Estresse ocupacional, burnout e jovens trabalhadores

Considerando a escassez de pesquisas que relacionam o burnout e o estresse ao trabalho, especificamente do público considerado jovem, como uma lacuna na Academia

brasileira, neste tópico, apresentam-se reflexões sobre a incidência de estudos que abarquem a temática e o público-alvo mencionado.

Entre os estudos disponíveis (dois artigos e três teses - três em português e dois em inglês), a Saúde foi novamente a área de conhecimento que mais pesquisou e que mais utilizou os trabalhadores provenientes de serviços de saúde para fazer pesquisas. Isso corrobora os argumentos do tópico anterior quanto à necessidade de empoderar outras áreas na temática, para que seja possível observar os fenômenos a partir de outros prismas que não apenas o ponto de visto biomédico, que trata das características e das implicações psíquicas e físicas das doenças. Todavia, as pesquisas não objetivaram, em sua totalidade, fazer estudos que estivessem ligados especificamente às características da juventude, dos trabalhadores que foram utilizados como seus sujeitos, o que demonstra a carência acadêmica na investigação sobre o assunto.

A maioria dos trabalhos encontrados averiguou o fenômeno do estresse no trabalho em profissionais da área de Saúde, como enfermeiros e médicos (EBLING; CARLOTTO, 2012; DALAROSA, 2008; SILVA, 2001). Também foi incluído um estudo realizado com trabalhadores analistas de sistemas (ROCHA; DEBERT-RIBEIRO, 2001), porém elaborado por pesquisadores da área da Saúde.

Somado a isso, foi encontrada uma tese que se propôs a investigar o enfrentamento de estressores ocupacionais e sua relação com estresse percebido, idade, cargo e experiência, mediadas por crenças de autoeficácia e agência, com líderes e técnicos de uma empresa de engenharia elétrica (FONTES, 2006). A pesquisa mencionada no parágrafo anterior foi a que teve mais semelhança com os termos de busca utilizados, já que seus autores se propuseram a interligar as variáveis „estresse‟ e „idade‟ de maneira direta. Entretanto, os sujeitos do estudo foram trabalhadores com idades de 27 a 50 anos, que, segundo as leis e os preceitos teóricos apresentados nesta dissertação, não são considerados jovens.

No que diz respeito à busca com os termos “burnout” and “jovens”, novamente a literatura demonstra intenso interesse na pesquisa pela síndrome de burnout, já que as pesquisas resultaram em um total de 22 estudos a partir dos termos indicados. A Saúde continua sendo a área de conhecimento que mais estuda o fenômeno, e agora recebe incidência de pesquisadores provenientes não apenas da Enfermagem ou da Medicina, mas também da Educação Física, da Psicologia e da Fisioterapia.

Entre os estudos, foi encontrada grande incidência de artigos e teses que utilizam jovens nadadores e jovens atletas de maneira geral como sujeitos. Esses estudos relacionam variáveis como motivação, ansiedade e a influência do gênero (COSTA, 2014; BRANDÃO,

2009; CERDEIRA, 2009; COSTA, 2009; RODRIGUES, 2009; DIONÍSIO, 2009; PALA et

al, 2009; MOREIRA et al, 2009). Contudo, apesar de as pesquisas com jovens atletas serem

consideradas as mais relevantes, segundo os Periódicos Capes, foram mais frequentes estudos com profissionais da área de Saúde, o que corrobora os dois tópicos descritos (BARROS et al, 2008; REBOUÇAS et al, 2007; MAISSIAT, 2013; DUVAL NETO et al, 2011). Também estão incluídas na busca pesquisas acerca do burnout como realidade do trabalho dos psicólogos (BIEHL, 2009) e de estudantes universitários ou residentes (JUNCÁ, 2012; LOURENÇÃO et al, 2010).

Em pesquisas realizadas na biblioteca eletrônica Spell, não foi possível encontrar resultados provenientes dos termos de busca supracitados, o que confirma a carência de estudos com o viés administrativo. Quanto aos Anais da ANPAD – fonte importante para a análise de estudos sobre o tema com viés administrativo – a temática burnout, mesmo trabalhada em mais de 30 artigos até o ano de 2016, apenas um analisa como proposta central a incidência do fenômeno como típica e central no trabalho de jovens. Isso denota que há interesse dos pesquisadores dos eventos pelo tema, mas não pelas idiossincrasias da faixa etária que envolve a juventude.

Assim, por mais que os estudos sobre burnout e jovens possam ser encontrados na literatura acadêmica, ainda o são em baixa quantidade. Como foi visto, essa baixa quantidade de estudos não contempla pesquisas que se propõem a analisar a presença dos jovens e sua inserção no mercado de trabalho como possível vinculação a fenômenos como o estresse ocupacional e o burnout. Ou seja, os estudos sobre jovens e burnout indicam o perfil de trabalhadores jovens ligados a esse fenômeno, porém não começam com a indagação de que, por serem jovens, podem caminhar para vivências de burnout e para as consequências da síndrome.

A área de Saúde está atualizada e constante nas pesquisas científicas sobre estresse ocupacional e burnout, porém foi constatada a importância de que outras áreas, por meio da utilização de diferentes sujeitos de pesquisa, possam contribuir para o estudo desse fenômeno de forma mais representativa, objetivando fortalecer as conclusões tomadas acerca dessa temática e, consequentemente, ações a serem traçadas no sentido de melhorar a vida dos sujeitos e a de promover a harmonia entre os trabalhadores, os empregadores e o mercado de trabalho.

3 Procedimentos Metodológicos

Neste capítulo, apresentam-se as características deste estudo de acordo com o seu tipo, seus objetivos e seus procedimentos técnicos e informações sobre o lócus da pesquisa (lócus empírico) e sobre seus sujeitos e esclarecer os instrumentos utilizados, as informações sobre o método de análise dos resultados, as etapas gerais que foram cumpridas no desenvolvimento metodológico da pesquisa e os procedimentos éticos cabíveis para sua realização. A figura a seguir resume a trajetória da metodologia da pesquisa.

Figura 3 – Resumo da trajetória metodológica de pesquisa

Questão problema

Como se encontram configuradas as dimensões da síndrome de burnout em jovens trabalhadores alunos de cursos gratuitos ministrados no ESPERO de Recife/PE?

Objetivo geral

Analisar como se encontram configuradas as dimensões da síndrome de burnout em jovens trabalhadores que realizam cursos gratuitos de formação profissional ministrados no ESPRO Recife/PE, o que inclui as relações com seu trabalho, com a organização onde se desenvolve e com as outras pessoas

Caracterização da pesquisa

Descritiva De campo Abordagem mista (quantitativa/qualitativa)

Lócus da Pesquisa Coleta de dados Sujeitos

Associação ESPRO Recife Jovens Trabalhadores

I – Quantitativos II – Qualitativos Questionários Entrevistas

I – Análise II – Análise

Estatística Análise de conteúdo