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2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: ASPECTOS HISTÓRICOS E

3.4 ESTRUTURA SOCIOECONÔMICA

Nesta seção, serão expostos e analisados os dados econômicos da cidade de

Bom Jardim da Serra, para que a comunhão entre os dados quantitativos e os

qualitativos possibilite uma análise que melhor explique a realidade do município. A

Tabela 11 demonstra o PIB (Produto Interno Bruto) de Bom Jardim da Serra e Santa

Catarina entre os anos de 2002 e 2013.

Tabela 11 – Produto Interno Bruto a preços correntes de Bom Jardim da Serra e

Santa Catarina no período 2003-2013.

Ano Bom Jardim da Serra Santa Catarina

2003 34.190 66.848.534

2004 27.509 77.392.991

2005 31.679 85.316.275

2006 39.376 93.146.754

2007 36.945 104.622.947

2008 49.865 123.282.295

2009 47.626 129.806.256

2010 56.187 153.730.336

2011 69.634 174.046.783

2012 70.521 191.635.751

2013 77.948 214.217.274

Fonte: IBGE (2013).

Conforme mostra a Tabela 11, Bom Jardim da Serra cresceu no período a

uma taxa de 9,79% ao ano, estando bem próxima ao crescimento médio que o

estado de Santa Catarina realizou no mesmo período, que foi de 12,42%. É possível

verificar que houve três anos em que a economia da cidade diminuiu, com destaque

para o ano de 2004 onde houve uma queda de 19,54% na produção de riquezas do

município. Entre os anos em que foram registrados crescimento, o destaque fica

para o ano de 2008, onde houve um aumento de 34,97%. Outro dado que a tabela

esclarece é que o crescimento do PIB de Bom Jardim da Serra tem trajetória mais

irregular com grandes curvas ascendentes e descendentes enquanto o índice do

estado de Santa Catarina assume evolução constante e equilibrada, característica

mais presentes em economias mais estáveis e desenvolvidas. Em toda a série

pesquisada, Bom Jardim da Serra representava aproximadamente 0,04% do PIB

Catarinense. A tabela 12 demonstra como cada setor contribui para a produção de

riqueza na cidade.

Tabela 12- Valor adicionado bruto a preços correntes por atividade econômica e

respectivas participações em Bom Jardim da Serra.

Ano Bom Jardim da Serra Agropecuária Indústria Serviços

2003 34.190 19.531 2.123 11.639

2004 27.509 12.773 2.690 11.109

2005 31.679 14.571 3.025 12.931

2006 39.376 18.967 3.568 15.018

2007 36.945 16.333 4.117 15.421

2008 49.865 25.639 4.123 18.841

2009 47.626 21.344 4.049 20.767

2010 56.187 24.995 5.120 24.352

2011 69.634 23.669 5.682 27.442

2012 70.521 17.637 5.957 28.891

Fonte: IBGE (2012).

A tabela 12 demonstra que a predominância da economia Bonjardinense

encontra-se na Agropecuária e no setor de comércio e serviços, que cresce em volta

do primeiro. A presença da indústria no município é muito pequena, correspondendo

a 8% do PIB no ano de 2012. No mesmo ano, a agropecuária representava 25% e o

setor de serviços 41%. O setor agropecuário vem perdendo força e terreno para o

setor de serviços em toda a trajetória da série histórica acima apresentada. Um dos

múltiplos fatores que podem vir a explicar esse crescimento no setor de serviços é a

inauguração do Parque Eólico na cidade em 2011. O crescimento do comércio local

e a evolução do turismo na região também são fatores determinantes para este

aumento.

Usando a teoria de Veiga e Wanderley, classificamos o município de Bom

Jardim da Serra como um município predominantemente rural, por sua dificuldade

de acesso a bens e serviços entre outros fatores. A agricultura é um setor com

grande relevância para a economia Bonjardinense, sendo a maçã o seu principal

produto. O cultivo da maçã foi introduzido na cidade na década de 70 e é até hoje o

meio de sustento de muitas famílias, que trabalham o ano todo nos pomares para

proporcionar uma boa safra. Muitas vezes os fatores climáticos, como geadas fora

de época, prejudicam a produção de maçã na região. A Tabela 13 demonstra os

principais produtos agrícolas produzidos em Bom Jardim da Serra e suas trajetórias

entre os anos de 2004 e 2014.

Tabela 13 – Principais produções agrícolas no município de Bom Jardim da Serra

considerando lavoura permanente e temporária no período 2004-2014.

