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Estratégias e procedimentos metodológicos

ASPECTOS METODOLÓGICOS

2.5 Estratégias e procedimentos metodológicos

A realização desta pesquisa envolveu o emprego de variadas estratégias metodológicas, instrumentos e técnicas de produção e análise de dados, os quais passamos a apresentar a seguir.

A investigação da questão-problema de nosso estudo demandou a leitura crítica de um significativo número publicações científicas recentes acerca das concepções e práticas de diversidade na educação. Assim, com base em um marco referencial (ROJAS SORIANO, 2004) relacionado à diversidade e a educação, definimos os principais aspectos teórico- práticos a serem analisados na pesquisa.

Esta fundamentação foi importante para formular os principais instrumentos e estratégias metodológicas, pois concordamos com o pensamento de Vasconcelos (2002), ao mencionar que os instrumentos e as fontes de dados não podem ser aleatórios e devem ser criteriosamente definidos de acordo com os objetivos do investigador. Esta compreensão orientou a construção de um questionário (formulário de identificação dos sujeitos), de uma guia de entrevista e de um roteiro de observação empregados como principais instrumentos e técnicas de produção de dados, os quais passamos a descrever a seguir.

Para melhor conhecer os sujeitos do estudo, utilizamos questionários (formulário de identificação dos sujeitos)15 com questões fechadas e abertas (MOREIRA e CALEFFE, 2008) para obter informações como faixa etária dos professores, sexo, formação acadêmica, tempo de serviço no magistério, atualização profissional etc. A opção por este instrumento deveu-se a sua adequação para obtenção desse tipo de informação e por oferecer a comodidade e economia de tempo resultante da possiblidade de serem respondidos em local e horário preferidos pelos sujeitos, sem prejuízo da qualidade das informações.

Na ocasião em que recebemos os questionários, conforme datas previamente indicadas (APÊNDICE E - Cronograma de entrevistas), marcamos os horários para a realização de entrevistas semiestruturadas individuais (GIL, 2010; ROSA; ARNALDI, 2006) com as professoras, que foram gravadas e posteriormente transcritas. As entrevistas foram realizadas com o propósito de conhecer as concepções sobre diversidade expressas pelas professoras ao serem interrogados sobre esse tema no contexto da interação dialógica proporcionada por uma

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Optamos por reservar o questionário para a obtenção de informações de natureza mais quantitativa e objetiva, o que o constitui basicamente como uma ficha de caracterização dos sujeitos. As questões de natureza conceitual, que visam à obtenção de informações sobre as concepções e práticas docentes acerca da diversidade forem feitas sob a forma de entrevista semiestruturada.

entrevista semiestruturada, na qual, de acordo com Moreira e Caleffe (2008, p. 169), “O entrevistador é livre para deixar os entrevistados desenvolverem as questões da maneira que eles quiserem. ”

Em relação à técnica da entrevista, consideramos seu emprego imprescindível ao nosso estudo por possibilitar

contextualizar o comportamento dos sujeitos, fazendo a sua vinculação com os sentimentos, crenças, valores e permitindo, sobretudo, que se obtenham dados sobre o passado recente ou longínquo, de maneira explícita, porém tranquila, e em comunhão com o seu entrevistador que deverá, inicialmente, transmitir atitudes que se transformem em transferências e troca mútua de confiabilidade. (ROSA; ARNOLDI, 2006, p. 14)

De acordo com Pinheiro (2000), a entrevista deve propiciar posicionamento uma interação negociada na relação entre o pesquisador e os sujeitos do estudo, pois,

Numa conversa o locutor posiciona-se e posiciona o outro, ou seja, quando falamos, selecionamos o tom, as figuras, os trechos de histórias, os personagens que correspondem ao posicionamento assumido diante do outro que é posicionado por ele. As posições não são irrevogáveis, mas continuamente negociadas. (PINHEIRO, 2000, p. 186)

De acordo com este pensamento, compreendemos também os limites da entrevista devido às condições da sua produção, pois as professoras envolvidas com o nosso estudo sabem da finalidade da pesquisa. Portanto, tal fato contribui e influencia na construção da argumentação desenvolvida diante das perguntas feitas pela pesquisadora. Em nossa pesquisa, a entrevista foi fundamental para o conhecimento dos posicionamentos das docentes na educação escolar.

