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ESTRATÉGIAS DE NAVEGAÇÃO E PRINCÍPIOS DA NOVA MÍDIA NO

3 ANÁLISE DA NAVEGAÇÃO E DA REDE NO INSTAGRAM: uma

3.2 ESTRATÉGIAS DE NAVEGAÇÃO E PRINCÍPIOS DA NOVA MÍDIA NO

O Instagram é uma experiência de produção de imagens que envolve elementos culturais, estéticos e tecnológicos, em que o aparelho celular se torna um dispositivo de expressão visual e de diálogo sobre esta, criando assim uma nova forma de fotografar e de ver a imagem, já que agora o mais importante é visualizá-la na tela, ao invés de tê-la materialmente. Além disso, gera um senso de comunidade e compartilhamento a partir dos registros visuais.

Se há uma história que é possível de se contar, essa é a história da fotografia. Pois ela traz impregnada na sua própria produção as possibilidades interpretativas de cada momento do seu percurso. A fotografia desprendida, portanto, ajuda não somente a perceber esse capítulo da fotografia, mas também do próprio momento cultural da produção simbólica, assente, mas não estática, baseada na ideia da escrita visual em mobilidade (SILVA JUNIOR, 2012, p. 12).

Para se compreender ainda mais como é o uso do aplicativo, é necessário refletir sobre suas estratégias de navegação. Em ambientes virtuais, a navegação é um deslocamento temporal que se dá através do acesso sucessivo a diferentes conteúdos informacionais, feita de modo pessoal, uma vez que o sujeito é imbuído de escolhas, no exercício do poder e de seu conhecimento. Por ser temporal, indica mobilidade dentro deste espaço e se manifesta de diferentes formas a cada plataforma analisada. A variação ocorre pelos objetivos de exploração na busca de determinadas informações, pelo contexto e ação do usuário, pela aplicabilidade e operação dos recursos de navegação. Para Stephania Padovani (2008), a navegação vai além do processo de travessia de um espaço.

Navegação seria um processo de mediação através do qual os usuários aprendem, explícita ou implicitamente a estrutura do espaço de informação. Da mesma forma que caminhar em uma cidade ou atravessá-la de metrô produz diferentes experiências e, portanto, diferentes aprendizados sobre as características da cidade, diferentes formas de navegar em um espaço de informação também definem o que aprendemos sobre esse espaço. A mecânica de navegação, ou seja, a forma como se pode navegar pelo espaço, tem implicações para o que se aprende sobre a estrutura e sobre o conteúdo do espaço informacional (PADOVANI, 2008, p. 3).

A navegação em espaços de informação requer aprendizagem para saber de que maneira se estrutura este espaço. Pela experiência, descobrem-se diferentes formas de navegar para se descobrir como os nós da rede foram organizados. A autora alerta que o aprendizado pode influenciar a navegação: “quanto mais aprendemos, mais eficientes e específicos

podemos ser em nossas subseqüentes buscas de informação” (PADOVANI, 2008. p. 4). O usuário pode, assim, escolher melhor os temas de seu interesse para uma análise mais aprofundada.

Para Tais Bressane (2012), a navegação de um ambiente virtual é criada a partir da escolha que o usuário poderá fazer tendo em vista que essa escolha ocorre pela produção de significados como prática social. Quando se escolhe algo, um perfil da rede para visualizar por exemplo, deixamos de lado tantos outros, ou seja, “nossas opções não são aleatórias, mas carregadas de significados culturais. Os significados são criados a partir de escolhas motivadas socialmente” (BRESSANE, 2012, p. 152). A mudança de cores do Instagram, as fontes dos textos, as opções de pesquisa, a forma de navegação estão repletas de intencionalidades.

No Instagram, a navegação possibilita aos sujeitos escolherem as formas pelas quais querem encontrar as informações, a descoberta por temas, pessoas ou lugares pode se dar pela ferramenta de busca “Explorar” (representada pelos ícones da lupa no aplicativo). Ao digitar alguma palavra, o aplicativo indica as categorias de pesquisa por “pessoas”, “tags” e “locais”. De acordo com Maria Cristina Gobbi (2013), o termo tag pode ser traduzido para a Língua Portuguesa por etiqueta, ou seja, uma marca, uma palavra-chave associada a uma informação.

