A Estruturação urbana de Nova Palma/RS.

O município de Nova Palma, como mencionado anteriormente, teve suas origens associadas à colonização italiana na Região central do Rio Grande do Sul, a então Região da Quarta Colônia de Imigração Italiana. Os imigrantes localizaram-se em lotes rurais e desenvolveram o sistema de policultura em pequena propriedade.

Estas características (colonização italiana e pequena propriedade rural) configuram, na década de 1930, a formação de um pequeno aglomerado de residências na Planície Aluvial do Rio Soturno.

Neste período, havia uma ponte de ferro sobre o Arroio Portela fazendo a ligação do aglomerado urbano com as demais localidades rurais locais e

pequenas “casas comerciais”, a fim de realizar as trocas comerciais. Os caminhos do aglomerado urbano eram de estradas de chão, desenhando os possíveis meios de circulação de pessoas e mercadorias e da formação urbana (Ilustração 17).

Ilustração 17: Aglomerado urbano em 1930.

Fonte: Centro de Pesquisa Genealógica de Nova Palma – 2010

O povoado delineou-se em função da atividade agrícola. Assim, as necessidades dos produtores rurais em comercializar seus produtos impulsionaram a formação deste povoado, já em 1930.

Em 1940, intensificam-se as trocas de mercadorias e fluxos de pessoas no povoado, resultando na presença de alguns estabelecimentos comerciais e fábricas. Situavam-se, entre elas, casa comercial Próspero Pippi, casa comercial Natalino Tomasi, fábrica de calçados Zasso e fábrica Bagiotto. Constituiu-se assim uma identidade fabril e comercial, cujo trabalho era uma atividade importante. A construção da Igreja Matriz Santíssima Trindade consolidou o espírito religioso, garantindo a união entre os habitantes locais de origem italiana.

O povoado se expandiu territorialmente e estabelecimentos comerciais e residências vão se espraiando pelo vale (Ilustração 18), em direção centro/nordeste da planície aluvial do Rio Soturno.

Ilustração 18: Povoado urbano em 1940.

Fonte: Centro de Pesquisa Genealógica de Nova Palma

Diante do constante crescimento do povoado (distrito de Júlio de Castilhos), no ano de 1956, ele adquiriu significativa organização das ruas, o que permitiu a acessibilidade e tráfego no distrito. A intensificação de construções e de residências de dois andares chamadas casarões materializa a paisagem do tecido urbano, ao longo do vale do Rio Soturno. Estas residências mostram uma arquitetura no estilo italiano (Ilustração 19).

Ilustração 19: Povoado Urbano em 1956.

Em frente à Igreja matriz, a construção de praça destinada ao lazer e ao encontro com os amigos, criando, aos poucos, equipamentos urbanos necessários para a consolidação daquele espaço urbano.

O crescimento econômico, político e populacional associado ao espírito de liderança do Padre Luis Sponchiado fortaleceu a emancipação política daquele povoado, a qual se deu em 29 de julho de 1960, constituindo, então, em sede do município a cidade novapalmense.

A malha urbana, em 1970, mostrou-se articulada e centralizada em torno da igreja. Ampliam-se os fluxos e a circulação de mercadorias e pessoas, gerando a criação de novas estruturas urbanas como hotel e a Cooperativa Agrícola Mista Nova Palma Ltda. Assim, o aumento dos equipamentos urbanos e a criação de novas atividades e estabelecimentos comerciais, juntamente com a emancipação municipal, oxigenaram o crescimento da cidade. (Ilustração 20).

Ilustração 20: Cidade de Nova Palma/RS em 1970. Fonte: Centro de Pesquisa Genealógica de Nova Palma.

Com isso, o perímetro urbano se expande horizontalmente. A população se adensou em torno das atividades, agora mais complexas como a cooperativa, bancos, indústrias e rede de lojas. O traçado das ruas encontra- se, neste período, mais articulado, permitindo e facilitando a acessibilidade no interior da cidade (Ilustração 21). A malha urbana, por sua vez, expandiu-se no

sentido leste/oeste, especialmente pela presença da cooperativa, que se instalou distante do centro da cidade e favoreceu tal expansão.

Ilustração 21: Cidade de Nova Palma/RS em 1992. Fonte: Centro de Pesquisa Genealógica de Nova Palma

A periferia urbana passou a receber pessoas vindas de outros municípios ou do interior do município a partir da década de 2000, ocupando efetivamente a Planície Aluvial do Rio Soturno e redefinindo o centro urbano (Ilustração 22).

Ilustração 22: Cidade de Nova Palma/RS em 2007/2009. Fonte: Google Earth- 2011.

A partir desta década, o governo municipal destinou recursos financeiros na construção de casas populares, garantindo acesso à moradia com a

construção de COHABs, que foram denominadas Raimundo Aléssio e Habitar Brasil.

Diante do continuo crescimento urbano, a cidade se expande verticalmente, com a construção de pequenos prédios de estruturas modernas. Tendo em vista o relevo com forte declividade e com rios encaixados, a cidade de Nova Palma se desenvolve na Planície Aluvial do Rio Soturno, que vai apresentar certas limitações em relação a sua expansão e dificultando o crescimento horizontal, restando, como opção, moradias em apartamentos, fortalecendo o crescimento vertical da cidade (Ilustração 23).

Com isso, os órgãos responsáveis pelo planejamento urbano devem buscar novas soluções de crescimento urbano. Estas não devem comprometer o desenvolvimento local, minimizando os impactos ambientais e urbanos.

Ilustração 23: Fotografia da construção do prédio residencial/comercial de Nova Palma/RS.

Fonte: Trabalho de Campo (14/12/2010).

A morfologia urbana tem se articulado em uma área sujeita a inundações. A cidade está situada em uma área de risco onde muitas residências estão e são construídas às margens do Arroio Portela e Rio Soturno. Tal situação tem merecido cuidados pelos constantes transbordamentos dos rios próximos a cidade, causando problemas urbanos no município.

Entre 2009 e 2010, expandem-se os serviços e equipamentos urbanos. Recentemente, um ginásio poliesportivo, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Cândida Zasso, e uma creche municipal foram construídos. Neste período, as instalações do posto de saúde municipal e hospital foram ampliados. A estação rodoviária também está em construção, a fim de atender a demanda populacional e o aumento de fluxos intermunicipais.

Assim como os equipamentos urbanos são ampliados, as atividades econômicas e prestação de serviços também adquirem novas proporções no município. Entre as novas estruturas instaladas na cidade, destacam-se a Agência bancária CRESOL, a Padaria Brilhante e a DURABLE (indústria de telhas e matérias de concreto). Diante disso, observa-se que a cidade apresenta um desenvolvimento principalmente urbano, já que a malha urbana encontra-se em constante crescimento, tanto de residências como de serviços e de atividades econômicas.

Em suma, a estruturação urbana de Nova Palma se dá em função da agricultura e surge como um pequeno povoado com características comerciais agrícolas. Em torno desta atividade rural, a cidade se expande e adquire novos papéis urbanos, especialmente com o desenvolvimento da CAMNPAL, que atua como um agente na (re) estruturação urbana.