Ano Maçã

(Toneladas)

Batata-inglesa

(Toneladas)

Feijão (em grão)

(Toneladas)

Milho (em grão)

(Toneladas)

2004 37.126 1.512 135 468

2005 28.699 1.512 98 630

2006 29.044 1.440 122 756

2007 47.687 2.200 108 840

2008 47.687 2.200 135 1.155

2009 33.250 1.200 180 1.260

2010 40.000 1.200 180 903

2011 48.999 1.200 135 910

2012 52.920 1.400 108 550

2013 44.550 1.680 252 840

2014 42.000 2.100 210 420

Fonte: IBGE (2014).

Conforme demonstram os dados, a maçã reina absoluta entre as produções

agrícolas do município, considerando lavoura temporária e permanente. No ano de

2014, foram produzidas quarenta e duas mil toneladas da fruta para abastecer,

principalmente, o mercado interno Brasileiro. Verifica-se grande alternância entre as

safras, atingindo sua máxima em 2012 com 52 mil toneladas produzidas e sua

mínima em 2005 com 28 mil toneladas considerando valores absolutos. O fato de

estar suscetível às pragas e às condições climáticas inesperadas (que se tornam

cada vez mais comuns ao longo dos anos) torna a safra da maçã cada vez mais

uma grande incógnita. Considerando que a grande maioria das famílias produtoras

não tem em seu poder aparato tecnológico para se prevenirem de algumas

intempéries e o fato de muitos pomares serem arrendados por grandes proprietários

de terra, a maçã vem enfrentando uma fase de enfraquecimento que pode ser

constatada quando observada a grande baixa das safras de 2013 e 2014 perante a

de 2012. Na série temporal pesquisada, o aumento médio foi de 4%. No noticiário

atual, a maçã chinesa também surge como grande adversário para o produto

Bonjardinense que fica ameaçado caso não hajam políticas públicas orientadas para

a melhor produtividade e subsídios para dar sustentação econômica principalmente

aos pequenos produtores.

Para os demais produtos agrícolas Bonjardinenses, fica o destaque também

para o milho, o feijão e a batata inglesa. O milho em especial teve grande aumento

de produção principalmente nos anos de 2008 e 2009 quando foram ultrapassadas

as mil toneladas produzidas. Porém, no ano de 2014 a produção do grão voltou

praticamente para a mesma escala que estava no primeiro ano da série pesquisada,

tendo aumento médio de 5% na série pesquisada. O feijão teve um aumento médio

de 12% e batata inglesa de 6%.

Juntamente com a agricultura, existe a pecuária que também exerce papel

importante na economia local. O grande território que Bom Jardim da Serra possui

constituídos por grandes planaltos e áreas montanhosas propicia o cultivo de

rebanhos. A tabela 14 demonstra o efetivo dos principais rebanhos de Bom Jardim

da Serra.

Tabela 14 - Efetivo de rebanhos no município de Bom Jardim da Serra no período

2004-2014.

Ano Bovino Equino Suíno Ovino Galináceos

2004 30.141 1.897 1.859 1.627 8.260

2005 30.190 1.900 1.870 1.630 8.330

2006 30.100 1.850 1.840 1.600 8.200

2007 31.200 1.523 1.950 2.000 7.600

2008 31.996 1.620 2.000 2.300 7.200

2009 36.009 1.557 1.650 2.940 4.500

2010 29.856 1.560 1.580 2.860 4.760

2011 28.920 1.819 1.228 3.602 5.610

2012 34.451 1.671 1.074 3.069 4.520

2013 34.472 1.780 565 3.100 3.100

2014 36.174 1.753 520 3.000 3.000

Fonte: IBGE (2014).

Excetuando a criação do gado de corte, a grande maioria dos rebanhos de

Bom Jardim da Serra está localizada nas propriedades rurais que já tem alguma

outra atividade econômica, sendo este cultivo uma forma de garantir alimento ou

algum incremento de renda. É verificada no rebanho bovino certa estabilidade

durante toda a série pesquisada, onde a presença desse tipo de animal subiu 16%

entre 2004 e 2014. Enquanto o número de ovinos quase dobrou, o rebanho suíno e

a população de galináceos do município diminuíram. O efetivo de suínos caiu 73%

na série analisada enquanto para os galináceos a queda foi de 61%. Tal queda no

número dos galináceos pode ser refletida também quando analisada a produção de

ovos de galinha no município, que teve queda vertiginosa como pode demonstrar a

Tabela 15, onde estão informados os principais produtos de produção animal de

Bom Jardim da Serra.