Há uma distinção importante entre tags e hashtags, embora alguns autores utilizem os termos como sinônimos. Uma tag é uma palavra-chave não hierárquica, também termo associado ou atribuído a um pedaço de informação (como um marcador de Internet, imagem digital ou arquivo de computador). Este tipo de metadados (pontos de referência que permitem circunscrever a informação sob todas as formas, são resumos de informações) ajuda a descrever um item e permite que ele seja encontrado novamente, navegando ou pesquisando. Também conhecido como etiquetas, são geralmente escolhidos informalmente pelo usuário. Foi popularizado por sites associados a Web 2.0. A hashtag é uma palavra ou uma frase precedida do símbolo # (É comum chamar o símbolo ASCII # de (cerquilha) de sustenido). É uma forma de tag de metadados. São mensagens curtas, utilizadas principalmente como uma espécie de moderador ad-hoc nos fóruns de discussão. Qualquer combinação de caracteres liderados por um sinal sustenido é uma hashtag (GOBBI, 2013, p. 170).

As hashtags funcionam como a etiquetagem de conteúdos gerados pelos usuários na Internet; neste aplicativo, há o número de publicações das expressões formando nuvens de indicadores, as chamadas tag clouds, em contextos sociais que permitem participação de várias pessoas. Essa etiquetagem social serve para organizar a representação de conteúdos na rede social. Para Débora Pereira e Ruleandson Cruz (2010, p. 3), os “pontos positivos destes sistemas de classificação distribuída são a constante atualização da terminologia, a dinamicidade das marcações, flexibilidade e interatividade entre aplicações”. Além dos

pontos negativos, como a imprecisão conceitual, alto nível de subjetividade e inconsistência no vocabulário, que podem levar até a longas expressões.

Em muitas redes sociais, sobretudo no Twitter, o uso de hashtags são fundamentais para indexação do conteúdo, uma vez que permite rapidamente encontrar elementos sobre um tema, criando inclusive a lista dos tópicos principais (chamada de Trending Topics ou TT). Carolina Dantas Figueiredo (2013, p. 8) explica que “as hashtags são palavras que, ao serem antecedidas pelo símbolo #, são convertidas em hiperlinks, tornando-se identificáveis por mecanismos de busca que permitem sua contabilização e listagem”. Voltando ao Instagram, este apresenta uma lista com o número de publicações de cada hashtag pesquisada em ordem decrescente. Desta forma, observamos que estas hashtags podem se caracterizar como um nó na rede. Usando a metáfora do lugar, os nós são “áreas específicas que se conectam com áreas equivalentes em qualquer lugar do planeta” (CASTELLS, 2003, p. 196). Assim, as imagens que são indexadas por uma expressão (hashtag) estão conectadas dentro dessa plataforma.

No Instagram, de acordo com o contexto e as ações do usuário, podemos verificar que é possível “clicar” (na tela dos smartphones ou tablets, já que o uso se dá através do toque, touchscreen) em um perfil e pesquisá-lo, bem como através de hashtags e locais que acompanham as imagens e os comentários destas, além dos mapas para localização das cenas. As hashtags funcionam como marcadores, até mesmo para retorno àquele conteúdo, além de ser uma consequência de uma estratégia de visibilidade na rede, são usados termos que existem ou novos termos criados pelos usuários em cada imagem56. Nesta pesquisa, as imagens serão coletadas no Instagram a partir da hashtag #selfie.

Pela aplicabilidade e operação dos recursos de navegação ofertados pelo aplicativo, nota-se que, além da ferramenta de busca, o usuário observa as imagens de forma unitária, através do recurso da lista ou no formato de mosaico (uma forma de mapa, com uma visão global do conteúdo e representação gráfica deste sistema) (Figuras 49, 50 e 51). A forma como cada usuário do Instagram navega na plataforma é particular; mesmo que a empresa crie percursos, o sentido é feito pelo indivíduo. “Mesmo que o planejamento da navegação leve em conta os interesses do usuário e que as sequências de percursos potenciais sejam antecipadas pelo autor/designer, o sentido final que o leitor contrói não pode ser totalmente previsto pelo autor” (BRESSANE, 2012, p. 153).

