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Estrutura do sistema de Garantia Mútua em Portugal

O sistema português de Garantia Mútua é actualmente composto por seis entidades, nomeadamente pelas quatro SGM’s (a nível operacional – Lisgarante, Garval, Norgarante e Agrogarante), pela SPGM e pelo FCGM (Figura

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).

As três SGM’s (excluindo a Agrogarante) prestam garantias a empresas dos sectores industriais, energéticos, da construção, turismo, comércio, serviço e transportes. Cada sociedade presta os seus serviços na sua área geográfica de actuação, apesar de poderem actuar fora dela no caso de operações sindicadas, ou seja, quando a sociedade líder (sociedade que actua na área da sede da empresa) se encontra com o envolvimento tomado junto da empresa ou grupo de empresas.

A Garval, com sede em Santarém e agência em Leiria, actua nos distritos de Coimbra, Leiria, Castelo Branco, Santarém e Portalegre, bem como na Região Autónoma dos Açores. A Norgarante com sede no Porto e agência em Braga, Aveiro e Viseu, actua nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Bragança, Porto, Aveiro, Viseu e Guarda. E a Lisgarante com sede em Lisboa e agências em Faro e Funchal, actua nos distritos de Lisboa, Setúbal, Évora, Beja, Faro e ainda na Região Autónoma da Madeira.

$ (-

Agro-florestal Indústria, Comércio e Serviços

Sede: Lisboa

Quanto à Agrogarante com sede em Coimbra (a SGM mais recente) actua em todo o território nacional, especializando-se no apoio ao sector agro-florestal, bem como às actividades industriais, comerciais e de consultadoria a ele estritamente ligadas.

Figura 4: Estrutura do Sistema Português de Garantia Mútua

Construído com base nos relatórios & Contas da Garval, Lisgarante, Norgarante e Agrogarante (2009)

A principal finalidade das SGM’s é permitir que a dimensão da empresa possa ser menos relevante como factor a considerar na obtenção de crédito, bem como desempenhar um papel importante nas condições da sua obtenção. Esta finalidade é prosseguida pelas SGM’s através da realização de operações financeiras, principalmente emissão de garantias e prestação de serviços, em benefício das MPME’s ou de entidades representativas destas, que sejam suas accionistas (designados mutualistas), tendo em vista promover e facilitar o seu acesso ao financiamento, junto do sistema financeiro e do mercado de capitais.

Neste sentido, as SGM’s são detidas por várias entidades que detêm o estatuto de accionistas/mutualistas distintos em dois tipos:

Accionistas Promotores: são as entidades públicas e privadas, que constituíram a sociedade e que não podem utilizar directamente os seus serviços. A finalidade da sua participação é a de apoiar, através das SGM’s, a criação e desenvolvimento dos projectos de

SPGM

FCGM

AGROGARANTE NORGARANTE GARVAL LISGARANTE

Sede: Coimbra Sede: Porto

Agência: Braga Agência: Aveiro Agência: Viseu

Sede: Santarém

Agência: Leiria Agência: Faro Agência: Funchal

( empresas com potencial, bem como o de consolidar o desenvolvimento de empresas economicamente viáveis.

Accionistas Beneficiários: são as empresas que podem utilizar e beneficiar dos serviços das SGM’s, em particular as MPME’s que necessitam de garantias, e que reúnam condições para aderir ao Sistema, adquirindo acções aos accionistas fundadores.

Figura 1: Accionistas promotores das SGM’s e SPGM em 2009

Garval Lisgarante Norgarante Agrogarante SPGM Accionista Promotor Acções N.º de Acções N.º de Acções N.º de N.º de Acções Acções N.º de

SPGM – Sociedade de

Investimento 4 822 121 4 531 084 5 903 875 229 900 186 280

Norgarante - 5 780 - - -

Lisgarante - - 200 - -

IAPMEI 2 393 700 1 578 310 1 501 890 - 19 741 740

Instituto de Turismo de Portugal 920 000 1 369 020 1 048 520 - 3 409 160

IFAP – Inst. Fin. Agric. e

Pescas - - - 2 800 000 -

Banco Espírito Santo 4 058 984 3 416 294 4 248 691 1 100 24 040

Caixa Geral de Depósitos 2 761 130 2 935 770 5 112 450 4 300 -

Banco BPI 2 966 850 1 310 130 1 927 560 500 665 150

Banco Comercial Português 2 601 880 3 023 550 2 745 390 21 100

Banco Santander Totta 2 633 400 3 049 837 4 184 901 - 325 000

COSEC - 75 000 25 000 - 75 000

Caixa Central – CCCAM 100 000 100 000 99 400 172 800 -

Caixa Económica Montepio

Geral 240 000 250 250 - -

BANIF – Banco Internacional do

Funchal, S.A. 500 500 500 - -

AIP – Associação Industrial

Portuguesa - - - - 135 000

ESSI – Sociedade Gestora de

Participações Sociais, S.A. . . 75 000

Total de accionistas

Promotores 23 498 565 21 390 525 26 798 627 3 229 700 24 636 630

Construído com base nos relatórios & Contas da Garval, Lisgarante, Norgarante, Agrogarante e SPGM (2009).