Tabela 15- Itens de Produção Animal em Bom Jardim da Serra no período

2004-2014.

Ano Leite (Mil

Litros)

Ovos de Galinha (Mil

Dúzias)

Mel de Abelha

(Quilograma) Lã (Quilogramas)

2004 1.083 47 48.530 3.260

2005 1.220 47 51.920 3.040

2006 1.331 45 50.500 2.800

2007 1.441 41 40.800 3.770

2008 1.531 39 30.000 4.388

2009 3.053 29 28.000 4.570

2010 3.256 14 26.000 4.420

2011 3.050 13 23.500 5.750

2012 3.825 10 78.400 5.330

2013 1.160 8 80.000 5.590

2014 1.100 8 60.000 5.000

Fonte: IBGE (2014).

A produção de ovos de galinha no município de Bom Jardim da Serra

diminuiu drasticamente entre 2004 e 2014. Houve uma queda de 82% na produção,

explicada pela diminuição no número de galináceos presentes na região acima

exposta. A produção de leite teve seu grande ápice 2009 e 2012 quando atingiu a

marca de três mil litros produzidos, mas voltando aos estágios iniciais em 2014. A

produção de mel de abelha também é expressiva em Bom Jardim da Serra e tem

apresentado crescimento, mesmo que em 2014 o avanço da produção tenha sido

interrompido. Houve um aumento de 54% da produção em relação a 2004, e em

2013 houve produção recorde de oitenta mil quilos de mel. A produção de lã

acompanha o crescimento do rebanho ovino e teve crescimento de 109% entre 2004

e 2014 sendo esta a produção que mais cresceu na Agropecuária Bonjardinense.

Logo, após analisados os dados da Agropecuária Bonjardinense, nota-se que

não houve nenhum tipo de choque adverso envolvendo os principais produtos e

produções do município. Analisando a composição do PIB de Bom Jardim da Serra,

pode-se afirmar então que a ascensão do setor de serviços a setor que mais

contribui com o Produto Interno Bruto está mais relacionada ao seu robustecimento

do que com suposto enfraquecimento da Agricultura e Pecuária. Temos aqui então

uma primeira evidência de que o Turismo na cidade está em franca fase de

expansão, considerando que o comércio local mesmo se desenvolvendo, não

tomaria formas tão grandes a ponto de inverter este jogo de forças.

Durante o presente trabalho, foi descrita a estrutura socioeconômica do

município de Bom Jardim da Serra com seus dados de educação, saúde, demografia

e economia. Na seção econômica ficou exposta a evolução do município em valores

absolutos, com o setor de serviços tomando um lugar de protagonismo antes

ocupado pela agropecuária. Agropecuária esta que, ainda tem grande importância

para a renda das famílias Bonjardinenses, e é dela que a maioria das famílias deste

município obtém a sua renda. Após toda a demonstração, o foco se volta para a

pergunta. O crescimento da economia Bonjardinense foi distribuído de forma

igualitária entre a sua população? Tal questionamento pode ser respondido com a

análise da evolução do Índice de Gini do município.

O Índice de Gini é uma ferramenta usada para verificar o grau de

concentração de renda, apontando a diferença entre os rendimentos da camada

mais pobre da população e a dos mais ricos de um sistema econômico. O Índice

varia entre zero e um, quando um significa total concentração de renda, ou seja,

toda a renda disponível na mão de apenas um agente econômico. Quanto mais

próximo de zero estiver o Índice de Gini, mais próxima da total igualdade entre os

agentes estará a economia. Reis e Rolland (2008) afirmam que, mesmo ainda tendo

suas imperfeições, o coeficiente de Gini pode servir como uma aproximação inicial

útil da ideia de democracia econômica. O Índice de Gini, juntamente, com o IDH,

formam os índices basilares para quem quer compreender o desenvolvimento

econômico como o aprimoramento das formas de vida das pessoas em sociedade,

deixando de usar a análise quantitativa dos dados como fator principal e fazendo da

mesma um instrumental de uma análise conjuntural que visa a demonstrar a melhora

nas condições de vida humanas. A igualdade de renda é vital para o

desenvolvimento socioeconômico. Não existe economia desigual totalmente

desenvolvida. Análises empíricas indicarão que, mesmo vivendo no sistema

capitalista, desigual por natureza, os países mais desenvolvidos são aqueles que

mais próximos chegam da igualdade de renda. A Tabela 16 faz uma análise sobre a

distribuição de renda no município de Bom Jardim da Serra nos Censos de 1991,

2000 e 2010 tendo como análise final o Coeficiente de Gini.

