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1. ESCOLA INTEGRADA: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO INTEGRAL

1.4. Estrutura e Funcionamento

A organização curricular da Escola Integrada deve ser compreendida a partir da concepção de “Cidade Educadora” que atribui às cidades funções educativas que vão muito além das suas tradicionais tarefas econômicas, sociais e políticas. Nesta perspectiva a cidade é vista como um conjunto que dá unidade e sentido ao sistema humano, social e cultural. Ela atribui significados e rege os padrões de comportamento de seus cidadãos. Assim, a cidade apresenta uma capacidade e potência educativa exercida por meio da educação formal e informal que não pode ser desconsiderada pela escola.

A concepção de cidade educadora vislumbra a possibilidade do redimensionamento do Tempo e do Espaço educativo. Nesta perspectiva, o conceito de Tempo não se refere somente ao tempo destinado à educação formal ou à ampliação da jornada escolar, mas igualmente às múltiplas possibilidades educativas situadas nas relações entre os homens e a qualidade do trabalho intencionalmente educativo para redimensionar ou ressignificar estas experiências. Da mesma forma, o conceito Espaço deve ser compreendido para muito além dos

muros da escola, referindo-se a todos os lugares da sociedade que podem ser potencializados como espaços educativos.

A matriz curricular da Escola Integrada contempla 45 horas semanais ou nove horas de atendimento diário aos estudantes, organizada em 4 horas e 20 minutos de aulas ministradas pelos docentes da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; 3 horas de atividades organizadas no contraturno com atividades em diferentes áreas do conhecimento, realizadas por monitores de instituições de ensino superior, agentes culturais e oficineiros e coordenados pelo professor comunitário da escola; 1 hora e 40 minutos destinados à alimentação, mobilidade, higiene e atividades de relaxamento.

Assim, o aluno participante da Escola Integrada frequenta as aulas realizadas por professores concursados da Rede Municipal de Belo Horizonte, tendo acesso às áreas do conhecimento e aos conteúdos escolares conforme as diretrizes curriculares do município e, no contraturno, tem acesso às múltiplas linguagens e aprendizagens compreendidas pelo Programa Escola Integrada, oferecidas em cursos e em oficinas, por meio dos oficineiros, agentes culturais e monitores universitários.

As oficinas e cursos são oferecidos em espaços próximos à escola, exigindo o deslocamento dos alunos por estes espaços que se mostram educativos, envolvendo a comunidade que vive no entorno no debate sobre o reconhecimento de sua função na educação das crianças e jovens.

As oficinas e cursos escolhidos pelo Programa em dada escola devem contemplar atividades em diversas áreas do conhecimento, considerando uma proporção de 60% das atividades voltadas para o desenvolvimento pedagógico e conhecimentos específicos e 40% para ações diversas.

As unidades escolares podem organizar cursos e oficinas ministradas por oficineiros e agentes culturais da comunidade, selecionados pela própria escola e contratados pela Caixa Escolar, através do convênio com a AMAS, tendo em vista as concepções da escola, seu projeto político pedagógico e os interesses dos estudantes e da comunidade. O trabalho de agentes da comunidade aproxima a escola da realidade do aluno, valoriza talentos locais e constrói referências positivas próximas à realidade dos estudantes. Do mesmo modo, possibilita que os alunos

construam saberes edificados na cultura regional e se reconheçam como sujeitos inseridos nesta cultura.

As oficinas e cursos podem ser criados e coordenados por docentes das instituições de ensino superior, oferecidas por estudantes de graduação e de pós- graduação no formato de um programa de extensão, contratadas e organizadas no currículo da Escola Integrada pelo professor comunitário, a partir dos processos de discussão e concepção traduzidos no Projeto Político Pedagógico.

É importante que a organização curricular do Programa na escola contenha parte de atividades desenvolvidas pelos estudantes de graduação, com o devido acompanhamento das Universidades e Centros Universitários e parte das oficinas e atividades desenvolvidas por pessoas da comunidade, para garantir o acesso a conhecimentos construídos e transmitidos pela universidade e conhecimentos relevantes para a cultura local e conhecimento popular.

Além de envolver todos os atores que compõem a instituição escolar, como professores, alunos, funcionários e pais, o Programa conta com um professor comunitário em jornada integral, monitores universitários, estagiários do Programa Segundo Tempo, monitores de oficinas provenientes da comunidade, jovem aprendiz, agente cultural, auxiliares de serviço e de cantina.

O professor comunitário, lotado em dois cargos na escola, tem a função de coordenar o Programa e possibilitar seu funcionamento dentro e fora da escola. Cabe a ele, organizar a matriz curricular, em consonância com o projeto político pedagógico da escola, mapear os espaços disponíveis na comunidade do entorno e estabelecer a ponte entre as entidades parceiras e a escola.

Este profissional possui uma importância crucial para o desenvolvimento do projeto e para a articulação dos professores e demais profissionais da escola no debate sobre a concepção e o desenho da Escola Integrada na instituição. É escolhido por indicação do diretor da instituição escolar, que muitas vezes consulta o coletivo da escola para a indicação.

De acordo com o Documento Referência da Escola Integrada (Belo Horizonte, 2008. p. 5), o Programa Escola Integrada institui novas formas de pertencimento comunitário. Ao promover a articulação família, escola e comunidade, revitaliza

espaços de convivência e favorece relações dialógicas que reconhecem e reafirmam o potencial educativo da cidade.

Para o funcionamento do Programa Escola Integrada, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte arca com os seguintes custos, depositados diretamente nas Caixas Escolares das instituições de ensino: custos com pessoal: pagamento dos profissionais responsáveis pelo desenvolvimento de ações pedagógicas, junto aos alunos e coordenação do Programa, cantineiras e faxineiras; custos com materiais de consumo e permanentes de pequeno valor; custos com os espaços físicos envolvendo comodato, aluguel, parcerias e reformas; custos com alimentação, almoço e lanche, fornecidos e monitorados pela Secretaria de Abastecimento do município.