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3.3 INSTRUMENTOS DE MENSURAÇÃO

3.3.4 Estratégias de decisão

Para mensurar estratégia de decisão, desenvolveu-se um instrumento de mensuração tendo por base Payne et al. (1993). Os respondentes são solicitados a indicar em uma escala intervalar de cinco pontos qual a estratégia de decisão que melhor os descreve quando eles têm que fazer uma escolha de decisão, considerando seis diferentes opções das estratégias de decisão. As opções representam diferentes propriedades das estratégias de decisão e indicam se um respondente utiliza mais estratégias compensatórias ou não compensatórias de decisão. As seis propriedades consideradas foram:

 Compensatória versus não compensatória, indicando o nível de trocas compensatórias entre atributos de uma decisão. Trata-se de uma propriedade direta para capturar estratégia de decisão, indicando se uma estratégia compensatória ou não compensatória está sendo utilizada por um indivíduo.

 Processamento consistente versus seletivo, indicando se um mesmo montante de informação é examinado para cada alternativa ou atributo, ou se o montante varia. Um processamento mais próximo de consistente, em que um mesmo montante de informação é examinado, indica o uso de estratégias compensatórias. Por outro lado, se o processamento da informação for mais próximo de seletivo, em que o montante de informação examinado difere para cada alternativa de decisão, tem-se o uso de estratégias não compensatórias. Assim, por exemplo, se para cada tarefa a ser desempenhada, o agente organizacional procura examinar, ainda que mentalmente, os custos de curto e de longo prazo, os benefícios de curto e de longo prazo, tanto para ele quanto para a organização; esse agente organizacional estará adotando um processamento consistente das informações. Por outro lado, se para uma tarefa a ser desempenhada, o agente organizacional procura examinar apenas os benefícios de curto prazo para ele e para a organização, enquanto que para a outra tarefa, apenas os custos de curto prazo para ele são examinados, um processamento seletivo está sendo utilizado pelo agente organizacional.

 Montante de processamento, indicando se há uma redução do montante de informação processada, ou se toda informação relevante é processada. Se toda informação relevante for processada, tem se o uso de estratégias compensatórias. Do contrário, havendo redução do montante de informação processada, tem se o uso de estratégias não compensatórias. Assim, por exemplo, se o agente organizacional processa todas as informações relevantes disponíveis para o desempenho de duas tarefas, tal como informações relativas aos custos e benefícios de curto e de longo prazo, tanto para ele quanto para a empresa, estratégias compensatórias estarão sendo utilizadas. Se por outro lado, parte dessas informações não é processada pelo agente organizacional, tal como quando esse agente ignora os custos e os benefícios de longo prazo das duas

tarefas, seja para ele ou para a organização, estratégias não compensatórias estarão sendo adotadas.

 Processamento baseado em alternativas versus baseado em atributos, indicando se os múltiplos atributos de uma mesma alternativa são considerados antes de se passar para uma próxima alternativa, ou se diversas alternativas de um mesmo atributo são considerados antes de se partir para um próximo atributo. Processamentos baseados em alternativas estão associados ao uso de estratégias compensatórias, enquanto que processamentos baseados em atributos estão associados ao uso de estratégias não compensatórias. Desse modo, se um agente organizacional possui duas tarefas a ser desempenhada (alternativas de decisão) e opta por, primeiramente, examinar os custos e os benefícios de curto e de longo prazo (atributos de decisão) de uma das tarefas, antes de examinar os custos e os benefícios de curto e de longo prazo da outra tarefa, estará sendo adotado um processamento baseado em alternativas. Por outro lado, se a opção for por, primeiramente, examinar os custos de curto prazo (atributo) das duas tarefas a serem desempenhadas (alternativas) para, somente então, examinar os custos de longo prazo (atributo) das duas tarefas e, assim por diante, atributo por atributo das duas tarefas, um processamento baseado em atributos estará sendo empregado pelo agente organizacional.

 Formação de avaliações, indicando se uma avaliação global para cada alternativa é explicitamente formada, ou não. Quando a avaliação global é formada, tem se o uso de estratégias compensatórias; se uma avaliação global não é formada, estratégias não compensatórias são utilizadas. Por exemplo, se o agente organizacional atribui um peso ou uma nota a cada atributo e, a partir desses pesos ou notas, realiza um somatório que o permita depois comparar as duas alternativas de decisão, estará sendo realizada uma avaliação global e, portanto, sendo ativadas estratégias compensatórias. Se, por outro lado, nenhum peso ou nota é atribuído às alternativas de decisão, não haverá uma avaliação global, implicando na ativação de estratégias não compensatórias de decisão por parte do agente organizacional.

 Raciocínio quantitativo versus qualitativo, indicando se operações quantitativas são utilizadas, ou não. O uso de operações quantitativas está associado a estratégias compensatórias, enquanto que o raciocínio qualitativo está associado a estratégias não

compensatórias. O mesmo exemplo apresentado para a ‘formação de avaliações’ pode ser aplicado para essa propriedade.

Tendo por base essas propriedades, no extremo de estratégias compensatórias, foram consideradas as seguintes opções no questionário de pesquisa: (i) sempre compenso valores adequados/positivos em um atributo com valores inadequados/negativos em outros atributos de uma alternativa de decisão; (ii) examino a mesma quantidade de informação para cada alternativa de decisão ou cada atributo; (iii) procuro processar toda informação relevante ao escolher entre alternativas de decisão; (iv) examino diversos atributos de uma única alternativa antes de passar para uma segunda alternativa de decisão; (v) sempre atribuo uma pontuação a cada alternativa de decisão de modo a realizar uma avaliação global; e (vi) realizo operações quantitativas (p. ex., soma de valores, multiplicação) antes de escolher uma alternativa de decisão.

Por sua vez, no extremo de estratégias não compensatórias de decisão, as seguintes opções foram incluídas no questionário de pesquisa: (i) nunca compenso valores adequados/positivos em um atributo com valores inadequados/negativos em outros atributos de uma alternativa de decisão; (ii) examino quantidades diferentes de informação para cada alternativa de decisão ou cada atributo; (iii) não dedico atenção a informações potencialmente relevantes ao escolher entre alternativas de decisão; (iv) examino os valores de diversas alternativas de decisão em relação a um único atributo antes de passar para um segundo atributo; (v) nunca atribuo uma pontuação a cada alternativa de decisão de modo a realizar uma avaliação parcial; e (vi) realizo simples comparações qualitativas de valores antes de escolher uma alternativa de decisão.

Para fins de inclusão na análise estatística, a variável estratégia de decisão foi formada a partir do somatório dos pontos da escala indicados a cada uma das propriedades. Desse modo, se um respondente selecionou a opção ‘1’ da escala intervalar para cada uma das seis propriedades, a variável estratégia de decisão para esse respondente terá valor ‘6’. Quanto maior esse somatório para um respondente, mais esse respondente estará próximo do extremo

de estratégias não compensatórias23. Adicionalmente, os testes de mediação são realizados também considerando cada uma das propriedades da estratégia de decisão separadamente, de maneira que, além do teste de mediação considerando a variável estratégia de decisão em termos do somatório, são realizados seis testes adicionais de mediação considerando separadamente cada uma das seis propriedades dessa variável.