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Estratégias para fomentar o ensino das competências leitoras

No documento Um despertador chamado poesia (páginas 75-78)

Capítulo II Revisão de literatura

5. Estratégias para o ensino da poesia

5.1 Estratégias para fomentar o ensino das competências leitoras

Estranha-se que, das diferentes modalidades de leitura que se apresentam, a leitura para informação e estudo seja relegada para simples técnica de trabalho. Se se assume repetidamente que o português contribui para o desenvolvimento integral do indivíduo e condiciona o sucesso escolar, como menosprezar o ensino e o treino desta modalidade que é efectivamente aquela que fornece estratégias de base para a compreensão dos textos que o aluno utiliza maioritariamente?” (Delgado-Martins, Duarte, Costa, Pereira, Prista, & Mata, 1991, p. 16).

A leitura é um modo de comunicação, de expressão, para passar informação mas também permite reter, perceber, memorizar, raciocinar qualquer que seja a sua mensagem. Desta forma, o professor tem que conhecer o que ensina, saber como o fazer e saber o momento certo para atuar.

Só há compreensão de um texto quando há evolução cognitiva conseguida através das informações patentes no texto, “de maneira a que os objetivos do seu autor sejam corretamente apreendidos” (Buescu, Morais, Rocha, & Magalhães, Caderno de Apoio - Aprendizagem da leitura e da escrita (LE), 2015, p. 11). Acrescentando, na leitura há liberdade. A leitura tem um caráter mais individual que deve que ser explorado e que se verifica se for praticada, pois não se revela possível na audição de um discurso. Assim, o leitor adquire estratégias para compreender, como ler, reler, ler ao seu próprio ritmo, voltar atrás ou ir buscar informação precedente.

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É de facto necessário que nos programas se proponham formas de aprender estratégias de leitura: ler rapidamente para apreender o conteúdo global do texto – treinar habilidades de percepção do texto impresso de modo a alargar o alcance do olhar; ler detalhadamente para extrair o máximo de informação; fazer inferências a partir de dados textuais, fazer pressuposições a partir de dados não explícitos no texto; ser capaz de predizer informação guiado por pistas lexicais e/ou sintácticas; detectar incoerências; testar a compreensão do texto lido através de exercícios apropriados que não a obriguem a passar pelo filtro da produção escrita ou oral (Delgado-Martins, Duarte, Costa, Pereira, Prista, & Mata, 1991, p. 16).

Então, cabe ao professor desencadear um conjunto de tarefas que permita aos alunos serem autónomos, pois “é possível ensinar estratégias de compreensão que ajudem o leitor a adaptar a sua atividade de leitura e de compreensão às características do texto, tendo em conta os seus objetivos” (Buescu, Morais, Rocha, & Magalhães, Caderno de Apoio - Aprendizagem da leitura e da escrita (LE), 2015p. 11), com vista à extração da informação ou do sentido de texto, como é denominado na psicolinguística cognitiva.

É tarefa do professor direcionar os alunos à interpretação, ao “olhar crítico” e apreciação, levando ao desenvolvimento cognitivo (através da sintaxe e da semântica), ensinando o aluno – futuro cidadão – a respeitar o texto. O docente pode trabalhar a compreensão do texto a partir, por exemplo, da organização de uma “frase agramatical ou que substitua, numa estrutura de frase gramaticalmente correta, a ou as palavras que tornem semanticamente aceitável” (Buescu, Morais, Rocha, & Magalhães, Caderno de Apoio - Aprendizagem da leitura e da escrita (LE), 2015, p. 13), disponibilizar formas de exploração de textos, de forma a garantir autorregulação e autonomia para que o aluno seja capaz, ele mesmo, de progredir na leitura de um determinado texto.

Assim, o professor deve permitir e/ou direcionar o aluno para que este faça “resumos do que já leu antes de continuar a leitura, prestar atenção ao título e subtítulos, passar em revista o texto, ou ler seletivamente certas partes antes de ler todo o texto em pormenor” (Buescu, Morais, Rocha, & Magalhães, Caderno de Apoio -

Aprendizagem da leitura e da escrita (LE), 2015, p. 14). Claro está que o aluno irá adequar, voluntária e involuntariamente, estas estratégias que dependem (muito) se o fizer regularmente para que obtenha um maior conhecimento do texto.

Se o conhecimento dos conceitos e dos factos, a memória de trabalho, as capacidades de raciocínio, de inferência e de analogia, a atenção e a manutenção da atenção, o conhecimento do vocabulário e da morfologia, a capacidade de análise sintática, isto é, se um vasto conjunto de capacidades e de conhecimentos for demasiado modesto, é provável que as estratégias ensinadas não possam compensar o efeito daquelas deficiências (Buescu, Morais, Rocha, & Magalhães, Caderno de Apoio - Aprendizagem da leitura e da escrita (LE), 2015).

O professor é um “promotor” que provoca desafio e que faculta estratégias que propiciem entendimento e reflexão do texto, devendo fazê-lo de forma didática e pedagógica para que a aprendizagem seja agradável, interessante e motivante. Inês Sim-Sim (2007) afirma que ensinar a compreender é ensinar explicitamente estratégias para abordar um texto. Se o docente conseguir captar a atenção para a aprendizagem “as dificuldades de compreensão em leitura são menos um problema de leitura do que um problema de desenvolvimento de capacidades cognitivas e de desenvolvimento” (Buescu, Morais, Rocha, & Magalhães, Caderno de Apoio - Aprendizagem da leitura e da escrita (LE), 2015, p. 14).

Posto isto, nomeiam-se estratégias que podem ser adotadas pelos docentes, para fomentar o ensino das competências leitoras antes, durante e depois da leitura. Portanto, devem ou podem ser adotadas as seguintes estratégias antes de iniciar a leitura:

 “Explicitar o objectivo da leitura do texto;  Activar o conhecimento anterior sobre o tema;

 Antecipar conteúdos com base no título e imagens, no indíce do livro, etc” (Sim-Sim, Novembro, 2007, p. 17)

As estratégias a empregar durante a leitura são:  “Fazer uma leitura selectiva;

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 Criar uma imagem mental (ou mapa mental) do que foi lido (associações, experiências sensoriais – cheiros, sabores – sentimentos, etc.);

 Sintetizar à medida que se avança na leitura do texto;

 Adivinhar o significado de palavras desconhecidas; se necessitar, usar materiais de referência (dicionários, enciclopédias…)” (Sim-Sim, 2007, p. 17).

Relativamente às estratégias a realizar pelo docente depois da leitura nomeiam-se as seguintes: formular perguntas sobre o que leram e possível resposta, comparar o que realmente leram e concluíram depois da leitura com o que cogitaram previamente antes de lerem, criar um momento de discussão com a turma ou colega(s) sobre o lido e, finalizando, reler para que seja possível a autoverificação da compreensão.

No documento Um despertador chamado poesia (páginas 75-78)