Os dados coletados por meio das entrevistas foram sistematizados e analisados, mediante a análise de conteúdo (BARDIN, 2009) e com base em categorias específicas resultante da revisão de literatura. Esta análise possibilitará o estabelecimento de relações entre as concepções das professoras e os resultados de outros estudos a respeito deste campo de investigação.

Além disso, utilizamos como estratégia metodológica a observação direta (MINAYO, 1998) de vinte aulas no 3º Bimestre do ano letivo de 2017 (APÊNDICE F - Cronograma de observação das salas de aulas). As quatro turmas das professoras participantes foram observadas, sendo cinco aulas não consecutivas em cada classe. Optamos pela técnica da observação direta para melhor entendermos o nosso objeto de estudo, pois a observação

permite “identificar e obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento” (LAKATOS, 1996, p. 79).

Como um dos nossos objetivos de estudo era identificar as concepções de diversidade dos sujeitos, acreditamos que apenas o formulário de identificação e as entrevistas não seriam suficientes para responder às questões que motivaram a pesquisa. A pretensão da nossa investigação está relacionada com o entendimento que as professoras têm acerca da diversidade bem como das práticas pedagógicas desenvolvidas em sala de aula.

Segundo Bogdan e Biklen (1994) a observação é a técnica que requer mais sensibilidade do pesquisador, pois ele próprio torna-se o principal instrumento de pesquisa. Sendo assim, o pesquisador precisa estar atendo aos efeitos de sua presença no ambiente observado, pois trata-se de um fator que influencia nas atividades realizadas pelos sujeitos participantes do estudo.

Assim, procuramos identificar, por meio desses dados obtidos principalmente nas entrevistas e nas observações, questões, atitudes e posicionamentos acerca da diversidade que são abordados no contexto das atividades e ações pedagógicas desenvolvidas pelas professoras. Mediante a categorização e análise dos dados, identificamos as concepções de diversidade expressas no diálogo com a pesquisadora e na interação com os alunos nas salas de aula. Para tanto, adotamos a análise de conteúdo para interpretar os dados obtidos na pesquisa de campo.

Nossa opção metodológica pela análise de conteúdo decorreu da pertinência dessa técnica para análise dos dados obtidos na pesquisa de campo. Em relação à análise de conteúdo compartilhamos do pensamento de Bardin:

Pertencem, pois, ao domínio da análise de conteúdo todas as iniciativas que, a partir de um conjunto de técnicas parciais, mas complementares, consistam na explicitação e sistematização do conteúdo das mensagens e da expressão deste conteúdo, com o contributo de índices passíveis ou não de quantificação, a partir de um conjunto de técnicas, que, embora parciais, são complementares. (BARDIN, 2009, p. 44).

Bardin (2009) apresenta procedimentos de análise do conteúdo com o intuito de interpretação dos comportamentos, posicionamentos e expressões dos participantes da pesquisa que vão além do que os dados demonstram. Portanto, a adoção da análise de conteúdo é importante para que os significados das expressões sejam compreendidos e, assim, ocorra o entendimento das concepções de diversidade das professoras que foram sujeitos do nosso estudo. Além disso, de acordo com Franco (2003, p. 14) “A análise de conteúdo

assenta-se nos pressupostos de uma concepção crítica e dinâmica da linguagem.” Sendo assim, sua metodologia facilita o entendimento das afirmações contidas nas entrevistas com as docentes que participaram da nossa pesquisa, levando-nos a compreender seus significados.

A fim de esclarecer como empregamos a análise de conteúdo neste estudo, apresentamos em que consistiram os três momentos que a constituem: a pré-análise; a exploração do material e o tratamento dos resultados obtidos e interpretação.

1. Pré-análise: Consiste na leitura do material objetivando “a escolha dos