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Após a delimitação do campo de observação RICA, faz-se uso da estratificação devido à grande diversidade de agricultura, quer pela dimensão económica quer pelo tipo de produção: número de hectares da exploração agrícola que se concentram na produção agrícola, especialização em pecuária, ou explorações agrícolas com actividades mistas, apresentando diversos tipos de orientação.

Com apenas estes dois critérios, dimensão económica e tipo de orientação, o campo de observação de explorações agrícolas da União Europeia fica altamente heterogéneo. Para garantir que a amostra reflecte correctamente essa heterogeneidade, as Agências de Ligação estratificam o campo de observação antes da selecção da amostra. Se essa estratificação não for feita, há o risco de determinados tipos de explorações agrícolas não serem adequadamente representados. A Comissão faz uso desta técnica e utiliza três critérios para a estratificação: a região, dimensão económica e tipo de orientação. A obtenção da amostra da Rica pode ser representada como uma matriz tridimensional de células (Fig. 4.1), onde ao universo (Universe) é retirado o campo de observação (Field of survey), depois de ter sido estratificada por tipos de orientação técnica (Types of farming), por classes de dimensão económica (Economic size classes) e por regiões (Regions) conforme as condições impostas (Clusters). Por exemplo, se só se analisar as explorações com classes de DE superior a 2400 €, esta decisão vai determinar a amostra RICA (FADN Sample).

A base teórica utilizada para a estratificação é composta por um grupo numeroso de células de classificação (140 regiões da RICA x 72 tipos de orientação x 9 classes de dimensão económica = 90.720 células), para o ano do estudo (2008).

Por vezes, certas células não existem ou são muito raras em alguns Estados Membros (tipo de orientação x classes de dimensão económica).

A partir do conhecimento do campo de observação e do método de selecção, a Comissão, assistida pela Agência de Ligação dos Estados-membros, é capaz de julgar as células que podem estar vazias,

sem qualquer exploração a representar. As células que apresentam características semelhantes são agregadas e tratadas como se de uma única célula se tratasse.

Figura 4.1- Amostra RICA estratificada por classes de OTE, DE e Região

4.2.1 - Ponderação

Um sistema de ponderação especial é usado no cálculo dos resultados da RICA, de modo a compensar as diferentes fracções de amostragem obtidas pela estratificação, nas diversas células calculadas. É baseado no princípio da "livre expansão": um peso calculado aplica-se a cada exploração da amostra (factor de extrapolação). O cálculo do peso individual das explorações na amostra e no campo de observação é feito de acordo com a estratificação segundo os critérios de região RICA, dimensão económica e tipo de orientação. O peso individual é igual à razão entre o número de explorações, da célula (região RICA x tipo de orientação x classe dimensão económica), no campo de observação e na amostra. Ex.: se houver 1000 explorações na célula estratificada, mas apenas 20 explorações colaboraram com a RICA então calcula-se o ponderador (1000/20=50) de modo a extrapolar o resultado dessas 20 explorações para representar as 1000 inicialmente pretendidas.

4.2.2 - Comparabilidade e Controlo

A comparabilidade da RICA a nível da União Europeia é suportada pela tipologia que foi criada para ser usada por diversos organismos e é uma metodologia que abrange os diversos tipos de agricultura. Esta tipologia, descrita na Decisão 85/377/CEE, de 7 de Junho de 1985, identifica os principais tipos de agricultura através da orientação técnica e da dimensão económica. Para o caso de Portugal, o Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas 2007, apresenta um total de 275.090 explorações agrícolas, sendo o campo da RICA composto por 117.050 explorações agrícolas, com uma taxa de cobertura de 39%. Estes valores representam 77% da dimensão económica, 82% de SAU e 52% da UTA, valores acordados entre a Comissão e a Agência de Ligação.

A determinação do tamanho ideal da amostra nem sempre é conseguida. Fracções de amostragem variam de célula para célula. Em alguns Estados-membros, as agências de Ligação têm dados suficientes sobre a variabilidade das explorações agrícolas dentro do campo de observação para calcular fracções de amostragem ideal. Noutros casos, fracções de amostragem são definidos de

acordo com o número de explorações agrícolas na célula. Após a elaboração do plano de selecção ou amostral, as explorações agrícolas podem mudar de uma célula para outra, se houver uma mudança na sua dimensão económica ou no tipo de orientação técnica. Como a participação dos agricultores é voluntária, nem todos têm a contabilidade agrícola atempadamente disponível e com o decorrer dos anos a maior parte das explorações já foram inquiridas no ano anterior, pelo que a amostra não é aleatória e o plano amostral é meramente indicativo (Figura 4.2).

Figura 4.2- Representação do universo RICA

O universo das explorações é dado pelo Recenseamento Agrícola (RA) feito de 10 em 10 anos ou pelo Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas (IE), cuja amostra é extrapolada para o universo, com as referências temporais de anos acabados em 3, 5 e 7. O campo de observação comporta as explorações agrícolas (EA) com valores DE superiores a 2400 € (caso português) e o

Universo de Explorações IE/RA

Campo de Observação RICA (EA>2400 € )

Plano Amostral (RA, DE, OTE)

plano amostral está estratificado por região agrária (RA), dimensão económica (DE) e orientação técnico-económica (OTE) originando depois a amostra propriamente dita com apenas empresas comerciais.

Este procedimento é um exercício dinâmico, interactivo e concertado, de modo a tentar representar o mais possível a realidade de cada Estado-Membro. O exercício começa no ano n-1 com a apresentação do plano amostral com o número de explorações por Região, DE e OTE; no ano n é feita a recolha da informação que termina em meados do ano n+1, quando são feitas as validações e o apuramento de resultados para confrontar com o plano amostral. Se, por qualquer motivo alguma exploração não acabar o ano em exercício ou não atingir o limiar mínimo a cumprir, essa exploração é afastada da amostra RICA. A amostra do ano n fica finalizada no ano n+1, após a validação e fecho do ano por parte da DGAgri. Só então, são calculados os ponderadores a serem usados para representar o campo de observação.

A necessidade de controlo de qualidade leva a procedimentos exaustivos de controlo de qualidade seguidos pelas agências de Ligação e pela RICA, pois as decisões sobre a política agrícola na União Europeia devem ser baseadas em análises sólidas e precisas. Todos os controlos efectuados encontram-se bem detalhados nos regulamentos de suporte do RICA.

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