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CAPÍTULO 5 – GEOLOGIA ESTRUTURAL DA ÁREA DE ESTUDO

5.2 Análise Geométrica e Cinemática

5.2.1 Estrutúras Dúctil - Rúpteis

No Anticlinal do Pai Inácio, um anticlinal resultante de processo de megadobramento regional, cujo eixo principal está orientado segundo um trend NNW-SSE. Neste anticlinal está entalhada a Serra do Sincorá. Esta megafeição é caracterizada por apresentar dobras formadas pelo mecanismo de deslizamento flexural, mais apertadas a oeste tendendo a dobras mais suaves a leste (Danderfer 1990).

O acamamento (S0) no flanco leste da Serra o Sincorá tem orientação geral preferencial N-S com baixos valores de mergulhos variando entre 10º e 40º. Na área de estudo

o mergulho é preferencialmente para NE (Figura 27). O diagrama de isodensidade polar da Figura 27 mostra que o valor máximo de concentração dos pólos é igual a 78ºp/261º. O plano de máximo obtido foi 351º/12ºNE e o Lb 1ºp/349º configurando o Anticlinal do Sincorá como uma dobra suave.

Figura 27: a) Diagramas de planos para o acamamento (S0) da Serra do Sincorá. b) Diagrama de Isodensidade Polar para o acamamento (S0) da Serra do Sincorá mostrando o valor máximo 78ºp/ 261, plano máximo 351/12ºNE e o Lb, representado pela estrela verde, mostrando o valor de 1ºp/349.

Na trilha que liga a cidade de Andaraí ao Vale do Paty, no ponto AM-138, foi observada a presença de uma dobra suave, de grande porte nos metarenitos fluvias da Formação Tombador (Foto 12). Os diagramas de isodensidade polar (Figura 28) para esta dobra mostram que os flancos mergulham tanto para NW quanto para SE configurando um padrão compatível com estruturas desse tipo.

Os diagramas da Figura 29 mostram a configuração para esta dobra, de acordos com os valores das medidas dos seus flancos, com o valor máximo de 66ºp/142º, o plano máximo de 232º/24º NW e o valor calculado para o eixo da dobra (Lb) de 3ºp/331º (estrela verde no diagrama). A configuração desta dobra se mostra compatível com as megadobras de escala regional descritas por diversos autores.

Foto 12: Dobra suave nos metarenitos fluviais da Formação Tombador, na Trilha do Paty. Ponto AM-138.

Figura 28: Diagramas para os flancos da dobra nos metarenitos fluviais da Fm. Tombador na Trilha do Paty. a) Diagrama de planos. b) Diagrama de Isodensidade polar mostrando o valor máximo de 69ºp/249, plano máximo de 339/21º NE e Lb de 15ºp/17.

Na Serra do Sincorá estão presentes estruturas nucleados em regime dúctil-rúptil como as fault propagation fold associadas a falhas de empurrão (Fotos 13 e 14). Tais estruturas representam dobra subsidiárias e são as estruturas mais importantes, hierarquicamente, depois da mega dobra da Serra do Sincorá.

Essas estruturas foram observadas nos metassiltitos e metarenitos da Formação Caboclo, nos pontos AM-180 E AM-181 (Anexo I), localizados ao longo da BA- 142, estrada que liga Andaraí a Mucugê. São observadas dobras suaves a abertas, simétricas de pequeno a médio porte, com geometria cilindrica e vergência para WNW, onde o próprio flanco da dobra serve como rampa de cavalgamento.

Foto 13: Fault Propagation Fold associado à falha reversa e vergência para WSW. Em preto estão destacados os planos de acamamento e em vermelho está destacado o plano de falha. Afloramento na BA-142. Ponto AM-180.

Foto 14: Dobra de arrastodesenvolvida pelo mecanismo de fault propagation fold associado à falha de empurrão, com cinemática reversa e vergência para WSW. Em preto estão destacados os planos de acamamentos e em vermelho está destacado o plano de falha. Afloramento na BA-142. Ponto AM181.

Ainda no afloramento do ponto AM-181 verifica-se a presença de uma dobra assimétrica, apertada, de médio porte, nos metassiltitos da Formação Caboclo (Foto 15). Este afloramento apresenta alto grau de silicificação, provavelmente provocado pelas altas taxas de deformação responsáveis pela geometria assimétrica em “Z”, apertada da dobra.

Foto 15: Dobra com geometria assimétrica em “Z”, apertada. Metassiltitos da Formação Caboclo. Afloramento do tipo corte de estrada na rodovia BA-142. Ponto AM-181.

No afloramento AM-165, no leito do Rio Paraguaçu, são observadas tension gashes com orientação preferencial N010/10º SE indicando cinemática reversa sinistral para a zona de cisalhamento, associados a dobra com geometria kink assimétrica de pequeno porte onde não se nucleia uma falha de empurrão e que deformou os planos de acamamento dos metarenitos eólicos da Formação Tombador cujo orientação é N312/ 15 NE (Foto 16). A superfície de acamamento sofre uma mudança abrupta de orientação.

Estas estruturas são nucleadas em um plano kink com orientação N160º/30º SW observada em alguns planos. O afloramento apresenta um alto grau de silicificação.

Foto 16: Tension gashes e pequena dobra com geometria kinknos metarenitos eólicos da Formação Tombador associado por falhas de com movimento aparente de cinemática sinistra com orientação N160/30º SW. Ponto AM-166.

Estas estruturas são comumente associadas às zonas de cisalhamento rúptil-dúctil, onde fluidos preenchem juntas extensionais (Foto 17). Os grãos de quartzo cristalizados no interior destas juntas podem ser vistos a olho nú.

Foto 17: Tenshion gashes com atitude N250º/40NW nos metarenitos fluviais da Formação Tombador associadas à zona de cisalhamento com cinemática aparente sinistral. Ponto AM-174.

Os tension gashes compreendem estruturas com o mergulho bastante variado e estão fortemente associados às fraturas de tração com orientação NNW-SSE. Observa-se também a presença de um segundo padrão com orientação aproximada E-W, porém, este trend, possui uma menor freqüência em relação ao primeiro, orientado NNW-SSE.

O diagrama de roseta, com o tratamento estatístico dessas estruturas está apresentado na Figura 29 e confirma a existência destes trends para os veios de quartzo e para as tension gashes.

Figura 29: Diagrama de roseta com tratamento estatístico para os veios e tension gashes mostrando dois trends

para as estruturas dúcteis-rúpteis.

Nos veios de quartzo desenvolvem-se outras estruturas características de regimes dúctil-rúpteis: as fibras de estiramento mineral (Lx) (Foto 18). São cristais de quartzo, centimétricos, encontrados nas zonas de cisalhamento ou nos planos intraestratais. Estes cristais apresentam apresenatam geometria prismática, fibrosa e alongada que indicam o sentido do deslocamento aparente entre os blocos deslocados.

Foto 18: Veio de quartzo com estrias nos metarenitos fluviais da Formação Tombador na Vila de Igatú. Ponta da caneta aponta para a direção do deslocamento. Ponto AM-191.

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