56

Em função de acontecimentos pontuais são criadas hashtags relacionadas a estes, como exemplo do #jesuischarlie e #jenesuispascharlie em função do ataque a sede do jornal francês Charlie Hebdo em 7 de janeiro de 2015, em Paris, França.

Figura 49 – Tela para aplicação dos filtros do Instagram.

Figura 50 – Mosaico de imagens do Instagram.

Figura 51 – Perfil do Instagram.

Fonte: <http://instagram.com/>. Fonte: <http://instagram.com/>. Fonte: <http://instagram.com/>. À medida que o usuário aprende a lidar com a plataforma, encontra novas formas de navegação nesta estrutura de informações, como exemplo a identificar que os vídeos, para serem visualizados, têm a indicação de uma câmera filmadora e é necessário clicar na imagem, obtendo inclusive as indicações dos botões de “play” e “pause”. A descoberta do uso do aplicativo é como um caminhar pela cidade, como a analogia de Padovani; a forma como o conteúdo é disponibilizado indica os tipos de exploração. Neste sentido, ao aprender como navegar no Instagram, o usuário o utiliza melhor, ao buscar temas de seu interesse, portanto a navegação ocorre de maneira pessoal. Já que permite que o usuário opte por formas de uso e gestão da informação (privacidade, por exemplo) que tornam a experiência de uso personalizada, considerando-se claros os limites de personalização que o próprio aplicativo oferece.

Como proposta de navegação oferecida ao usuário do Instagram, este deve, além de apreciar, curtir e comentar as imagens, observar as estratégias comerciais para venda de produtos e serviços que faz parte da plataforma, que estão entre as publicações dos perfis (ainda que tenham perfis específicos para este tipo de anúncio, inclusive com pagamento ao Instagram para tal ato, como forma de monetizar a rede).

Navegar, andar entre sites ou entre áreas diferentes de um mesmo site são ações oferecidas por quem projetou o espaço para que pudéssemos ler, jogar, comprar, enfim, interagir. Perceber os efeitos de sentido que cada elemento envolvido numa produção é capaz de gerar pode tornar mais conscientes os processos de criação, contribuindo para a elaboração de espaços mais adequados ao propósito e ao gênero do que se quer produzir (BRESSANE, 2012, p. 161).

O importante é que equipes que cuidam de tais plataformas observem as ações do usuário, uma vez que a ideia é comunicar, já que navegação não é neutra, gera sentidos, cria narrativas e busca fazer com que o usuário dela participe e interaja.

O processamento visual desta hipermídia permite conexões entre indivíduos numa metáfora social com fluxos e informação que os agregam por afeto, por curiosidade, por poder, além de outras possibilidades e todas estas fazem com que estes permaneçam e retroalimentem tal espaço. “A Web hoje permite o uso de linguagens mais flexíveis e de padrões cada vez mais aceitos de representação da informação. Isso a transforma em uma rede de conhecimento, e não apenas em um espaço onde coabitam dados sem conexão” (PEREIRA; CRUZ, 2010, p. 4). Deste modo, as hashtags são instrumentos que permitem a comunicação e organização coletiva.

Outro importante elemento para estudar a navegação no Instagram são os cinco princípios da nova mídia propostos por Lev Manovich (2001): representação numérica, modularidade, automação, variabilidade e transcodificação. Estes princípios servem para tratar da linguagem da nova mídia e dos novos meios de comunicação em termos de produção, distribuição e recepção. Para Manovich (2001, p. 19), “a compreensão da nova mídia a identifica pela utilização do computador para a distribuição e exibição, ao invés necessariamente da produção”57

. Uma vez que a produção estaria ligada aos meios anteriores de se ter conteúdo, mas pela distribuição que se dá os novos parâmetros, como exemplo da Internet, os websites, os jogos digitais e a realidade virtual. Deste modo, os cinco princípios são tendências da cultura experimentada pelas tecnologias da informação e da comunicação.

O primeiro princípio é o da “representação numérica”, em função de que todos os elementos da nova mídia são compostos pelo código digital, que são essencialmente representações por números ou funções matemáticas. De acordo com Manovich (2001, p. 27), o objeto da nova mídia está sujeito à manipulação algorítmica de acordo com a programação determinada: “Por exemplo, através da aplicação de algoritmos apropriados, podemos remover automaticamente o ‘ruído’ de uma fotografia, melhorar o contraste, localizar as bordas das formas ou alterar as proporções. Em síntese, a mídia se torna programável”58. O Instagram opera em função de um algoritmo, ou seja, uma representação numérica, já que

57

Texto original: “The popular understanding of new media identifies it with the use of a computer for distribution and exhition rather than production”.