Tabela 16 – Análise da Distribuição de Renda em Bom Jardim da Serra nos Censos

de 1991, 2000 e 2010.

1991 2000 2010

Renda per capita (em R$) 268,64 433,71 665,60

% de extremamente pobres 18,03 9,70 2,44

% de pobres 50,31 36,20 15,42

Índice de Gini 0,56 0,66 0,57

Fonte: Atlas Brasil (2013) - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Conforme análise da Tabela acima exposta é nítida a evolução da renda no

município em Bom Jardim da Serra. A renda per capita mais do que triplicou em

valores nominais entre 1991 e 2010. A parcela de extremamente pobres foi reduzida

a quase zero em 2010, enquanto a porcentagem de pessoas pobres ainda continua

alta, mas em latente curva descendente na série temporal. O dado negativo da

Tabela encontra-se na análise do Índice de Gini, que não acompanhou o avanço dos

outros indicadores e, após ter aumento de 18% entre 1991 e 2000 voltou aos

mesmos patamares do início da série analisada. Podemos, então, verificar que a

expansão da renda foi significativa em Bom Jardim da Serra nos últimos anos, mas

esta expansão não foi distribuída de forma igual entre os agentes econômicos. A

conclusão a que se chega quando analisada a estrutura de renda do município é de

que houve crescimento econômico, mas que este não gerou o desenvolvimento

econômico equivalente que um crescimento quantitativo deste tipo proporciona.

4 CONCLUSÃO

Os fatores que bloqueiam ou fortalecem o desenvolvimento socioeconômico

de Bom Jardim da Serra, objetivo geral do presente trabalho foram demonstrados

sob a ótica de que municípios com características como as deste precisam ser vistas

como áreas rurais. Esta conclusão levou a pesquisa para a análise de dados

qualitativos sobre desenvolvimento humano e quantitativos analisando a progressão

do setor agropecuário da cidade.

No que tange à análise da demografia da cidade, é verificado que a

população voltou a crescer após o grande êxodo que a cidade sofreu após o fim do

ciclo extrativista da madeira na metade do século XX. Entre 2000 e 2010, a

população Bonjardinense aumentou 7,75% e as projeções de população da cidade

realizadas pelo IBGE indicam que o aumento continua em curso. Segundo o

Instituto, a População Estimada em 2015 é de 4.631 habitantes frente aos 4.395

registrados no último Censo Demográfico Brasileiro. A população cresce, e a

pirâmide etária demonstra que grande parcela da população Bonjardinense

encontra-se em faixa de idade mais jovem, juntando-se recentemente ao grupo da

População Economicamente Ativa. Esse é um fator positivo, porém para que ele

traga benesses à cidade como maior qualidade e quantidade de mão de obra, a

cidade precisa criar alternativas para que seus jovens não migrem para outros

centros buscando melhores oportunidades de ensino e emprego. É necessária uma

estrutura que atraia os jovens talentos da terra para voltarem às suas origens e se

tornarem vetores de desenvolvimento local.

O IDH de 0,696 representa também grande avanço comparado aos anos

anteriores, sendo classificada como cidade com desenvolvimento humano médio.

Em 1991, com 0,395, Bom Jardim da Serra era uma cidade com desenvolvimento

humano baixo. Essa grande evolução se deve à melhora no atendimento da

demanda por ensino, possibilitando o acesso quase total à população em algumas

faixas etárias. A Expectativa de Vida dos habitantes também subiu, evidenciando

que suas condições de saúde melhoraram, não analisando agora se essa melhora

ocorreu dentro do município ou em suas condições de deslocar-se até outros

centros.

No quesito educação, o esforço em possibilitar o acesso da população ao

ensino surtiu efeito, haja vista que a taxa de analfabetismo caiu pela metade em

relação a 1991. Esse fato pode ser explicado pela abertura de escolas municipais,

que desafogaram a instituição estadual sediada na cidade e permitiu que moradores

de lugares longínquos tivessem uma facilidade para acessar o ensino. A Escola

Municipal Altos da Boa Vista está localizada no interior de Bom Jardim da Serra e

para muitos moradores torna-se geograficamente mais interessante que as

instituições do centro da cidade. Se a conquista de melhor acesso ao ensino é digna

de elogio, fica a necessidade de melhorar o ensino disponibilizado. Os resultados do

Índice de Desempenho da Educação Básica (IDEB) da maior escola do município

estão muito longe da meta e não superam nem os índices conquistados na primeira

pesquisa realizada. Uma vez sanada a questão da oferta de ensino, fica o desafio de

proporcionar melhor qualidade ao serviço prestado. Percebe-se na educação uma

atuação ambígua, sendo ela um fator que reforça o desenvolvimento local quando

consegue inserir a maioria das crianças na escola, mas o bloqueia quando não

consegue aliar quantidade à qualidade no ensino.

