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Estratégias/Modalidades para a participação as famílias

3. A relação Escola-Família

3.4. Estratégias/Modalidades para a participação as famílias

A participação das famílias é algo fundamental nas vivências das instituições educativas. Neste âmbito, Luísa Homem (2002) define “(...) o conceito de participação como mais abrangente e incisivo que o de envolvimento parental, podendo englobar também a colaboração, a cooperação e a parceria” (Cardona et al., 2012:138). Todavia para que isto exista há que “(...) orientar os pais comunicando a existência do projeto educativo e curricular que regula a atividade da escola, convidando-os a colaborar no mesmo (...)” (Correia & Serrano, 2000:170).

Por tudo isto, de acordo com o estudo Eurydice (2009):

“(...) a forma mais comum de contacto entre pais e educadores [ou professores] é a de prestação de informações aos pais, por exemplo sob a forma de reuniões de pais ou dando-lhes orientação e aconselhamento. Trabalhar com os pais de outras maneiras e criar uma abordagem de parceria é uma característica sistemática da prestação de infância em apenas alguns países” (Cardona et al., 2012:145).

Ainda na mesma linha de ideia, a intervenção e participação dos pais nas instituições torna-se fundamental, porém quando se fala de participar, segundo Serrano e Correia (2000), isto refere-se a:

“Tomar parte nas decisões, responsabilidades e, em simultâneo, colaborar e ajudar nas atividades que se julguem importantes para as crianças. É também propor, dar, apoiar, partilhar, desenvolver tarefas, enfim, é dar soluções e disponibilizar os meios para que estas se tornem possíveis sob a forma de cooperação e alcancem o maior grau de existo” (2000:175-176).

Posto isto, “existem, portanto muitas formas de organizar e colocar em prática a participação dos pais” (Correia & Serrano, 2000:175). Os mesmos autores (2000), definem três modalidades - Modalidade Tutorial, Modalidade Colaborativa e Modalidade Coparticipativa - que passarei a explicitar seguidamente.

A primeira modalidade, em linhas gerais, reporta-se a uma distância de relações de colaboração entre pais e profissionais educativos, aludindo-se a três pressupostos: 1. Os pais delegam na escola a responsabilidade de educar os seus filhos; 2. Os educadores aceitam essa delegação de responsabilidades; 3. Os pais preocupam-se com os resultados escolares. E assim sendo, “neste sentido, pode dar-se a circunstância de uma grande parte dos pais não terem conhecimento do projeto pedagógico do centro, dos programas de trabalho (...)” (Correia & Serrano, 2000:177). A acrescer ao já referido, “não se espera participação/envolvimento por parte dos pais nem dos educadores; de facto, a consideração das famílias pela educação manifesta-se através de uma falta de participação. (...) Em geral os pais aderem às normas e confiam que os educadores fazem o que é correto (...)” (Correia & Serrano, 2000:177).

A Modalidade Colaborativa, ao invés da Tutorial, segundo Serrano e Correia (2000), “(...) reconhece o intercâmbio continuo entre os pais e a escola, assim como o importante papel por eles desempenhado ao assegurar e melhorar os êxitos educativos dos seus filhos” (2000:178). Também “(...) são os profissionais da escola quem estabelece os programas e, portanto, os objetivos a desenvolver. (...) a finalidade é que os pais entendam e apoiem os objetivos da escola e que desempenhem um papel de apoio mas subordinado” (2000:178).

No que respeita ao objetivo desta modalidade, há que “(...) enriquecer o currículo escolar, incorporando a contribuição das famílias. (...) pelo que a interação entre pais e educadores permite alcançar de um modo mais eficaz os objetivos ao desenvolver o conteúdo escolar” (Correia & Serrano, 2000:178).

Quanto às implicações que esta modalidade tem no currículo, salienta-se que esta “(...) não implica um currículo predeterminado ou um grupo de práticas e atividades. Pelo contrário, o processo de desenvolvimento do currículo é de natureza colaborativa e os pais podem

trabalhar diretamente com as crianças e educadores ou diretamente com os educadores para complementar e desenvolver um currículo integrado” (Correia & Serrano, 2000:179).

De entre as formas de colaboração desta modalidade, os autores destacam: o Período

de Adaptação da criança ao contexto, no qual as famílias em conjunto com o

educador/professor devem colaborar e arranjar estratégias para que a criança se sinta progressivamente mais segura no novo contexto; a Apresentação de Atividades e Profissões em contexto, pois só assim se poderão aproveitar os conhecimentos e capacidades das famílias com vista a integrá-las nos programas escolares; as Atividades Extra-Escolares, na qual as famílias podem participar em visitas de estudo ou outras atividades do mesmo género; e para concluir, as Festas Escolares e Tradicionais, nas quais as famílias se devem envolver no trabalho desenvolvido em contexto, integrando-se ativamente nas celebrações e em todo o processo de ensino-aprendizagem que daí decorre.

Para concluir, segundo Epstein (1990) há que referir que na Modalidade Colaborativa, o grande enfoque da participação das famílias na escola, vai no sentido das famílias solicitarem “(...) na escola orientações claras sobre as capacidades que os seus filhos devem adquirir e como podem apoiar o seu desenvolvimento” (Correia & Serrano, 2000:178).

Arrematando e no que concerne à Modalidade Coparticipativa, esta:

“(...) baseia-se no facto de que os pais e os educadores são membros de uma parceria que tem um objetivo comum: apoiar a integração e o êxito de todas as crianças na escola. Isto constitui uma visão unificadora que associa as culturas familiar e escolar, incluindo os pais e educadores em parcerias de aprendizagem” (Correia & Serrano, 2000:182).

Dado o que foi referido, “é por isso que esta modalidade dá ênfase à comunicação bidirecional, à força e apoio dos pais e à resolução de problemas, conjuntamente com os educadores” (Correia & Serrano, 2000:182). Por isto mesmo, famílias e corpo docente devem trabalhar em articulação e com objetivos conjuntos, com vista à melhoria dos contextos e das práticas educativas. Nesta relação, não há, assim, intervenientes que se elevam face a outro. Logo, a ideia de subordinação é colocada à margem, o que favorece o processo de ensino- aprendizagem da criança.

Para finalizar, cito Epstein (1987) acerca da participação das famílias, incluindo-se nesta participação:

“1. As obrigações básicas das famílias no que respeita à saúde, segurança e um ambiente familiar positivo; 2. As obrigações básicas da escola, organizando reuniões para os pais relativas aos programas e progressos das crianças; 3. A participação voluntária dos pais, na escola, para a realização de atividades de apoio e trabalho com os alunos; 4. A participação dos pais realizando atividades de acompanhamento da

aprendizagem das crianças a desenvolver capacidades que, por sua vez, as ajudem a aprender na classe; 5. A participação dos pais nas organizações pais-educadores” (Correia & Serrano, 2000:182-183).

Posto isto, tenho a defender que esta última modalidade apresentada é a que requer um maior grau de participação das famílias, sendo esta primordial ao bom e equilibrado funcionamento de uma instituição educativa que tem em vista o desenvolvimento positivo de todos os intervenientes educativos.

3.5. Variáveis sociais implicadas na Relação Escola-Família e diferenças de