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ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAIS: SUJEITOS JURÍDICOS E AGENTES SOCIAIS

CONSIDERAÇÕES INICIAIS.

1.2 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAIS: SUJEITOS JURÍDICOS E AGENTES SOCIAIS

CDD-Br está institucionalmente estruturada como uma ONG desde 1994, e caracteriza-se como uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, situada no estado de São Paulo, com sede social no mesmo estado, registrada no Foro da Comarca da Capital paulista. Apesar de estar regulamentada legalmente desde esse período, a manutenção jurídica documental enquanto instituição passou por reformulações somente recentemente, no exercício de 2011, com a elaboração de um Estatuto e um Regimento Interno atualizados25, traçando metas e delineando sua identificação: quem são, o que fazem, seus objetivos, sua missão, valores, público-alvo, metas, áreas de abrangência, atividades. Os documentos institucionais da organização regulamentam também os direitos e os deveres das associadas, as formas de admissão e de manutenção para as associações, detalham os órgãos que a compõe, e definem as formas de prestação de contas, da remuneração26, do patrimônio social, entre outras questões jurídicas e administrativas.

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Obtive cópias dessa documentação recentemente reformulada em mãos, na situação de visita para conhecer a sede social e o trabalho cotidiano da ONG, entre os meses de maio e junho de 2012. Esta sede de CDD-Br é a primeira de patrimônio da instituição, adquirida a partir de um último ciclo de doações obtidas através de fundos da Fundação Ford. Esta sede está situada à Rua Martiniano de Carvalho, nº 71, casa 11, bairro Bela Vista, São Paulo capital – SP. Fone: 3541-3476. Email: cddbr@uol.com.br

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O item 2.2.1.5 do Regimento Interno de CDD, “Da Remuneração da Equipe Executiva” , explicita as condições onde ocorrerá remuneração . Os membros da equipe serão remunerado/as de acordo com a obtenção de recursos. Tal remuneração será definida a cada ano de acordo com a disponibilidade financeira de CDD. Este item também estabelece critérios tais como isonomia salarial entre os membros, desde que sejam cumpridos tais requisitos: presença nas atividades rotineiras na sede da entidade, participação em atividades externas (reuniões, seminários, etc.), cumprir o cronograma de atividades estabelecido na sede e comunicar possíveis ausências e/ou mudanças no cronograma estabelecido pelas equipes administrativa e executiva.

De acordo com as informações que constam no texto estatutário, CDD-Br é caracterizada como associação civil, sem fins lucrativos e econômicos, identificada legalmente como pessoa jurídica de direito privado, de caráter assistencial, promocional, cultural e educacional, sem cunho político ou partidário, com a finalidade de atender a todas as pessoas, especialmente as mulheres, independente de classe social, nacionalidade, orientação sexual, raça, cor e crença religiosa27.

O Estatuto de “Católicas pelo Direito de Decidir” define que são constituídos como objetivos28 da ONG: organizar e/ou apoiar eventos que busquem disseminar matérias de educação, cultura e responsabilidade social, com a finalidade de instigar a “mudança dos padrões culturais vigentes na sociedade brasileira atual, que dificultam a autonomia das mulheres no campo da sexualidade e da reprodução”; possibilitar meios de formação educativa complementar para as mulheres no âmbito de Saúde Sexual e de Saúde Reprodutiva, tanto no campo dos Direitos como no campo cultural; buscar a promoção de diálogos públicos e ecumênicos a partir de reflexões ético-religiosas sobre a sexualidade e a reprodução humana, assim como promover debates que estimulem a equidade de gênero e a cidadania das mulheres, na sociedade civil e nos mais variados grupos religiosos e igrejas; “apoiar e promover o respeito pela diversidade sexual”; buscar esclarecimento da sociedade acerca da responsabilidade e ao direito das mulheres a uma maternidade escolhida e desejada, com o intuito de diminuir a incidência de casos de aborto29 e, consequentemente, reduzir

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Estatuto de Católicas pelo Direito de Decidir - CDD/BR, 1-16 p. 2011.

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Todos os objetivos da organização estão listados, mas foram resumidos e interpretados a partir do texto original, não utilizando de forma literal o texto estatutário na forma da lei e na linguagem jurídica. Conta como parágrafo único no Estatuto de CDD um maior destaque para os princípios constitucionais da legitimidade, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência como regentes dos objetivos e ações da ONG. ESTATUTO CDD/BR, 1-16 p. 2011.

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No caso da legislação penal brasileira, o aborto possui aplicação legal no artigo 128, quando se trata de alto risco de morte para a gestante, gravidez resultante de estupro29 e em exceções analisadas pelo Poder Judiciário, com casos a serem julgados na Suprema Corte, quando há má formação ou anomalia fetal grave (anencefalia29) em virtude da impossibilidade de vida extra-uterina do feto29. O Código Penal de 1940 trata da prática de aborto e de infanticídio nos termos da lei que segue:

Parte Especial, Título I - dos crimes contra a pessoa, Capítulo I - dos crimes contra a vida,

os índices de mortalidade materna; procurar meios de sensibilizar o Estado e a sociedade para que hajam políticas públicas, leis e serviços de saúde acessíveis a todas as mulheres brasileiras, que garantam plenamente o gozo de sua saúde sexual e reprodutiva; com relação à interrupção voluntária da gravidez (IVG), apoiar e promover os debates acerca dos aspectos médicos, legais e principalmente éticos que a circundam; “estabelecer convênio, acordos, intercâmbios com associação congêneres no Brasil e no exterior”, bem como desenvolver parcerias de ensino e empresas privadas ou públicas, buscando a produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que estejam relacionados às atividades desenvolvidas através de eventos, publicações, ações de mobilização.

Infanticídio

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.

Forma qualificada

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. [...]

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. BRASIL. Decreto-lei