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Relativamente aos métodos sintéticos utilizados para preparação de derivados α,ω- bisfuncionalizados, pode-se concluir que: i) a preparação das dinitrilas de partida foi possível para a obtenção dos sulfetos dinitrila (1,2), pois passava pela alquilação de sulfeto de sódio com ω-cloro-alquilnitrilas correspondentes, contudo, a preparação do derivado dinitrila-éter funcionalizados (29) a partir de α,ω-di-haletos correspondentes não foi eficiente, pois sempre se recuperava o di-haleto de partida, a obtenção deste derivado e de outro análogo (30) talvez somente seja possível na presença de éter-coroa; ii) a rota escolhida para a formação de sistemas α,ω-bis-tetrazólicos (3-8) é satisfatória, porém a formação dos derivados alquilados correspondentes conduz a formação de misturas de isômeros N-alquilados (9-12) não passiveis de separação até o momento, como também descrito na literatura, o que impossibilitou a preparação dos correspondentes derivados clorados (13-16) e tioureido-substituídos (17-20); iii) a rota sintética usada para obtenção das α,ω-diaminas envolvendo a redução de dinitrilas (1 e 2) análogas (com uso de Co2B, NaBH4 com acido trifluoracético, NaBH4 com AlCl3 em diglima)

não produziram diaminas como esperado, embora a preparação do sulfeto diamina 21 tenha sido relatada com o uso de NaBH4 com ácido trifluoracético (Taki et al., 2008), além do mais,

não se obteve a amina 22 a partir da dinitrila 2 por estas reduções; assim como estas reduções não foram eficazes, as dinitrilas 27, 28, 29 e 30 não foram preparadas e assim também não se obteve as diaminas correspondentes às três últimas dinitrilas citadas 24, 25 e 26 iv) a rota sintética para as α,ω-diaminas via síntese de Gabriel mostrou-se mais eficaz, gerando as diaminas 21, 23, 39 e 40 em bons rendimentos apesar do longo tempo reacional; v) as reações de complexação das α,ω-diaminas com platina (K2PtCL4) mostraram-se satisfatórias

somente para o derivado sulfeto-amina com a obtenção da mistura de complexos 41a e 41b. Para outros substratos a reação foi de difícil execução gerando produtos de oxidação de platina e estas sínteses merecem ser revisitadas para otimização de novas metodologias para obtenção dos complexos 42-44; vi) a rota sintética para obtenção dos derivados tetrahidrofurânicos (57-

62), partindo-se da hidrogenação dos análogos furânicos (51-56) não foi eficiente e, além do

mais, revelou a instabilidade tanto destes produtos hidrogenados como de seus precursores heteroaromáticos, mostrando a dificuldade de manipulação destes produtos como possíveis fármacos; vii) a rota de preparação das hidrazidas (67-68) a partir dos correspondentes análogos carboxílicos (63-64) foi a mais simples, prática, eficiente e rápida.

Todos os precursores, intermediários e produtos finais foram devidamente caracterizados através das técnicas usuais de caracterização espectrométrica (IV, RMN 1H e 13C, ESI-MS) e

físico-química (determinação de ponto de fusão e Análise Elementar, quando necessária). Dentre as técnicas espectrométricas utilizadas ESI-MS foi a mais destacável para a caracterização dos sistemas tetrazólicos 3-8, pois tal estudo detalhado gerou artigo científico em revista, de alto impacto, especializada na área correspondente (Oliveira et al., 2012). Neste artigo demonstra-se que esta técnica espectrométrica é importante não só para caracterização

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de sistemas tetrazólicos como também para a investigação de compostos organossulfurados com diferentes estados de oxidação no átomo de enxofre, pois cada um destes grupos funcionais apresenta um padrão de fragmentação diferente que pode ser inclusive simulado por técnicas computacionais especificas.