Os accionistas promotores da Garval detinham, em 2009, cerca de 67% do capital da sociedade, destacando-se a SPGM, com uma participação individual de 13,73%, seguida do Banco Espírito Santo, com 11,60%. O Banco BPI é o terceiro maior accionista, com 8,48% do Capital, seguindo-se a Caixa Geral de Depósitos, Banco Santander Totta, Banco Comercial Português, e IAPMEI com participações entre os 6 e 8%.

$ (% Figura 11: Accionistas promotores da Garval em 2009 (Unidade: %)

Construído com base no relatório & Contas da Garval (2009)

No que respeita aos accionistas promotores da Lisgarante, estes detêm cerca de 61% do capital da sociedade, sendo que a SPGM mantém-se como o accionista mais relevante. O segundo maior accionista é o BES, com 9,76%, seguindo-se o Banco Santander Totta, com 8,71%. O BCP, a CGD e o Instituto do Turismo detêm participações entre os 4 e os 9%.

Figura 12: Accionistas promotores da Lisgarante em 2009 (Unidade: %)

Construído com base no relatório & Contas da Lisgarante (2009)

Os accionistas promotores da Norgarante detêm 54% do capital da sociedade, sendo que o accionista mais significativo desta SGM também é a SPGM, com 11,81%. Entre os 5 e os 10% estão a CGD, o BES, o Banco Santander Totta, e o BCP.

(& Figura 13: Accionistas promotores da Norgarante em 2009 (Unidade: %)

Fonte: Construído com base no relatório & Contas da Norgarante (2009)

Os accionistas da Agrogarante detêm 54% do capital da sociedade. O IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas é o maior accionista promotor da sociedade, com 46,67% do capital, seguindo-se a SPGM, com 3,83%.

Figura 14: Accionistas promotores da Agrogarante em 2009 (Unidade: %)

Fonte:Construído com base no relatório & Contas da Agrogarante (2009)

Quanto às acções da SPGM, estas são detidas em 99% por accionistas promotores, cabendo a maioria, ao IAPMEI e ao Turismo de Portugal, com 79% e 14%, respectivamente, pelo que o Estado é o maior accionista. De salientar, que a SPGM detém acções próprias em

$ (' carteira que foram, adquiridas no âmbito dos acordo de recompra, estabelecidos com as empresas mutualistas. Segundo o relatório de contas da SPGM, estas participações foram adquiridas em parceria com as SGM’s, que efectuam aquisições de cariz semelhante.

Figura 15: Accionistas promotores da SPGM em 2009 (Unidade: %)

Fonte:Construído com base no relatório & Contas da SPGM (2009)

A SPGM é uma entidade do sistema português de Garantia Mútua que funciona como um centro de serviços partilhados, à qual recorrem as quatro SGM’s, em domínios como a tesouraria, pagamentos, recebimentos, recursos humanos, contabilidade, fiscalidade, contratação, contencioso, bem como sistema de informação e informática. Faz ainda, o marketing estratégico e institucional da Garantia Mútua e assegura a representação institucional e externa do sistema.

Cabe à SPGM gerir o FCGM, bem como a criação de SGM’s, participando no seu capital inicial e apoiando a sua organização e funcionamento, tendo, em contrapartida, poderes para solicitar às SGM’s ampla informação sobre o desenvolvimento da sua actividade e para lhes transmitir instruções. Possui igualmente poderes para designar um membro do seu Conselho de Administração quando a sua participação seja, pelo menos, de 10% do capital da sociedade.

Por último, a outra entidade que pertence ao sistema português de Garantia Mútua é o FCGM – Fundo de Contra-garantia Mútua, cuja responsabilidade de gestão é feita pela SPGM, e que assegura a contra-garantia automática e obrigatória das operações de garantias emitidas

(( no seio do Sistema Português de Garantia Mútua. Na generalidade das situações, o FCGM contra-garante 50% do valor de cada garantia, podendo, sob determinadas circunstâncias, elevar este montante até 95%. Ao FCGM compete a promoção e a realização de acções necessárias para assegurar a solvabilidade das SGM’s, ou seja, a sua função é contra-garantir as operações realizadas pelas SGM’s, dispondo de diversas linhas de garantia, conhecidas como “gavetas”. Às diversas “gavetas” correspondem diferentes regras de utilização, ou seja, cada gaveta tem uma percentagem máxima de contra-garantia permitida por operação. A contra-garantia reduz o risco em que efectivamente se envolvem as SGM’s, permitindo-lhes diminuir as provisões a efectuar, tendo um efeito multiplicador sobre a sua capacidade de conceder garantias sem pôr em causa o seu rácio de solvabilidade.

A criação deste sistema de caucionamento mútuo em Portugal permite às MPME’s a utilização de um instrumento que em outros países da União Europeia tem demonstrado ser de grande interesse. Fundamentalmente pelo aumento da capacidade negocial das MPME’s junto do sistema financeiro, determinando um mais fácil acesso ao crédito e a redução dos custos financeiros das empresas.

As garantias prestadas pelas SGM’s são garantias “on first demand”, ou seja, asseguram à primeira solicitação (num prazo máximo de 10 dias) das entidades credoras o pagamento dos compromissos assumidos pelas empresas beneficiárias. Assim, e para garantir a solvabilidade das SGM’s, e de todo o sistema, foi criado o FCGM, onde são obrigatoriamente contra- garantidas todas as garantias prestadas pelas SGM’s, contribuindo para o desenvolvimento equilibrado do mesmo.