58

Texto original: “For instance, by applying appropriate algorithms, we can automatically remove ‘noise’ from a photograph, improve its contrast, locate the edges of the shapes, or change its proportions. In short, media

permite aplicações de filtros e molduras, o que altera a luminosidade das fotografias em termos de brilho, cor e contraste, além de outras funções, como indicar pessoas nas imagens e a geolocalização. Assim, as imagens são produzidas a partir de funções matemáticas dentro do sistema binário codificado digitalmente.

A “modularidade” é o segundo princípio, que trata que todos os elementos se integram, mas cada um não perde sua individualidade, ou seja, mantém independência um do outro e nas combinações podem ser editados e acessados separadamente.

Este princípio pode ser chamado de ‘estrutura fractal da nova mídia’. Assim como um fractal tem a mesma estrutura em diferentes escalas, um objeto da nova mídia tem a mesma estrutura modular em toda parte. Os elementos da mídia, sejam eles imagens, sons, formas, ou comportamentos, são representados como coleções de distintos modelos (pixels, polígonos, voxels, personagens, roteiros). Estes elementos são montados em objetos de grande escala, mas continuam a manter suas identidades separadas (MANOVICH, 2001, p. 30)59.

No Instagram, como as fotografias podem ser editadas com diferentes filtros e molduras, podem, portanto, ser reutilizadas e recombinadas com vários elementos, criando uma independência a cada imagem, bem como o aplicativo se decompõe em demais módulos: as possibilidades de busca de registros; os filtros e as molduras; as caixas de diálogo e comentários das cenas; e o próprio perfil de cada usuário. Estes elementos mantêm certa individualidade podendo, ao mesmo tempo, ser combinados, já que, quando as imagens aparecem na página inicial, esta passa pelas etapas de tratamento e publicação. Para a Madeleine Sorapure (2014, p. 1), “pixels, imagens, texto, sons, fotogramas, código - elementos independentes como estes se combinam para formar um objeto da nova mídia. Estes elementos podem ser modificados de forma independente e reutilizados em outros trabalhos”60

. Assim, o objeto da nova mídia consiste em partes independentes, que consistem em partes menores também independentes, até chegar aos pixels. Neste sentido, o Instagram, como um objeto da nova mídia, consiste em ter várias partes e cada fotografia presente no aplicativo também tem suas camadas de informação (Figura 52).

Figura 52 – Exemplo de modularidade através da aplicação dos filtros do Instagram.

59

Texto original: “This principle can be called the ‘fractal structure of new media’. Just as a fractal has the same structure on diferente scales, a new media object has the same modular structure throughout. Media elements, be they images, sounds, shapes, or behaviors, are represented as collections of discrete samples (pixels, polygons, voxels, characters, scripts). These elements are assembled into large-scale objects but continue to maintain their separate identities”. Voxel é a combinação dos termos "volume" e "pixel".

60

Texto original: “Pixels, images, text, sounds, frames, code – independente elements like these combine to form a new media object. These elements can be independently modified and reused in other works”.

Fonte: <https://www.showmetech.com.br/algoritmo-identifica-depressao-no-instagram/>.

O terceiro princípio trata da “automação”, em que parte das atividades do usuário pode ser substituída por processos automatizados, mesmo sendo indispensável a atuação humana nas rotinas criadas pelo programa. Assim, Sorapure (2014, p. 2) coloca que a “automação é vista como um programa de computador que permite aos usuários criarem ou modificarem objetos de mídia usando modelos ou algoritmos”61

. A partir da codificação numérica dos meios de comunicação, as funções automáticas no Instagram são “construídas” pelos usuários a partir de modelos estabelecidos, assim as fotografias são modificadas pelos elementos já ali pré-definidos, portanto a criação e a publicação da imagem ocorrem dentro de certos parâmetros de construção. Desta forma, os filtros são algoritmos “empacotados”.