Dentre os derivados tetrazólicos investigados 3-8 e seus precursores dinitrilas 1-2, cabe ressaltar, quanto aos estudos de atividade antifúngica e antitumoral, que: viii) as dinitrilas 1 e

2, bem como os derivados sulfetos-bis-tetrazóis 3 e 4, mostraram amplo espectro de ação

contra todas as cepas clínicas isoladas de Paracoccocidioides brasiliensis, bem como contra todas as espécies de Candida estudadas, exceto C. glabrata, cabendo ressaltar que AMB, um antifúngico padrão na clínica médica, não se mostra ativa contra P. brasiliensis; o sulfóxido 5 foi o único produto que foi ativo contra Cryptococus gatii, as sulfonas 7 e 8 foram ativas contra C. krusei, Aspergillus clavatus e A.niger, sendo que a sulfona 8 ainda é ativa contra C. albicans, C. parapsillosis, C. tropicallis e todos os isolados de P. brasiliensis ; ix) a dinitrila 2 , bem como os bis-tetrazóis 3 (sulfeto), 7 e 8 (sulfonas) tiveram atividade contra câncer mamário murino (4T1), dentre estes destaca-se a atividade de 8 (<10-7 mol.L-1), estes três derivados mostraram

baixa toxicidade frente a células sadias; os derivados 1, 2 e 4 (sulfeto) foram ativos contra células de melanoma, sendo que este último foi o único que apresentou atividade contra glioma de rato (C6); nenhum dos tetrazóis ou nitrilas foram ativos contra câncer de pulmão (A549); x) os tetrazóis e precursores nitrilas 1-8 somente mostraram halos sutis no teste de difusão em ágar frente a Pseudomonas aeruginosa, porém o CIM foi maior que 512 µ.L-1, evidenciando a

não susceptibilidade desta bactéria aos compostos estudados, estes compostos também foram inativos contra Escherichia coli, Staphylococcus aureus e S. aureus multirresistente (MARSA).

As hidrazidas sintetizadas 67 e 68, que são compostos de estrutura simples e de fácil obtenção, tiveram somente a atividade antifúngica investigada. Assim, ambas as hidrazidas foram ativas frente a todas as espécies de Aspergillus, de Cryptococcus e de Candida estudadas que cresceram no controle, destacando-se a atividade contra C. dubliniensis, C. glabrata e C. krusei que são as espécies menos suscetíveis aos fármacos usuais.

É digno de destaque que todas as espécies de Candida foram suscetíveis à ação antifúngica dos compostos estudados, o que ressalta a potencialidade destes com novas entidades químicas bioativas como possíveis compostos lideres para o desenvolvimento de novos agentes antifúngicos mais eficientes e menos tóxicos.

No que tange a avaliação de atividade antitumoral até o momento mostra que os compostos estudados são ativos e seletivos a algumas linhagens de câncer, no entanto em concentrações muito altas: da ordem de 10-4-10-5 mol.L-1. Pode-se concluir parcialmente, pelas

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antineoplásicos, exceto o composto 8 que apresentou notável atividade contra células de câncer mamário e baixa toxicidade frente a células sadias.

Ao final deste texto, pode-se dizer que estes compostos investigados se mostraram como possíveis novas entidades químicas bioativas, principalmente para o desenvolvimento de novos agentes antifúngicos de alta eficiência e de baixa toxicidade para enfrentar o grave problema de saúde pública das doenças infecciosas emergentes (DIEs) e infecções fúngicas invasivas (IFIs) principalmente nos casos das infecções relacionadas a multirresistência aos antifúngicos clínicos usuais.

Finalmente, como perspectivas futuras e imediatas deste trabalho têm-se:

O estudo da síntese e da atividade antifúngica e antitumoral de novos derivados similares às nitrilas e aos sistemas tetrazólicos, tais como os derivados bioisostéricos tipo éter e amino α,ω-di-nitrilas e α,ω-bis-tetrazólicos;

O estudo da síntese e da atividade antitumoral e antifúngica de complexos de platina com os derivados bioisostéricos α,ω-diamina éter, amino, sulfóxido e sulfona;

O estudo da síntese e da atividade antitumoral e antifúngica de novos derivados bioisostéricos α,ω-di-hidrazidas: α,ω-diamina éter, amino, sulfóxido e sulfona;

O estudo da síntese e da atividade antitumoral de novos derivados α,ω-dissubstituidos com grupos funcionais bioisostéricos às hidrazinas, tais como hidroxilamina, ureia, oxadiazol e guanidina;

O estudo do mecanismo de ação por ensaios bioquímicos específicos está sendo desenvolvido em colaboração com o laboratório de Substâncias Antitumorais que é coordenado pela professora Míriam Tereza Lopes;

O estudo global dos dados de atividade farmacológica por técnicas computacionais e e metodologias de QSAR para o estabelecimento definitivo de critérios de efeito da estrutura sobre a atividade e proposição de novos derivados que sejam ainda mais promissores como novas entidades químicas bioativas.

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