 6), depois da intervenção pedagógica, pelo facto de procurar compreender o porquê de algumas das respostas dadas pelos alunos, no sentido de ter uma melhor perceção das suas opiniões de forma mais detalhada. No entanto, pela natureza qualitativa que orienta a análise da minha ação, ao traduzir-se na compreensão dos significados dos diferentes intervenientes na sala de aula (Bodgan & Biklen, 1994), optei por selecionar seis dos alunos da turma. Esta decisão prende-se com o facto de o final da minha intervenção pedagógica coincidir com o final do ano letivo pelo que seria complicado conseguir que todos os alunos se deslocassem à escola para poder realizar a entrevista. Como tal, optei por selecionar seis alunos segundo o seu desempenho na disciplina de Matemática ao longo do ano letivo. Dois dos alunos entrevistados tiveram ao longo do ano letivo classificações entre 8 e 13 valores, dois entre 14 e 17 valores e, por fim, dois com classificações superiores a 17 valores.

Bodgan e Biklen (1994) consideram que a entrevista é um instrumento que permite compreender os pontos de vista dos entrevistados e quais as justificações para os mesmos. Por outro lado, estes autores referem que as entrevistas em grupo podem permitir uma maior

proximidade, neste caso, entre a professora e os alunos entrevistados e o contexto em que os mesmos se inserem.

Antes da entrevista, os alunos tiveram acesso ao guião da mesma para terem conhecimento das questões que lhes seriam colocadas e para que pudessem refletir um pouco sobre cada uma delas. Além disso, todas as entrevistas foram realizadas depois da avaliação da disciplina de Matemática, para que os alunos compreendessem que a mesma não teria qualquer influência na sua classificação. No início de cada entrevista, tive o cuidado de perguntar aos alunos se a mesma poderia ser gravada, sendo mantida uma conversa pouco formal para que estes não se sentissem intimidados em exporem a sua opinião. Tive a preocupação de não interromper o discurso dos alunos para que a minha ação não condicionasse a opinião dos mesmos.

As entrevistas foram gravadas e transcritas no mesmo dia em que foram realizadas, para que não se perdessem detalhes e para que não se tornasse uma transcrição difícil pelo facto de ser mais do que um aluno entrevistado ao mesmo tempo (Bodgan & Biklen, 1994). A informação retirada das entrevistas foi cruzada com a informação obtida através do questionário. Análise documental. A análise de documentos complementa a informação recolhida por outros instrumentos referidos e utilizados no desenvolvimento deste projeto. Os documentos analisados foram: (i) os planos de aula, das aulas lecionadas com ênfase no projeto; (ii) reflexões redigidas antes e depois de cada intervenção de ensino, com o intuito de me fazer pensar e questionar sobre a planificação e a concretização de cada aula; (iii) os portefólios de cada grupo; e (iv) registos pontuais, efetuados por mim e pela minha colega de estágio durante a minha intervenção pedagógica. E, além destes, foram consultados alguns documentos oficiais da escola para uma maior integração no contexto escolar em questão.

Como para o desenvolvimento deste estudo era fundamental analisar as atividades dos alunos nas aulas lecionadas, nomeadamente os seus processos de resolução às tarefas propostas, achei pertinente proceder à elaboração de um portefólio de grupo. Cada grupo teve a responsabilidade de no final da intervenção pedagógica, numa data combinada com os mesmos, entregar o seu portefólio, que consistiu numa coleção organizada dos trabalhos produzidos (Menino & Santos, 2004), sendo definido com os alunos o que era necessário incluir no mesmo.

CAPÍTULO 3 INTERVENÇÃO

A análise da minha intervenção pedagógica compreende três momentos diferenciados: antes, durante e depois dessa intervenção, que de seguida se apresentam segundo o que resultou das atividades desenvolvidas em cada um destes momentos.