Manovich (2001) afirma que, além da representação numérica (princípio 1), a estrutura modular de um objeto (princípio 2) permite automatizar várias operações no uso de objetos da nova mídia, como criação, manipulação e acesso de conteúdos. Para a “criação”, tem a possibilidade de usar uma fotografia já existente na galeria ou fazer o registro com a câmera do aparelho (Figura 53). Para a “manipulação”, é possível reenquadrar a imagem, alterar a luminosidade, configurar a cena (brilho, contraste, aquecimento, saturação, realce, vinheta e nitidez) e aplicar um filtro (com objetivos específicos a cada cena) (Figura 54). Para “acesso”, a imagem, ao ser publicada, pode ter legenda com uso de hashtag, marcação de pessoas, indicação de local e compartilhamento para outras redes (Figura 55). Ao ser visualizada, a imagem pode receber interação dos indivíduos conectados ao perfil através de duas possibilidades, “Curtir” e “Comentar”, indicados pelos ícones do coração e balão de

61

Texto original: “Automation is seen in computer programs that allow users to create or modify media objects using templates or algorithms”.

diálogo, respectivamente. Ao curtir, são contadas quantas pessoas “apreciaram a imagem” e, ao comentarem, as pessoas podem até utilizar hashtags; estes comentários são também contados. Assim, cada imagem, para cada pessoa que a visualiza, recebe essas duas informações, podendo saber os perfis que curtiu, ler todos os comentários e dialogar com estes, gerando assim grande interação entre os indivíduos pelo aplicativo.

Figura 53 – Tela para criação das imagens do Instagram.

Figura 54 – Tela para manipulação das imagens do

Instagram.

Figura 55 – Tela para acesso das imagens do Instagram.

Fonte: <http://instagram.com/>. Fonte: <http://instagram.com/>. Fonte: <http://instagram.com/>. Algumas das operações acima descritas são automatizadas dentro da rede social, o que confere, na visão de Manovich, que no processo criativo a intencionalidade do usuário é em parte removida, dada a elaboração do sistema, uma vez que os filtros podem automaticamente modificar a imagem (mesmo que o usuário determine a intensidade deste, criando sua própria narrativa). Assim, Sorapure (2014, p. 3) evidencia que a “autoria ou arte envolve a seleção de imagens pré-existentes, códigos ou outros elementos e um tipo de ‘colaboração’ com o software para ver o que é possível”62

. Neste caso, o Instagram demonstra várias possibilidades de edição da imagem, ainda mais que, segundo Manovich (2001, p. 32),

Programas de processamento de texto, layout de página, apresentação e criação de Web vêm com fatores que podem criar automaticamente o layout de um documento.

62

Texto original: “Authorship or artistry involves selection from pre-existing images, code, or other elements and a kind of "collaboration" with the software to see what is possible”.

O estilo do software ajuda o usuário a criar narrativas de instrução usando convenções de gênero altamente formalizados63.

Entre as técnicas e processamentos automatizados para as imagens, Manovich (2001) aborda que os filtros podem modificar automaticamente uma imagem, das simples variações de cores até modificar toda a imagem como se fosse criada por um artista reconhecido. E, ainda, esses padrões de automação permitem certa personalização: primeiro pelo recorte da realidade (produção da imagem fotográfica) associado à oferta de aplicar filtros e molduras como opção (já que existe a possibilidade #nonfilter para “atestar” que determinadas imagens não passaram pelo processo de “tratamento”); segundo pelas próprias configurações que o aplicativo permite, como manter seu perfil aberto para todas as pessoas “seguirem” ou mantê- lo como uma “conta privada” que requer solicitação e aprovação para conectar os usuários, criando uma rede de contatos específica.

Entre as questões de automação, além da criação e edição das imagens, encontra-se a forma como estas ficam disponibilizadas pelo aplicativo, portanto automatiza-se a visualização dos dados para a navegação. O mosaico é uma forma de visualização da informação neste espaço, é uma ferramenta que serve como uma forma de organizar muita s informações, neste caso, muitas imagens do Instagram (como já foi demonstrado na Figura 39). Este é, portanto, um importante elemento que permite inclusive interação entre as pessoas e os conteúdos divulgados. Para Stéfan Sinclair, Stan Ruecker e Milena Radzikowska (2014):

Neste sentido, podemos avaliar um sistema de visualização determinando o quão