No sistema de saúde, é verificado que Bom Jardim da Serra tem um déficit de

atendimento médico, se tomados como basilares os conceitos de razão de médico

por habitantes satisfatórios pela Organização Mundial da Saúde. Esta informação

juntamente aos dados que demonstram o pequeno número de nascimentos

realizados na cidade indica que o aumento na expectativa de vida das pessoas, que

reflete positivamente no IDH pode estar relacionado, principalmente, às melhores

condições que a população teve nos últimos anos para poder ser atendido m

grandes centros próximos ao município. Na última década, houve grande distribuição

de renda, crédito e programas sociais no Brasil e esses fatores possibilitaram a

ascensão de milhares de pessoas à classe média e lhes dando a chance de

procurar novas alternativas de saúde.

No ambiente socioeconômico, percebe-se que a produção de riquezas cresce

ano após ano impulsionado por múltiplos fatores determinantes. Analisando a

composição do Produto Interno Bruto Bonjardinense, é demonstrada a evolução do

setor de serviços como setor chefe da economia da cidade. A Agropecuária, que

ainda é o meio de sustento de boa parte da população, vem perdendo protagonismo.

Mas analisando a conjuntura deste setor ao longo dos últimos anos não é verificada

nenhuma curva descendente significativa, por mais que a produção de seu principal

produto, a maçã, venha diminuindo e fatores como a concorrência da fruta chinesa

tornam-se cada vez mais preocupantes. As famílias que vivem no campo em Bom

Jardim da Serra precisam encontrar novas alternativas complementares que possam

impulsionar seu desenvolvimento. Como o aumento da significância do setor de

serviços não pode ser explicado por uma possível queda na agricultura, temos aqui

uma evidência que o setor do turismo começa a ganhar força definitivamente e a

criar as bases para seu desenvolvimento aliando boas condições para a iniciativa

privada. A ABT (Associação Bonjardinense de Turismo) foi criada ainda nesta

década e já vem colhendo os frutos da mobilização. Tendo como fatores que

fortaleceram o desenvolvimento de Bom Jardim da Serra o aumento na renda per

capita e na produção de riquezas do município (que gera efeito multiplicador), é

importante ressaltar que os índices de distribuição de renda permanecem inalterados

em relação a 1991, sendo que em 2000 teve forte alta. A riqueza na mão de poucos

é um dos maiores venenos ao desenvolvimento socioeconômico, e nenhuma ação

terá efeito positivo a médio e longo prazo se essa questão não for sanada.

Portanto, concluímos que Bom Jardim da Serra segue uma rota de

desenvolvimento socioeconômico ao longo dos últimos anos, tendo como grande

desafio eliminar os efeitos de duplicidade em setores que, ao mesmo tempo em que

contribuem para uma economia desenvolvida socioeconomicamente, bloqueiam

avanços significativos desta agenda.

Como crítica, fica a constatação da inexistência de dados na página oficial do

município. Qualquer economista ou agente público precisa conhecer a fundo os

fundamentos e a conjuntura do meio onde está inserido, para que as políticas

públicas implantadas tenham a eficácia esperada. Quando se trabalha sem dados,

tiros são dados no escuro. E a análise feita no presente trabalho, extraindo os dados

de outras fontes, pode indicar esse possível desconhecimento do panorama social

como um adendo importante aos fatores que bloqueiam o desenvolvimento

socioeconômico.

Concluído este trabalho fica o legado do economista Celso Furtado, que pedia

para que o Brasil fosse pensado com suas próprias cabeças. Quando pensamos no

desenvolvimento de nosso meio, estamos cumprindo nossa parte como economistas

e ajudando a possibilitar um futuro melhor. Quando escreveu que o desenvolvimento

econômico é um mito, Furtado não nos deu apenas a chance de adquirir

conhecimento por sua obra, mas também o desafio de provarmos que, como poucas

vezes em sua carreira, ele estava errado. Tomemos este como o desafio de nossa

geração.

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