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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Aspectos da estrutura

4.1.3. Estrutura do setor das empresas fabricantes de chocolate

BARROCO e MENEZES1 (1987) organizaram uma lista das empresas fabricantes de chocolate para o Brasil e encontraram a seguinte dispersão nos estados, conforme Quadro 12.

Quadro 12 - Dispersão do número de firmas produtoras de chocolate por estado

Estados Número de empresas

Espírito Santo 3 Bahia 2 Minas Gerais 1 Rio de Janeiro 4 Santa Catarina 4 Paraná 6

Rio Grande do Sul 6

Rio Grande do Norte 1

São Paulo 26

Total 53

Fonte: BARROCO e MENEZES (1987).

De acordo com reportagem publicada no jornal “A Folha de São Paulo” em 11 de abril de 2000, não ocorreram alterações no número de empresas apresentado por BARROCO e MENEZES (1987). Esta mesma reportagem informa que no ano de 1999 estas firmas faturaram US$ 3,6 bilhões.

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Os autores chamam a atenção para o fato de que a lista é incompleta, devido à dificuldade de se obter informações de todos os estados. As fontes consultadas pelos autores foram: Sindicato da Indústria de Produtos de Cacau e Balas de São Paulo – SICAB, Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Panificação, Confeitaria e de Produtos de Cacau e Balas de Torrefação e Moagem de Café do Município

Esta etapa da cadeia agroindustrial do cacau, também é dominada por poucas empresas. Segundo BARROCO e MENEZES (1987), a classificação do

ranking das empresas produtoras de chocolate era a seguinte: Nestlé, Lacta, Garoto e Kibon. Estas quatro empresas dominavam 60,2% do mercado nacional de chocolates em 1976, contra 43,1% em 1970. A empresa líder (Nestlé) detinha 35%, segundo os dados dos autores. Segundo NASCIMENTO et al. (1994), a Nestlé, a Lacta e a Garoto detinham uma parcela de 85% da produção nacional de chocolates de todos os tipos, em 1994. De acordo com TROCOLLI (1996), a Nestlé, a Lacta e a Garoto detinham 95,4% do mercado nacional de chocolates, sendo 30,8%, 33,5% e 31,1%, respectivamente. Estas parcelas garantem aproximadamente 30% do mercado para cada empresa, descontando os erros de mensuração da concentração do mercado. Para BRANDÃO JR. (1996), estas três empresas detinham 90% do mercado nacional de chocolates de todos os tipos e as demais firmas nacionais disputavam os 10% restantes. Segundo NAGAI (1997), cerca de 90% do mercado nacional de chocolates esta distribuído entre estas três empresas. O que reforça a idéia de que cada empresa possui aproximadamente 30% do mercado nacional de chocolates2.

Segundo dados disponibilizados pela internet a empresa Garoto (INDÚSTRIA DE CHOCOLATES GAROTO, 1999) participou com as seguintes proporções na produção nacional de chocolates de todos os tipos, conforme dados apresentados no Quadro 13.

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Em entrevista realizada em maio de 2000 com especialista da área mercadológica de chocolate é bastante provável que a parcela somada destas três empresas seja menor que este percentual, devendo ser no máximo de 85%. NAGAI (1997) chama a atenção para a possibilidade desta participação ser ainda maior já que estas empresas produzem chocolate cobertura para a maior parte das outras empresas envolvidas na produção nacional de chocolate além delas mesmas. As informações são imprecisas

Quadro 13 - Produção nacional e produção da Fábrica Garoto de chocolates de todos os tipos, 1995 a 1997 (mil toneladas)

Ano Produção nacional (mil t) Produção Garoto (mil t) Participação (%) 1995 294 91 30,95 1996 296 90 30,41 1997 305 71 23,28

Fonte: Sicab (2000), INDÚSTRIA DE CHOCOLATES GAROTO (1999).

Embora estes dados informem apenas a posição de uma empresa na produção nacional de chocolates de todos os tipos, é possível perceber que se trata de um mercado concentrado. Se fosse possível considerar que as três empresas líderes de mercado detivessem a mesma parcela de mercado que a empresa Garoto deteve em 1997 ter-se-ia um mercado do Tipo II, segundo a classificação de BAIN (1968), ou seja um mercado de “alta concentração”. Neste caso, segundo MARTIN (1993), pode-se dizer que quanto mais oligopolista se torna a estrutura de um mercado maiores serão as dificuldades para que outras firmas concorrentes entrem no mercado. Além disso, quanto menos firmas tiver o mercado mais próxima ficará a quantidade daquela que maximiza o lucro no mercado monopolista, ou seja, haverá uma produção ineficiente.

Segundo BALTAZAR (2000), a estrutura do mercado está se modificando por diversas vendas e fusões, além de outras empresas que estão entrando no mercado nacional de chocolates. Estas modificações na estrutura do mercado não podem ser medidas de uma maneira precisa, por não haverem estatísticas disponíveis para a avaliação. Mas, segundo este último autor as empresas líderes ainda não foram abaladas.

Dentre as três líderes do mercado nacional de chocolates - Nestlé, Lacta e Garoto, apenas esta última é de capital nacional, com estrutura administrativa

familiar (INDÚSTRIA DE CHOCOLATES GAROTO, 1999). A Lacta pertence a um grande grupo internacional (Philip Morris) e a Nestlé pertence a um grupo suíço do mesmo nome.

Como já foi dito, a Nestlé participa em diversos segmentos do agronegócio, possuindo uma estrutura verticalizada de produção, começando com a moagem da amêndoa de cacau, fabricação de chocolates e em outros ramos do setor de alimentos. Segundo NAGAI (1997), a Garoto não atua na moagem do cacau, sendo exclusiva a sua participação na fabricação de chocolates, balas, bombons, pastilhas e outros. A Lacta atua na fabricação de chocolates e outros alimentos para lanche.

Para GILBERT (1997), a produção de chocolates é bastante dispersa e, freqüentemente, é feita em fábricas de pequenas escala. De fato, pelos dados apresentados este segmento da industrialização do cacau é o que apresentou maior número de firmas participantes. Mas, segundo a revisão de literatura, a produção é bastante concentrada entre três empresas. Segundo NAGAI (1997), as economias de escala são a grande vantagem das grandes empresas do setor em relação as suas concorrentes, além da diferenciação do produto e a confiança nas marcas.

Embora as modificações na estrutura do mercado não sejam suficientes para abalar as posições das firmas líderes, segundo NASCIMENTO et al. (1994), o que está acontecendo no Sul do País é um aumento da concorrência das firmas fabricantes dos chocolates caseiros preparados artesanalmente, que estão conquistando uma faixa de mercado cada vez maior e desenvolvendo-se rapidamente. Na cidade de Gramado já existem três fabricantes que encontram entre os turistas desta região serrana, clientes certos e propagadores dos produtos.

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